Desertos da Terra Santa
Sumário: Introdução. I - Deserto
do Sinai. II - Deserto da Judéia. III - Desertos de Jerico, Bete-Âven e Gabaom.
IV - Israel vence os desertos.
INTRODUÇÃO
Nas Sagradas Escrituras, de
acordo com o Novo Dicionário da Bíblia, os vocábulos traduzidos como
"deserto" incluem não somente os desertos estéreis de dunas, de areia
ou de rocha, que surgem e dão cor à imaginação popular, mas igualmente designam
terras plainas de estepes e terras de pastagem, apropriada á criação de gado.
O vocábulo "deserto"
pode ser encontrado 36 vezes como adjetivo e 284 como substantivo, no Antigo
Testamento. -Já no Novo Testamento, a mesma palavra aparece 12 vezes como
adjetivo e 36 como substantivo.
A palavra hebraica mais traduzida
como deserto é "midbar". Ela tem vários significados: região plana e
apropriada à criação de gado; área meio fértil e meio árida: e deserto
propriamente dito. Eis mais alguns termos hebraicos traduzidos como deserto:
"yesimon" - território desértico; "orbáh" - aridez,
desolação, ruína (castigo divino); "tohu"
- vazio; "siyyah"
- terra árida.
Atualmente, contudo, o termo
deserto designa, segundo a Enciclopédia Mirador, regiões de escassas
precipitações e nas quais a cobertura vegetal é praticamente nula ou, então,
está reduzida a algumas plantas isoladas. Encontramos mais estas informações na
Mirador: "A insuficiência das precipitações, quer sob o aspecto quantitativo,
quer do ponto
de vista de sua distribuição no
decorrer do ano, é a característica mais importante das regiões secas. É
difícil encontrar um limite numérico para especificar as regiões secas,* por
causa da complexidade dos fatores atuantes. Tentou-se delimitar o Saara pelo
isoketa de 10
mm
e as regiões áridas pela de 250
mm. Mas tais cifras não possuem valor geral, porque a aridez e, principalmente,
a semi-aridez se manifestam em regiões com 50 mm ou mais de precipitações, como
o Nordeste brasileiro, que recebe, por vezes, quantidades superiores a 750 mm.
Há uma graduação de aridez, que se estende desde os desertos quase absolutos,
denominados de 'tonezrouft' no Saara, até os desertos relativos, localizados
nas áreas limítrofes com as regiões úmidas. Além da deficiência das
precipitações, é preciso lembrar a sua irregularidade, que se torna maior à
medida que a região é mais árida. A presença de camadas de ar geralmente muito
seco e sem nuvens, e o solo desnudo, cujo aquecimento aumenta a radiação (e, em
conseqüência, provoca intensa evaporação), são as causas prin-cipais do déficit
que caracteriza a aridez."
Os principais desertos citados
nas Sagradas Escrituras localizam-se no Sul e no Oriente de Israel. Agrupam-se
os primeiros na Península do Sinai. Os outros, encontram-se nas outras regiões
do país. Veremos, pois, como o povo de Deus conviveu com essas inóspitas áreas.
I -
DESERTO DO SINAI
Os filhos de Israel caminharam no
deserto durante quarenta anos. Nesse período, aprenderam a conviver com as
agruras do Sinai. Não obstante a aridez daquele solo, nada lhes faltou.
Supriu-lhes o Senhor todas as necessidades. Durante essas quatro décadas, os
israelitas deixaram de ser um bando de escravos e transformaram-se em uma forte
e robusta nação.
O Deserto do Sinai recebe, ainda,
estes nomes: Sur, Para, Cades, Zim e Berseba. Os geógrafos descrevem-no como um
colossal deserto. Vai do Noroeste da península do mesmo nome ao golfo do Suez.
Essa região constitui-se de um maciço montanhoso. Nesse lugar, recebeu Israel a
lei de Moisés.
II -
DESERTO DA JUDÉIA
As áreas localizadas do Leste dos
montes de Judá ao rio Jordão e ao mar Morto formam o deserto da Judéia.
Subdivide-se este em vários desertos sem importância: Maon, Zife e En-Gedi.
Nessa árida região, perambulou Davi quando era perseguido pelo rei Saul.
Eis mais alguns desertos de Judá:
Tecoa e Jeruel. Nesse território, o rei Josafá obteve estrondosa vitória sobre
as forças moabitas e amonitas. Nessa mesma região. o profeta Amos exerceu o seu
ministério e João Batista clamou contra seus reticentes contemporâneos.
III -
DESERTOS DE JERICO, BETE-ÁVEN E GA-BAOM
O deserto de Jerico fica no
território benjamita. Esse desolado território forma, segundo descreve o pastor
Tognini, um longo desfiladeiro rochoso de cerca de 15 quilôme-tros que desce de
Jerusalém a Jerico. Nessa área, há muitas cavernas, nas quais escondem-se
malfeitores. Essa região serviu de cenário para a Parábola do Bom Samaritano,
contada por Jesus Cristo.
Bete-Áven e Gabaom são outros
importantes desertos de Jerico. Em Gabaom, por exemplo, obteve Josué importante
vitória sobre os inimigos dos israelitas.
Cinqüenta por cento das terras israelenses compõem
o Deserto do Neguev. No entanto, o moderno Estado de Israel está vencendo a
aridez de seus desertos e transforman-do-os em uns vergéis.
O pastor Abraão de Almeida compendia estas
informações acerca do reflorescimento das áreas desérticas da Terra Santa:
"Os progressos obtidos por Israel na transformação do Neguev em um jardim regado
são, de fato, impressionantes. Desde o início da década de 80 vêm sendo
aplicados mais de três bilhões de dólares na construção de estradas, aquedutos
e linhas de comunicação, a fim de abrigar novas instalações militares e cerca
de uma centena de novos povoados agrícolas. E a chave para toda essa
revitalização do deserto reside no aumento das fontes hidrológicas. Há
inclusive, um projeto arrojado, que objetiva conduzir mais que um bilhão de
toneladas de água por ano do Mediterrâneo para o mar Morto, através de um canal
cortando o Neguev. Esse grande canal levaria água fresca à indústria local e
água dessalinada aos agricultores, além de resolver um sério problema: a
alarmante evaporação das águas do mar Morto, que pode mesmo morrer, se
providências sérias não forem tomadas."
