Geografia Política da Terra Santa
Sumário: Introdução. I - Os primeiros habitantes da
Terra Santa. II - A origem dos hebreus. III - Os povos vizinhos da Terra Santa
no tempo da conquista. IV - A Terra Santa no tempo de Josué e dos juízes. V -O
Reino Unido. VI - O cisma israelita. VII - O cativeiro assírio e o babilônico.
VIII - A restauração de Israel.
INTRODUÇÃO
A Terra Santa é a região mais visada pelas
superpotências. Localizada no centro do globo, constitui-se no ponto mais
estratégico do mundo. Em todas as épocas despertou a gana dos conquistadores e
serviu de palco para as mais sangrentas batalhas. Esse minúsculo país é,
politicamente, um barril de pólvora. Tanto nos tempos bíblicos, como hoje,
Israel é o mais nevrálgico tópico da história. Sua geografia política, por
conseguinte, mistura-se com a própria dor da humanidade.
A geografia política da Terra Santa passou por
inúmeras alterações. Israel é, sem dúvida alguma, o país que mais sofreu
mudanças em termos de fronteira. Haja vista que, atualmente, não obstante os
seus 40 anos de existência, teve os seus limites diversas vezes alterados em
conseqüência da agressividade dos países árabes. Km todas essas vicissitudes,
contudo, vislumbramos a mão de Deus sobre esse povo.
I - OS
PRIMEIROS HABITANTES DA TERRA SANTA
Antes de Josué conquistar a Terra Prometida,
habitavam-na vários povos cananeus. Enumera-os Moisés: "Quando o Senhor
teu Deus te tiver introduzido na terra, a qual vais a possuir, e tiver lançado
fora muitas gentes de diante de ti: os heteus, e os girgaseus. e os amorreus, e
os cananeus, e os fereseus, e os heveus, e os jebuseus, sete gentes mais
numerosas e mais poderosas do que tu" (Dt 7.1).
Essas nações eram de origem camita. Independentes,
marcavam-nas exacerbada belicosidade. Foram vencidas, entretanto, pelos
exércitos de -Josué. Suas cidades fortifi-cadas não resistiram ao ímpeto dos
israelitas.
Os povos cananeus ofendiam a Jeová constantemente
com os seus grosseiros pecados. Foram, por causa disso, desalojados da terra
que mana leite e mel. Os filhos de Is-rael foram exortados, com severidades, a
não lhes seguir os pérfidos exemplos.
II - A
ORIGEM DOS HEBREUS
Os hebreus são descendentes de Sem, filho mais
velho de Noé. A nação israelita identifica-se, perfeitamente, com sua
ascendência. Haja vista que o anti-semitismo é voltado apenas contra os judeus,
apesar de os árabes serem da mesma família.
A nação hebréia começou com um caldeu chamado
Abrão. Nascido por volta do ano 2.000 a.C. Aos 75 anos de idade, tem ele uma
profunda experiência espiritual. Aparece-lhe Deus e dirige-lhe estas palavras:
"Sai-te da tua terra, e da tua parentela e da casa de teu pai. para a
terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e aben-çoar-te-ei, e
engrandecerei o teu nome e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te
abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas
as famílias da terra" (Gn 12.1-3).
Assim nasceu a nação israelita. Nasceu durante as
peregrinações dos patriarcas. Nasceu no deserto e entre espinhos. Nasceu em
terras estrangeiras. Hoje, entretanto, floresce
III
- OS POVOS VIZINHOS DA TERRA SANTA NO TEMPO DA
CONQUISTA
Além das sete nações cananéias mencionadas, Israel
foi obrigado a conviver com outros povos - aguerridos, idolatras e belicistas.
Essas gentes causaram muitos transtornos à progênie de Abraão. De quando em
quando, violavam as fronteiras israelitas e escravizavam tribos inteiras.
