Curso de Homiletica

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Roteiro do Sermão
  1. Introdução
  2. A Teoria e a Teologia da Pregação
  3. O Que é um Sermão Monólogo
  4. Vantagens e Desvantagens do Sermão Monólogo
  5. Passos na Preparação do Sermão Monólogo
  6. Como e Onde Usar o Sermão Monólogo
  7. Exemplos de Sermões Monólogos
8. Referências Bibliográficas

Introdução

 
     Tenho saudades de um tempo em que nem mesmo sonhei ou vivi. Falo do tempo em que o espírito profético se apoderava de homens distintos, e estes por suas bocas assumiam a missão desafiadora, denunciadora de seu proclamar alvissareiro ou fatídico. Não quero, porém, levantar uma bandeira de saudosismo ou utopia; preocupo-me tão somente com a realidade de meu povo, do meu tempo e da minha igreja. Esta conjuntura desconexa, complicada e até mesmo desgovernada. Falo de um tempo de dores, mãos ressequidas, terra desolada, sede de Deus, sede de justiça. Falo de um povo brasileiro que é cheio de fé, de fibra e de coragem, povo meu, pátria minha, gente nossa. 
     Tenho saudades, e neste contexto sentimental clamo a Deus que derrame em cada coração pastoral este espírito profético de modo que não cessemos de falar por aqueles sem voz, sem rumo, sem paz, sem terra, sem pão. E como numa prece diuturna derramo a minha alma pedindo a IAHWEH que me conceda a oportunidade de ver em mim como também na vida de tantos outros profetas deste solo brasileiro o Dom da Profecia. Tenho saudades de homens que lêem o presente compreendendo o sentido profundo da palavra de Deus, no contexto histórico que Deus os chamou para serem testemunhas. Comprometidos somente com o que Deus tem para oferecer mediante a necessidade do povo. 
     Tenho saudades de homens livres, descondicionados dos oportunismos, sem qualquer apego ou relações diplomáticas. Desvinculados de quaisquer interesses que possam servir de empecilho ou motivo para terem suas bocas fechadas. Homens que não têm medo de que suas cabeças estejam a prêmio ou que sejam servidas em bandejas. Não dados ao superficialismo, ao medo e nem tampouco preocupados com os conformistas que os julguem rebeldes. Falo de homens apregoadores da mesma liberdade que possuem. Tenho saudades de homens que escandalizem a hipocrisia religiosa de nosso tempo. Homens que provoquem crises nas instituições desordenadas, homens que elevem sua voz em nome do amor, da paz e da justiça divina. Homens que tenham autoridade de Deus e que sejam capazes de clamar altissonantemente contra todos os escândalos. 
     Tenho saudades de homens que sabem ficar quietos. Homens que não jogam palavras ao vento, não falam à toa. Reduzem ao essencial as suas intervenções e o seu silêncio se torna tão inquietador quanto os seus discursos. Homens comprometidos com a Palavra divina e com os efeitos que ela provoca. “Bocas de IAHWEH”. Tenho saudades de homens que observam os fatos e deixam que a sua proclamação nasça desta sincera contemplação. Homens contemplativos honestamente comprometidos com a causa que, por sua vontade, em consonância com os desígnios de Deus, abraçaram. Homens dedicados à oração e este contato fidedigno tornar-se-á um canal ilimitado de bênçãos e de proclamações reais para um tempo que se chama hoje. 
     Como ministros batistas brasileiros militantes ou aspirantes, precisamos nos preocupar em incorporar este espírito profético tão necessário hoje como nos tempos idos do povo de Israel. Como, também, se faz necessário marcharmos em busca da implantação do reino de Deus em cada agreste, beco ou viela, denunciando a dor, a fome, a injustiça, a opressão, a imoralidade, e exaltando o nome sobremodo excelente de Deus, o Senhor da criação, justo em sua essência. Senhor, tenho saudades dos profetas. Homens humildes, alguns boieiros e lavradores, homens sinceros, corajosos, destemidos. Falo de Isaías, Ageu, Habacuque, Sofonias, Daniel, Naum, Oséias, Amós, e tantos outros que tu usaste na intenção de comunicar os teus desejos. Faze, ó Senhor, que João, Antônio, Ricardo, Joaquim, Carlos, e tantos outros de nosso tempo vivam como reais “Bocas de Iahweh”! Amém!

 Capítulo 2
 A Teoria e a Teologia da Pregação

A – A Arte de Pregar

 
     O pregador é um porta-voz de Deus entre os homens. Percebe-se no seio de nosso Brasil batista um certo descontentamento no que diz respeito à qualidade das mensagens e sermões proclamados. Há algum tempo ouço reclamações de que muitos pregadores proferem discursos cansativos e monótonos ou até mesmo, pela falta do que falar gastam todo o tempo desenvolvendo-se na arte de contar estórias e anedotas. Esta situação, que é agravante, obriga aqueles que se preocupam com a arte de pregar a pensarem em alguns recursos essenciais para a proclamação eficiente da mensagem do Evangelho. 
I – Um Primeiro Recurso Para uma Proclamação Eficaz é Conhecer a Mente de Deus. 
       O pregador é aquele que conhece a mente de Deus. A arte da homilética ou o ato de saber fazer um sermão não torna o pregador um porta-voz de Deus. A pregação não é algo que se faz ou se prepara no dia anterior. O pregador pode conhecer a mente de Deus através da comunhão com Ele. Esta comunhão implica andar com Deus, ter o companheirismo com o Senhor, manter uma intimidade com Ele, sondá-lo através da oração sincera e efetiva. 
       O pregador pode conhecer a mente de Deus através de uma vida de meditação. Para os ocidentais é muito difícil a prática da meditação. Meditar então é um verdadeiro desafio para a proclamação eficaz, pois grandes são as obras e as realizações divinas. A meditação é uma disciplina devocional que exige, e muito, dos pregadores, mas que lhes proporciona momentos de intensa inspiração e recursos fantásticos para a proclamação da mensagem. Pois da contemplação surgem idéias e considerações profundas acerca das verdades bíblicas e de seus ensinos. Quando começamos a meditar iniciamos um melhor conhecimento de Deus, de seus desejos e de sua mente. 
       O pregador pode conhecer a mente de Deus através de uma vida de estudo e pesquisa sobre a Palavra de Deus. As pessoas não querem ouvir suas opiniões sobre os vários assuntos ou temas possíveis. Elas querem ouvir Deus falar através do pregador. A Palavra deve ser lançada sobre o povo e nunca voltará vazia. O pregador poderoso nas Escrituras tem às mãos excelente equipamento de trabalho. A essência e centro das Escrituras é Cristo, e  a proclamação baseada no bom conhecimento da mente de Deus é poderosa e cristocêntrica. O pregador deve ser fortalecido no conhecimento da Palavra de Deus, e isto depende de pesquisa, estudos e muita reflexão. O conhecimento apurado da mente de Deus, faz com que a mensagem seja bibliocêntrica e, desta forma, pela sua inerrância, isenta os pregadores de correrem o risco de se apoiarem em argumentos infundados.
 
II – Um Segundo Recurso Para uma Proclamação Eficaz é Estar Cheio do Espírito Santo de Deus. 
       A questão do Espírito Santo precisa ser entendida de modo que como profeta você não oprima ou limite à atuação do Espírito Santo de Deus. Há uma necessidade de vibração, mas sem qualquer ligação com o Pentecostalismo. O importante é que podemos vibrar, pois conhecemos a Deus e estamos plenos de seu Espírito. Esta é a condição pessoal de sucesso na proclamação. Um homem pode derrubar a importância do que ele prega, tanto quanto ser capaz de pregar com entusiasmo. Se um homem não é tocado pela graça maravilhosa de Cristo em sua própria alma, por certo ele falará de forma fria e vazia acerca da mais tremenda realidade.  
     E se um homem não for fervoroso de espírito, certamente discursará a respeito da salvação como se ela fosse um assunto de pequeno interesse. Este enchimento ou plenitude do Espírito Santo se alcança através da busca da pureza e da santidade. Quando o pregador começa a buscar a Deus, a primeira reação é a noção de pecado. A entrada na presença de Deus permite que o Espírito Santo inicie uma operação limpeza onde os pecados são revelados, confessados, perdoados e abandonados. E a comunhão com o Espírito Santo se torna íntima e o desejo de conhecer a Deus mais intenso. 
       O pregador cheio do Espírito Santo prega com entusiasmo aquilo que ele crê, sua mensagem toca os corações dos que o ouvem e lhes permite aplicá-la às suas vidas. Nestes tempos de provas a necessidade sentida é exatamente de pregadores que abram os seus corações e permitam ao Espírito Santo de Deus aquecê-los, dando-lhes zelo, entusiasmo e paixão, pois um pregador sem entusiasmo não fará muito em favor da obra da proclamação do Evangelho. Porém, se o pregador equacionar o entusiasmo com a convicção de que, pelo poder de Deus, tem a fé que vence o mundo, conseguirá falar de uma forma tão fervorosa que não haverá espaços para possíveis contestações. 
       O pregador cheio do Espírito Santo não é um entusiasta ou um artista que encena textos e lhes dá vida. O seu entusiasmo é natural, sem exageros, pois reflete genuinamente aquilo que a mensagem proclamada tem feito na vida do próprio pregador, e envolve os ouvintes que por sua vez sentem o desejo de experimentá-la na extensão de sua eficácia. O pregador eficiente depende de sua relação com o Espírito Santo que lhe proporciona a inteligência necessária, a convicção bem dosada, a alma devidamente aquecida pela paixão em relação aos perdidos, e a dedicação constante no ato de proclamar a mensagem.
 
III – Um Terceiro Recurso Para uma Proclamação Eficaz é Preparar Bem Suas Mensagens.
 
