Geografia biblica parte 3

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Desertos da Terra Santa
 
Sumário: Introdução. I - Deserto do Sinai. II - Deserto da Judéia. III - Desertos de Jerico, Bete-Âven e Gabaom. IV - Israel vence os desertos.
 
INTRODUÇÃO
 
Nas Sagradas Escrituras, de acordo com o Novo Dicionário da Bíblia, os vocábulos traduzidos como "deserto" incluem não somente os desertos estéreis de dunas, de areia ou de rocha, que surgem e dão cor à imaginação popular, mas igualmente designam terras plainas de estepes e terras de pastagem, apropriada á criação de gado.
 
O vocábulo "deserto" pode ser encontrado 36 vezes como adjetivo e 284 como substantivo, no Antigo Testamento. -Já no Novo Testamento, a mesma palavra aparece 12 vezes como adjetivo e 36 como substantivo.
 
A palavra hebraica mais traduzida como deserto é "midbar". Ela tem vários significados: região plana e apropriada à criação de gado; área meio fértil e meio árida: e deserto propriamente dito. Eis mais alguns termos hebraicos traduzidos como deserto: "yesimon" - território desértico; "orbáh" - aridez, desolação, ruína (castigo divino); "tohu"
 
-  vazio; "siyyah" - terra árida.
 
Atualmente, contudo, o termo deserto designa, segundo a Enciclopédia Mirador, regiões de escassas precipitações e nas quais a cobertura vegetal é praticamente nula ou, então, está reduzida a algumas plantas isoladas. Encontramos mais estas informações na Mirador: "A insuficiência das precipitações, quer sob o aspecto quantitativo, quer do ponto

de vista de sua distribuição no decorrer do ano, é a característica mais importante das regiões secas. É difícil encontrar um limite numérico para especificar as regiões secas,* por causa da complexidade dos fatores atuantes. Tentou-se delimitar o Saara pelo isoketa de 10
 
mm    e as regiões áridas pela de 250 mm. Mas tais cifras não possuem valor geral, porque a aridez e, principalmente, a semi-aridez se manifestam em regiões com 50 mm ou mais de precipitações, como o Nordeste brasileiro, que recebe, por vezes, quantidades superiores a 750 mm. Há uma graduação de aridez, que se estende desde os desertos quase absolutos, denominados de 'tonezrouft' no Saara, até os desertos relativos, localizados nas áreas limítrofes com as regiões úmidas. Além da deficiência das precipitações, é preciso lembrar a sua irregularidade, que se torna maior à medida que a região é mais árida. A presença de camadas de ar geralmente muito seco e sem nuvens, e o solo desnudo, cujo aquecimento aumenta a radiação (e, em conseqüência, provoca intensa evaporação), são as causas prin-cipais do déficit que caracteriza a aridez."
 
Os principais desertos citados nas Sagradas Escrituras localizam-se no Sul e no Oriente de Israel. Agrupam-se os primeiros na Península do Sinai. Os outros, encontram-se nas outras regiões do país. Veremos, pois, como o povo de Deus conviveu com essas inóspitas áreas.
 
I - DESERTO DO SINAI
 
Os filhos de Israel caminharam no deserto durante quarenta anos. Nesse período, aprenderam a conviver com as agruras do Sinai. Não obstante a aridez daquele solo, nada lhes faltou. Supriu-lhes o Senhor todas as necessidades. Durante essas quatro décadas, os israelitas deixaram de ser um bando de escravos e transformaram-se em uma forte e robusta nação.
 
O Deserto do Sinai recebe, ainda, estes nomes: Sur, Para, Cades, Zim e Berseba. Os geógrafos descrevem-no como um colossal deserto. Vai do Noroeste da península do mesmo nome ao golfo do Suez. Essa região constitui-se de um maciço montanhoso. Nesse lugar, recebeu Israel a lei de Moisés.
 
II - DESERTO DA JUDÉIA
 
As áreas localizadas do Leste dos montes de Judá ao rio Jordão e ao mar Morto formam o deserto da Judéia. Subdivide-se este em vários desertos sem importância: Maon, Zife e En-Gedi. Nessa árida região, perambulou Davi quando era perseguido pelo rei Saul.
 
Eis mais alguns desertos de Judá: Tecoa e Jeruel. Nesse território, o rei Josafá obteve estrondosa vitória sobre as forças moabitas e amonitas. Nessa mesma região. o profeta Amos exerceu o seu ministério e João Batista clamou contra seus reticentes contemporâneos.
 
III - DESERTOS DE JERICO, BETE-ÁVEN E GA-BAOM
 
O deserto de Jerico fica no território benjamita. Esse desolado território forma, segundo descreve o pastor Tognini, um longo desfiladeiro rochoso de cerca de 15 quilôme-tros que desce de Jerusalém a Jerico. Nessa área, há muitas cavernas, nas quais escondem-se malfeitores. Essa região serviu de cenário para a Parábola do Bom Samaritano, contada por Jesus Cristo.
 
Bete-Áven e Gabaom são outros importantes desertos de Jerico. Em Gabaom, por exemplo, obteve Josué importante vitória sobre os inimigos dos israelitas.

IV - ISRAEL VENCE OS DESERTOS
 
Cinqüenta por cento das terras israelenses compõem o Deserto do Neguev. No entanto, o moderno Estado de Israel está vencendo a aridez de seus desertos e transforman-do-os em uns vergéis.
 
O pastor Abraão de Almeida compendia estas informações acerca do reflorescimento das áreas desérticas da Terra Santa: "Os progressos obtidos por Israel na transformação do Neguev em um jardim regado são, de fato, impressionantes. Desde o início da década de 80 vêm sendo aplicados mais de três bilhões de dólares na construção de estradas, aquedutos e linhas de comunicação, a fim de abrigar novas instalações militares e cerca de uma centena de novos povoados agrícolas. E a chave para toda essa revitalização do deserto reside no aumento das fontes hidrológicas. Há inclusive, um projeto arrojado, que objetiva conduzir mais que um bilhão de toneladas de água por ano do Mediterrâneo para o mar Morto, através de um canal cortando o Neguev. Esse grande canal levaria água fresca à indústria local e água dessalinada aos agricultores, além de resolver um sério problema: a alarmante evaporação das águas do mar Morto, que pode mesmo morrer, se providências sérias não forem tomadas."
 
