A Divindade do Filho

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A Divindade do Filho

Kelson Mota T. Oliveira
    "Que pensais vós do Cristo? de quem é filho?" (Mt 22:42) 
    "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mt 16:15)
                Vimos no estudo anterior que a vinda de Jesus Cristo nada teve de casual, e nem mesmo de inesperada. Ele veio na plenitude dos tempos, e sua missão já estava completamente elaborada antes da fundação do mundo. Muitos aspectos de sua primeira vinda já tinham sido profetizados por muitas pessoas, desde a queda de Adão. 
            A Bíblia afirma claramente que Jesus, o Verbo divino, se fez carne e andou entre os homens (Jo 1:14). Quando estudamos a pessoa e obra de Jesus, não podemos fugir ao importante fato de Deus ter se encarnado e assumido a condição humana, à semelhança de todos os homens. Igualmente importante é a pergunta: Jesus é realmente Deus ou apenas um homem extraordinário? Todos os verdadeiros cristãos crêem que Jesus é Deus, com todas as prerrogativas divinas do Pai. Mas há sustentação bíblica para tal afirmação? Vejamos.
    1. As características Exclusivas de Deus em Jesus
            As Escrituras não afirmam explicitamente que Jesus é Deus, mas deixam muito claro que o Filho possui todas as características e atributos de Deus, não podendo ser tido por alguém menos que Deus. As provas são abundantes em todo o NT. Comecemos pela idéia que Cristo a seu próprio respeito.
            1.1. A Autoconsciência de Jesus
            Jesus tinha uma clara consciência sobre sua pessoa. As alegações que Jesus fez sobre sua própria pessoa não teriam sentido se Ele não tivesse sobre si mesmo a clara noção de divindade. Tudo indica que Ele sabia que era Deus, pois disse:
  • Que os anjos eram seus, e os poderia enviar (Mt 13:41). Em Lc 12:8,9 e 15;10, os anjos são chamados anjos de Deus.
  • Que o reino dos Céus (Mt 13:24,31,33,44,45,47), que é o reino de Deus (Lc 17:20), é também o seu reino (Mt 13:41).
  • Ter autoridade para perdoar os pecados (Mc 2: 1-12), tarefa que cabe exclusivamente a Deus. Aliás, por causa disso os fariseus o acusaram dizendo "Isto é blasfêmia! Quem pode perdoar pecados, senão um que é Deus?". Perdoar pecados é uma prerrogativa divina.
  • Que julgará todos os homens, separando os bons dos maus (Mt 25:31-46, Lc 13: 23-30). No AT, o Deus Todo-Poderoso, é o único chamado de Juiz de toda a terra (Gn 18:25) e o único com prerrogativa de julgar as nações (Jz 11:27; Sl 75:7; Sl 82:8; Ec 11:9 e 12:4). Só Deus pode exercer tal autoridade e poder.
  • Ser o Senhor do sábado (Mc 2: 27,28). O valor do sábado foi definido por Deus (Ex 20: 8-11), e somente alguém igual a Deus poderia anular ou modificar essa norma.
  • Ter autoridade pessoal no mesmo nível que a autoridade do AT (Mt 5:21,22,27,28). Nessas passagens, Jesus deixa claro ter autoridade para estabelecer novos ensinamentos, no mesmo nível da autoridade que era dispensada ao ensino de Moisés e dos profetas das Escrituras.
  • Ter poder para vivificar e ressuscitar os mortos (Jo 5:21). Somente Deus teria poder para vivificar os mortos. Jesus não só alegou, como também ressuscitou a várias pessoas (Lc 7:11-15; Mt 9:18,19,23-26; Jo 11:17-44). Mas de seus milagres, sem dúvida, a ressurreição de si mesmo, foi seu maior sinal (Mt 12:39).
  • Ser a ressurreição e a vida (Jo 11:25). Alegava ter poder suficiente para fazer tornar a viver qualquer que cresse nEle, mesmo que esta morresse. Um atributo exclusivo do Senhor Deus, que Ele estava reivindicando nessa passagem.