Hidrografia da Terra Santa
Sumário: Introdução. I - Mares da Terra Santa: 1 - Mar
Mediterrâneo. 2 - Mar Morto. 3 - Mar da Gali-léia. 4 - Mar Vermelho. II - Rios
da Terra Santa: 1 -Bacia do Mediterrâneo: a) Rio Belus. b) Rio Quisom. c) Rio
Cana. d) Rio Gaãs. e) Rio Sorec. f) Rio Besor. 2 -Bacia do Jordão: a) Rio
Jordão, b) Rio Querite. c) Rio Cedrom. d) Rio Iarmuque. e) Rio Jaboque. d) Rio
Ar-nom. III - Lago de Merom.
INTRODUÇÃO
Como já dissemos, 50' < do território israelense
são compostos, apenas, pelo Deserto do Neguev. A água, por causa disso,
constitui-se em questão vital para o Estado de Israel. Os escassos cursos de
água são muito bem aproveitados. A insuficiência hídrica, entretanto, parece
estrangular o desenvolvimento econômico e demográfico desse jovem país do Médio
Oriente.
Não fosse o eficiente sistema de irrigação
israelense, os 5.000 km de campos aráveis forneceriam uma produção tão exígua
que não daria, sequer, para o consumo interno. Essa área, apesar de parecer,
hoje, um jardim, recebe pouquíssimos benefícios das chuvas. Além disso, o seu
índice de evaporação é bastante elevado. Na realidade, o verdadeiro potencial
agrícola de Israel é composto por menos de 2.000 km de terras intensivamente
irrigadas.
Nos últimos anos. os israelenses têm intensificado
a irrigação de seu território. Um autor especializado em assuntos do Oriente
Médio escreve: "A produtividade das terras só podem melhorar caso haja
maior aproveitamento dos recursos hídricos. Como estes não admitem ampliação, a
única solução para elevar a produtividade do solo de Israel - ou pelo menos
conservar o nível alcançado - é fornecer menos água para as terras já
irrigadas, liberando, desta forma, recursos para a irrigação de novas
áreas."
A vida em Israel, por conseguinte, não seria
possível sem sua hidrografia. Em todos os momentos de sua história, os hebreus
sempre mostraram-se preocupados com os seus
Antes de estudarmos os mares, rios e lagos da Terra
Santa, vejamos o que é, realmente, hidrografia.
Etimologicamente, a palavra hidrografia é formada
por dois vocábulos gregos: "hidro" - água; e, "graphein" descrever.
A hidrografia, portanto, é a ciência que estuda todos os corpos de água que há
na superfície do Globo. São objetos de seu estudo, pois, os oceanos, mares,
rios, lagos e geleiras. Ela detém-se. ainda, nas propriedades físicas e
químicas das águas.
A hidrografia encarrega-se, também, de elaborar
cartas referentes às bacias fluviais, leitos de rios e lagos e fundos de mares
e oceanos.
I - MARES
DA TERRA SANTA
A hidrografia de Israel é composta por três mares:
Mediterrâneo, Morto e da Galiléia. Este último, conforme veremos mais adiante,
não é propriamente um mar. Antes de mais nada, porém, definamos a palavra mar.
Em último lugar, estudaremos o mar Vermelho.
Entre os hebreus, segundo explicação de Orlando
Boyer, "mar" compreendia qualquer grande massa de água. Eles
consideravam-no criação do Senhor: "Do Senhor é a terra e a sua plenitude,
o mundo e aqueles que nele habitam. Porque ele a fundou sobre os mares, e a
firmou sobre os rios" (SI 24.1,2). - Jó, com sua proverbial paciência,
declarou: "Ou quem encerrou o mar com portas, quando transbordou e saiu da
madre, quando eu pus as nuvens por sua vestidura, e a escuridão por
envolvedouro? Quando passei sobre ele o meu decreto, e lhe pus portas e
ferrolhos, e disse: Até aqui virás, e não mais adiante, e aqui se quebrarão as
tuas ondas empoladas?" (Jó 38.8-11).
Tecnicamente, o mar pode ser definido, de
conformidade com Aurélio, como a massa de águas salgadas do globo terrestre:
cada uma das porções em que está dividido o oceano; e, grande massa de água
salgada situada no interior dum continente.
O Mediterrâneo aparece nas Sagradas Escrituras com
outros nomes: Mar Grande, Mar Ocidental, Mar dos Filisteus, Mar de Jata.
Biblicamente, ele é tratado simplesmente de o Mar. Sua importância é
incontestável. Afirma Paul Valéry: "...o Mediterrâneo tem sido uma
verdadeira máquina de fabricar civilização". Assim divaga E. M. Forster
sobre as ondas desse gigante: "0 Mediterrâneo é a norma humana. Quando as
pessoas deixam esse lago en-cantador, através do Bósforo ou dos Pilares de
Hércules, aproximam-se do monstruoso e do extraordinário; e a saída meridional
leva às mais estranhas experiências."
Com uma extensão de 4.500 km e uma superfície de
três milhões de quilômetros quadrados, o Mediterrâneo é o maior dos mares
internos. Suas águas banham a Europa Meridional, a Ásia Ocidental e a África
Setentrional. Famosos rios deságuam em sua histórica e milenar grandeza.
As mais antigas civilizações do Médio Oriente e da
Europa escreveram suas histórias sobre as águas do mar Mediterrâneo: micena,
grega, fenícia, romana, turca, francesa, italiana. Hodiernamente, esse mar
continua a ser de suma importância para diversos povos. Suas rotas incluem
portos estratégicos como o de Gênova, Nápoles, Barcelona, Trieste, Salônica, Beirute,
Esmirna, Porto Saide, Alexandria, Constantinopla, Haifa, etc.
O mar Mediterrâneo banha toda a costa ocidental de
Israel. Nessa área, suas águas são bastante razas o que tornava impossível a
aproximação de navios de grandes calados. O Grande Mar, por esse motivo, não
era usado pelos judeus como via de transporte. Eles, aliás, sentiam-se isolados
pelo Mediterrâneo.
Jope era o único porto do Grande Mar utilizado
pelos israelitas. Entretanto, por causa de seus arrecifes e bancos de areia, os
navegantes não se aventuravam a procurá-lo com freqüência. Por outro lado, o
Mediterrâneo formava uma vastíssima área defensável à pequena nação hebréia.
Através desse mar, Salomão recebeu os valiosos
cedros do Líbano, para a construção do Templo. Em suas águas foi Jonas lançado,
quando fugia da presença do Senhor. Ao contrário do profeta engolido pelo
grande peixe, Paulo utilizou-se do Grande Mar para universalizar o Evangelho.