 
 
 
 
 
 
Hidrografia da Terra Santa
 
Sumário: Introdução. I - Mares da Terra Santa: 1 - Mar Mediterrâneo. 2 - Mar Morto. 3 - Mar da Gali-léia. 4 - Mar Vermelho. II - Rios da Terra Santa: 1 -Bacia do Mediterrâneo: a) Rio Belus. b) Rio Quisom. c) Rio Cana. d) Rio Gaãs. e) Rio Sorec. f) Rio Besor. 2 -Bacia do Jordão: a) Rio Jordão, b) Rio Querite. c) Rio Cedrom. d) Rio Iarmuque. e) Rio Jaboque. d) Rio Ar-nom. III - Lago de Merom.
 
INTRODUÇÃO
 
Como já dissemos, 50' < do território israelense são compostos, apenas, pelo Deserto do Neguev. A água, por causa disso, constitui-se em questão vital para o Estado de Israel. Os escassos cursos de água são muito bem aproveitados. A insuficiência hídrica, entretanto, parece estrangular o desenvolvimento econômico e demográfico desse jovem país do Médio Oriente.
 
Não fosse o eficiente sistema de irrigação israelense, os 5.000 km de campos aráveis forneceriam uma produção tão exígua que não daria, sequer, para o consumo interno. Essa área, apesar de parecer, hoje, um jardim, recebe pouquíssimos benefícios das chuvas. Além disso, o seu índice de evaporação é bastante elevado. Na realidade, o verdadeiro potencial agrícola de Israel é composto por menos de 2.000 km de terras intensivamente irrigadas.
 
Nos últimos anos. os israelenses têm intensificado a irrigação de seu território. Um autor especializado em assuntos do Oriente Médio escreve: "A produtividade das terras só podem melhorar caso haja maior aproveitamento dos recursos hídricos. Como estes não admitem ampliação, a única solução para elevar a produtividade do solo de Israel - ou pelo menos conservar o nível alcançado - é fornecer menos água para as terras já irrigadas, liberando, desta forma, recursos para a irrigação de novas áreas."
 
A vida em Israel, por conseguinte, não seria possível sem sua hidrografia. Em todos os momentos de sua história, os hebreus sempre mostraram-se preocupados com os seus

parcos recursos hídricos. Não obstante, têm sabido superar essas barreiras de maneira maravilhosa.
 
Antes de estudarmos os mares, rios e lagos da Terra Santa, vejamos o que é, realmente, hidrografia.
 
Etimologicamente, a palavra hidrografia é formada por dois vocábulos gregos: "hidro" - água; e, "graphein" descrever. A hidrografia, portanto, é a ciência que estuda todos os corpos de água que há na superfície do Globo. São objetos de seu estudo, pois, os oceanos, mares, rios, lagos e geleiras. Ela detém-se. ainda, nas propriedades físicas e químicas das águas.
 
A hidrografia encarrega-se, também, de elaborar cartas referentes às bacias fluviais, leitos de rios e lagos e fundos de mares e oceanos.
 
I - MARES DA TERRA SANTA
 
A hidrografia de Israel é composta por três mares: Mediterrâneo, Morto e da Galiléia. Este último, conforme veremos mais adiante, não é propriamente um mar. Antes de mais nada, porém, definamos a palavra mar. Em último lugar, estudaremos o mar Vermelho.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Entre os hebreus, segundo explicação de Orlando Boyer, "mar" compreendia qualquer grande massa de água. Eles consideravam-no criação do Senhor: "Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam. Porque ele a fundou sobre os mares, e a firmou sobre os rios" (SI 24.1,2). - Jó, com sua proverbial paciência, declarou: "Ou quem encerrou o mar com portas, quando transbordou e saiu da madre, quando eu pus as nuvens por sua vestidura, e a escuridão por envolvedouro? Quando passei sobre ele o meu decreto, e lhe pus portas e ferrolhos, e disse: Até aqui virás, e não mais adiante, e aqui se quebrarão as tuas ondas empoladas?" (Jó 38.8-11).
 
Tecnicamente, o mar pode ser definido, de conformidade com Aurélio, como a massa de águas salgadas do globo terrestre: cada uma das porções em que está dividido o oceano; e, grande massa de água salgada situada no interior dum continente.

1 - Mar Mediterrâneo
 
O Mediterrâneo aparece nas Sagradas Escrituras com outros nomes: Mar Grande, Mar Ocidental, Mar dos Filisteus, Mar de Jata. Biblicamente, ele é tratado simplesmente de o Mar. Sua importância é incontestável. Afirma Paul Valéry: "...o Mediterrâneo tem sido uma verdadeira máquina de fabricar civilização". Assim divaga E. M. Forster sobre as ondas desse gigante: "0 Mediterrâneo é a norma humana. Quando as pessoas deixam esse lago en-cantador, através do Bósforo ou dos Pilares de Hércules, aproximam-se do monstruoso e do extraordinário; e a saída meridional leva às mais estranhas experiências."
 
Com uma extensão de 4.500 km e uma superfície de três milhões de quilômetros quadrados, o Mediterrâneo é o maior dos mares internos. Suas águas banham a Europa Meridional, a Ásia Ocidental e a África Setentrional. Famosos rios deságuam em sua histórica e milenar grandeza.
 
As mais antigas civilizações do Médio Oriente e da Europa escreveram suas histórias sobre as águas do mar Mediterrâneo: micena, grega, fenícia, romana, turca, francesa, italiana. Hodiernamente, esse mar continua a ser de suma importância para diversos povos. Suas rotas incluem portos estratégicos como o de Gênova, Nápoles, Barcelona, Trieste, Salônica, Beirute, Esmirna, Porto Saide, Alexandria, Constantinopla, Haifa, etc.
 
O mar Mediterrâneo banha toda a costa ocidental de Israel. Nessa área, suas águas são bastante razas o que tornava impossível a aproximação de navios de grandes calados. O Grande Mar, por esse motivo, não era usado pelos judeus como via de transporte. Eles, aliás, sentiam-se isolados pelo Mediterrâneo.
 
Jope era o único porto do Grande Mar utilizado pelos israelitas. Entretanto, por causa de seus arrecifes e bancos de areia, os navegantes não se aventuravam a procurá-lo com freqüência. Por outro lado, o Mediterrâneo formava uma vastíssima área defensável à pequena nação hebréia.
 
Através desse mar, Salomão recebeu os valiosos cedros do Líbano, para a construção do Templo. Em suas águas foi Jonas lançado, quando fugia da presença do Senhor. Ao contrário do profeta engolido pelo grande peixe, Paulo utilizou-se do Grande Mar para universalizar o Evangelho.
 