Eis os principais povos que sobreviveram às
investidas dos exércitos de Josué: filisteus, amalequitas, midianitas,
moabitas, amonitas, edomitas, fenícios e sírios. Escreve o pastor Enéas
Tognini: "Estas nações e povos, que rodeavam Israel, serviam de termômetro
para regular a temperatura espiritual dos filhos de Jacó: quanto mais perto de
Deus andavam, mais poder tinham e seus territórios eram dilatados; afastavam-se
do seu Senhor, Deus os abandonava: ficavam sem proteção: chegavam os inimigos e
subjugavam o povo e conseqüentemente, se apossavam de seus territórios."
IV - A
TERRA SANTA NO TEMPO DE JOSUÉ E DOS JUÍZES
Moisés morreu aos 120 anos de idade, sem introduzir
os israelitas em Canaã. Essa incumbência seria entregue a um bravo e destemido
general, chamado Josué. Destacando-se sempre em todas as suas missões, era o
sucessor natural do grande legislador e guia espiritual dos hebreus.
Sob o seu comando, os exércitos de Israel
conquistaram a terra que mana leite e mel. A guerra pela posse dessas terras
durou, aproximadamente, 14 anos: de 1.404 a 1.390 a.C. Durante esse período, os
batalhões cananeus iam caindo um após outro. Nenhuma força militar gentíli-ca
era capaz de suportar o ímpeto dos israelitas.
Terminado o conflito, Josué procedeu à divisão das
terras conquistadas. Rubem, Gade e a meia tribo de Manasses ficaram com a
Transjordânia. Os territórios ocidentais foram distribuídos a estas tribos:
Naftali, Aser, Zebu-lom, Issacar, Manasses Ocidental, Efraim, Benjamim e Dã.
Judá e Simeão são contemplados com os territórios do Sul.
Os
levitas, segundo determinação do Senhor, não herdaram quaisquer possessões.
Tribo sacerdotal, coube-lhes 48
cidades espalhadas entre os termos de seus irmãos.
Registra a Bíblia o passamento de Josué: "E
depois destas coisas sucedeu que Josué, filho de Num, o servo do Senhor, faleceu,
sendo da idade de cento e dez anos. E sepultaram-no no termo da sua herdade, em
Timnate-Sera, que está no monte de Efraim, para o norte do Monte de Gaás.
Serviu pois Israel ao Senhor todos os dias de Josué, e todos os dias dos
anciãos que ainda viveram muito depois de Josué, e sabiam toda a obra que o
Senhor tinha feito a Israel" (Js 24.29-31).
Com o desaparecimento do grande general e de seus
auxiliares, os israelitas esqueceram-se do Senhor e começaram a curvar-se ante
as tolas divindades cananéias. Ta-manha decadência espiritual tornou-os
vulneráveis. Sem mais contarem com a proteção de Jeová, sofreram os mais
impiedosos ataques dos povos vizinhos.
O período dos juizes, por conseguinte, é um dos
mais tristes da história hebréia. Nos termos de Israel, reinava grande
anarquia. As tribos, por causa de suas diferenças internas, não conseguiam
unir-se para enfrentar o inimigo comum. No entanto, quando acossados por
vorazes algozes, clamavam, e o Senhor os ouvia.
Misericordioso, o Todo -poderoso suscitava juizes
que os libertavam de seus verdugos. Mas, tão logo morria o libertador eles
tornavam a cair na apostasia. E, novamente, caíam em desgraça. Esse círculo
vicioso durou até a monarquia. Na era da judicatura, que durou em torno de 330
anos, quatro palavras faziam parte do dia-a-dia do povo eleito: pecado,
opressão, arrependimento, e livramento.
Mapa das
fronteiras da antiga Palestina
Israel teve 13 juizes. O último
deles foi Samuel. Nessa época, havia muita terra a ser conquistada. Os hebreus,
todavia, não completaram a tarefa iniciada por Josué.
V - O
REINO UNIDO
Samuel é chamado, com muita razão, de fazedor de
Reis. Ele representa a transição entre a judicatura e a monarquia. Por seu
intermédio, foram escolhidos os dois primeiros reis de Israel. Sua influência é
tão grande que, mesmo depois de morto, seus ideais continuaram a dirigir a
história israelita.