2 - Mar
Morto
O mar morto não é assim designado nas Sagradas
Escrituras. Em virtude da imensa quantidade de sal existente em suas águas, é
chamado de mar Salgado pelos escritores bíblicos. No livro de Josué,
deparamo-nos com este registro: "Pararam-se as águas que vinham de cima;
Levantaram-se um montão, mui longe da cidade de Adã, que está da banda de
Sartã; e as que desciam ao mar das campinas, que é o mar Salgado , faltavam de
todo e separaram-se: então passou o povo defronte a Jerico" (Js 3.16).
Há, calcula-se, 25 por cento de sal nas águas do
mar Morto. Suas águas, por conseguinte, são demasiadamente densas. É quase
impossível mergulhar ou afogar-se nesse estranho mar. Alguns turistas
aproveitam-se da densidade do mar Salgado para boiar e ler seus jornais e
revistas prediletos.
O mar Morto recebe, ainda, os seguintes nomes: mar
de Arabá, mar Oriental, mar do Sal. Flávio Josefo cognomina-o de lago do
Asfalto. Para os árabes, ele é o mar Pes-tilento. No Talmude, é denominado de
mar de Sodoma. Os povos vizinhos de Israel colocaram-lhe outros apelidos: mar
de Sodoma e Gomorra, mar de Segor, mar de Ló, etc.
Localizado na foz do rio Jordão, entre os montes de
Judá e Moabe, o mar Morto constitui-se na mais profunda depressão da Terra.
Encontra-se a mais de 400 metros abaixo do nível do Mediterrâneo. Com 78
quilômetros de comprimento por 18 de largura, o mar do
Na região ocupada hoje pelo Mar Morto, ficavam,
provavelmente, as impenitentes cidades de Sodoma e Gomorra, destruídas pelo
Todo-poderoso. Nessas águas salgadas, não há qualquer espécie de vida. Esse mar,
por conseguinte, é o próprio símbolo da conseqüência do pecado: a morte. Nenhum
peixe consegue aproximar-se desse cemitério aquático.
O Estado de Israel, entretanto, extrai do mar Morto
bilhões de dólares em sal e minérios. A riqueza desse inusitado lago é mais que
formidável: 22 trilhões de toneladas de cloreto de magnésio; 11 trilhões de
toneladas de cloreto de sódio; 7 trilhões de toneladas de cloreto de cálcio; 2
trilhões de toneladas de cloreto de potássio e 1 trilhão de toneladas de
brometo de magnésio. Essas cifras foram extraídas do livro "Geografia da
Terra Santa", do eminente pastor Enéas Tognini.
Júlio Minhan, citado por Abraão de Almeida, fala
sobre as fabulosas riquezas do mar Morto: "Como estão estas riquezas?
Estão em sais que as indústrias de todo o mundo procuram desesperadamente.
Incluindo as inúmeras toneladas de sais e dos metais preciosos, há muitos
outros, e como seria cansativa sua enumeração! Limitar-nos-emos a dizer que a
fortuna que pode ser retirada do mar Morto daria para comprar todos os países
de influência muçulmana da Ásia, Europa e África em contrapeso".
O mar Morto, tendo em vista a sua singular posição
geográfica, não tem nenhum escoadouro para suas águas. Esse problema é
solucionado pela descomunal evaporação. Aproximadamente 8 milhões de toneladas
de água são evaporadas por dia nessa região, onde a temperatura, no verão,
chega a 50". Em algumas épocas do ano, esse lago chega a lembrar um
gigantesco tacho em ebulição.
Nas proximidades do mar Morto, ficava a Fortaleza de
Maquerus, construída por Alexandre Janeu, no ano 88 a.C.. e arrasada pelos
romanos em 56 a.C. Herodes. o Grande, reconstruiu-a mais tarde. Nela, foi
supliciado o precursor do Messias, o piedoso João Batista. Herodes mandou
construir, ainda, na margem ocidental dessa imensa fossa salgada, a cidadela de
Massada, último reduto da resistência judaica ao domínio romano. Ao Norte,
encontramos as ruínas da comunidade essênia, onde foram encontrados os famosos
manuscritos do mar Morto.
3 - Mar
da Galiléia
O mar da Galiléia não é propriamente um mar.
Trata-se, na realidade, de um grande lago de água doce, formado pelo rio
Jordão. No Novo Testamento, recebe os seguintes nomes: mar de Quinerete, mar de
Tiberíades e lago de Ge-nezaré.
Por que então os judeus o tratam de mar? Por causa
de seu tamanho e violentas borrascas que o agitam constantemente. O mar da
Galiléia tem 24 quilômetros de comprimento por 14 de largura. Com uma
profundidade média de 50 metros, encontra-se a quase 230 metros abaixo do nível
do Mediterrâneo. Tendo em vista sua posição, serve de ponto de equilíbrio às
águas do Jordão.
O mar da Galiléia está distante do Mediterrâneo
umas 27 milhas. E, de Jerusalém, 60 milhas em direção ao Nordeste. Em suas
margens orientais, encontram-se altas montanhas. Já em seu lado ocidental,
podemos contemplar férteis planícies e importantes cidades como Genezaré,
Betsaida, Tiberíades, Cafarnaum, Corazim e Magdala. Nessa região, Jesus
desenvolveu importantes facetas de seu ministério: ensinou, fez prodígios e
maravilhas, re-preendeu a fúria das águas e, com intrepidez, anunciou o Reino
dos Céus. O Divino Mestre, inclusive, andou sobre as águas desse grande lago,
causando pânico em seus discípulos.
Ao Norte
do mar da Galiléia, o clima é bastante agradável, propício ao
desenvolvimento de grandes projetos agro-pecuários. Eis as impressões de
W. J. Goldsmith: "Na Galiléia, vimos sete feições salientes: sua
dependência do Líbano, abundância de água dele provenientes, fertilidade e
fartura, características vulcânicas, grandes estradas atravessando a região,
população densa e operosa, e a proximidade do mundo exterior. Pois bem: essas
sete feições da Galiléia em geral, vemo-las concentradas no lago e suas
margens. O lago da Galiléia era, efetivamente, o centro focai da província.
Imaginemos aquela abundância de água, fertilidade, influência vulcânica,
estradas, população numerosa, comércio, indústria e forte influência grega -
imaginemos tudo isto reunido em um profundo vale, sob um calor quase tropical,
e temos o cenário onde surgiu o cristianismo e onde o próprio Cristo
trabalhou."
No período neotestamentário, havia nove cidades em
redor do mar da Galiléia, com uma população global de quase 150 mil habitantes.
Acrescenta Goldsmith: "Betsai-da e Cafarnaum ficavam ao norte, atravessadas
pela estrada galiléia de maior movimento, a Vila Maris, porém não podemos
precisar-lhe o local. O sítio mais provável de Cafarnaum, onde Jesus morava e
onde viu Mateus 'sentado na coletoria', é o que hoje se denomina Tel
Hura."