2 - Mar Morto
 
O mar morto não é assim designado nas Sagradas Escrituras. Em virtude da imensa quantidade de sal existente em suas águas, é chamado de mar Salgado pelos escritores bíblicos. No livro de Josué, deparamo-nos com este registro: "Pararam-se as águas que vinham de cima; Levantaram-se um montão, mui longe da cidade de Adã, que está da banda de Sartã; e as que desciam ao mar das campinas, que é o mar Salgado , faltavam de todo e separaram-se: então passou o povo defronte a Jerico" (Js 3.16).
 
Há, calcula-se, 25 por cento de sal nas águas do mar Morto. Suas águas, por conseguinte, são demasiadamente densas. É quase impossível mergulhar ou afogar-se nesse estranho mar. Alguns turistas aproveitam-se da densidade do mar Salgado para boiar e ler seus jornais e revistas prediletos.
 
O mar Morto recebe, ainda, os seguintes nomes: mar de Arabá, mar Oriental, mar do Sal. Flávio Josefo cognomina-o de lago do Asfalto. Para os árabes, ele é o mar Pes-tilento. No Talmude, é denominado de mar de Sodoma. Os povos vizinhos de Israel colocaram-lhe outros apelidos: mar de Sodoma e Gomorra, mar de Segor, mar de Ló, etc.
 
Localizado na foz do rio Jordão, entre os montes de Judá e Moabe, o mar Morto constitui-se na mais profunda depressão da Terra. Encontra-se a mais de 400 metros abaixo do nível do Mediterrâneo. Com 78 quilômetros de comprimento por 18 de largura, o mar do

Sal ocupa uma área de 1.020 km-.
 
Na região ocupada hoje pelo Mar Morto, ficavam, provavelmente, as impenitentes cidades de Sodoma e Gomorra, destruídas pelo Todo-poderoso. Nessas águas salgadas, não há qualquer espécie de vida. Esse mar, por conseguinte, é o próprio símbolo da conseqüência do pecado: a morte. Nenhum peixe consegue aproximar-se desse cemitério aquático.
 
O Estado de Israel, entretanto, extrai do mar Morto bilhões de dólares em sal e minérios. A riqueza desse inusitado lago é mais que formidável: 22 trilhões de toneladas de cloreto de magnésio; 11 trilhões de toneladas de cloreto de sódio; 7 trilhões de toneladas de cloreto de cálcio; 2 trilhões de toneladas de cloreto de potássio e 1 trilhão de toneladas de brometo de magnésio. Essas cifras foram extraídas do livro "Geografia da Terra Santa", do eminente pastor Enéas Tognini.
 
Júlio Minhan, citado por Abraão de Almeida, fala sobre as fabulosas riquezas do mar Morto: "Como estão estas riquezas? Estão em sais que as indústrias de todo o mundo procuram desesperadamente. Incluindo as inúmeras toneladas de sais e dos metais preciosos, há muitos outros, e como seria cansativa sua enumeração! Limitar-nos-emos a dizer que a fortuna que pode ser retirada do mar Morto daria para comprar todos os países de influência muçulmana da Ásia, Europa e África em contrapeso".
 
O mar Morto, tendo em vista a sua singular posição geográfica, não tem nenhum escoadouro para suas águas. Esse problema é solucionado pela descomunal evaporação. Aproximadamente 8 milhões de toneladas de água são evaporadas por dia nessa região, onde a temperatura, no verão, chega a 50". Em algumas épocas do ano, esse lago chega a lembrar um gigantesco tacho em ebulição.
 
Nas proximidades do mar Morto, ficava a Fortaleza de Maquerus, construída por Alexandre Janeu, no ano 88 a.C.. e arrasada pelos romanos em 56 a.C. Herodes. o Grande, reconstruiu-a mais tarde. Nela, foi supliciado o precursor do Messias, o piedoso João Batista. Herodes mandou construir, ainda, na margem ocidental dessa imensa fossa salgada, a cidadela de Massada, último reduto da resistência judaica ao domínio romano. Ao Norte, encontramos as ruínas da comunidade essênia, onde foram encontrados os famosos manuscritos do mar Morto.
 
3 - Mar da Galiléia
 
O mar da Galiléia não é propriamente um mar. Trata-se, na realidade, de um grande lago de água doce, formado pelo rio Jordão. No Novo Testamento, recebe os seguintes nomes: mar de Quinerete, mar de Tiberíades e lago de Ge-nezaré.
 
Por que então os judeus o tratam de mar? Por causa de seu tamanho e violentas borrascas que o agitam constantemente. O mar da Galiléia tem 24 quilômetros de comprimento por 14 de largura. Com uma profundidade média de 50 metros, encontra-se a quase 230 metros abaixo do nível do Mediterrâneo. Tendo em vista sua posição, serve de ponto de equilíbrio às águas do Jordão.
 
O mar da Galiléia está distante do Mediterrâneo umas 27 milhas. E, de Jerusalém, 60 milhas em direção ao Nordeste. Em suas margens orientais, encontram-se altas montanhas. Já em seu lado ocidental, podemos contemplar férteis planícies e importantes cidades como Genezaré, Betsaida, Tiberíades, Cafarnaum, Corazim e Magdala. Nessa região, Jesus desenvolveu importantes facetas de seu ministério: ensinou, fez prodígios e maravilhas, re-preendeu a fúria das águas e, com intrepidez, anunciou o Reino dos Céus. O Divino Mestre, inclusive, andou sobre as águas desse grande lago, causando pânico em seus discípulos.
 
Ao Norte do mar da Galiléia, o clima é bastante agradável, propício ao

desenvolvimento de grandes projetos agro-pecuários. Eis as impressões de W. J. Goldsmith: "Na Galiléia, vimos sete feições salientes: sua dependência do Líbano, abundância de água dele provenientes, fertilidade e fartura, características vulcânicas, grandes estradas atravessando a região, população densa e operosa, e a proximidade do mundo exterior. Pois bem: essas sete feições da Galiléia em geral, vemo-las concentradas no lago e suas margens. O lago da Galiléia era, efetivamente, o centro focai da província. Imaginemos aquela abundância de água, fertilidade, influência vulcânica, estradas, população numerosa, comércio, indústria e forte influência grega - imaginemos tudo isto reunido em um profundo vale, sob um calor quase tropical, e temos o cenário onde surgiu o cristianismo e onde o próprio Cristo trabalhou."
 
No período neotestamentário, havia nove cidades em redor do mar da Galiléia, com uma população global de quase 150 mil habitantes. Acrescenta Goldsmith: "Betsai-da e Cafarnaum ficavam ao norte, atravessadas pela estrada galiléia de maior movimento, a Vila Maris, porém não podemos precisar-lhe o local. O sítio mais provável de Cafarnaum, onde Jesus morava e onde viu Mateus 'sentado na coletoria', é o que hoje se denomina Tel Hura."
 