Samuel foi o iniciador do Reino Unido que durou 120 anos - de 1044 a 924
a.C. Ungido pelo piedoso profeta, Saul unifica as doze tribos e inicia uma
guerra de
libertação. Seu objetivo: dilatar as fronteiras de Israel e destruir os
temíveis filisteus. No princípio, obtém sucessos. Contudo, por causa de suas
ambições, começa a infringir os mandamentos do Senhor.
Saul é rejeitado. Em seu lugar é ungido Davi, filho
de Jessé. O humilde pastorzinho de Judá, após derrotar o gigante Golias,
alcança grande popularidade. Suas façanhas, porém, angariam-lhe o ódio e o
desafeto do rei.
Depois de o monarca benjamita ter tombado no campo
de batalha, Davi assenta-se no trono de Israel. Nos primeiros oito anos de seu
governo, reina somente sobre Judá. As outras tribos, no entanto, resolvem
submeter-se ao corajoso soberano judaíta.
Davi consegue aumentar suas fronteiras e derrotar
os inimigos de seu povo. Em seus 40 anos de reinado, dedica-se completamente à
guerra. No final de sua vida, tenta construir um templo ao Deus de Israel, mas
é desestimulado pelo profeta Nata. Essa incumbência seria entregue ao seu
sucessor.
O reino de Salomão foi marcado por uma invejável
paz interna e externa. A prosperidade era a tônica de seu governo. Com a sua
proverbial e inigualável sabedoria, transforma Israel na maior potência do
Oriente Médio. As nações vizinhas submetem-se ao cetro davídico.
Em conseqüência de sua política expansionista e
faraônica, o filho de Davi empobrece a nação israelita, principalmente as
tribos da região setentrional. Tanto o Tem-plo, como o palácio, exigiam
vultosos impostos do povo, que já estava cansado de tanta opressão. E, o que
dizer de seu harém que, segundo alguns estudiosos, possuía 30 mil mulheres?
Isto porque, cada uma de suas 700 mulheres e 300 concubinas podia ter até 30
damas de companhia.
O final de Salomão foi triste. Não obstante sua
grande sabedoria e inimitável glória, desaparece entre as brumas de sua
idolatria e formidáveis excessos.
Sucede-lhe no trono o seu filho Roboão. Moço
folgazão e tolo, não atende às reivindicações do povo. Desprezando o conselho
dos assessores de seu pai, resolve oprimir ainda mais a combalida e azeda nação
hebraica. Em uma demente demonstração de força não baixa os impostos nem
melhora as condições de vida de seus irmãos.
VI - O
CISMA ISRAELITA
Aproveitando-se dessa situação caótica, Jeroboão
assume a liderança das tribos descontentes. E, assim, em 923 a.C, o Reino de
Israel divide-se. As tribos de Judá e Benja-mim permanecem fiéis à dinastia
davídica. Entretanto, as do Norte, encabeçadas por Efraim, formam um novo
reino.
As duas facções, a partir de então, ficaram
conhecidas, respectivamente, como Israel e Judá. Acerca do cisma israelita,
escreve Antônio Neves de Mesquita: "O império, que Salomão tinha erigido
com tanto gáudio, estava à beira do abismo. Não só o desprezo de
Roboão às aspirações do povo constituía motivo relevante para
modificação na política fiscal, mas também as sementes de discórdia interna
deviam ser contornadas. A união entre as tribos fora mais fictícia que real.
Havia entre o Norte e o Sul profundas desinteligências geradas pela situação
favorável que os sulistas gozavam por sua proximidade com a capital política e
religiosa, como também por motivo puramente geográfico. Os nortistas eram meio
internacionalistas, mais frios para a religião', menos patriotas e pouco
afeiçoados aos reis. Em contato direto com os fenícios, os sírios e outros
povos do norte, sentiam menos as influências centralistas. Enquanto ocupava o
trono um homem como Salomão, era natural que a união persistisse; depois seria
difícil manter esta união e solidariedade política. Seria preciso que um grande
e hábil político subisse ao poder, para manter unidos os elementos
desintegralizadores. Este homem não era Roboão."