       Uma boa mensagem precisa de tempo hábil para ser preparada de modo que este tempo capacite o pregador. Uma mensagem bem preparada contextualiza a Bíblia atendendo as necessidades do povo. E para tanto o pregador deve conhecer a vida do povo. O ofício de atualizar a mensagem reflete a capacidade do pregador em transmitir as verdades eternas do Evangelho dentro de níveis alcançáveis segundo a realidade de cada povo em cada época. 
       Stafford North em seu livro Pregação: homem e método, diz o seguinte: “todo homem deve levar para o seu trabalho certo equipamento básico. O campeão de pulo deve ter pernas ágeis, o violinista dedos hábeis, o estivador braços robustos, e o salva-vidas olhos argutos”1. A cultura não é tudo mais um pregador fiel e dedicado no preparo de seus sermões será muito útil para a causa de Deus, se cuidar também de seu preparo intelectual. Desde que o trabalho do pregador é praticamente mental, ele precisa ter facilidade para aprender idéias e retê-las. Mas nenhum pregador que não goste de estudar poderá alcançar sucesso. 
       O pregador precisa, pois como porta-voz do Senhor Deus se apropriar de tal tarefa, saltando com pernas ágeis os montes da preguiça, dedilhando e folheando as páginas do saber a fim de que levante os braços da competência e com os olhos espirituais enxergue os momentos certos e as mensagens apropriadas. O pregador não deve ser apenas acima da média quanto à sua capacidade mental, mas deve interessar-se pelas pesquisas intelectuais. Sua mente é a sua ferramenta básica, e ela deve ser suprida com amplo conhecimento e ajustada com uma compreensão perceptiva da Palavra de Deus, de modo que lhe seja possível comunicar bem a mensagem ao receptor. 
       A boa comunicação, utilizando-se dos métodos escolásticos e vivenciais, surge como um grande requisito para que o pregador seja entendido quando fala. Uma boa mensagem implica o bom uso da voz e também a utilização correta do veículo de comunicação, a linguagem, de modo correto. Uma boa mensagem se destina a toda a comunidade e nunca a uma pessoa somente. Uma boa mensagem não é bonita e sim tocante. Não é composta de plástica e formas agradáveis, mas de poder espiritual. Não é proclamada para distrair cérebros, mas transformar vidas. O pregador deve construir uma boa mensagem de joelhos e não nos joelhos. A oração é a ligação que podemos ter com o canal ilimitado de experiências com Deus e por certo inspirações valiosas.

B – O Conceito Bíblico de Pregação


 
     “A pregação é aquele processo único pelo qual Deus, mediante Seu mensageiro escolhido, se introduz na família humana e coloca pessoas perante Si, face a face. Sem essa confrontação a pregação não é verdadeira”2. Já no pensamento de Blackwood pregação significa “verdade divina através da personalidade ou a verdade de Deus apresentada por uma personalidade escolhida, para ir ao encontro das necessidades humanas”3. A função profética, ou a pregação, é um serviço oferecido a Deus e revelado na prática de anunciar a vontade, o amor e o zelo de Deus pelo seu povo.  
     Dentre as tarefas que caracterizam o ministério pastoral, na perspectiva e realidade batista brasileira, a função de proclamar a palavra de Deus é prioritária. Com este alvo no coração ingressei, pela graça de Deus, nas lides pastorais em 1991. Ao fazer uma retrospectiva percebo que muitas foram às horas gastas nesta tarefa, mas também descubro que um número bem maior de horas foram utilizadas para outras tarefas administrativas, denominacionais e eclesiásticas. Isto sempre me incomodou, pois estou consciente que o Ministério da Palavra é basicamente caracterizado pela proclamação da palavra de Deus. Talvez a razão de sermos tão atarefados por nossas igrejas ou de buscarmos como polivalentes o envolvimento em várias áreas é a ausência de uma convicção clara sobre a importância da função profética no ministério pastoral.  
     E na ausência desta convicção perdemos a perspectiva divina de prioridades e não executamos bem o nosso ministério. Os apóstolos quando do crescimento da igreja viram-se atarefados e estabeleceram prioridades, delegando responsabilidades(Atos 6:1-7). E nós por que não seguimos este belo exemplo? Desejo construir no seu coração a certeza de que ainda hoje o Senhor que nos chamou para o Ministério da Palavra quer que a proclamação de Suas verdades seja uma função que realizemos com todo o nosso esforço e que obedeça as Suas próprias prioridades.  
       Pretendo fazer com que você reflita sobre o tempo em que vivemos, repleto de pregoeiros que entitulam-se “profetas” e que nada têm a ver com esta sublime tarefa. Penso também em ajudá-lo a fazer do seu ministério profético algo estimulante para você, prático para os seus ouvintes e que produza glória, honra e louvor a Deus. Desejo que esta abordagem produza uma confrontação do movimento “profético” atual com a Palavra de Deus afim de que seja possível compreender o que significa falar de fato em nome de Deus. Creio que isto lançará luz sobre o povo de Deus para que este não se permita ser conduzido por “profetas” não autorizados a falar em nome de Deus, uma vez que não O conhecem, não O servem, nem proclamam Sua vontade.
 
A – A Etmologia e Sua Implicações 
     Compreender o significado das palavras é base fundamental para que o processo de ensino-aprendizagem se realize. Nesta etapa da pesquisa empreenderemos esforços neste sentido e por isso o desafio a não depender somente das informações esboçadas aqui. Busque uma ampliação de seus conhecimentos e lembre-se o aprendizado está disponível e as fontes primárias ou não são diversas. 
Profeta = aquele que não fala a sua própria mensagem, ele age conscientemente, tem liberdade dentro de certos limites de apresentar a mensagem conforme lhe convém. “O profeta é para Deus o que Arão era para Moisés, quer dizer, o seu porta-voz ou mensageiro aos terceiros”4.
   
Navi = é a palavra hebraica mais usada para designar a pessoa do profeta ou sua função e significa profetizar, chamar ou proclamar(ativo).  Ser  profeta  e  ser  chamado  para  proclamar(passivo). É bom lembrar que várias figuras na história de Israel receberam o título de navi como por exemplo: Abraão(Gênesis 20.7); Moisés(Deuterômio 34.10) e Arão(Êxodo 7.1).  
Roeh = vidente. O profeta é também conhecido como aquele que vê aquilo que outras pessoas não vêem. Em 1 Samuel 9.9 encontra-se um auxílio para que seja feita uma distinção entre Navi e Roeh ou Rozeh. “O vidente tem a capacidade de revelar segredos ocultos e eventos futuros. No caso dele, ressaltam-se as visões, ao passo que no caso do profeta, enfatizam-se as palavras(Isaías 30.10)5. 
Isha Elohim = “homem de Deus”. Este título expressa a estreita associação da pessoa com Deus. Esta “estreita relação dos profetas com Deus é expressa  igualmente  pelo nome ‘homem de Deus’, que quase só aparece nas narrativas sobre  Samuel,  Elias  e Eliseu(ver 1 Samuel 2.27; 9.6;  2 Reis 17.18; 4.9)”6.
    
     Podemos resumir esta etapa usando as palavras de Brown: “O profeta do Antigo Testamento é um proclamador da Palavra, a quem Deus vocacionou para advertir, para exortar, para consolar, para ensinar e para aconselhar; tendo vinculações exclusivamente com Deus, desfrutando, portanto, de uma liberdade que não tem igual”.7 No Antigo Testamento o pregador era profeta (navi). Assim, o profeta era o homem que se sentia chamado por Deus para uma missão especial, em que a sua vontade se subordinava à vontade de Deus, que lhe era comunicada por inspiração direta. Embora o pregador seja no máximo um “vaso de barro”, por meio do qual Deus se revela a outros, é, não obstante, o ponto vivo de contato entre Deus e aqueles que Ele procura salvar “pela loucura da pregação”(1 Coríntios 1.21).  
       De acordo com a ótica neotestamentária o profeta é aquele que, movido pelo Espírito de Deus, recebe e transmite por inspiração divina a mensagem do Senhor ao povo, especialmente as verdades relacionadas com o Reino de Deus e com a salvação dos homens, o profeta é aquele que fala por outro, todos os mensageiros de Deus são profetas, mas este dom ministerial, de que o apóstolo Paulo fala, não pertence a todos os mensageiros de Deus. O ministro-profeta deve interpretar a presença de Deus nos eventos que acompanham o Evangelho, e os desígnios de Deus nos eventos.  
O profeta, neste sentido, é o pregador que compreende claramente a beleza e a universalidade do Evangelho e tem o dom de apresentá-lo ao povo com tanta persuasão, tanto amor e zelo que os ouvintes entendam que ele não é apenas um propagandista, mas o expoente divinamente autorizado para esclarecer os eventos que acompanham os efeitos da mensagem do Evangelho, não somente para o indivíduo como também para a sociedade, para o governo e para as nações.8
 
     Entendo que o ministro-profeta recebe algumas características dos profetas do Antigo Testamento. Por isso creio como ministros devemos ser profetas de nosso tempo. Vivendo a realidade de cada dia, sacudindo a morosidade e o conformismo, e evitando que a igreja, agente beneficiador de Deus aos homens, caminhe doente e inoperante. A missão profética deve resumir-se numa prática ministerial condizente com as necessidades do povo em cada contexto e circunstâncias em que ele se encontre. O profeta defronta-se com as hostilidades, desconfianças e incompreensões. E nenhuma destas dificuldades em hipótese alguma devem servir de meios silenciadores ao reclamo que Deus deseja que exista em nossa boca. 
     Sendo pois o ministério profético constituído dos elementos da pregação e do evangelismo, entende-se que sua ocupação é querigmática. O ministro tem a função primordial de apascentar o povo de Deus. E isto pode ser realizado por intermédio da pregação da Palavra, de seu exemplo pessoal, pela demonstração de afeto pelo povo de Deus, pela criação de circunstâncias que favoreçam o atendimento espiritual ao povo de Deus, pelo uso adequado da autoridade, pelo viver humilde, tornando-se um símbolo da causa a que vem servindo. Sendo assim o pastor evangeliza no púlpito, nos momentos de encontros de aconselhamento, através de palestras e estudos, hospitais, presídios.
 