Com o seu formato oval, o mar da Galiléia é muito piscoso. Nesse lago, podemos encontrar 22 espécies de peixes, entre as quais: carpas, sardinhas, peixe-gato, peixe-galo e o famoso "chromis simonis", ou peixe de São Pedro. No tempo de -Jesus, a pesca era uma rendosa indústria em Cafarnaum.
 
George Adam Smith, descreve desta forma o maravilhoso lago de Israel: "Águas doces, cheias de peixes, uma superfície de cintilante azul. O lago da Galiléia é, ao mesmo tempo, comida, bebida e ar; um descanso para os olhos, um suavizante do calor e um refúgio do ruído e da multidão."
 
4 - Mar Vermelho
 
Embora não pertença à Terra Santa, encontra-se o mar Vermelho estreitamente ligado à história do povo israelita. Ele é conhecido nas Sagradas Escrituras como "Yam Suph", que significa plantas marinhas.
 
O mar Vermelho separa os territórios egípcio e saudita. Na parte setentrional, divide-se em dois braços pela península do Sinai, ü braço ocidental é conhecido como golfo de Suez. O oriental, golfo de Akaba.
 
Acerca do golfo de Suez, informa Buckland: "O golfo de Suez gradualmente se tem estreitado desde a era cristã (Is 11.15 e 19.5), secando-se a língua do mar Vermelho em uma distância de 50 milhas. Por isso vai-se tornando maior a dificuldade de determinar onde atravessaram os israelitas o mar Vermelho; mas provavelmente devia ter sido perto dos atuais lagos Amargos. A entrada do Golfo de Akaba estavam os dois únicos portos do mar Vermelho, mencionados na Bíblia: - Elate e Eziam-geber. A parte mais larga do mar Vermelho, até o sítio onde se tende em dois Golfos, é de 200 milhas, e a parte mais estreita é de 100 milhas, pouco mais ou menos. A largura do golfo de
 
Suez é. em média, de 18 milhas, sendo a do golfo de Akaba consideravelmente menor, ü primeiro comunica com o mar Mediterrâneo, pelo ('anal de Suez. É provável que os israelitas tivessem atravessado o mar Vermelho, num ponto que fica cerca de 30 milhas ao norte da atual entrada do golfo do Suez, isto é, na extremidade setentrional do mar Vermelho, como ele então era. Como todo o exército egípcio pereceu nas águas, devia neste lugar o mar Vermelho ter tido pelo menos a largura de 12 milhas. O livramento dos israelitas, na travessia do mar Vermelho, tornou-se, no espírito da nação judaica, o maior fato da sua história."

II - RIOS DA TERRA SANTA
 
Quando da descoberta do Brasil, escreveu Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal: "As águas são muitas." Em Israel, no entanto, conforme já dissemos, os recursos hídricos são sobremaneira escassos.
 
Dos rios existentes na Terra Santa, só o Jordão merece, de fato, esse nome. Os outros, no Brasil, por exemplo, seriam chamados de arroios e riachos. Vejamos, pois, como são os rios israelitas. Em primeiro lugar, estudaremos os que compõem a bacia do Mediterrâneo. Depois, os que formam a bacia do Jordão.
O que é um rio?
 
Fomos obrigados a recorrer, uma vez mais, ao mestre Aurélio. Eis a sua definição: "Curso de água natural, de extensão mais ou menos considerável, que se desloca de um nível mais alto para outro mais baixo, aumentando progressivamente o seu volume até desaguar no mar, num lago, ou noutro rio, e cujas características dependem do relevo, do regime de águas, etc."
 
O hebraico possui um número considerável de vocábulos que são constantemente usados. "Nahal" significa, segundo o Novo Dicionário da Bíblia, um wadi ou vale dotado de uma corrente de água; no verão, transforma-se num leito seco ou ravina, ainda que no inverno seja uma correnteza copiosa. Acrescenta o mesmo dicionário: "O segundo termo, 'nãhãr', é a palavra regular com o sentido de 'rio' na língua hebraica."
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mapa dos afluentes do Jordão, Mediterrâneo e Mar Morto

1 - Bacia do Mediterrâneo
 
A bacia do Mediterrâneo é composta pelos seguintes rios: Belus, Quisom, Cana, Gaás, Serec e Besor.
1.1 - Rio Belus
 
Correndo ao sudoeste do território asserita, o rio Belus caminha em direção ao mar Mediterrâneo. Nas Sagradas Escrituras, ele aparece com o nome de Sior-Libnate, conforme lemos em Josué 19.26: "E Alameleque, e Amade, e Misal: e chega ao Carmelo para o ocidente, e a Sior-Libnate."
 
As águas do Belus são despejadas na baía do Acre, nas proximidades da cidade de Acco. Durante dois terços do ano, esse rio permanece seco, constituindo-se em um dos numerosos wadis palestínicos. Hoje, esse rio é chamado de Namã pelos árabes e judeus.
 
1.2 - Rio Quisom
 
O Quisom é o maior rio da bacia do Mediterrâneo e o segundo em importância de Israel. Chamam-no os árabes de Nahr Makutts. Nascendo em Esdraelom, recebe inúmeras vertentes durante o seu curso. Nas imediações do Tabor e do Pequeno Hermom, ele já é bem caudaloso.
 
Nas proximidades do Quisom, ficava Tminate, onde morava Dalila, a meretriz filistéia que causou a desgraça de Sansâo. Esse rio deságua no Mediterrâneo, entre Jope e Ascalom. Ao contrário do Belus, o Quisom é perene, ou seja, suas águas não secam nem no verão.
 
1.3 - Rio Cana
 
O rio Cana é citado apenas no Antigo Testamento. Constituía-se em fronteira natural entre as Tribos de Efraim e Manasses. Nasce nas imediações de Siquem e atravessa a planície de Sarom. Como os anteriores, despeja suas águas no mar Mediterrâneo.
 
Seu nome decorre do fato de ele correr nas proximidades da cidade de Cana de Efraim (não confundir com a localidade onde Cristo realizou o seu primeiro milagre). Na antigüidade, havia abundância de juncos em suas margens. Esse rio é, também, um wadi: só possui água nos meses chuvosos.
 
1.4 - Rio Gaás
 
O destemido líder e bravo general hebreu, Josué, foi sepultado no monte Gaás. Perto dessa elevação, corre um rio, também chamado Gaás. Um rio? Não, um ribeiro! À semelhança dos outros wadis, só possui água em determinados períodos do ano.
 
As águas do Rio Gaás banham a planície de Sarom e desembocam no mar Mediterrâneo, nas proximidades de Jope. "Gaás", em hebraico, significa terremoto.
 