  •         1.2. Suas afirmações com respeito ao Pai
            Jesus, alegou várias vezes possuir um relacionamento íntimo e mesmo bastante incomum com o Pai, que soaria como loucura, caso Ele não Deus.
    •  Ele afirma ser um com o Pai (Jo 10:33).
    •  Afirma que quem O vê, vê o Pai (Jo 14: 7-9).
    •  Afirma que preexistia antes de Abraão (Jo 8:58). Sua afirmação é no presente "Eu Sou", semelhante ao nome com que o Deus Eterno se revelou a Moisés no sinai (Ex 3:14,15). Isso ficou tão claro para os judeus (sua reivindicação de divindade), que quiseram apredejar a Jesus por blasfêmia.
    •  Afirma que quem O honra, está honrando o Pai (Jo 5:23).
    •  Afirma ter a mesma natureza de vida que existe somente em Deus, o Pai (Jo 5:26).


        

      1.3. As reações e afirmações das pessoas que conviveram com Ele 
       
            Várias pessoas do NT, que tiveram contacto com Jesus, se manifestaram, uns contra, outros a favor, da clara posição e prerrogativa que Jesus requeria e assumia para sua vida.
    •  A reação do povo comum (Jo 7:11,12,31,40,41,46): muitos acreditavam ser Ele o Messias prometido, outros que enganava o povo. Ninguém permanecia indiferente ante a sua pessoa.
    •  A reação e declaração do sumo sacerdote à resposta franca de Jesus (Mt 26: 62-65): a clara afirmação de Jesus que se sentaria a direita do Todo-Poderoso (o lugar de honra, que só deveria ser dada a Deus), levou o sumo sacerdote a rasgar suas vestes (ato realizado na presença de uma grande calamidade) e o sinédrio a sancionar a pena de morte por blasfêmia, uma vez que Ele se fizera igual a Deus. Aliás, essa passagem é uma das declarações mais claras da divindade de Jesus.
    •  De alguns escribas e fariseus (Jo 19:7,8): que Ele se fez a si mesmo o Filho de Deus.
    •  A declaração de Tomé (Jo 20:28): "Senhor meu e Deus meu!!". Jesus aceita a declaração e adoração de Tomé. Caso não fosse Deus, certamente Ele aproveitaria tal oportunidade para corrigir uma concepção errada sobre a sua pessoa.