Reino
dividido entre as tribos do Norte e as do Sul
Com grande precisão, Mesquita fala, agora, sobre as
pretensões dos efraimitas: "A tribo de Efraim era a tribo líder do Norte,
enquanto a de Judá era líder do Sul. Estas rivalidades, tanto tribais como
geográficas, foram sopitadas, enquanto o trono foi ocupado por monarcas da envergadura
de Davi e de Salomão. Depois tudo se definiu e as diferenças
apareceram. Às ambições destas tribos, acrescentem-se as circunstâncias,
tanto geográficas como culturais, que determinavam as diferenças entre o povo,
e teremos a explicação do panorama conhecido pelos leitores da Bíblia. Dentro
deste pequeno território encontravam-se quase todas as variedades de clima,
flora e fauna. A população variava na proporção das diferenças climatéricas. A
leste do Jordão ficava a terra dos pastores, onde continuavam a dominar os
beduínos. Nos vales, a oeste do mesmo Jordão, ficavam os agricultores, enquanto
que nas cidades das fronteiras do Oeste, junto às grandes estradas, havia um
princípio de comércio bem desenvolvido. Enquanto isso, em volta do mar da Galiléia,
alinhavam-se as vilas de pescadores. Havia, pois, todos os tipos de
civilização, desde o tipo pastoril nomádico, o agricultural e o comercial, até
o de pescadores. A população era uma mistura de interesses variados, e somente
a sua topografia, exposta a todos os perigos, podia realizar o milagre de sua
unidade, constituindo Israel um regime centralizado e militar. Quando acontecia
que uma dinastia se tornava fraca, um homem forte e valente tomava o trono. Daí
ter sido a história de Israel do Norte de sangue e de rebeliões, com
assassinatos, em que aventureiros, saídos tanto do exército como de outras
camadas, assaltavam o trono e estabeleciam precárias dinastias. Com tal
heterogeneidade, era de se esperar que uma oportunidade espreitasse a ruptura
dos laços que uniam o Norte ao Sul."
Mapa da
divisão natural da Palestina antiga
VII - OS
CATIVEIROS ASSÍRIO E BABILÔNICO
A cisão enfraqueceu ambas as facções, principalmente a nortista. As
relações entre os
reinos de Israel e Judá nem sempre foram amistosas. De quando em quando
uniam-se para combater um inimigo comum. Na maioria das vezes, contudo, estavam
em guerra.
Com o passar do tempo, a identidade nacional e
religiosa entre os israelitas e judaítas torna-se cada vez mais fraca. Seguindo
orientação do idolatra e inescrupuloso Jeroboão, os moradores do Israel
setentrional não desciam a Jerusalém para adorar. Esse ciumento soberano,
temendo perder os seus súditos, fechou suas fronteiras. Para conquistar o
respeito e a amizade dos israelitas, construiu-lhes dois bezerros de ouro. E, a
partir de então, ele fica conhecido como "o rei que fez Israel
pecar".
Depois de Jeroboão, teve Israel mais 18 reis. Todos
eles trilharam os caminhos da idolatria e da impiedade. Com o culto a Baal,
introduzido por uma meretriz chamada Jezabel, o povo corrompeu-se
completamente.
Não podendo suportar tanta apostasia, o Senhor
entregou as tribos do Norte aos inumanos e selvagens assírios. No ano de 722
a.C, as forças de Nínive invadem Israel e levam cativos os filhos de Jacó.
Inicia-se o cativeiro assírio, que deixaria profundas seqüelas na nação
hebraica.
Depois da destruição do Reino de Israel, Judá
sobreviveu ainda por mais de 135 anos. A maior parte desse tempo, contudo,
pagou pesados tributos à Assíria. Com a as-censão de Babilônia, começa a ruína
do Reino do Sul.
Em 605 a.C, tropas babilônicas invadem Judá. Tem
início o Cativeiro Babilônico que, segundo Jeremias, duraria 70 anos. O Templo
é destruído pelos exércitos de Nabu-codonozor em 587 a.C. Na capital do novo
império, os judeus progridem. Alcançam elevados postos na administração
iniciada por Nabopolassar. Daniel, por exemplo, tornou-se o mais influente
conselheiro da realeza.