B – A Pregação e o Pregador 

 
       Entendemos que condição fundamental para o exercício da proclamação é ser chamado para proclamar. Deus chama, separa, capacita, sustenta e envia o pregador. Nesta relação pregação e pregador aprendemos que existem muitos enfoques que poderíamos contemplar. Creio que também são relevantes na vida pessoal do pregador os aspectos devocional, emocional, conjugal e social. 
I – Aspectos de Uma Chamada Divina 

 
     Assim como você, Moisés teve uma chamada divina que mudou o rumo de sua existência(Êxodo 3.1-12). É claro que tal chamada revela-se com características particulares no que tange a situação histórica, motivações e propósitos que precisam ser levados em consideração. O nosso objetivo então é aprender algumas lições desta chamada que podem ser aplicadas às demais que Deus tem feito e fará aqueles que ele deseja usar no cumprimento dos seus propósitos. O primeiro aspecto da chamada divina é que Deus nos chama para um relacionamento pessoal(v.4). Medite por alguns instantes sobre a sua experiência de descoberta de Deus e de sua conversão: que fato ou detalhe você destacaria? Assim como Moisés foi chamado para ter um relacionamento pessoal com o Senhor nós também o fomos. 
       Se por um lado a chamada é divina, por outro ela é pessoal. Deus se revela a Moisés e o chama pelo próprio nome. Do meio da chama que não consumia o espinheiro, Moisés ouviu a voz de Deus que o chamou pelo nome duas vezes. Esta insistência em chamá-lo pelo nome denota urgência. Moisés é desafiado a manter-se numa posição de reverência diante da presença e da revelação que o próprio Deus fizera de si mesmo(v.5), “Moisés escondeu o rosto, porque temeu olhar para Deus”(v.6), e este gesto indica que um cristão para ser usado por Deus deve ser reverente para com as coisas sagradas. Irreverência desqualifica e incompatibiliza um homem para ser um instrumento de Deus. 
       Se uma chamada divina é pessoal isto implica que a resposta deve ser pessoal. É claro que no verso 4 Moisés ainda não tinha idéia do que Deus exigiria dele, mas ainda assim ele está disponível ao Senhor dizendo: “eis-me aqui”. Durante o processo da chamada o vemos obedecendo atentamente às instruções divinas. E mesmo quando ele coloca objeções ao chamado dizendo que: 1) não tinha capacidade para confrontar o Faraó(v.11); 2) não tinha crédito diante do povo de Israel(v.13); 3) não sabia falar direito(4.10). Estas contribuem para o fortalecimento das convicções que o levaram a responder a chamada.
 
       O segundo aspecto da chamada divina é que Deus nos chama para uma vida de santidade e temor(vv.5-6). Para Moisés foi dada a ordem de tirar as sandálias. E a nós? O que o Senhor quer que tiremos? Que influência a santificação pode ter no exercício de sua chamada? Se cremos que o Senhor nos chamou para a salvação precisamos adicionar a este o chamado para uma vida de santificação. Que recursos o Senhor coloca a nossa disposição para que alcancemos o nível de santidade ideal? Sim nós somos abençoados porque o Senhor nos deixou a sua Palavra e o seu Santo Espírito. Sim esta Palavra que pregamos turbinada pela unção do Espírito deve exercer sua primeira e maior influência em nós mesmos.  
       Sim amados a chamada divina indica claramente que Deus nos chama para uma vida de temor(v.6). Qual é a perspectiva que você tem acerca do temor de Deus em sua vida? Você é capaz de recordar e mencionar pelo menos um verso bíblico que valorize o temor ao Senhor ou que fale dos benefícios do temor no ministério de um servo de Deus? O autor de Provérbios nos dá uma dica ao dizer que “...o temor do Senhor é o princípio de toda a sabedoria; e o conhecimento do santo é o entendimento”(9.10). Temer é respeitar ou reverenciar a Deus, reconhecendo sua grandeza e santidade. Temer a Deus não quer dizer simplesmente medo de Deus, mas respeito, amor, obediência e adoração a Ele. 
       O terceiro aspecto da chamada divina é que o Deus que nos chama é providencial(v.7). Não cremos em coincidências e sim na providência divina. Deus estava atento às aflições do seu povo cativo e oprimido pelos egípcios. Quis a providência divina que Moisés fosse o homem(instrumento) de Deus para levar adiante a missão(tarefa) de libertar o povo de suas dores e sofrimentos. Isto nos faz lembrar o diálogo de Jesus e os discípulos onde o foco da abordagem era o número insuficiente de obreiros diante de uma seara branca pronta para a colheita(o que parece ser o problema hoje). Qual foi a solução apresentada por Jesus? Os cristãos devem orar, rogar, pedir ao Senhor da seara que envie obreiros. 
       Você é chamado para ser um instrumento através de quem Deus quer providenciar a palavra de consolo, conforto, confronto e salvação para os que carecem do amor divino. Deus providencia os obreiros, os recursos e tudo o que é necessário para que os seus propósitos sejam realizados. Da mesma maneira que Moisés seria um símbolo da providência divina liderando o povo rumo à terra prometida, para Moisés Deus também providencia todos os recursos naturais e sobrenaturais para que este realize bem as tarefas necessárias à sua chamada. Querido irmão, o mesmo Deus que chama providencia, prepara todas as coisas necessárias para o bom andamento da obra.  
     O quarto aspecto da chamada divina é que Deus nos chama com propósitos bem definidos(v.10). Para que Deus tem chamado você? A sua tarefa de anunciar as boas novas é prioritária? Assim como Moisés sentiu-se incapaz é natural que nos sintamos também. Uma coisa é certa nenhum servo de Deus, em qualquer tempo, jamais foi idôneo para a realização da obra para qual Deus o tem chamado. A capacitação vem de Deus, de sua presença e instrução, e do poder que lhe outorga. Jamais deixemos de aceitar um desafio de Deus alegando sermos pequenos e humildes e não termos capacitações. Antes entreguemos nossas vidas em suas mãos. Sejamos apenas instrumentos. Não resistamos. Antes, cumpramos os propósitos divinos em nossas chamadas. 
     Moisés soube desde cedo qual era o propósito de seu chamado. O que ele deveria falar e a quem deveria transmitir as ordens e os decretos divinos. É necessário que tenhamos clareza de pensamento e ação acerca dos propósitos que Deus estabelecido para cada um de nós no que tange ao chamado. Gostaria de propor um exercício: descreva numa sentença o seu chamado. “ O propósito de Deus para a minha vida é................................................................
........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................” 
       O quinto aspecto da chamada divina é que Deus nos chama e nos acompanha em nossos ministérios(v.12). O Senhor não nos abandona no exercício de nossa vocação ministerial. Ele está presente conosco todos os dias até a consumação dos séculos. Como esta certeza de que Deus nos acompanha pode ser útil no exercício da função proclamadora? Não há necessidade de sentirmos medo, solidão, abandono ou preocupação pois Senhor está ao nosso lado. Louvado seja Deus porque nos fortalece, revigora, socorre e auxilia de modo que podemos cumprir com fidelidade o chamado que temos recebido do Senhor. Você e eu não precisamos ter medo dos faraós que surjam em nosso caminho, nem tão pouco dos mares, desertos e perigos. 
       A chamada divina é pessoal, providencial, santa, proposital e garante sua presença ao nosso lado. É bom que saibamos que de uma maneira ou de outra os propósitos do Senhor são realizados. Se rejeitamos o seu chamado os maiores prejudicados somos nós mesmos. Se porventura o atendermos tenhamos em mente de que seremos apenas instrumentos. Deus é quem faz a obra e o único que deve ser exaltado. Não basta conhecer as características do chamado divino é necessário atendê-lo e realizarmos nossa tarefa de modo agradável. Para tanto dependamos da graça de Deus.
 
II – O Cultivo de Uma Vida Devocional 

 
       Um grande pilar do ministério pastral e especialmente na função proclamadora é o hábito de cultivar uma vida devocional constante e segura. Percebe-se que a necessidade desta vida devocional segura é notada nos conselhos de Paulo ao jovem Timóteo uma vez que ele deveria conservar a sã doutrina de modo que fosse  capaz de defender a comunidade dos ataques dos falsos mestres9. Quando pensamos nos envolvimentos da vida devocional do pregador, somos levados a concluir que o fato de ser chamado pastor ou de ser ordenado, não lhe constituí este santo ofício. 
       É necessário se sentir pastor, ser consciente da missão e seus comprometimentos. Daí a necessidade da existência deste hábito devocional de modo que o mesmo o impulsione e o capacite a ser o líder espiritual e o pregador com  a autoridade do Senhor que age em benefício da comunidade cristã. Sabemos que existem pastores que o são de fato mas não têm o controle ou a liderança espiritual da igreja sobre os seus ombros. Como também cremos que muitos são líderes, pregadores, administradores, educadores e que o cultivo da vida devocional é útil a estes a fim de que sejam fortalecidos pela Palavra do Senhor. 
       A vida devocional constante é útil no processo de alimentar o rebanho. A comunidade deseja ser alimentada espiritualmente e anseia que o seu pastor tenha um conhecimento e contato fidedignos com a grande fonte que é Deus. Quando lançamos os nossos olhares contemplativos para o momento presente percebemos que este é um problema sério, o povo anela por bons ministros e especialmente proclamadores comprometidos com a Palavra de Deus. Esta agravante faz com que o cultivo de uma vida devocional seja realçada e ainda podemos dizer que ela é o bálsamo que recupera as forças e as cargas espirituais do líder que tem como meta alimentar o seu rebanho tão carente e fustigado pelas dificuldades e desafios desta vida. 
       Portanto, deve o pregador cultivar este hábito devocional, lendo a Bíblia devocional e diariamente. Deixando que  o Espírito Santo de Deus fale por meio de sua Palavra no profundo de seu ser. Deixando que esta provoque profusas e profundas transformações. Deve também meditar e ler livros que tragam enlevo espiritual e alento para o seu coração. E como um complemento basilar, a oração que é capaz de permitir um pleno conhecimento de Deus. Sem uma vida de oração é impossível adquirir a maturidade espiritual tão necessária para a liderança espiritual sadia, levando aos pastos verdejantes e as águas tranqüilas, o rebanho de Deus confiado a nós pastores-pregadores. 
       Não preciso dizer que estão são situações que exigem tempo, dedicação e muito esforço por parte dos que aspiram esta excelente obra. As questões e os desafios do ministério devem ser alinhadas mas tendo sempre Deus como prioridade. Você precisa cuidar mais de sua vida devocional? A sua leitura bíblica tem sido tecnicamente para preparar sermões?  E as orações? Quantas vezes elas são dirigidas ao trono da graça para pedir ao Pai misericórdia em face da sua limitação e indignidade de ocupar um púlpito. Você tem um refúgio onde pode desfrutar de tempo e intimidade com o Senhor? Quanto tempo gasto em tarefas e atividades que só tem trazido cansaço e frustrações? É isso aí colega Deus quer que separemos um tempo para o cultivo da vida devocional! Certamente esta semeadura dará os frutos correspondentes? Você crê nisto? Então pratique!
 