1.5 - Rio Sorec
 
O Sorec despeja suas águas no Grande Mar, entre Jope e Ascalom, ao Norte do antigo território filisteu. Suas nascentes ficam nas montanhas de Judá, a sudoeste de Je-rusalém. No vale, por onde corre esse rio, morava a noiva de Sansão. Em suas redondezas, ficava o Vale de Sora, terra natal do profeta Samuel.
 
Em hebraico, "Sorec" quer dizer vinha escolhida, em virtude dos vinhedos existentes nas margens desse rio.
 
1.6 - Rio Besor
 
O Besor não é propriamente um rio, mas um ribeiro que fica nas imediações de Ziclaque, no Sul de Judá. É o mais caudaloso dos wadis que deságuam no mar Mediter-râneo.
 
O atual nome desse rio é Sheriah. Nas redondezas de Besor, o bravo Davi libertou os habitantes de Ziclaque das garras dos amalequitas. Foi um dos maiores feitos do filho de Jessé e antecessor real de Jesus.

Besor é sinônimo de refrigério.
 
2 - Bacia do Jordão
 
A bacia do Jordão é formada pelos seguintes rios: Jordão, Querite, Cedrom, Iarmuque, Jaboque e Arnom. Alguns desses afluentes são bastante pequenos, quase inex-pressivos. Vale a pena, porém, conhecê-los, pois estão intimamente ligados à história da salvação. 2.1 - Rio Jordão
 
O rio Jordão tem três fontes: Banias, Dan e Hasbani. Elas não nascem em território israelense; começam a correr no monte Hermom, localizado na Síria. Em hebraico, "Jordão" significa decl ive ou o que desce, por causa de seu vertiginoso curso: do cume do Monte Hermom à mais profunda depressão do planeta - o mar Morto.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mapa das cabeceiras do rio Jordão
 
Não obstante a sua importância histórica, o Jordão é um rio pequeno. Tem 252 quilômetros de extensão, levando-se em conta os seus infindos meandros.
 
Oswaldo Ronis fala acerca do estranho curso desse rio essencialmente palestínico: "Costuma-se dividir o curso do Jordão em três trechos para um estudo mais detalhado: - 0 PRIMEIRO TRECHO, ou seja, a região das nascentes, é a que acabamos de descrever nos seus aspectos mais setentrionais e que vai até o lago de Merom. Depois da junção das quatro nascentes, o Jordão atravessa uma planície pantanosa em uma extensão de 11 quilômetros e entra no lago de Merom. Neste trecho, a sua largura varia muito e a profundidade vai a 3 e 4 metros -

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O SEGUNDO TRECHO também chamado o Jordão superior, compreende o rio en-tre o lago de Meron e o mar da Galiléia, extensão esta de cerca de 20 quilômetros. É um trecho quase reto, com um declive de 225 metros, o que forma as suas águas impetuosas e provoca um enorme trabalho de erosão. A força da impetuosidade das águas do Jordão neste trecho é tanta que quase 20 quilômetros mar da Galiléia adentro ainda se percebe a sua correnteza. Neste trecho, o terreno é rochoso, de vegetação média, e a largura do rio varia entre 8 e 15 metros. - O TERCEIRO TRECHO, ou o Jordão interior estende-se do mar da Galiléia ao mar Morto numa distância de 117 quilômetros em linha reta e cerca de 340 quilômetros pelo leito sinuoso do rio, tendo uma largura que varia entre 25 e 35 metros, e l a 4 metros de profundidade. Este trecho sofre um declive de 200 metros pelo qual o rio desce precipitadamente, formando numerosos meandros e cascatas e alargando o vale até 15 quilômetros, como ocorre na altura de Jerico. Este vale é limitado quase em toda a sua extensão por verdadeiras muralhas de rocha calcária, o que torna muito difícil a sua travessia. Até o tempo dos romanos, não havia pontes sobre o Jordão. De modo que a sua travessia era feita em certos lugares de margens mais rasas e águas menos profundas, chamados vaus. Um desses vaus ficava defronte de Jerico, outro perto da desembocadura do rio Jaboque, e o terceiro nas proximidades de Sucot."
 
Havia, nos tempos bíblicos, grande floresta às margens do rio Jordão. Segundo depreendemos de alguns textos bíblicos, nesses frondosos bosques havia até leões. Hoje, porém, a região encontra-se desnuda e, praticamente, morta. Com muita dificuldade, consegue-se encontrar tamareiras, palmeiras e tamargueiras nessa aridificada área.
 
Eis como o rio Jordão é mencionado pela primeira vez nas Sagradas Escrituras: "E levantou Ló os seus olhos, e viu toda a campina do Jordão, que era toda bem regada, antes de o Senhor ter destruído Sodoma e Gomorra, e era como o jardim do Senhor, como a terra

do Egito quando se entra em Zoar. Então Lô escolheu para si toda a campina do Jordão, e partiu Ló para o Oriente, e apartaram-se um do outro" (Gn 13.10 e 11).
 
Abraão, Isaque e Jacó tornaram-se íntimos do Jordão. As águas desse rio abriram-se para o povo de Deus conquistar Canaã. Mostrando-se perene e, resistindo a todas as intempéries, o Jordão sempre esteve ligado à história de Israel. Foi em seu leito que Naamã viu-se livre da lepra. Às margens do milenar Jordão, João Batista batizou o Filho de Deus.
 
O Jordão não é um rio atraente. Do ponto de vista humano, Naamã tinha toda a razão em não querer banhar-se em suas escuras e barrentas águas. Afinal de contas, na terra natal desse corajoso general, havia cristalinos riachos. Não bastasse sua falta de beleza natural, nas imediações do Jordão, o clima é quente e sufocante.
 
El-Seri-Ah al-Kabirah é o nome árabe do rio Jordão. Eis o seu significado: o grande bebedouro. Por que essa designação? Em virtude, talvez, do grande volume de águas que lança no mar Morto: 17.280.000 m por dia. O Jordão não é navegável, mas, serviu de área defensável a Israel durante vários séculos.
 
2.2 - Rio Querite
 
Perseguido pela diabólica Jezabel, o profeta Elias recebeu do Senhor a seguinte ordem: "Vai-te daqui, e vira-te para o Oriente, e esconde-te junto ao ribeiro de Querite, que está diante do Jordão. E há de ser que beberás do ribeiro: e eu tenho ordenado aos corvos que ali te sustentem. Foi pois, e fez conforme a palavra do Senhor: porque foi, e habitou junto ao ribeiro de Querite, que está diante do Jordão" (1 Rs 17.3-5).
 