Terminado o período de 70 anos, parte dos filhos de
Judá retorna à Terra Santa. Centenas de milhares, todavia, permanecem no
exílio. Vagando de nação em nação, sofrendo injustas perseguições e
injustificáveis preconceitos, tornam-se errantes. Sua diáspora já dura mais de
25 séculos.
VIII - A
RESTAURAÇÃO DE ISRAEL
Após os exílios assírio e babilônico, a nação
hebraica ficaria distante de Sião por mais de 2.500 anos. Houve, é claro,
alguns períodos de independência e glória, princi-palmente na era macabéia, mas
foram esporádicos e não contaram com a participação da totalidade do povo.
O advento do férreo Império Romano, conforme já
dissemos, marca o fim da restauração nacional iniciada por Esdras, Neemias,
Zorobabel e pelos profetas Ageu e Zaca-rias. Os judeus, ao tentarem sacudir o
jugo romano, são dispersados por todas as nações do mundo, onde sofreram e
sofrem terrivelmente.
- Qual a razão de seu sofrimento? - Sem dúvida alguma, a rejeição de seu
Messias. Em meio a povos estranhos, os filhos de Israel foram humilhados, e
aterrorizados.
Seus sofrimentos, aliás, foram
vaticinados por Moisés:
"O Senhor levantará contra ti uma nação de
longe, da extremidade da terra, que voa como a águia, nação cuja língua não
entenderás. Nação feroz de rosto, que não atentará para o rosto do velho, nem
se apiedará do moço. E comerá o fruto dos teus animais, e o fruto da tua terra,
até que sejas destruído; e não te deixará grão, mosto, nem azeite, criação das
tuas vacas, nem rebanhos das tuas ovelhas, até que tenha consumido; e te
angustiará em todas as tuas portas, até que venham cair os teus altos e fortes
muros, em que confiavas em toda a tua terra; e te angustiará em toda a tua
terra que te tem dado o Senhor teu Deus; e comerás o fruto do teu ventre, a
carne de teus filhos e de tuas filhas, que te der o Senhor teu Deus, no
"Quanto ao homem mais mimoso e mui delicado
entre ti, o seu olho será maligno contra o seu irmão, e contra a mulher de seu
regaço, e contra os demais de seus filhos que ainda lhe ficarem; de sorte que
não dará a nenhum deles da carne de seus filhos, que ele comer; porquanto nada
lhe
ficou de resto no cerco e no aperto com que o teu
inimigo te apertará em todas as tuas portas. E quanto à mulher mais mimosa e
delicada entre ti, que de mimo e delicada nunca tentou por a planta de seu pé
sobre a terra, será maligno o seu olho contra o homem de seu regaço, e contra
seu filho. e contra sua filha; e isto por causa de suas páreas, que saíram
dentre os seus pés, e por causa de seus filhos que tiver; porque os comerá às
escondidas pela falta de tudo, no cerco e no aperto com que o teu inimigo te
apertará nas tuas portas" (Dt 28.49-57).
Prossegue o grande profeta, prevendo os sofrimentos
dos judeus em suas diásporas: "E será que, assim como o Senhor se deleitava
em vós, em fazer-vos bem e multiplicar-vos, assim o Senhor se deleitará em
destruir-vos e consumir-vos; e desarraigados sereis da terra da qual tu passas
a possuir. E o Senhor vos espalhará entre todos os povos, desde uma extremidade
da terra até a outra extremidade da terra: e ali servirás a outros deuses que
não conheceste, nem tu nem teus pais: ao pau e à pedra. E nem ainda entre as
mesmas gentes descansarás, nem a planta de teu pé terá repouso: porquanto o
Senhor ali te dará coração tremente e desfalecimento dos olhos, e desmaio da
alma.