III – O Equilíbrio da Vida Emocional
 
       Nas suas diversas facetas o ministério do pastor-pregador desencadeia uma série variada de circunstâncias onde são necessárias qualidades emocionais em perfeitos níveis de equilíbrio. Mudanças repentinas podem ocorrer na execução do seu ofício, um exemplo seria celebrar um culto de gratidão por um aniversário e logo em seguida envolver-se com uma atividade do funeral de um irmão que acabara de falecer. Creio que muito dos pastores já tiveram que experimentar este intercâmbio de ambientes e emoções. Como líder o pastor deve procurar se equilibrado emocionalmente. Uma vez que está a frente de pessoas que dependem de sua sensatez, do seu equilíbrio e de sua imparcialidade10. 
       O controle emocional surge então como uma virtude elementar. Cada um se conhece, pelo menos é o que esperamos, mas o líder deve procurar entender os que estão ao seu redor, deve evitar ser acometido de raiva. Em hipótese alguma deve agir sob pressão ou perder a autoridade. Deve ser o líder um homem amoroso e gentil. E como nos necessitamos de nos apropriarmos destas virtudes nos relacionamentos com todos os níveis e classes de pessoas na igreja. A exemplo do Pastor por excelência devemos ser humildes. A humildade só é possível para os que são grandes, pois o objetivo do líder é ser exemplo para os irmãos.
 
IV – A Harmonia na Vida Conjugal
 
       A família é o primeiro núcleo social perfeito. A verdadeira célula desse organismo que se chama sociedade. Em seu estado completo de desenvolvimento consta de três sociedade elementares e rudimentares: a sociedade conjugal ou matrimonial, a sociedade paterna, e a sociedade senhorial11. Tenho percebido em nossos dias tantos nos nossos arraiais como no seio de nossa sociedade secular, que esta célula tem sido atacada por uma série de valores absurdos e obsoletos e que, como conseqüência disto, formam-se pessoas despreparadas em todos os sentidos e lançam-se tais seres à vida, como quem lança um frágil objeto contra uma forte onda do mar. 
       É necessário que tenhamos consciência de que estamos enfrentando uma avalanche de conflitos conjugais e o homem-pastor-pregador deve tomar cuidado com a integridade de sua família, dando aos seus queridos, uma boa estrutura amorosa, financeira, social e permitindo assim que o seu lar inspire a vida dos lares que estejam ligados ao seu direta ou indiretamente. Não precisamos reiterar que uma condição bíblica apresentada pelo Novo Testamento é que o pastor deve governar bem a sua casa e assim sendo torna-se apto para administrar, liderar e governar a igreja de Jesus Cristo. O que fazer então neste tempo de tantos lares mal formados ou em situação deplorável? Clamemos ao Senhor pela transformação de nossos lares nos oásis onde muitos observarão e se aproximarão para encontrar o alento. 
     Quando a crise invade a família não resta outra alternativa a não ser a posição correta dos outros membros em atitude de oração e fé, na busca do reequilíbrio espiritual, moral e material do lar em crise. É preciso buscar a harmonia. Reconhecemos que a família como uma instituição, está sujeita à crises e estas fazem parte do plano evolutivo, isto porque não há crescimento de consciência, nem crescimento de dons divinos herdados se não exercitarmos estas crises e dificuldades no meio das contradições e choques de existência, submetendo-se à existência e ao crivo de nosso discernimento. 
       Quando recordamos os moldes bíblicos para o comportamento familiar harmonioso, e estes expressos nos termos do amor sacrificial(maridos), da submissão voluntária(esposas), e da obediência(filhos). Percebemos que tanto o pastor como a esposa e filhos têm responsabilidades a cumprir de modo que a harmonia se efetue e tenham o compromisso com a perpetuidade nos níveis físico, moral, social e espiritual. Entendo que o pastor-pregador jamais deve colocar a sua família em segundo plano. Um outro aspecto é que a sua família ditará os moldes de comportamento para as demais famílias da igreja. A sua família precisa de amor, dedicação, cuidado, saúde, educação, diversão e tantas outras coisas comuns à vida social.
 
V – Implicações Éticas de sua Vida Social
 
       Quando folheamos as noções bíblicas registradas nas epístolas pastorais quanto às implicações éticas da vida social do pastor-pregador somos impelidos a desenhar alguns moldes desse relacionamento. Estas noções podem ser divididas em relação aos níveis diferentes de pessoas e classes sociais. Deve o obreiro ter condições de relacionar-se com os idosos, respeitando-os e tendo amor nas exortações e cuidado. Semelhantemente com as viúvas cuidando de fazer as distinções e aplicações dos princípios cristãos e filantrópicos que dizem respeito ao trato e ao cuidado com esta classe tão marginalizada. 
       Deve manter uma certa eqüidistância entre as classes evitando preferir uns mais do que os outros. Cuidar para que nas situações de zelo pastoral, aconselhamento e proclamação não se envolva também nas emoções e sentimentos pessoais de modo que não sofra calúnias ou injúrias de ordem moral. Deve tratar a todos com distinção. No relacionamento com os jovens e as crianças temos a incumbência de ser exemplo fiel e digno da estatura de varão perfeito, aprovado, objetivando inspirar e direcionar às suas vidas. É importante manter um bom relacionamento com os vizinhos da igreja de modo que inspiremos confiança e credibilidade. O pastor-pregador precisa ser um exímio conhecedor de sua comunidade interna(igreja) como também de sua comunidade externa(moradores das regiões circunvizinhas) e deste modo ter condições de aplicar à palavra as reais necessidades do povo. 
       O pastor-pregador que exerce uma liderança e ministério equilibrados pode elevar e muito o conceito que as cadeias sociais maiores e mais complexas porventura tenham. Num tempo repleto de maus exemplos de atuação pastoral, somos obrigados a recuperar a imagem denegrida de uma missão excelente. O pastor-pregador-cidadão tem a obrigação de cumprir com os seus deveres e encargos sociais e levar a igreja a agir de modo que seja irrepreensível na sua conduta. Desde a sua família, até o mais complexo grupo social o seu comportamento ético e social deve ser o mais ajustado possível. Pois como líder espiritual e proclamador da Palavra de Deus precisa ser um bom exemplo a ser seguido.

 
C – A Pregação e a Palavra 
          A Bíblia foi escrita por 40 homens, aproximadamente.  Esses homens eram especiais apenas num sentido: foram ajudados pelo Espírito Santo a escrever as palavras de Deus.  Essa é a razão porque, apesar de ter sido escrita por homens, a Bíblia é chamada a "Palavra de Deus”. De acordo com 2 Pedro 1.21, houve alguém que motivou os homens a escreverem a Palavra de Deus. Algumas vezes o Espírito Santo disse ao escritor exatamente o que ele deveria escrever. Leia, a propósito, Jeremias 36.  O verso 2 ordena: "Toma o rolo dum livro, e escreve nele todas as palavras que te hei falado contra Israel......”. Ao ler Lucas 1.3 e Apocalipse 1.1-11, percebe-se que o escritor foi guiado a buscar e a instruir-se, através do Espírito Santo, de tudo que deveria escrever.  Isso implica dizer que Deus atuou de varias maneiras, a fim de que a sua mensagem fosse revelada ao Homem. 
       A Bíblia é a palavra inerrante de Deus. “O efeito mais excelente da inspiração é a assim chamada inerrância da Sagrada Escritura. Esta qualidade segue-se necessariamente ao conceito de Inspiração”12. Inerrante assim como infalível são duas palavras usadas para definir a doutrina da Inspiração. O que estas palavras comunicam está intimamente ligado ao pensamento do autor e do leitor13, ou seja, os conceitos precisos ou os desajustes sobre inerrância surgem da compreensão do sentido das palavras. Inerrância denota a liberdade de divagação ou afastamento da verdade 14. Viertel cita Young que define a inerrância das Escrituras afirmando que “cada asserção da Bíblia é verdadeira, quer a Bíblia se refira ao que se deve crer(doutrina) ou como devemos viver(ética), ou se narra acontecimentos históricos”15. 
       O conceito de inerrância que predomina entre os que discutem este tema nos faz compreender que a “inerrância só é própria as afirmações, aos juízos, do autor inspirado, e não a tudo que se encontra de qualquer maneira na Bíblia”16. Uma vez que a verdade divina na Bíblia nos é transmitida por homens, os quais, embora estando sob o influxo da inspiração divina, permaneciam homens de seu tempo; e é somente através desta realidade humanamente condicionada que nos é possível ter acesso à verdade de Deus17. Gosto da definição sobre inerrância do ICBI: “sendo total e verbalmente dada por Deus, a Escritura é sem erro ou defeito em todo o seu ensinamento, não o é menos com respeito ao que diz sobre os atos de Deus na criação, sobre os eventos da História humana, e sobre suas próprias origens literárias, do que no seu testemunho da graça divina de Deus na vida dos indivíduos”18.
 
I – O Valor da Palavra de Deus  
       Não estou preocupado nesta abordagem com as informações técnicas, quero abrir o meu coração e dizer que creio na Bíblia como a Palavra de Deus que não falha, que transforma, que edifica, que corrige, que instrui para a salvação. Uma vez que a palavra de Deus (Escrituras) é perfeita o seu papel na capacitação do homem perfeito é central. Meu desejo é destacar algumas implicações desta perfeição das Escrituras na construção do homem de Deus preparado para toda a boa obra à luz do raciocínio do apóstolo Paulo em 2 Timóteo 3.4-17. Como seria se Deus não falasse? Creio que muitas das dúvidas que tinha antes de conhecer a Bíblia ainda permaneceriam me incomodando. Aprendi a ler com cinco anos e já nesse período tive acesso às informações contidas nas Sagradas Escrituras. O cristianismo existe por causa das verdades reveladas na Bíblia. Neste livro Deus comunica todas as revelações necessárias para se alcançar a salvação e a maturidade cristã. 
  1. A Palavra na Formação do Caráter (vv.14-15).