O Querite, também não é propriamente um rio. Trata-se de mais um dos numerosos wadis existentes na Terra Santa. Para alguns autores, aliás, não passa de um filete de água que, a maior parte do ano constitui-se em um vale seco.
 
Tendo sua nascente nos montes de Efraim, o Querite deságua no rio Jordão. Esse ribeiro fica na Transjordânia.
 
2.3 - Rio Cedrom
 
O monte das Oliveiras é separado do Moriá por um rio. Eis o seu nome: Cedrom. Essa designação significa em hebraico escuro. Nascendo a dois quilômetros e meio de Jerusalém, corre para o sudoeste. Em seu curso, acompanha os muros da cidade Santa. Antes de vomitar suas á-guas, no mar Morto, vagueia durante 40 quilômetros.
 
Pelo ribeiro do Cedrom passou o rei Davi, quando fugia de seu demagogo e ambicioso filho: "E toda a terra chorava a grandes vozes, passando todo o povo: também o rei passou o ribeiro de Cedrom, e passou todo o povo na direção do caminho do deserto" (2 Sm 15.23). Absalão desejava a morte de seu pai para reinar sobre Israel.
 
Séculos mais tarde, Jesus, o maior descendente do rei Davi, passou por essa região: "Tendo Jesus dito isto, saiu com os seus discípulos para além do ribeiro de Cedrom, onde havia um horto, no qual ele entrou e seus discípulos" (Jo 18.1).
 
2.4 - Rio Iarmuque
 
Constituindo-se no maior afluente oriental do Jordão, o rio Iarmuque é formado por três braços. Quando da conquista de Canaã, serviu de fronteira entre a tribo de Manasses e a região de Basã. Após escorregar-se pelos montes, o Iarmuque penetra no rio Jordão, a 200 metros abaixo do nível do mar.
 
Esse rio não é mencionado nas Sagradas Escrituras. Os gregos o conhecem como Ieromax. Atualmente, é chamado de Sheriat-el-Man-jur.
 
2.5 - Rio Jaboque
 
O Jaboque nasce ao sul da montanha de Gileade. Tributário oriental do Jordão, esse rio corre em três destintas direções: leste, norte e Noroeste. Antes de desembocar no Jordão, descreve, entre o mar da Galiléia e o mar Morto, uma semi-elipse. Seu curso tem

aproximadamente 130 quilômetros.
 
O rio Jaboque é perene e, no passado, servia de fronteira entre as tribos de Rubem e Gade. Em suas imediações, o patriarca Jacó lutou contra o Anjo do Senhor. Foi um combate acirrado. Mas, no final, o piedoso hebreu recebeu inefável bênção do Senhor. No Vale do Jaboque, portanto, a semente de Abraão recebeu sua designação nacional: Israel.
 
Jaboque significa o que derrama. Os árabes, entretanto, chamam-no de Nahar ez-Zerka - rio azul.
 
2.6 - Rio Arnom
 
Em 1868, o missionário alemão, F.A. Klein, encontrou em Dibom, nas imediações do rio Arnom, a famosa Pedra Moabita, que contém uma inscrição em hebraico e fenício.
 
Essa escritura bilíngüe confirma a historicidade do trecho bíblico de segundo Reis 3.4-27. A descoberta arqueológica de Klein mostra quão importante é o rio Arnom (que significa rápido e tumultuoso) para a história da Terra Santa.
 
O rio Arnom nasce nos montes de Moabe e desemboca no mar Morto. Durante séculos, esse afluente serviu de fronteira natural entre os moabitas e amorreus. Mais tarde, com a conquista de Canaã, separou os israelitas dos moabitas.
 
Isaías e Jeremias falaram acerca do Arnom. Profetizou o primeiro: "Doutro modo sucederá que serão as filhas de Moabe junto aos vaus de Arnom como o pássaro va-gueante, lançado fora do ninho" (Is 16.2).
 
Atualmente, o Arnom é conhecido como Wadi el-Modjibe. Nas épocas de chuva, esse rio é volumoso. Entretanto, depois da primavera, começa a secar.
 
III - LAGO DE MEROM
 
Encontramos apenas um lago na Terra Santa. Trata-se do Lago de Merom. O mar da Galiléia é também considerado um lago. No entanto, por causa de suas avantajadas dimensões, não é assim, classificado.
 
Antes de mais nada, porém, vejamos como os lagos são definidos.
 
A palavra portuguesa lago vem do latim 'lacus' e significa reservatório de água. Esse termo latino, contudo, é oriundo deste vocábulo grego: "Lakkos" - fosso, poço. Geograficamente, os lagos são constituídos de grandes massas de água concentradas em depressões topográficas, cercadas de terra por todos os lados. Eles encontram-se, com mais freqüência, em zonas de latitudes elevadas, mas, são universalmente distribuídos. No que tange às dimensões, não há uniformidade. Via de regra, os lagos são alimentados por riachos ou rios. O escoamento de suas águas é feito por meio de um ou mais emissários.
 
O lago de Merom é conhecido, também como águas de Merom, conforme registra o livro de Josué: "Todos estes reis se ajun taram, e vieram e se acamparam junto às águas de Merom, para pelejarem contra Israel. E disse o Senhor a Josué: Não temas diante deles; porque amanhã a esta mesma hora eu os darei todos feridos diante dos filhos de Israel; os seus cavalos jarretarás, e os seus carros queima-rás a fogo. E Josué, e toda a gente de guerra com ele, veio apressadamente sobre eles às águas de Merom: e deram neles de repente" (Js 11.5-7).
 
Formado pelas águas do Jordão, o lago de Merom tem 10 quilômetros de comprimento por seis de largura. Acha-se a dois metros acima do Mediterrâneo. Sua profundidade varia entre três e quatro metros. Hoje, esse lago perdeu sua antiga forma, porque foi adaptado pela engenharia às exigências do país. Merom fica a 20 quilômetros do mar da Galiléia.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A vida submarina no golfo de Eilat é uma das mais ricas do Planeta
 
 
 
 
 
 
 
Clima da Terra Santa
 
Sumário: Introdução. I - Clima da Terra Santa. II - O clima nas montanhas. III - O clima no litoral. IV -O clima no deserto. V - Ventos. VI - Estações. VII -Chuvas.
 
INTRODUÇÃO
 
Não obstante suas exíguas dimensões territoriais, a Terra Santa apresenta uma impressionante variedade climática. Com muita razão ela é considerada a síntese me-teorológica do mundo. Antes, porém, de estudarmos esse importantíssimo aspecto de Israel,

daremos algumas noções elementares acerca do que convencionamos chamar de clima.
 