Com o seu formato oval, o mar da Galiléia é muito
piscoso. Nesse lago, podemos encontrar 22 espécies de peixes, entre as quais:
carpas, sardinhas, peixe-gato, peixe-galo e o famoso "chromis
simonis", ou peixe de São Pedro. No tempo de -Jesus, a pesca era uma rendosa
indústria em Cafarnaum.
George Adam Smith, descreve desta forma o
maravilhoso lago de Israel: "Águas doces, cheias de peixes, uma superfície
de cintilante azul. O lago da Galiléia é, ao mesmo tempo, comida, bebida e ar;
um descanso para os olhos, um suavizante do calor e um refúgio do ruído e da
multidão."
4 - Mar
Vermelho
Embora não pertença à Terra Santa, encontra-se o
mar Vermelho estreitamente ligado à história do povo israelita. Ele é conhecido
nas Sagradas Escrituras como "Yam Suph", que significa plantas
marinhas.
O mar Vermelho separa os territórios egípcio e
saudita. Na parte setentrional, divide-se em dois braços pela península do
Sinai, ü braço ocidental é conhecido como golfo de Suez. O oriental, golfo de
Akaba.
Acerca do golfo de Suez, informa Buckland: "O
golfo de Suez gradualmente se tem estreitado desde a era cristã (Is 11.15 e
19.5), secando-se a língua do mar Vermelho em uma distância de 50 milhas. Por
isso vai-se tornando maior a dificuldade de determinar onde atravessaram os
israelitas o mar Vermelho; mas provavelmente devia ter sido perto dos atuais
lagos Amargos. A entrada do Golfo de Akaba estavam os dois únicos portos do mar
Vermelho, mencionados na Bíblia: - Elate e Eziam-geber. A parte mais larga do
mar Vermelho, até o sítio onde se tende em dois Golfos, é de 200 milhas, e a
parte mais estreita é de 100 milhas, pouco mais ou menos. A largura do golfo de
Suez é. em média, de 18 milhas, sendo a do golfo de
Akaba consideravelmente menor, ü primeiro comunica com o mar Mediterrâneo, pelo
('anal de Suez. É provável que os israelitas tivessem atravessado o mar
Vermelho, num ponto que fica cerca de 30 milhas ao norte da atual entrada do
golfo do Suez, isto é, na extremidade setentrional do mar Vermelho, como ele
então era. Como todo o exército egípcio pereceu nas águas, devia neste lugar o
mar Vermelho ter tido pelo menos a largura de 12 milhas. O livramento dos
israelitas, na travessia do mar Vermelho, tornou-se, no espírito da nação
judaica, o maior fato da sua história."
Quando da descoberta do Brasil, escreveu Pero Vaz
de Caminha ao rei de Portugal: "As águas são muitas." Em Israel, no
entanto, conforme já dissemos, os recursos hídricos são sobremaneira escassos.
Dos rios existentes na Terra Santa, só o Jordão merece,
de fato, esse nome. Os outros, no Brasil, por exemplo, seriam chamados de
arroios e riachos. Vejamos, pois, como são os rios israelitas. Em primeiro
lugar, estudaremos os que compõem a bacia do Mediterrâneo. Depois, os que
formam a bacia do Jordão.
O que é
um rio?
Fomos obrigados a recorrer, uma vez mais, ao mestre
Aurélio. Eis a sua definição: "Curso de água natural, de extensão mais ou
menos considerável, que se desloca de um nível mais alto para outro mais baixo,
aumentando progressivamente o seu volume até desaguar no mar, num lago, ou
noutro rio, e cujas características dependem do relevo, do regime de águas,
etc."
O hebraico possui um número considerável de
vocábulos que são constantemente usados. "Nahal" significa, segundo o
Novo Dicionário da Bíblia, um wadi ou vale dotado de uma corrente de água; no
verão, transforma-se num leito seco ou ravina, ainda que no inverno seja uma
correnteza copiosa. Acrescenta o mesmo dicionário: "O segundo termo,
'nãhãr', é a palavra regular com o sentido de 'rio' na língua hebraica."
Mapa dos
afluentes do Jordão, Mediterrâneo e Mar Morto
A bacia do Mediterrâneo é composta pelos seguintes
rios: Belus, Quisom, Cana, Gaás, Serec e Besor.
1.1 - Rio
Belus
Correndo ao sudoeste do território asserita, o rio
Belus caminha em direção ao mar Mediterrâneo. Nas Sagradas Escrituras, ele
aparece com o nome de Sior-Libnate, conforme lemos em Josué 19.26: "E
Alameleque, e Amade, e Misal: e chega ao Carmelo para o ocidente, e a
Sior-Libnate."
As águas do Belus são despejadas na baía do Acre,
nas proximidades da cidade de Acco. Durante dois terços do ano, esse rio
permanece seco, constituindo-se em um dos numerosos wadis palestínicos. Hoje,
esse rio é chamado de Namã pelos árabes e judeus.
1.2 - Rio
Quisom
O Quisom é o maior rio da bacia do Mediterrâneo e o
segundo em importância de Israel. Chamam-no os árabes de Nahr Makutts. Nascendo
em Esdraelom, recebe inúmeras vertentes durante o seu curso. Nas imediações do
Tabor e do Pequeno Hermom, ele já é bem caudaloso.
Nas proximidades do Quisom, ficava Tminate, onde
morava Dalila, a meretriz filistéia que causou a desgraça de Sansâo. Esse rio
deságua no Mediterrâneo, entre Jope e Ascalom. Ao contrário do Belus, o Quisom
é perene, ou seja, suas águas não secam nem no verão.
1.3 - Rio
Cana
O rio Cana é citado apenas no Antigo Testamento.
Constituía-se em fronteira natural entre as Tribos de Efraim e Manasses. Nasce
nas imediações de Siquem e atravessa a planície de Sarom. Como os anteriores,
despeja suas águas no mar Mediterrâneo.
Seu nome decorre do fato de ele correr nas
proximidades da cidade de Cana de Efraim (não confundir com a localidade onde
Cristo realizou o seu primeiro milagre). Na antigüidade, havia abundância de
juncos em suas margens. Esse rio é, também, um wadi: só possui água nos meses
chuvosos.
1.4 - Rio
Gaás
O destemido líder e bravo general hebreu, Josué,
foi sepultado no monte Gaás. Perto dessa elevação, corre um rio, também chamado
Gaás. Um rio? Não, um ribeiro! À semelhança dos outros wadis, só possui água em
determinados períodos do ano.