 
       De posse destes versos quais foram as fontes de influência na formação do caráter de Timóteo? Os filhos necessariamente não se convertem só porque aprendem as Escrituras. É necessário andar próximo do Deus da Palavra; é necessário cultivar o hábito de valorizar e amar o Senhor; é necessário praticar os ensinos bíblicos. O valor da palavra foi sedimentado na vida do jovem Timóteo pelo modelo de cristão marcado na vida de sua mãe. O caráter do Jovem Timóteo deveria ser marcado por que tipo de fé? Sim ele e nós precisamos de um fé genuína, autêntica, sem falsificações. Daí para que o caráter cristão seja formado em nos faz-se necessário constante perseverança e aplicação. 
     A fonte de formação divina no caráter cristão deve-se ao fato de que o autor das Escrituras é Deus e elas estão impregnadas de conceitos e ensinos que marcam o caráter divino. Como é o caráter de Deus? Este Deus reto e santo pretende conduzir-nos a obediência pois sabe que em obedecê-lo recuperaremos o tempo e as oportunidades perdidas em conseqüência do pecado. Você sabe o significado do nome Timóteo? Este nome significa “que honra a Deus” e a vida deste irmão nos mostra que ele fez jus ao nome. O conselho dado é de que a formação do caráter está intimamente ligada ao permanecer no padrão estabelecido na Palavra de Deus. A palavra padrão (hupotupósis) denota um esboço geral ou planta usada por um artista, ou, na literatura, o rascunho que forma a base de uma exposição mais plena. A orientação recebida era que Timóteo deveria agarrar-se firmemente ao modelo da verdade que tanto Paulo quanto a sua avó e sua mãe lhe haviam ensinado, especialmente no tocante à fé e o amor que Jesus Cristo lhe oferece. 
     O cristão que reconhecendo o valor da inerrância das Escrituras desejar ter o seu caráter bem formado por ela não pode abrir mão da Iluminação produzida pelo Espírito Santo e ao estudá-la deve contar com esta parceria espiritual, além do que deve também desenvolver um constante trabalho de análise do seu próprio viver de modo que sua vida não se desvie do perfil desejado por Deus. E esta análise demanda coerência, concordância, esforço, zelo, cuidado, daquele que tem o propósito de honrar ao Senhor na totalidade da sua existência. “Paulo refere-se ao Antigo Testamento, uma vez que o Novo Testamento recém começava  a ser escrito, e somente no final do primeiro século da era cristã começaria a ser reconhecido como Escritura. Mas, ainda que Paulo faça estas colocações em relação ao Antigo Testamento, elas também valem para o Novo Testamento, pois os apóstolos falaram movidos pela mesma submissão ao Espírito de Deus(2 Coríntios 2.17; 4.1; 2 Pedro 1.16-21).”19 
2. A Natureza das Escrituras (v.16).
 
       O que o verso 16 diz sobre a natureza das Escrituras? Se por um lado o verso em questão ao mencionar a expressão “toda Escritura” faz alusão aos livros do Antigo Testamento. O Cânon20 nos permite, pela graça de Deus, considerar também os preceitos dos livros do Novo Testamento. O Cânon é fundamental para a nossa fé. Inspiração = Autoridade = Proclamação Autorizada. Se o homem não é capaz de crer na natureza divina das Escrituras, como se submeterá aos seus ensinos? Ainda que Deus tenha utilizado homens para o registro de sua revelação isto não diminui o valor nem a autoridade da mesma. Os que argumentam contra a inerrância defendem que o “homem é falível, logo o que ele escreve é falível”21; não vejo dificuldades no fato de homens (aproximadamente 40)terem sido instrumentos na transmissão das verdades e vontade eterna de Deus.  
       A inspiração sugere que a Bíblia é a mensagem de Deus para todas as pessoas. A humanidade pode experimentar a benéfica realidade da transformação oferecida por Deus através da aplicação dos princípios bíblicos no viver cotidiano. Então, homens e mulheres, jovens e crianças estão ao alcance das Escrituras assim como elas estão ao alcance deles também. Uma vez que a Bíblia é a mensagem de Deus para a humanidade aplica-se sobre os que a conhecem a responsabilidade de conduzir outros ao mesmo conhecimento. Você está envolvido em algum programa de ensino da palavra a alguém? Que método você está usando? Qual semeadores de esperança devemos espalhar a boa notícia que Deus tem preparado para a humanidade. A Bíblia distingue-se de todas as demais obras literárias por ser transparente e preciosa: sua denúncia desmascara indistintamente a todos, inclusive os próprios escritores bíblicos22.
 
  1. A Utilidade das Escrituras (v.16).

 
       Qual a utilidade das Escrituras em sua vida? A utilidade das Escrituras é desenvolvida neste verso em pelo menos quatro dimensões que veremos mais adiante. “A escritura é tal baliza para a salvação, porque sua procedência é peculiar. Paulo afirma que toda Escritura é inspirada por Deus”23. Mais uma vez quero destacar que a utilidade das Escrituras está intimamente ligada ao conceito de inerrância. Se o leitor crê de fato que a Bíblia é a palavra infalível de Deus está apto então a desfrutar ou submeter-se ao crivo da utilidade das Escrituras em sua vida. Você crê que a Bíblia é a palavra infalível de Deus? No meu modo de avaliar este verso a utilidade das Escrituras no permite considerá-la como agente de transformação: 
     No ensino da verdade = didaskalia = o ensino só acontece quando há uma mudança de comportamento. Tanto o Antigo quanto o Novo Testamentos são pastoravelmente úteis para o ensino, como fonte positiva da doutrina cristã. Na Grande Comissão temos uma tarefa(Mateus 28.18-20).  Sim a tarefa consiste em ensinar os novos discípulos de Jesus a guardar tudo o que os discípulos já maduros têm aprendido do Mestre. O ministério pastoral deve ter a finalidade de ensinar a viver a vida. 
     Na Convicção do pecado = repreensão = elenromai = a Escritura tem a capacidade de convencer-nos de que somos pecadores. À luz de João 16 compreendemos que o Espírito Santo, agente da inspiração, exerce um ministério sobre nossas vidas. Que ministério é esse? Sem a ajuda da Palavra eu não posso ser um bom cristão(Hebreus 3.13). A idéia desta etapa é que as Escrituras são úteis porque refutam o erro e repreendem o pecado24. 
     Na Correção de Erros = Eis o milagre de corrigir pessoas. Eis a tarefa de colocar o trem novamente nos trilhos. A correção envolve reparar, consertar erros, colocando em ordem a nossa casa. A Bíblia nos mostra como podemos nos corrigir: à luz do verso 14 a idéia é de permanecer ou voltar ao padrão aprendido com Jesus. Para a correção ocorrer com mais precisão é necessário aplicar a Bíblia onde há feridas. Correção ocorre e existe “para convencer os mal orientados dos seus erros e colocá-los no caminho certo outra vez”25. 
     Na Educação da Justiça = Instruir = Educar = paideia. Tornar um filho com as mesmas qualidades que o pai tem. Você é filho de Deus? As qualidades de Deus são encontradas na sua vida? A Bíblia existe para que nos melhoremos o nosso comportamento. A maioria dos cristãos continuam ignorantes da palavra de Deus. O crescimento no conhecimento da palavra de Deus leva a sabedoria. Aí o homem amadurece para a salvação e a fé torna-se profunda em Cristo. Depois de aprendida a palavra repreende e corrige o curso da vida. A Escritura nos capacita para a obra e nos leva a perfeição: são as instruções de Deus.
 
  1. O Propósito Final das Escrituras (v.17)

 
       “Esta palavra inspirada por Deus serve ao seu propósito eterno, ela ensina, repreende e corrige, auxiliando-nos a nadar contra a correnteza deste mundo. Ela é um instrumento pedagógico de Deus que quer educar na justiça, capacitar o homem de Deus, a fim de que seja apto para toda boa obra”26. Qual é na sua opinião a função específica da palavra de Deus? A função específica das Escrituras envolve a produção de um servo de Deus capacitado, útil, habilitado, treinado para toda boa obra que Deus quer que façamos. Por que muitos irmãos não trabalham na obra de Deus? Respostas: A Bíblia não está chegando no seu alvo. O milagre não está acontecendo. O crente não cresceu nas Escrituras. 
       A Bíblia tem como propósito tornar o cristão uma pessoa perfeita, madura. Ela equipa e adequa o homem para que enfrente todas as situações e seja vitorioso. A firmeza é uma operação constante que emana da natureza da sua experiência e de seu caráter espiritual em ser equipado mediante as Escrituras. As Escrituras são o meio pelo qual Deus comunica tanto a salvação como também a santificação. Leitura, ensino, pregação e meditação sobre as escrituras deve produzir líderes hábeis para operar boas obras. 
     Ao concluir desejo afirmar que optei por abrir o coração e a Bíblia porque creio na inspiração e utilidade das Escrituras. Não ignoro os questionamentos que circundam a questão da inerrância e a opção por esta abordagem não consiste numa fuga da realidade ligada a mesma. No meu entender o fato de crer na inerrância das Escrituras produziu um estímulo maior no desenvolvimento das idéias aqui expostas. Valho-me da afirmação de Wesley para dar termo esta etapa: “Pois, se houvesse qualquer erro na Bíblia, poderia haver mil. Se houver algum engano nesse livro, ele não veio do Deus da verdade”27.
 
II – Os Contrastes do Ministério Cristão(1Coríntios 4) 
1 – Missão e Recompensa no Ministério(1-5) 
     “Vocês nos devem tratar como servidores de Cristo, que foram encarregados de administrar a realização dos planos secretos de Deus. O que se exige de quem tem essa responsabilidade é que seja fiel ao seu Senhor. Mas para mim não tem a menor importância ser julgado por vocês ou por um tribunal humano. Eu não julgo nem a mim mesmo. A minha consciência está limpa, mas isso não prova que sou, de fato, inocente. Quem me julga é o Senhor. Portanto, não julguem ninguém antes da hora; esperem o julgamento final, quando o Senhor vier. Ele trará para a luz os segredos escondidos no escuro e mostrará as intenções que estão no coração das pessoas. Então cada um receberá de Deus os elogios que merece”. 
     1) Os homens devem nos considerar como(1): a) Ministros de Cristo = “remador inferior” = servos que trabalhavam na parte de baixo de um grande navio(posição de humildade). b) Despenseiros dos Mistérios de Deus =  “superintendente”, administrador dos escravos, homem de confiança do seu senhor. Sua posição era de responsabilidade. c) A tarefa do servo de Cristo que administra a proclamação da revelação divina deve ser realizada com humildade, obediência e responsabilidade já que ele está encarregado de realizar os planos de Deus. Como os homens te consideram?  É assim que eles nos vêem? 
       2) Dos despenseiros requer-se(2): a) Fidelidade a Jesus Cristo seu Senhor. b) Ser alguém digno de confiança deve ser o objetivo de cada cristão e muito mais ainda do pregador(1 Pedro 4.10). A quem compete julgar o trabalho dos ministros de Cristo(3,4)? a) Esse julgamento não é de propriedade de uma comunidade religiosa(3). b) Esse julgamento não é de propriedade de uma instituição de poder constituído(3). c) Esse julgamento não é de propriedade do próprio ministro de Cristo: porque não somos imparciais e mesmo que a consciência esteja limpa não significa que sejamos justos ou inocentes. d) Esse julgamento é de propriedade do Senhor(4).
 