"Clima" é uma palavra de origem grega, que significa inclinar, reclinar.
 
Maximilien Sorre explica: "O clima é modernamente definido como a síntese do tempo ou o ambiente atmosférico constituído pela série de estados da atmosfera acima de um lugar, em sua sucessão habitual." Embasa-se o estudo do clima na observação dos vários tipos de tempo, apresentados de forma encadeada e rimada em determinado lugar. Deve-se levar em conta, também, a dependência dos movimentos executados pelas massas de ar e suas frentes.
 
A Enciclopédia Mirador Internacional fala acerca da importância das variações climáticas: "O clima está de tal forma ligado ao mundo biológico do planeta, que a atual repartição geográfica das espécies animais e vegetais não pode ser bem compreendida sem o seu estudo; intervém ainda na formação dos solos, na decomposição das rochas, na elaboração das formas do relevo, no regime dos rios e das águas subterrâneas, no aproveitamento dos recursos econômicos, na natureza e ritmo das atividades agrícolas, nos tipos de cultivo praticados, nos sistemas de transportes e na própria distribuição dos homens sobre o globo.
 
I - O CLIMA NA TERRA SANTA
 
Israel, geograficamente, localiza-se na faixa subtropical. Explica-se, portanto, a variedade de seu clima. Genericamente, contudo, apenas duas estações sobressaem na Terra Santa: a chuvosa e a seca. Ambas são acompanhadas, respectivamente, com muito frio e calor.
 
II - O CLIMA NAS MONTANHAS
 
Um país montanhoso, assim é Israel. Hebrom é o ponto mais elevado do território israelita, com mais de mil metros. Jerusalém, por seu turno, encontra-se a 800 metros de altura.
 
Nas montanhas, o clima é fresco e bastante ventilado. No verão, esse quadro altera-se um pouco, em conseqüência das correntes de ar quente provenientes do Sul e do Ocidente. Na cidade santa, durante o inverno, a temperatura chega a 6 graus positivos, com neves e freqüentes geadas. No verão, os termômetros oscilam entre 14 e 29 graus.
 
III       O CLIMA NO LITORAL
 
Encontrando-se ao ocidente do mar Mediterrâneo, Israel é bafejado por reconfortadoras e constantes brisas, rincipalmente, à noite. Durante o inverno, a temperatura baixa para menos de 14º em Gaza e Jafa. No pico do verão, os termômetros chegam a registrar 34?! Em algumas localidades situadas mais ao norte, o inverno torna-se insupor-tável.
 
IV - O CLIMA NO DESERTO
 
De uma maneira geral, nos desertos de Israel, as temperaturas oscilam, no verão, entre 43º, 47º e 50º. Inclui-se, nessa classificação, o Vale do Jordão.
 
V - VENTOS
 
As correntes de ventos que varrem o Oriente Médio encarregam-se da formação do clima da Terra Santa: as úmidas, do mar Mediterrâneo, as frias, dos montes do Norte; e as quentes, das regiões desérticas.
 
Eis como os hebreus classificavam os ventos: Safon, portador de geadas; Quadim,

faz crescer a vegetação; O do Oeste encarrega-se das chuvas; e, Darom é mensageiro do calor. Há, também, uma corrente de ar proveniente da Arábia, cognominada Sirô. Esses ventos são tão quentes que chegam a queimar a lavoura.
 
VI - ESTAÇÕES
 
Depreendemos de algumas passagens bíblicas que, no Oriente Médio, havia somente duas estações: inverno e verão. Diz o profeta Isaías: "Eles serão deixados juntos às aves dos montes e aos animais da terra e sobre eles veranearão as aves de rapina, e todos os animais da terra invernarão sobre eles" (Is 18.6).
 
Começava o inverno em outubro e estendia-se até o mês de março. Nessa época, os montes cobriam-se de neve. O verão tinha o seu início em abril e ia até setembro. Os agricultores aproveitavam bem essa estação para colher e preparar a terra.
 
VII - CHUVAS
 
Ao contrário do Egito, as chuvas em Israel são abundantes. As primeiras chuvas começam em outubro e, constituem-se em fortes aguaceiros, notadamente, no litoral. Nas montanhas, as precipitações são fracas e finas. No deserto não chove. Alguns estudiosos, porém, acreditam que, no tempo de Herodes, o Grande, as chuvas não eram escassas nas regiões desérticas. Isto porque, ele construiu uma fortaleza em Massada com grandes cisternas, para captar água proveniente das chuvas. Eis a média das precipitações pluviais: 1090 mm por ano.
 
O orvalho continua a cair na Terra Santa. Até mesmo as áreas desérticas recebem essa dádiva dos céus. O orvalho de Hermom, por exemplo, é proverbial.

Quarta Parte
 
Geografia Econômica da Terra Santa
 
Sumário: Introdução. I - Uma terra que mana leite e mel. II - A flora da Terra Santa. III - Fauna da Terra Santa. IV - Os minerais da Terra Santa.
 
INTRODUÇÃO
 
As riquezas da Terra Santa são legendárias. Em seus exíguos territórios, concentram-se, sinteticamente, a opulência de todos os países do mundo. E, quando estudamos a geografia econômica de Israel, conscientizamo-nos da veracidade desta expressão bíblica: Terra que mana leite e mel.
Antes de tentarmos relacionar os formidáveis recursos das possessões abraâmicas.
 
veremos rapidamente o sentido do termo economia.
 
Origina-se a palavra "economia" de duas outras gregas: "oikos" - co.sfl.e. "nomos" - governo. Significa, portanto, segundo Silvio Barretti. governo ou administração do lar, no sentido de zelar pelos seus pertences, pelo patrimônio familiar. O escritor grego Xenofonte foi o primeiro a usar esse vocábulo. Séculos mais tarde, o francês Antoine Montechretien criaria a locução economia política.
 
As riquezas de um país estão diretamente ligadas à produção de bens úteis, com o aproveitamento da matéria-prima extraída da natureza. Explica-nos o professor Bar-retti: "Produção é, pois, a transformação, pelo homem, através de trabalho consciente, das coisas existentes na natureza, em bens econômicos, capazes de satisfazer às necessidades presentes e futuras das pessoas. Assim age o homem porque os bens naturais, isto é, aqueles oferecidos pela natureza, são insuficientes qualitativa e quantitativamente, além de distribuídos irregularmente na superfície da terra, para a satisfação de todas as necessidades humanas. Sendo os bens naturais insuficientes, compete ao homem adaptá-los ao consumo, aumentando-lhes as utilidades, ou seja, produzindo os bens artificiais (ou industrializados)."
 