    2. Vários Testemunho das Escrituras sobre a divindade de Jesus
            2.1. No evangelho de João
            João identifica Jesus como o Verbo pré-encarnado, a Palavra em ação. Em Jo 1, lemos "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus" (vs.1). João deixa claro que Jesus é um com Deus, e ao mesmo tempo o distingue de Deus (vs. 2). Afirma que todas as coisa foram feitas por meio dEle, e sem Ele nada do que foi feito se fez (vs. 3). a Bíblia também afirma que no princípio todas as coisas foram criadas por Deus (Gn 1:1), e assim João estabelece uma identificação entre Jesus e o Deus Criador. Afirma também que esse Verbo divino se fez carne (vs. 14), e que somente Ele revela plenamente a Deus (vs. 18). É um grande testemunho a respeito da divindade do Filho.
            2.2. Nos escritos de Paulo
            Paulo mostra claramente sua crença na divindade de Jesus. Em Cl 1:15-20, Paulo afirma que Jesus é a imagem do Deus invisível, no qual todas as coisa subsistem, e que nEle reside toda a plenitude (veja também Cl 2:9).Paulo se refere ao julgamento de Deus (Rm 2:3) e ao julgamento de Cristo (IITm 4:1; IICo 5:10), de maneira intercambiável. 
            Em Fp 2:5-11, Paulo ensina que Jesus, sendo Deus, se autolimitou, esvaziando-se a si mesmo de seus privilégios divinos e sendo reconhecido em figura humana. Quando Paulo diz que Jesus tema forma (morphé no original) de Deus, a idéia é que Cristo tem a mesma essência de Deus. Em outras palavras, o vs.5 quer dizer que, embora Jesus tivesse a mesma essência de Deus, não utilizou isso em vantagem própria. E logo em seguida deixa claro que virá um dia em que todos haverão de prestar honras e louvores a Ele, numa linguagem só permitida a alguém que crê que Jesus seja realmente Deus.
            2.3. Nas outras epístolas
            Em Hebreus: das epístolas não-paulinas, a de Hebreus, é a que mais contrasta a divindade de Jesus com relação aos anjos e aos homens. Em Hb 1:3, afirma que Jesus é o resplendor da glória e a expressão exata de Deus. Não somente isso, mas também afirma que Jesus foi o meio pelo qual todas as coisas foram feitas (vs. 2), as quais são sustentadas pela palavra do seu poder (vs. 3). Uma afirmação clara é encontrada no vs.8, no qual Jesus é tratado por Deus: "mas acerca do Filho: O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre, e: Cetro de eqüidade é o cetro do seu reino".         A epístola continua argumentando que Jesus é muito superior aos anjos (Hb 1:4 - 2:9), a Moisés (3:1-6) e aos sumos sacerdotes (4:14 - 5:10). Mas o autor deixa claro que sua superioridade não reside apenas em termos de posição hierárquica, mas sim de natureza intrínseca, pois todos os outros são criaturas, mas o Filho é Deus. Vejamos nais alguns argumentos da Biblia:
  •  Em I João: em 1:1-3, Jesus é o Verbo da vida eterna, já pré-existente no princípio de todas as coisas, juntamente com o Pai. No capítulo 5:20, Jesus é chamado de Filho de Deus e explicitamente identificado como verdadeiro Deus e a vida eterna:
    "Também sabemos que o Filho de Deus é vindo, e nos tem dado entendimentopara reconhecermos o verdadeiro; e estamos no verdadeiro,em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna."
  •  Em II Pedro: em 1:1, Pedro também chama a Jesus de Deus e Salvador:
    "Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco obtiveram fé igualmente preciosa na justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo."
  •  Em Apocalipse: em 1:8, o Senhor Deus Todo-Poderoso é apresentado como o Alfa e o Ômega, que representado o princípio e o fim de todas as coisas. Mas em 1:17-18, Jesus se apresenta com os mesmos títulos outorgados ao Deus Todo-Poderoso:
    "Quando o vi, caí a seus pés como morto. Porém ele pôs sobre mim a sua mão direita, dizendo: Não temas; eu sou o primeiro e o último, e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da morte e do inferno."
  • Também em 19:16, Jesus recebe o título de Rei dos reis e Senhor dos senhores, uma clara alusão a sua soberania e majestade divinas.


    2.4. No uso comum do termo Senhor por todo o N.T.
            Vários foram os nomes pelos quais as Escrituras provam ser Jesus, o próprio Deus encarnado: Deus (Hb 1:8); Filho de Deus (Mt 16:16); Reis dos reis e Senhor dos senhores (Ap 19:16); Verbo (Jo 1:1), etc. Mas é pelo título Senhor que Jesus é mais conhecido. ainda que tal termo seja geral e não prove por si mesmo a divindade de Jesus, em várias passagens ele realmente indica a posição divina que Jesus desfrutava. 
            Quando os judeus traduziram o A.T. para o grego, os nomes sagrados de Deus Yahveh (YHWH) e Adonai, foram traduzidos por Kyrios (que quer dizer Senhor, dono), sendo tido por um termo reverente. O termo era também usado respeitosamente pelos romanos para se referir a César, como o Senhor. Somente por estas razões, este termo quando aplicado a Jesus já deveria dar suficiente conotação da divindade de Jesus. Mas além disso, várias passagens que se referem a Jesus como Senhor são na verdade citações do A.T., onde o nome original de Deus foi traduzido por Senhor (At 2: 20,21 em contraste com o 36 e Rm 10: 9, 13 e verifique Jl 2: 31,32; I Pe 3:15, confira com Is 8:13). O título aqui dado a Jesus é no mesmo sentido que o A.T. dava ao Deus Todo-Poderoso. Há outros textos que o título Senhor é usado tanto para o Pai (Mt 1;20; 9:38; At 17;24) quanto para o Filho (Lc 2:11; Jo 20:28; I Co 2:8; Fp 2;11). 
            Para o judeu, chamar a Jesus de Senhor, seria colocá-lO na mesma posição de igualdade com o Deus das Escrituras. Os escritores do N.T., tinham isso em mente ao se referir, muitas vezes, a Jesus como Senhor. 
      
     
Qualquer dúvida ou esclarecimento, entre em contacto comigo:
Copiado de http://www.geocities.com/Athens/Atrium/7745/kelson/Estudos/Cristologia2.html

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