2 - A Pedagogia do Ministério(6-13)
 
     “Meus irmãos e minhas irmãs, é para instruir vocês que eu tenho aplicado essas lições a mim mesmo e a Apolo. Usei nós dois como um exemplo, para que vocês aprendam o que quer dizer o ditado: "Obedeça ao que está escrito." Ninguém deve se orgulhar de uma pessoa e desprezar outra. Quem é que fez você superior aos outros? Por acaso não foi Deus quem lhe deu tudo o que você tem? Então por que é que você fica todo orgulhoso como se o que você tem não fosse dado por Deus? Pelo que parece, vocês já têm tudo o que precisam! Já são ricos! Vocês já se tornaram reis, e nós, não! Que bom se vocês fossem reis de verdade, para que nós pudéssemos reinar junto com vocês! Porque me parece que Deus pôs a nós, os apóstolos, no último lugar.  
     Somos como as pessoas condenadas a morrer em público, como espetáculo para o mundo inteiro, tanto para os anjos como para os seres humanos. Por causa de Cristo nós somos loucos, mas vocês são sábios por estarem unidos com ele. Nós somos fracos, e vocês são fortes; vocês são respeitados, e nós somos desprezados. Até agora temos passado fome e sede. Temos nos vestido com trapos, temos recebido bofetadas e não temos lugar certo para morar. Temos nos cansado de trabalhar para nos sustentar. Quando somos amaldiçoados, nós abençoamos. Quando somos perseguidos, agüentamos com paciência. Quando somos insultados, respondemos com palavras delicadas. Somos considerados como lixo, e até agora somos tratados como a imundície deste mundo”.
 
     1) A necessidade de ensinar com a própria vida(6). a) A vida do ministro deve ser usada como exemplo vivo dos ensinos ministrados. b) A motivação para este exemplo vivo reside no amor ao irmão. c) Deste modo os que nos ouvem crerão no que estamos falando. d) Respeitarão os que falam pela coerência e fugirão da soberba. Me permita ser indiscreto: você é capaz de pregar sobre algo que ainda não vive ou pratica? Tenho aprendido a pedir permissão a minha congregação para falar a ela sobre um assunto que ainda não pratico e creio que esta atitude tem sido coerente e os meus irmãos aprendem a lição da transparência. 
     2) A necessidade de abandonar o orgulho(7). O homem de Deus não pode ser orgulhoso. Não podemos ser afetados pela síndrome do pavão. Este animal belíssimo que tem uma plumagem encantadora e que dizem não olha jamais para suas patas que geralmente estão enlameadas, coberta de barro. Talvez ele nos ensine que não somente os nossos  pés são de barro mas que toda a nossa existência é pó. Eu os desafio a olharem para dentro do coração e descobrirem se o orgulho está alojado em algum canto. Não podemos ceder ao orgulho porque tudo o que temos ou somos é obra de Deus.
 
     3) A necessidade de fazer sentir a necessidade dos líderes(8). a) Os irmãos em Corinto sentiam-se auto-suficientes. Fortes = satisfeitos. Não sentiam falta de nada. Por que? Ricos = reinar. Indica que os coríntios sentiam-se seguros e sem carências. Esta auto-suficiência estava longe de ser progresso na vida e na fé cristã. b) Os coríntios, como alguns cristãos contemporâneos, proclamavam sua independência dos líderes eclesiásticos. Eles declaravam que sem o auxílio dos ministros chegaram lá. Onde? Eles afirmavam que tinham alcançado um posição que nem mesmo os apóstolos reivindicavam. c) De fato este crescimento é o objetivo do líder espiritual em relação aos seus irmãos na fé. Mas eles ainda não haviam alcançado e precisam descer do orgulho e seguir o exemplo dos seus líderes.   
     4) A necessidade de empenhar-se no trabalho(9). a) Ao invés de reclamar, o pastor-pregador, deve reconhecer a posição que Deus o colocou. Amados Deus nos colocou em último lugar(lá trás na fila). Amados Deus nos colocou numa posição de “condenados a morte”. Amados Deus nos fez “espetáculo” ao mundo, tanto aos homens como aos anjos. b) Ao invés de ficar querendo mudar esta “situação” devemos cumprir e bem a nossa tarefa. Faça o seu trabalho com diligência. Não fique ostentando as glórias e os louvores pelo exercício do seu ministério de proclamar a vontade de Deus. Agradeça a Deus porque ele tem confiado a você tão sublime e nobre tarefa. 
     5) A necessidade de esclarecer as diferenças(10-13). a) Os ministros somos loucos por causa de Cristo(10). O mundo não nos ama nem nos compreende pois é incompatível com o Senhor. Os irmãos as vezes se acham sábios de mais para dar ouvidos ao que pregamos. b) Os ministros somos fracos(10). Os irmãos na grande maioria das vezes querem confrontar-nos pois julgam que são mais forte do que nós. c) Os ministros somos desprezíveis(10). Quantas vezes somos humilhados, desprezados? Você consegue comprar a crédito sem burocracia e sem desconfianças? Os irmãos se acham ilustres, iminentes, gloriosos. Isto te afronta? A mim também! 
     d) Os ministros somos afetados no exercício de nossa vocação por várias provações(11-13). Padecendo fome e sede. Não tendo vestimentas adequadas e suficientes. Sendo tratados com rudeza e discriminação. Não tendo lugar fixo para morar em face das mudança ministeriais. Afadigamo-nos com o trabalho excessivo. Recebendo injúrias(ultrajes) e reagindo de bom coração e boas palavras. Sendo perseguidos e suportando os perseguidores. Sendo caluniados(difamados) mas suplicando e exortando os caluniadores. e) Ainda que os cristãos queiram ocupar um lugar de destaque, não devemos ter ilusões quanto ao lugar reservado para nós neste mundo(13).

 
3 – O Apelo do Ministro(14-21)
 
     “Não estou escrevendo essas coisas para envergonhar vocês, mas para ensiná-los como se vocês fossem meus próprios filhos queridos. Mesmo que vocês tivessem milhares de mestres na fé cristã, não poderiam ter mais de um pai. Pois, quando levei a vocês o evangelho, eu me tornei o pai de vocês na vida que vivem em união com Cristo Jesus. Portanto, eu peço que sigam o meu exemplo. Por isso estou enviando para vocês Timóteo, que é meu querido e fiel filho no Senhor. Ele vai ajudá-los a lembrarem dos caminhos que sigo na nova vida que tenho em união com Cristo Jesus, caminhos esses que ensino em todas as igrejas. Alguns de vocês ficaram orgulhosos, certos de que eu não iria visitá-los. Porém, se o Senhor quiser, eu vou visitá-los logo. Então vou saber o que esses orgulhosos são capazes de fazer e não somente o que eles são capazes de dizer. Pois o Reino de Deus não é coisa de palavras, mas de poder. O que é que vocês preferem: Que eu vá até vocês com um chicote ou com o coração cheio de amor e bondade?”
 
     1) O ministro deve apelar aos irmãos no sentido de ajudá-los(14). A sua tarefa de proclamação e ensino tem como meta maior ajudar as suas ovelhas a serem mais comprometidas com o Senhor Jesus. Não basta apenas pregar e preciso fazer isto de modo correto e produtivo. Assim devemos: a) evitar envergonhar os irmãos ou humilhá-los enquanto pregamos sobre os problemas ou falhas. b) tratá-los como filhos amados. Criticar com amor. Assumindo a condição e a posição de pai espiritual. c) Admoestar e repreendê-los pelos erros cometidos. Assim faria o Senhor se estivesse em nosso lugar e não podemos fugir ao padrão dEle. 
     2) O ministro deve demonstrar o seu afeto aos seus irmãos(15). É claro que as oportunidades para demonstrar afeto pelos membros da igreja e ouvintes são diversas mas não podemos esquecer deste detalhe quando estamos pregando. a) Pedagogo = aquele escravo que levava a criança à escola e geralmente cuidava dela. b) Ainda que os coríntios tivessem outros pedagogos nenhum deles poderia substituir o pai espiritual e nenhum deles poderia desenvolver o afeto que Paulo tinha por eles. O pastor-pregador deve assumir a condição de pai espiritual e revelar seu amor paternal às ovelhas. Querido irmão você realmente ama às suas ovelhas?  
       3) O ministro deve desafiar os irmãos a serem seus imitadores(16). Que responsabilidade gigantesca! Mas não podemos fugir dela porque faz parte do nosso chamado além pregar também ser modelo, exemplo para os fiéis. a) É claro que não se trata de ganhar seguidores para nós mesmos e sim conduzi-los com firmeza e segurança ao Senhor Jesus. b) Imitar a mim que imito a Cristo.  Podemos chamar este princípio de mimetismo = o fenômeno de tomarem vários animais a cor e a configuração dos objetos em cujos meios vivem. Esta tarefa exige que cada um de nós busque a cada dia uma semelhança cada vez maior com o Senhor a fim de que os nossos irmãos possam seguir-nos com segurança. 
       4) O ministro deve estimular o discipulado tendo ele mesmo discípulos(17). A pregação é um dos recursos usados no processo mas não é o único. Você e eu precisamos compartilhar tempo e experiências com os irmãos a fim de que sejam discipulados. a) O discipulado exige amor do discípulo para com  o mestre. b) O discipulado exige fidelidade ao Senhor Jesus. c) O discipulado exige conhecimento das pegadas de Jesus. d) O discipulado exige ensino doutrinário compatível com os ensinos do Mestre. e) O discipulado baseia-se no princípio da continuidade da obra(Paulo enviou Timóteo).  
       5) O ministro deve confrontar os irmãos que estão no erro(18-20). Me parece que alguns pregadores gostam mais desta parte da tarefa da proclamação e andam diariamente com o “chicote da Palavra” e não equilibram o seu ministério de pregação com os outros importantes objetivos da pregação. a) Aqueles irmãos envaidecidos(orgulhosos) pensavam e diziam que Paulo não ousava encará-los. Você tem algumas ovelhas assim?  b) Paulo procura confirmar o seu desejo de brevemente estar com eles e a confrontação haveria de ocorrer(18). c) A base para não seria as palavras e sim o poder de Deus(19). Estariam os opositores de Paulo, ou os nossos, habilitados pelo poder de Deus? O que você acha(20)?  
       6) O ministro deve ter alternativas no seu trabalho terapêutico(21). A pregação da Palavra tem esta função de corrigir e consertar o que está errado. O pastor-pregador não pode perder de vista os importantes resultados que a Palavra que ele prega produz na vida dos ouvintes. a) Paulo deveria “ir com vara” = com severidade, pronto para puni-los e repreendê-los. b) Mas também deveria “ir com amor e espírito de mansidão” = com disposição branda de falar-lhes ao coração. c) Os irmãos deveriam escolher o método pois ambos funcionariam desde que eles estivessem dispostos a recebê-lo com a autoridade espiritual para tal tarefa. 
III – Os Dons Espirituais e a Ordem no Culto(1 Coríntios 14)
 
1 - A superioridade da proclamação(1-25).
 