As águas do Rio Gaás banham a planície de Sarom e
desembocam no mar Mediterrâneo, nas proximidades de Jope. "Gaás", em
hebraico, significa terremoto.
1.5 - Rio
Sorec
O Sorec despeja suas águas no Grande Mar, entre
Jope e Ascalom, ao Norte do antigo território filisteu. Suas nascentes ficam
nas montanhas de Judá, a sudoeste de Je-rusalém. No vale, por onde corre esse
rio, morava a noiva de Sansão. Em suas redondezas, ficava o Vale de Sora, terra
natal do profeta Samuel.
Em hebraico, "Sorec" quer dizer vinha
escolhida, em virtude dos vinhedos existentes nas margens desse rio.
1.6 - Rio
Besor
O Besor não é propriamente um rio, mas um ribeiro
que fica nas imediações de Ziclaque, no Sul de Judá. É o mais caudaloso dos wadis
que deságuam no mar Mediter-râneo.
O atual nome desse rio é Sheriah. Nas redondezas de
Besor, o bravo Davi libertou os habitantes de Ziclaque das garras dos
amalequitas. Foi um dos maiores feitos do filho de Jessé e antecessor real de
Jesus.
2 - Bacia
do Jordão
A bacia do Jordão é formada pelos seguintes rios:
Jordão, Querite, Cedrom, Iarmuque, Jaboque e Arnom. Alguns desses afluentes são
bastante pequenos, quase inex-pressivos. Vale a pena, porém, conhecê-los, pois
estão intimamente ligados à história da salvação. 2.1 - Rio Jordão
O rio Jordão tem três fontes: Banias, Dan e
Hasbani. Elas não nascem em território israelense; começam a correr no monte
Hermom, localizado na Síria. Em hebraico, "Jordão" significa decl ive
ou o que desce, por causa de seu vertiginoso curso: do cume do Monte Hermom à
mais profunda depressão do planeta - o mar Morto.
Mapa das
cabeceiras do rio Jordão
Não obstante a sua importância histórica, o Jordão
é um rio pequeno. Tem 252 quilômetros de extensão, levando-se em conta os seus
infindos meandros.
Oswaldo Ronis fala acerca do estranho curso desse
rio essencialmente palestínico: "Costuma-se dividir o curso do Jordão em
três trechos para um estudo mais detalhado: - 0 PRIMEIRO TRECHO, ou seja, a
região das nascentes, é a que acabamos de descrever nos seus aspectos mais
setentrionais e que vai até o lago de Merom. Depois da junção das quatro
nascentes, o Jordão atravessa uma planície pantanosa em uma extensão de 11
quilômetros e entra no lago de Merom. Neste trecho, a sua largura varia muito e
a profundidade vai a 3 e 4 metros -
O SEGUNDO TRECHO também chamado o Jordão superior, compreende
o rio en-tre o lago de Meron e o mar da Galiléia, extensão esta de cerca de 20
quilômetros. É um trecho quase reto, com um declive de 225 metros, o que forma
as suas águas impetuosas e provoca um enorme trabalho de erosão. A força da
impetuosidade das águas do Jordão neste trecho é tanta que quase 20 quilômetros
mar da Galiléia adentro ainda se percebe a sua correnteza. Neste trecho, o
terreno é rochoso, de vegetação média, e a largura do rio varia entre 8 e 15
metros. - O TERCEIRO TRECHO, ou o Jordão interior estende-se do mar da Galiléia
ao mar Morto numa distância de 117 quilômetros em linha reta e cerca de 340
quilômetros pelo leito sinuoso do rio, tendo uma largura que varia entre 25 e
35 metros, e l a 4 metros de profundidade. Este trecho sofre um declive de 200
metros pelo qual o rio desce precipitadamente, formando numerosos meandros e
cascatas e alargando o vale até 15 quilômetros, como ocorre na altura de
Jerico. Este vale é limitado quase em toda a sua extensão por verdadeiras
muralhas de rocha calcária, o que torna muito difícil a sua travessia. Até o
tempo dos romanos, não havia pontes sobre o Jordão. De modo que a sua travessia
era feita em certos lugares de margens mais rasas e águas menos profundas,
chamados vaus. Um desses vaus ficava defronte de Jerico, outro perto da
desembocadura do rio Jaboque, e o terceiro nas proximidades de Sucot."
Havia, nos tempos bíblicos, grande floresta às
margens do rio Jordão. Segundo depreendemos de alguns textos bíblicos, nesses
frondosos bosques havia até leões. Hoje, porém, a região encontra-se desnuda e,
praticamente, morta. Com muita dificuldade, consegue-se encontrar tamareiras,
palmeiras e tamargueiras nessa aridificada área.
Eis como o rio Jordão é mencionado pela primeira
vez nas Sagradas Escrituras: "E levantou Ló os seus olhos, e viu toda a
campina do Jordão, que era toda bem regada, antes de o Senhor ter destruído
Sodoma e Gomorra, e era como o jardim do Senhor, como a terra
do Egito quando se entra em Zoar. Então Lô escolheu para si toda a
campina do Jordão, e partiu Ló para o Oriente, e apartaram-se um do outro"
(Gn 13.10 e 11).
Abraão, Isaque e Jacó tornaram-se íntimos do
Jordão. As águas desse rio abriram-se para o povo de Deus conquistar Canaã.
Mostrando-se perene e, resistindo a todas as intempéries, o Jordão sempre
esteve ligado à história de Israel. Foi em seu leito que Naamã viu-se livre da
lepra. Às margens do milenar Jordão, João Batista batizou o Filho de Deus.
O Jordão não é um rio atraente. Do ponto de vista
humano, Naamã tinha toda a razão em não querer banhar-se em suas escuras e
barrentas águas. Afinal de contas, na terra natal desse corajoso general, havia
cristalinos riachos. Não bastasse sua falta de beleza natural, nas imediações
do Jordão, o clima é quente e sufocante.
El-Seri-Ah al-Kabirah é o nome árabe do rio Jordão.
Eis o seu significado: o grande bebedouro. Por que essa designação? Em virtude,
talvez, do grande volume de águas que lança no mar Morto: 17.280.000 m por dia.
O Jordão não é navegável, mas, serviu de área defensável a Israel durante
vários séculos.
2.2 - Rio
Querite
Perseguido pela diabólica Jezabel, o profeta Elias
recebeu do Senhor a seguinte ordem: "Vai-te daqui, e vira-te para o
Oriente, e esconde-te junto ao ribeiro de Querite, que está diante do Jordão. E
há de ser que beberás do ribeiro: e eu tenho ordenado aos corvos que ali te
sustentem. Foi pois, e fez conforme a palavra do Senhor: porque foi, e habitou
junto ao ribeiro de Querite, que está diante do Jordão" (1 Rs 17.3-5).