"E a tua vida como suspensa estará diante de
ti; e estremeceres de noite e de dia, e não crerás na tua própria vida. Pela
manhã dirás: Ah! quem me dera ver a noite! E à tarde dirás: Ah! quem me dera
ver a manhã! pelo pasmo de teu coração, com que pasmarás, e pelo que verás com
os teus olhos. E o Senhor te fará voltar ao Egito em navios, pelo caminho de
que te tenho dito: Nunca jamais o verás: e ali sereis vendidos por servos e
servas aos vossos inimigos; mas não haverá quem vos compre" (Dt 28.63-68).
Durante a sua peregrinação, Israel sofreu os mais
duros revezes. Judeus foram massacrados em todas as partes do mundo. E, nos
anos que precederam ao estabelecimento do moderno Estado judaico, Hitler
ordenou a matança de seis milhões de israelitas. Foi o mais bárbaro crime da
História.
Entretanto, no final da Segunda Guerra Mundial, a
nação hebraica conscientizou-se de sua peculiar situação.
Somente uma pátria na Palestina, dar-lhe-ia a
segurança necessária à sua sobrevivência. E, após muitas batalhas diplomáticas,
o Estado de Israel começa a existir a partir de 12 de maio de 1948.
Cumpria-se, assim, a profecia de Isaias:
"Antes que estivesse de parto, deu à luz; ante que lhe viesse as dores,
deu à luz um filho. Quem jamais ouviu tal cousa? quem viu cousas semelhantes?
Poder-se-ia fazer nascer uma terra num só dia? nasceria uma nação de uma só
vez? mas Sião esteve de parto e já deu á luz seus filhos" (Is 66.7,8).
Desde a proclamação de sua independência, Israel
tem enfrentado diversos conflitos bélicos: em 1948, a Guerra da Independência;
em 1956, a Guerra de Suez; em 1967, a Guerra dos Seis Dias; em 1973, a Guerra
do Yom Kippur; e, em 1982, a Guerra do Líbano. Em todos esses embates,
entretanto, as forças judaicas têm saído vencedoras, porque o Senhor dos
Exércitos está ao seu lado.
Cumpre-se à risca, pois, este vaticínio de Amos:
"E os plantarei na sua terra, e não serão mais arrancados da sua terra que
lhes dei, diz o Senhor teu Deus" (Am 9.15).
A nação israelense, com o seu renascimento e
progresso, tem um grande significado para nós. 0 pastor Abraão de Almeida, um
dos maiores especialistas em assuntos judaicos,
escreve: "Com o cumprimento das profecias, Deus nos está mostrando
sua fidelidade a Israel, e à Igreja, fidelidade que deve induzir todos os povos
a temê-lo. Por isso, o salmista registrou: 'Tema toda a terra ao Senhor,
temam-no todos os moradores da Terra, porque falou, e tudo se fez; mandou, e
logo tudo apareceu. 0 Senhor desfaz o conselho das nações, quebranta os
intentos dos povos. O conselho do Senhor permanece para sempre; os intentos do
seu coração de geração em geração. Bem aventurada é a nação cujo Deus é o
Senhor, e o povo que ele escolheu para sua herança.' Notem que o Senhor desfaz
o conselho das nações, quebranta o intento dos povos. Nenhuma das muitas
resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas contra Israel prosperou
ou prosperará, pois o Senhor frustra todas as decisões que contrariem sua
Palavra. Também têm sido quebrantados os maus intentos dos inimigos de Israel,
como o Egito de Nasser, a União Soviética, a OLP (Organização para a Libertação
da Palestina) etc."
Prossegue o pastor Abraão de Almeida: "O
retorno final de Israel, a reconstrução das suas cidades antigas e o
reflorestamento do país indicam que estamos vivendo nos últimos tempos. A
Bíblia diz que a Palestina seria assolada até o fim (Dn 9.26), mas que, ao
término do cativeiro, os israelitas reedificariam as cidades assoladas e nelas
habitariam, plantariam vinhas, beberiam o seu vinho e fariam, pomares e lhes
comeriam os frutos (Am 9.14)."
Portanto, estejamos vigilantes, porque a volta de
Cristo concretiza-se dia após dia. Que a nossa oração seja: "Paz sobre
Israel!"
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