     1) O dom importante é o da profecia(proclamação autorizada da mensagem divina)(v.1). “Portanto, sigam pelo caminho do amor, enquanto colocam o coração nos dons do Espírito. O maior dom quem você podem almejar é a capacidade de falar as mensagens de Deus”. Os cristãos devem buscar uma vida de amor(1 Coríntios 13). É direito do cristãos zelar pelos dons espirituais. E dentre estes o prioritário deve ser o da proclamação. O profeta do Novo Testamento não é um mero pregador, mas um pregador inspirado através do qual o Novo Testamento foi escrito e novas revelações foram dadas para a nova dispensação(vv.29,20). 
      
  1. O dom de línguas é um dom menor por ser ininteligível(v.2). “O homem que fala numa ‘língua’ não se dirige a homens(pois ninguém compreende uma só palavra do que diz), mas a Deus; ele está falando segredos espirituais somente em seu espírito”. Não fala aos homens porque é uma linguagem que não é conhecida. Não fala para si mesmo porque quem fala também não entende. Fala somente a Deus, porque em Espírito fala mistérios. O que fala em línguas edifica-se a si mesmo.
 
     3) O dom da profecia é útil a todos(vv.3-4). “Mas aquele que prega a palavra de Deus está utilizando aquilo que fala para edificar a fé dos homens, animá-los ou consolá-los. O que fala numa ‘língua’ edifica sua própria alma, mas o que prega edifica a igreja”. O dom de profecia é útil porque auxilia na: edificação, exortação e consolação dos crentes.  
      
  1. Para que o dom de línguas edifique a igreja é necessário que haja intérprete(v.5). “Aliás, eu gostaria que todos vocês falassem em ‘línguas’, mas preferiria que todos pregassem a palavra de Deus. Pois aquele que prega a palavra realiza um trabalho maior do que aquele que fala em ‘línguas’, a menos, é claro, que este último interprete suas palavras para o benefício da igreja”. Paulo desejava que os irmãos em Corinto falassem em línguas mas o seu desejo era maior no sentido de que eles proclamassem a mensagem divina. Por que esta preferência? A proclamação da vontade do Senhor revelada nas páginas da Bíblia produz edificação enquanto que o falar em línguas só edifica a comunidade se houver um intérprete. O que isto aponta ou indica sobre a questão do uso do dom de línguas em nossa comunidade atualmente?

      
  1. O importante no uso do dons espirituais é a edificação(v.6). Pois, meus irmãos, suponham que eu vá até vocês falando em ‘línguas’. Que bem lhes faria se não pudesse dar alguma revelação da verdade, algum conhecimento das coisas espirituais ou alguma mensagem da parte de Deus ou algum ensino sobre a vida cristã?” Mais uma vez Paulo situa o dom de línguas numa posição menor em relação à edificação da igreja. A revelação da vontade de Deus aos irmãos é proveitosa para a edificação. A ciência ou conhecimento espiritual também o é. A proclamação das verdades divinas é proveitosa para a edificação(edifica, exorta, consola). O ensino(doutrina) que receberam de Jesus e lhes foi transmitido por Paulo é proveitoso para a edificação.

      
  1. Ilustrações sonoras que nos ajudam(vv.7-9). “Mesmo no caso de objetos inanimados capazes de produzir sons, tais como a flauta e a harpa, quem poderá dizer que melodia está sendo entoada se as notas não forem tocadas nos devidos intervalos? Se as notas da corneta não forem claras, quem receberá o alerta? Assim, no caso de vocês, se não produzirem com sua ‘língua’ sons compreensíveis, como alguém poderá saber de que vocês estão falando? Seria o mesmo que falar a um auditório vazio!” O que o Apóstolo quer nos ensinar com essas ilustrações? Os sons dos instrumentos de sopro devem distinguir-se dos sons dos instrumentos de cordas e aí temos a linguagem musical. A comunicação numa linguagem discordante, sem propósito, não significa nada. No domínio militar, a trombeta(corneta) transmite a voz de comando do chefe aos homens que estão longe dele e cada som refere-se a uma ordem distinta. Assim, o que toca deve estar certo do que deseja transmitir pois se a corneta não for bem tocada falhará no seu propósito. Assim cremos que a fala ininteligível está condenada a sumir no ar.
 
       7) Uma comunicação numa linguagem estranha ou estrangeira não edifica(vv.10-11). No mundo pode existir uma grande variedade de sons falados, e nenhum e sem sentido. Mas se os sons da voz daquele que fala nada significam para mim, estou fadado a ser como um estrangeiro para ele, e ele um estrangeiro para mim”. Há várias línguas(idiomas) no mundo e todas elas têm significados. Mas se não conseguirmos interpretá-las seremos estrangeiros para quem fala e quem fala será estrangeiro para nós e neste caso a edificação deixará de ocorrer por falha no processo de comunicação. Observe atentamente o gráfico a seguir:






 
        Emissor                       Mensagem                           Receptor

 
     8) A igreja deve progredir na questão dos dons espirituais a fim de que seja edificada(vv.12-17). “Por isso, com vocês mesmos, visto que se encontram tão ansiosos por possuir dons espirituais, concentrem seu desejo em receber aqueles que contribuem para o crescimento da igreja. Isto significa que se um de vocês  fala em uma ‘língua’, essa pessoa deve orar para que seja capaz de interpretar o que diz. Se eu oro numa ‘língua’, meu espírito está orando, mas minha mente permanece inativa. Por isso estou decido a orar com meu espírito e também com minha mente e, se cantar, cantarei tanto no espírito quanto na mente. Se não for assim, quando você está louvando a Deus com seu espírito, como a pessoa sem instrução poderá dizer amém  à sua ação de graças, se ela não sabe o que você diz? Você poderá estar fazendo um esplêndido agradecimento a Deus, mas isso em nada ajuda a outra pessoa”. Já temos visto que as línguas e os dons de sinais cessarão(1 Coríntios 13); enquanto isso devem ser usados com restrição, e apenas se um intérprete estiver presente(v.5). Na igreja primitiva havia liberdade para o ministério de todos os dons que estivessem presente, mas especialmente para a profecia(v.1). O progresso ocorrerá quando entendermos quais são os dons prioritários e como devem ser utilizados. O progresso ocorrerá quando a igreja possuir todos os dons e não buscar somente este ou aquele dom(v.12). Os dons se completam, se encaixam; dão sentido um ao outro(v.13). A edificação ocorrerá quando todas as manifestações do culto produzirem benefícios mútuos. As orações, louvor, gratidão, bênção proferidas em línguas precisam ser interpretadas para que a mente dos que nelas falam e os que as ouvem também(14-16). Senão houver interpretação não haverá edificação(v.17). 
       9) A preocupação indevida com as línguas indica infantilidade espiritual(vv.18-20). “Agradeço a Deus porque tenho um dom de ‘línguas’ maior do que qualquer um de vocês; mesmo assim, porém, quando estou na igreja prefiro falar cinco palavras com minha mente(que poderiam ensinar alguma coisa às outras pessoas), em vez de dez mil palavras numa ‘língua’ que ninguém entende. Meus irmãos, não sejam infantis, mas usem a inteligência! Sejam como crianças em todos os aspectos no que diz respeito ao mal, mas quanto à mente, sejam pessoas maduras!” Paulo tinha o dom de línguas e agradecia a Deus por esse dom(v.18). Mas quando estava no culto público preferia usar uma comunicação que fizesse sentido aos irmãos para edificá-los. Os cristãos devemos amadurecer pois esse gosto especial pela glossolália(manifestação de línguas) nos coloca numa condição de imaturos(v.20). Paulo coloca esse fenômeno como um “dom infantil”, ou pelo menos um dom que apela mais a uma criança do que a um adulto. 
       10) A diferença entre línguas e profecia(vv.21-25). “Nas Escrituras Sagradas está escrito: ‘Falarei a este povo - diz o Senhor - Falarei por meio de lábios estrangeiros e de línguas estranhas. Mas assim mesmo o meu povo não me ouvirá’. Portanto, o dom de falar em línguas estranhas é uma prova para os descrentes e não para os cristãos. Mas o dom de anunciar a mensagem de Deus é uma prova para os cristãos e não para os descrentes. Imaginem a igreja reunida e todos falando em línguas estranhas. Se chegarem algumas pessoas simples ou descrentes, será que não vão dizer que vocês estão loucos? Mas, se todos anunciarem a mensagem de Deus, e entrar ali algum descrente ou alguém que seja simples, ele vai ouvir o que vocês estão dizendo e se convencer do seu próprio pecado. E ele será julgado pelo que ouvir, os seus pensamentos secretos serão revelados, e ele vai se ajoelhar e adorar a Deus, dizendo: ‘na verdade Deus está com vocês!’” As línguas são um sinal para os incrédulos(21-22). A passagem citada por Paulo é Isaías 28.11-12 e o seu contexto indica que aqueles que se recusaram a ouvir o profeta tiveram como castigo ouvir uma linguagem que não podiam entender. Os que não cressem, ouviriam línguas, e não conseguiriam entender o seu maravilhoso significado(21). As línguas apontam para o juízo de Deus aos incrédulos(22). As profecias são dirigidas aos crentes, trazendo-lhes a verdadeira mensagem de Deus. A profecia produz benefícios bilaterais(23-25). Se por um lado as línguas escandalizavam os incrédulos e os indoutos(23). As profecias têm um efeito diferente: convencem os homens dos seus pecados, da justiça e do juízo divino(24). O efeito da palavra inspirada é revelar ao homem o seu estado. Outro benefício da profecia é conduzir o homem a adorar a Deus, reconhecer a presença de Deus em sua igreja(25).
 