Na geografia da Terra Santa, veremos os diversos recursos naturais que podem gerar divisas à nação israelense.
 
I - UMA TERRA QUE MANA LEITE E MEL
 
Assim fala o Senhor acerca das riquezas da Terra Santa: "Ele o fez cavalgar sobre as alturas da terra, e comeu as novidades do campo, e o fez chupar mel da rocha e azeite da dura pederneira. Manteiga de vacas, e leite do rebanho, com a gordura dos cordeiros e dos carneiros que pastam em Basã, e dos bodes, com gordura dos rins do trigo; e bebeste o sangue das uvas, o vinho puro" (Dt 32.13,14).
 
Eis o relatório do primeiro serviço secreto de Israel: "Fomos à terra a que nos enviaste; e verdadeiramente mana leite e mel" (Nm 13.27). Corroborando suas palavras, os doze espias mostraram a Moisés e ao povo enorme cacho de uvas colhido no vale do Escol e outras frutas. Os israelitas admiraram-se do tamanho e aparência dos produtos de Canaã.
 
Naquele tempo, Israel era uma terra sem igual. As chuvas eram regulares e as colheitas abundantes. Tanto a sua flora como a sua fauna causavam espécie. Suas reservas minerais, espantosas.
 
II - A FLORA DA TERRA SANTA
 
A flora, mencionada nas Sagradas Escrituras, é de uma riqueza inigualável. No Antigo Testamento, encontramos mais de cem espécies vegetais. Atualmente, o governo de

Israel está envidando esforços para recuperar o exuberante reino vegetal de seu território. Estes  eram  os  produtos  encontrados  com  mais  facilidade  no  período veterotestamentário: trigo, oliva e uva. Esses alimentos formavam a dieta dos israelitas e
 
constituíam-se no trinômio repetido constantemente na Bíblia: pão, azeite e vinho. Eis mais alguns alimentos usados pelos filhos de Israel: cevada, lentilha, feijão, mostarda, pepino, cebola, alho, romã, melão e tâmara.
 
Estas eram as plantas silvestres mais encontradas nos tempos bíblicos: cedro, faia, pinheiro, acácia, palmeira, carvalho, murta. Das flores, aqui estão as mais famosas: lírio do campo e rosa de Sarom.
 
W. J. Goldsmith fala acerca da flora de Israel: "Se a Palestina não é terra de florestas,
 
é   terra de pomares. O abricó, o figo, a cidra, a romã, a amora e a tâmara (esta no Baixo-Jordão) são encontrados, mas a oliveira e a parreira foram sempre as duas principais árvores frutíferas da Palestina. Hoje, estendem-se os laranjais sobre largas áreas das colônias judaicas. O cultivo dos cereais era limitado aos planaltos menos elevados, aos vales mais abertos e às planíceis. Os melhores trigais são os da Filistia, do Esdrelon, do Mukneh (a leste de Nabus) e do haurã. A cevada, alimento dos animais e dos camponeses mais pobres, tornava-se o alimento dos israelitas em geral quando, perseguidos pelos árabes, eram obrigados a abandonar as planícies. Assim, foi como um pão de cevada que o midianita viu em sonho o israelita, rodando colina abaixo e derribando sua tenda (Jz 7.13)." Através de intensos programas de irrigação, o governo israelense está conseguindo reflorestar a Terra Santa. Do documentário Este é Israel, extraímos este trecho para mostrar o que os judeus, com a ajuda do Todo-poderoso, estão fazendo para tornar o seu árido solo em um jardim: "Nos tempos bíblicos, as terras de Israel eram cobertas de florestas. Nos séculos subseqüentes, especialmente durante a Idade Média, muitas florestas foram destruídas pelos nômades e suas cabras e outras pelos turcos que as usavam como combustível para seus trens militares. Grande parte do reflorestamento tem sido realizado pela comunidade ju-daica, sendo que a maioria das florestas que cobrem hoje o solo de Israel foram plantadas durante os últimos 50 anos. Das poucas florestas antigas sobrevivem principalmente os bosques da Galiléia. Em 1948, havia 4.388.000 árvores em Israel. Quase 30 anos depois, havia 103.000.000 árvores, quase todas plantadas pelo Fundo Nacional Judaico."
 
III - FAUNA DA TERRA SANTA
 
As Sagradas Escrituras mencionam quase 130 nomes de animais selvagens e domésticos. La Enciclopédia de Ia Bíblia, citada pelo pastor Enéas Tognini, cataloga 50 espécies de mamíferos, 42 de invertebrados, 46 de aves e 19 répteis, peixes e anfíbios.
 
Relacionaremos, a seguir, os animais encontrados com mais freqüência nos tempos bíblicos: 1) Selvagens: leão, urso, leopardo, hiena, víbora, corça, lebre, chacal, lobo, raposa, camaleão; 2) Domésticos: ovelha, vaca, cabra, mula, camelo, cavalo, jumento e cão; 3) Aves: perdiz, cordoniz, pombo, galinha, avestruz, cegonha, rola, corvo, pelicano, etc; 4) Insetos: abelhas e gafanhotos de diversas espécies, formigas, mosquitos e moscas; 5) Peixes: 43 espécies, sendo o mais famoso o peixe de São Pedro.
 
Entre os insetos mencionados, os gafanhotos são consumidos até o dia de hoje. Essa estranha iguaria é bastante apreciada pelos beduínos e pobres.
O que aconteceu com a fauna israelita?
 
Em conseqüência dos muitos incêndios provocados por exércitos conquistadores, a fauna palestínica sofreu enormes prejuízos. E, um dos objetivos do governo israelense é, justamente, reconstituir o luxuriante reino animal da Terra Santa. Para isso, está gastando milhões de dólares com o reflorestamento de seu território.

IV      OS MINERAIS DA TERRA SANTA
 
Os israelitas, de acordo com a Palavra do Senhor, herdariam uma terra, cujas pedras são ferro e, em cujos montes, achariam o cobre (Dt 18.7-9). A Terra Santa, de fato, possui gigantescas reservas de minérios:
 
Eis os minérios encontrados, com mais freqüência em Israel: ouro, prata, ferro, enxofre, cobre, estanho e chumbo.
 
O mar Morto, conforme já dissemos, é uma fonte inesgotável de riquezas. Suas reservas em sais e minerais são orçadas em bilhões e bilhões de dólares.
 
Segundo alguns textos bíblicos, em Israel há abundância de pedras preciosas. Há, pelo menos, duas relações delas nas Sagradas Escrituras. O diamante, por exemplo, gera muitas divisas à nação israelense. Grande parte da produção diamantífera do mundo passa por Israel.

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