O Querite, também não é propriamente um rio.
Trata-se de mais um dos numerosos wadis existentes na Terra Santa. Para alguns
autores, aliás, não passa de um filete de água que, a maior parte do ano
constitui-se em um vale seco.
Tendo sua nascente nos montes de Efraim, o Querite
deságua no rio Jordão. Esse ribeiro fica na Transjordânia.
2.3 - Rio
Cedrom
O monte das Oliveiras é separado do Moriá por um
rio. Eis o seu nome: Cedrom. Essa designação significa em hebraico escuro.
Nascendo a dois quilômetros e meio de Jerusalém, corre para o sudoeste. Em seu
curso, acompanha os muros da cidade Santa. Antes de vomitar suas á-guas, no mar
Morto, vagueia durante 40 quilômetros.
Pelo ribeiro do Cedrom passou o rei Davi, quando
fugia de seu demagogo e ambicioso filho: "E toda a terra chorava a grandes
vozes, passando todo o povo: também o rei passou o ribeiro de Cedrom, e passou
todo o povo na direção do caminho do deserto" (2 Sm 15.23). Absalão
desejava a morte de seu pai para reinar sobre Israel.
Séculos mais tarde, Jesus, o maior descendente do
rei Davi, passou por essa região: "Tendo Jesus dito isto, saiu com os seus
discípulos para além do ribeiro de Cedrom, onde havia um horto, no qual ele
entrou e seus discípulos" (Jo 18.1).
2.4 - Rio
Iarmuque
Constituindo-se no maior afluente oriental do
Jordão, o rio Iarmuque é formado por três braços. Quando da conquista de Canaã,
serviu de fronteira entre a tribo de Manasses e a região de Basã. Após
escorregar-se pelos montes, o Iarmuque penetra no rio Jordão, a 200 metros abaixo
do nível do mar.
Esse rio não é mencionado nas Sagradas Escrituras.
Os gregos o conhecem como Ieromax. Atualmente, é chamado de Sheriat-el-Man-jur.
2.5 - Rio
Jaboque
O Jaboque nasce ao sul da montanha de Gileade.
Tributário oriental do Jordão, esse rio corre em três destintas direções:
leste, norte e Noroeste. Antes de desembocar no Jordão, descreve, entre o mar
da Galiléia e o mar Morto, uma semi-elipse. Seu curso tem
O rio Jaboque é perene e, no passado, servia de fronteira
entre as tribos de Rubem e Gade. Em suas imediações, o patriarca Jacó lutou
contra o Anjo do Senhor. Foi um combate acirrado. Mas, no final, o piedoso
hebreu recebeu inefável bênção do Senhor. No Vale do Jaboque, portanto, a
semente de Abraão recebeu sua designação nacional: Israel.
Jaboque significa o que derrama. Os árabes,
entretanto, chamam-no de Nahar ez-Zerka - rio azul.
2.6 - Rio
Arnom
Em 1868, o missionário alemão, F.A. Klein,
encontrou em Dibom, nas imediações do rio Arnom, a famosa Pedra Moabita, que
contém uma inscrição em hebraico e fenício.
Essa escritura bilíngüe confirma a historicidade do
trecho bíblico de segundo Reis 3.4-27. A descoberta arqueológica de Klein
mostra quão importante é o rio Arnom (que significa rápido e tumultuoso) para a
história da Terra Santa.
O rio Arnom nasce nos montes de Moabe e desemboca
no mar Morto. Durante séculos, esse afluente serviu de fronteira natural entre
os moabitas e amorreus. Mais tarde, com a conquista de Canaã, separou os
israelitas dos moabitas.
Isaías e Jeremias falaram acerca do Arnom.
Profetizou o primeiro: "Doutro modo sucederá que serão as filhas de Moabe
junto aos vaus de Arnom como o pássaro va-gueante, lançado fora do ninho"
(Is 16.2).
Atualmente, o Arnom é conhecido como Wadi el-Modjibe.
Nas épocas de chuva, esse rio é volumoso. Entretanto, depois da primavera,
começa a secar.
III -
LAGO DE MEROM
Encontramos apenas um lago na Terra Santa. Trata-se
do Lago de Merom. O mar da Galiléia é também considerado um lago. No entanto,
por causa de suas avantajadas dimensões, não é assim, classificado.
Antes de
mais nada, porém, vejamos como os lagos são definidos.
A palavra portuguesa lago vem do latim 'lacus' e
significa reservatório de água. Esse termo latino, contudo, é oriundo deste vocábulo
grego: "Lakkos" - fosso, poço. Geograficamente, os lagos são
constituídos de grandes massas de água concentradas em depressões topográficas,
cercadas de terra por todos os lados. Eles encontram-se, com mais freqüência,
em zonas de latitudes elevadas, mas, são universalmente distribuídos. No que
tange às dimensões, não há uniformidade. Via de regra, os lagos são alimentados
por riachos ou rios. O escoamento de suas águas é feito por meio de um ou mais
emissários.
O lago de Merom é conhecido, também como águas de
Merom, conforme registra o livro de Josué: "Todos estes reis se ajun
taram, e vieram e se acamparam junto às águas de Merom, para pelejarem contra
Israel. E disse o Senhor a Josué: Não temas diante deles; porque amanhã a esta
mesma hora eu os darei todos feridos diante dos filhos de Israel; os seus
cavalos jarretarás, e os seus carros queima-rás a fogo. E Josué, e toda a gente
de guerra com ele, veio apressadamente sobre eles às águas de Merom: e deram
neles de repente" (Js 11.5-7).
Formado pelas águas do Jordão, o lago de Merom tem
10 quilômetros de comprimento por seis de largura. Acha-se a dois metros acima
do Mediterrâneo. Sua profundidade varia entre três e quatro metros. Hoje, esse
lago perdeu sua antiga forma, porque foi adaptado pela engenharia às exigências
do país. Merom fica a 20 quilômetros do mar da Galiléia.
A vida
submarina no golfo de Eilat é uma das mais ricas do Planeta
Clima da Terra Santa
Sumário: Introdução. I - Clima da Terra Santa. II -
O clima nas montanhas. III - O clima no litoral. IV -O clima no deserto. V -
Ventos. VI - Estações. VII -Chuvas.
INTRODUÇÃO
Não obstante suas exíguas dimensões territoriais, a
Terra Santa apresenta uma impressionante variedade climática. Com muita razão
ela é considerada a síntese me-teorológica do mundo. Antes, porém, de
estudarmos esse importantíssimo aspecto de Israel,
"Clima"
é uma palavra de origem grega, que significa inclinar, reclinar.
Maximilien Sorre explica: "O clima é
modernamente definido como a síntese do tempo ou o ambiente atmosférico
constituído pela série de estados da atmosfera acima de um lugar, em sua
sucessão habitual." Embasa-se o estudo do clima na observação dos vários
tipos de tempo, apresentados de forma encadeada e rimada em determinado lugar.
Deve-se levar em conta, também, a dependência dos movimentos executados pelas
massas de ar e suas frentes.
A Enciclopédia Mirador Internacional fala acerca da
importância das variações climáticas: "O clima está de tal forma ligado ao
mundo biológico do planeta, que a atual repartição geográfica das espécies
animais e vegetais não pode ser bem compreendida sem o seu estudo; intervém ainda
na formação dos solos, na decomposição das rochas, na elaboração das formas do
relevo, no regime dos rios e das águas subterrâneas, no aproveitamento dos
recursos econômicos, na natureza e ritmo das atividades agrícolas, nos tipos de
cultivo praticados, nos sistemas de transportes e na própria distribuição dos
homens sobre o globo.
I - O
CLIMA NA TERRA SANTA
Israel, geograficamente, localiza-se na faixa
subtropical. Explica-se, portanto, a variedade de seu clima. Genericamente,
contudo, apenas duas estações sobressaem na Terra Santa: a chuvosa e a seca.
Ambas são acompanhadas, respectivamente, com muito frio e calor.
II - O
CLIMA NAS MONTANHAS
Um país montanhoso, assim é Israel. Hebrom é o
ponto mais elevado do território israelita, com mais de mil metros. Jerusalém,
por seu turno, encontra-se a 800 metros de altura.
Nas montanhas, o clima é fresco e bastante
ventilado. No verão, esse quadro altera-se um pouco, em conseqüência das
correntes de ar quente provenientes do Sul e do Ocidente. Na cidade santa,
durante o inverno, a temperatura chega a 6 graus positivos, com neves e
freqüentes geadas. No verão, os termômetros oscilam entre 14 e 29 graus.
III O
CLIMA NO LITORAL
Encontrando-se ao ocidente do mar Mediterrâneo,
Israel é bafejado por reconfortadoras e constantes brisas, rincipalmente, à
noite. Durante o inverno, a temperatura baixa para menos de 14º em Gaza e Jafa.
No pico do verão, os termômetros chegam a registrar 34?! Em algumas localidades
situadas mais ao norte, o inverno torna-se insupor-tável.
IV - O
CLIMA NO DESERTO
De uma maneira geral, nos desertos de Israel, as
temperaturas oscilam, no verão, entre 43º, 47º e 50º. Inclui-se, nessa
classificação, o Vale do Jordão.
V -
VENTOS
As correntes de ventos que varrem o Oriente Médio
encarregam-se da formação do clima da Terra Santa: as úmidas, do mar
Mediterrâneo, as frias, dos montes do Norte; e as quentes, das regiões
desérticas.
Eis como
os hebreus classificavam os ventos: Safon, portador de geadas; Quadim,
faz crescer a vegetação; O do Oeste encarrega-se das chuvas; e, Darom é
mensageiro do calor. Há, também, uma corrente de ar proveniente da Arábia,
cognominada Sirô. Esses ventos são tão quentes que chegam a queimar a lavoura.
VI -
ESTAÇÕES
Depreendemos de algumas passagens bíblicas que, no
Oriente Médio, havia somente duas estações: inverno e verão. Diz o profeta
Isaías: "Eles serão deixados juntos às aves dos montes e aos animais da
terra e sobre eles veranearão as aves de rapina, e todos os animais da terra
invernarão sobre eles" (Is 18.6).
Começava o inverno em outubro e estendia-se até o
mês de março. Nessa época, os montes cobriam-se de neve. O verão tinha o seu
início em abril e ia até setembro. Os agricultores aproveitavam bem essa
estação para colher e preparar a terra.
VII - CHUVAS
Ao contrário do Egito, as chuvas em Israel são
abundantes. As primeiras chuvas começam em outubro e, constituem-se em fortes
aguaceiros, notadamente, no litoral. Nas montanhas, as precipitações são fracas
e finas. No deserto não chove. Alguns estudiosos, porém, acreditam que, no
tempo de Herodes, o Grande, as chuvas não eram escassas nas regiões desérticas.
Isto porque, ele construiu uma fortaleza em Massada com grandes cisternas, para
captar água proveniente das chuvas. Eis a média das precipitações pluviais:
1090 mm por ano.
O orvalho continua a cair na Terra Santa. Até mesmo
as áreas desérticas recebem essa dádiva dos céus. O orvalho de Hermom, por
exemplo, é proverbial.
Geografia Econômica da Terra Santa
Sumário: Introdução. I - Uma terra que mana leite e
mel. II - A flora da Terra Santa. III - Fauna da Terra Santa. IV - Os minerais
da Terra Santa.
INTRODUÇÃO
As riquezas da Terra Santa são legendárias. Em seus
exíguos territórios, concentram-se, sinteticamente, a opulência de todos os
países do mundo. E, quando estudamos a geografia econômica de Israel,
conscientizamo-nos da veracidade desta expressão bíblica: Terra que mana leite
e mel.
Antes de
tentarmos relacionar os formidáveis recursos das possessões abraâmicas.
veremos rapidamente o sentido do
termo economia.
Origina-se a palavra "economia" de duas
outras gregas: "oikos" - co.sfl.e. "nomos" - governo. Significa,
portanto, segundo Silvio Barretti. governo ou administração do lar, no sentido
de zelar pelos seus pertences, pelo patrimônio familiar. O escritor grego
Xenofonte foi o primeiro a usar esse vocábulo. Séculos mais tarde, o francês
Antoine Montechretien criaria a locução economia política.
As riquezas de um país estão diretamente ligadas à
produção de bens úteis, com o aproveitamento da matéria-prima extraída da
natureza. Explica-nos o professor Bar-retti: "Produção é, pois, a
transformação, pelo homem, através de trabalho consciente, das coisas
existentes na natureza, em bens econômicos, capazes de satisfazer às necessidades
presentes e futuras das pessoas. Assim age o homem porque os bens naturais,
isto é, aqueles oferecidos pela natureza, são insuficientes qualitativa e
quantitativamente, além de distribuídos irregularmente na superfície da terra,
para a satisfação de todas as necessidades humanas. Sendo os bens naturais
insuficientes, compete ao homem adaptá-los ao consumo, aumentando-lhes as
utilidades, ou seja, produzindo os bens artificiais (ou
industrializados)."
Na geografia da Terra Santa, veremos os diversos
recursos naturais que podem gerar divisas à nação israelense.
I - UMA
TERRA QUE MANA LEITE E MEL
Assim fala o Senhor acerca das riquezas da Terra
Santa: "Ele o fez cavalgar sobre as alturas da terra, e comeu as novidades
do campo, e o fez chupar mel da rocha e azeite da dura pederneira. Manteiga de
vacas, e leite do rebanho, com a gordura dos cordeiros e dos carneiros que
pastam em Basã, e dos bodes, com gordura dos rins do trigo; e bebeste o sangue
das uvas, o vinho puro" (Dt 32.13,14).
Eis o relatório do primeiro serviço secreto de
Israel: "Fomos à terra a que nos enviaste; e verdadeiramente mana leite e
mel" (Nm 13.27). Corroborando suas palavras, os doze espias mostraram a
Moisés e ao povo enorme cacho de uvas colhido no vale do Escol e outras frutas.
Os israelitas admiraram-se do tamanho e aparência dos produtos de Canaã.
Naquele tempo, Israel era uma terra sem igual. As
chuvas eram regulares e as colheitas abundantes. Tanto a sua flora como a sua
fauna causavam espécie. Suas reservas minerais, espantosas.
II - A
FLORA DA TERRA SANTA
A flora, mencionada nas Sagradas Escrituras, é de
uma riqueza inigualável. No Antigo Testamento, encontramos mais de cem espécies
vegetais. Atualmente, o governo de
Israel está envidando esforços
para recuperar o exuberante reino vegetal de seu território. Estes eram
os produtos encontrados
com mais facilidade
no período veterotestamentário:
trigo, oliva e uva. Esses alimentos formavam a dieta dos israelitas e
constituíam-se no trinômio repetido constantemente
na Bíblia: pão, azeite e vinho. Eis mais alguns alimentos usados pelos filhos
de Israel: cevada, lentilha, feijão, mostarda, pepino, cebola, alho, romã,
melão e tâmara.
Estas eram as plantas silvestres
mais encontradas nos tempos bíblicos: cedro, faia, pinheiro, acácia, palmeira,
carvalho, murta. Das flores, aqui estão as mais famosas: lírio do campo e rosa
de Sarom.
W. J.
Goldsmith fala acerca da flora de Israel: "Se a Palestina não é terra de
florestas,
é
terra de pomares. O abricó, o
figo, a cidra, a romã, a amora e a tâmara (esta no Baixo-Jordão) são
encontrados, mas a oliveira e a parreira foram sempre as duas principais
árvores frutíferas da Palestina. Hoje, estendem-se os laranjais sobre largas
áreas das colônias judaicas. O cultivo dos cereais era limitado aos planaltos
menos elevados, aos vales mais abertos e às planíceis. Os melhores trigais são
os da Filistia, do Esdrelon, do Mukneh (a leste de Nabus) e do haurã. A cevada,
alimento dos animais e dos camponeses mais pobres, tornava-se o alimento dos
israelitas em geral quando, perseguidos pelos árabes, eram obrigados a
abandonar as planícies. Assim, foi como um pão de cevada que o midianita viu em
sonho o israelita, rodando colina abaixo e derribando sua tenda (Jz
7.13)." Através de intensos programas de irrigação, o governo israelense
está conseguindo reflorestar a Terra Santa. Do documentário Este é Israel,
extraímos este trecho para mostrar o que os judeus, com a ajuda do
Todo-poderoso, estão fazendo para tornar o seu árido solo em um jardim: "Nos
tempos bíblicos, as terras de Israel eram cobertas de florestas. Nos séculos
subseqüentes, especialmente durante a Idade Média, muitas florestas foram
destruídas pelos nômades e suas cabras e outras pelos turcos que as usavam como
combustível para seus trens militares. Grande parte do reflorestamento tem sido
realizado pela comunidade ju-daica, sendo que a maioria das florestas que
cobrem hoje o solo de Israel foram plantadas durante os últimos 50 anos. Das
poucas florestas antigas sobrevivem principalmente os bosques da Galiléia. Em
1948, havia 4.388.000 árvores em Israel. Quase 30 anos depois, havia
103.000.000 árvores, quase todas plantadas pelo Fundo Nacional Judaico."
III -
FAUNA DA TERRA SANTA
As Sagradas Escrituras mencionam
quase 130 nomes de animais selvagens e domésticos. La Enciclopédia de Ia
Bíblia, citada pelo pastor Enéas Tognini, cataloga 50 espécies de mamíferos, 42
de invertebrados, 46 de aves e 19 répteis, peixes e anfíbios.
Relacionaremos, a seguir, os
animais encontrados com mais freqüência nos tempos bíblicos: 1) Selvagens:
leão, urso, leopardo, hiena, víbora, corça, lebre, chacal, lobo, raposa,
camaleão; 2) Domésticos: ovelha, vaca, cabra, mula, camelo, cavalo, jumento e
cão; 3) Aves: perdiz, cordoniz, pombo, galinha, avestruz, cegonha, rola, corvo,
pelicano, etc; 4) Insetos: abelhas e gafanhotos de diversas espécies, formigas,
mosquitos e moscas; 5) Peixes: 43 espécies, sendo o mais famoso o peixe de São
Pedro.
Entre os insetos mencionados, os
gafanhotos são consumidos até o dia de hoje. Essa estranha iguaria é bastante
apreciada pelos beduínos e pobres.
O que
aconteceu com a fauna israelita?
Em conseqüência dos muitos
incêndios provocados por exércitos conquistadores, a fauna palestínica sofreu
enormes prejuízos. E, um dos objetivos do governo israelense é, justamente,
reconstituir o luxuriante reino animal da Terra Santa. Para isso, está gastando
milhões de dólares com o reflorestamento de seu território.
Os israelitas, de acordo com a Palavra do Senhor,
herdariam uma terra, cujas pedras são ferro e, em cujos montes, achariam o cobre
(Dt 18.7-9). A Terra Santa, de fato, possui gigantescas reservas de minérios:
Eis os minérios encontrados, com mais freqüência em
Israel: ouro, prata, ferro, enxofre, cobre, estanho e chumbo.
O mar Morto, conforme já dissemos, é uma fonte
inesgotável de riquezas. Suas reservas em sais e minerais são orçadas em
bilhões e bilhões de dólares.
Segundo alguns textos bíblicos, em Israel há
abundância de pedras preciosas. Há, pelo menos, duas relações delas nas
Sagradas Escrituras. O diamante, por exemplo, gera muitas divisas à nação
israelense. Grande parte da produção diamantífera do mundo passa por Israel.
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