2 - O Regulamento do Ministério dos Dons Espirituais na Igreja Local(vv.26-33).

 
     1) O critério da edificação deve normatizar nossa conduta(v.26). “Muito bem, meus irmãos, então sempre que vocês se reunirem, cada um esteja pronto para contribuir com um salmo, um ensino, uma verdade espiritual ou uma ‘língua’ com intérprete. Deve-se fazer tudo para fortalecer na fé a igreja a que vocês pertencem”. O culto existe em primeiro lugar para a adoração a Deus. Mas a edificação espiritual dos crentes não se acha ausente. Salmo = um cântico entoado com o acompanhamento de um instrumento. Doutrina = uma porção do ensinamento cristão. Revelação = um ensino específico de algo concernente à vontade do Senhor. Língua = uma manifestação de êxtase produzida pelo Espírito Santo. Interpretação = a capacidade espiritual de interpretar o que foi dito pelo que manifestou o dom de línguas. Quando adora a Deus, o crente exalta o criador, confessa seus pecados, apresenta suas súplicas, canta louvores, lê a palavra, ouve a proclamação, e responde com sua edificação e serviço. 
       2) A ordem deve caracterizar o uso dos dons espirituais(vv.27-33). “Se surgir a questão de falar em uma ‘língua’, limitem os que falam a dois ou no máximo três. Deve falar um de cada vez e haver alguém para interpretar o que é dito. Se vocês não tiverem nenhum intérprete, então aquele que fala em uma ‘língua’ deve manter silêncio na igreja, falando somente consigo mesmo e com Deus. Também não tenham mais de dois ou três pregadores, enquanto os demais refletem sobre o que foi dito. Contudo, se uma mensagem sobre a verdade vier a alguém que está sentado, então o que estava falando deve para. Pois dessa maneira todos vocês podem ter oportunidade de apresentar uma mensagem, um após o outro, e todos aprenderão e serão estimulados na fé. O espírito de um verdadeiro pregador está sob o controle daquele pregador, pois Deus não é um Deus de desordem, mas sim de harmonia, conforme se vê claramente em todas as igrejas”.    
       O exercício do dom de línguas é normatizado(27-28): Não mais do que 2 ou 3 pessoas podiam falar em cada reunião(v.27) e deviam falar uma de cada vez. Se ninguém fosse capaz de interpretar o que era dito, o orador deveria ficar em silêncio. O exercício do dom da proclamação é normatizado(vv.29-33): os irmãos que possuem o dom de falar em nome de Deus a respeito das coisas divinas, podem e devem falar, mas vão fazê-lo dentro da ordem e decência(v.29). Quem tem uma mensagem para a igreja vai falar, um de cada vez, mais aquilo que está sendo dito, também está sendo avaliado(julgado) por outros(v.29). A proclamação tem como objetivo o ensino(v.31): o cristão necessita aprender sempre. Ele nunca é suficientemente maduro. Ele nunca tem conhecimento em demasia. O crescimento na graça e no conhecimento de Jesus Cristo não tem limites. O culto é uma boa ocasião para o cristão aprender e crescer. Ao se preparar o culto, estejamos preocupados com o que estamos ensinando aos adoradores em nossas igrejas. 
       A proclamação tem como objetivo a consolação(v.31): a palavra usada para a consolação pode também ser traduzida por exortação. No culto deve haver consolação, isto é, conforto e ânimo para o crente que vive em meio as tribulações do mundo. Mas o culto deve exortar também o crente para a vida mais perto de Deus, para um testemunho eficaz, para uma dedicação maior ao reino, para um serviço de amor. Os que falam devem estar no controle de suas faculdades(v.32). Se algum dom, ministério ou operação provoca confusão, entristece o povo de Deus, tira a ordem das coisas do reino de Jesus Cristo, isso não procede de Deus(v.33). Somos servos de um Deus de ordem e de paz e devemos cultuá-lo com ordem, paz e decência. A desordem não significa a presença do Espírito de Deus e sua liberdade de ação(v.33).
 
3 - O Ministério da Mulher na Igreja(vv.34-35).
 
     “As mulheres estejam em silêncio na igreja; elas não devem receber permissão para falar. Devem submeter-se a este regulamento, conforme a própria Lei ensina. Se tiverem perguntas, devem fazê-las em casa a seu maridos, pois falar na igreja é impróprio para uma mulher”. 
       1) Paulo proibia as mulheres de falarem na igreja(v.34) e além da proibição encontramos a recomendação de que estejam submissas a seus maridos. Os judeus não admitiam mulheres falando ou liderando qualquer atividade nas sinagogas (um menino ou escravo podiam). Você sabe por que esta proibição foi estendida a igreja de Corinto? Corinto era um cidade pagã dominada pelo pecado. No meio pagão a religião relacionava-se diretamente com sexo ilícito e imoralidade. As sacerdotisas se destacavam nesses cultos e templos mantendo relações sexuais com os adoradores. Se uma mulher na igreja de Corinto ensinasse ou falasse em público causaria uma impressão de que a igreja cristã não era diferente do paganismo. Em 11.5 Paulo admite que a mulher ore e profetize em público. Mas era um prática cristã aceita. 
     2) A proibição pode referir-se às perguntas que as mulheres faziam durante o culto. Havia coisas que elas não entendiam. Ao perguntarem, muitas ao mesmo tempo, estabelecia-se barulho e confusão. O indecoroso seria isso: muitas pessoas falando. Se desejassem aprender deveriam perguntar aos seus maridos e em casa. A proibição poderia referir-se somente ao falar em línguas. E as razões estariam ainda na aparência que poderia haver com os culto pagãos, onde também acontecia fenômeno semelhante: pessoas em êxtase falavam uma linguagem incompreensível. Cremos que o ministério da mulher na igreja é uma bênção(v.35): em muitos lugares, mulheres têm assumido a liderança do trabalho, ante a carência de pastores e outros líderes. E mesmo nas igrejas onde existe liderança masculina, não se pode negar que as mulheres têm feito excelente trabalho.
 
4 - Um Mandamento a Ser Obedecido(vv.36-40).
 
     “Será que vocês estão começando a imaginar que a Palavra de Deus teve origem em sua igreja ou que possuem o monopólio da verdade de Deus? Se alguém entre vocês se considera um verdadeiro pregador e um homem espiritual, perceba que aquilo que escrevi foi por ordem divina! Quem não aceitar isso não deve ser aceito. Concluindo, então, meus irmãos, disponham o coração para pregar a palavra de Deus, sem proibir, no entanto, o uso de ‘línguas’. Tudo seja feito com decência e ordem”.  
     1) O apóstolo neste tratado sobre os dons espirituais ensina autorizado pelo Senhor(v.36). O seu ensino deve ser obedecido e respeitado. Se o ensino paulino fosse observado, muitas manifestações deveriam ser banidas do culto moderno. A recusa destes ensinos implicará em sermos ignorados(v.37). O mandamento de Paulo é mandamento de Deus. Se somos espirituais(profetas ou não) devemos reconhecer este fato e obedecer estes ensinos. Se não reconhecermos a autoridade do apóstolo, e mais a autoridade de Jesus Cristo nas palavras de Paulo, que sejamos ignorados(v.38). A proclamação é um dom mais excelente que as línguas(v.39). Os cristãos devem procurar com zelo por esse dom. Porque ele edifica, consola e conforta os crentes.  
     2) Paulo não proíbe as línguas, mas ele não vê grandes utilidades nelas. Este capítulo não foi escrito para estimular a prática das línguas. Pelo contrário, foi preparado para desestimular o uso das línguas e restringi-las. A necessidade de organização e decência no culto cristão(v.40). Paulo não está falando aqui que os coríntios estavam se comportando indecentemente do ponto de vista moral. Mas que o culto necessita de decência, no sentido de que deve ser organizado para glorificar um Deus organizado. O culto deve ser planejado para servir um Deus que planeja, e com que antecedência. O Senhor não improvisa, mas nós improvisamos, por negligência no planejamento daquilo que deveria merecer nossa melhor atenção: O CULTO. A Palavra de Deus deve moldar nossos cultos e devemos evitar a falta de decoro e as inovações indevidas.
 
D – A Pregação e os Objetivos
 
       Em geral, toda pregação bíblica tem por objetivo a persuadir as pessoas perdidas e incrédulas para um vida de fé em Cristo Jesus. O objetivo de Deus em usar um pregador e a sua Palavra e trazer de volta o homem que está afastado dele por causa dos seus pecados e da desobediência. Paulo defende que a pregação tem por objetivo comunicar  aos homens “todo o desígnio de Deus”(Atos 20.27), em todos os níveis de maturidade e entendimento. Cada pregador então deve saber que é apenas um instrumento  que Deus usa para que a sua vontade seja conhecida aos seus contemporâneos. Além dos objetivos específicos os pregadores devem considerar os objetivos gerais da pregação tais como: 
I – O Objetivo Evangelístico 
       Neste tipo de sermão o pregador compartilha os diversos textos da Palavra de Deus que anunciam a salvação do homem perdido através da pessoa maravilhosa de Cristo Jesus. Coloque o máximo de esforço na pregação de sermões evangelísticos, pois eles devem ser os melhores sermões que pregamos! Estes sermões não devem ser muito longos. Devemos apresentar também as grande doutrinas bíblicas nestes sermões: a fé em Cristo, a graça, o pecado, o amor de Deus, etc. É preciso pregar estes sermões evangelísticos com espírito de urgência, amor, compaixão e sempre na dependência do Espírito Santo. Lembre a conversão é obra do Espírito Santo mas a pregação e tarefa que nós devemos levar a sério.  
       Da mesma forma que os que só pregam sermões evangelísticos andam negligenciando os outros objetivos da pregação como também as necessidades do rebanho que deve estar faminto e necessitando ouvir da Palavra. Os que não pregam sermões evangelísticos estão privando um grande número de pessoas que os ouvem em conhecer a salvação através de Cristo Jesus. Precisamos de um programa de pregação equilibrado e isto vai depender da situação em que sua comunidade se encontre no que diz respeito a maturidade e tipo de freqüência que você tem normalmente nos cultos de sua igreja. Mas lembre-se o Senhor espera que proclamemos com fidelidade e equilíbrio a sua Palavra.  
II – O Objetivo Doutrinário 
     Usar este tipo de objetivo ao pregar suas mensagens é uma resposta ao desejo que existe no coração do crente de aprender mais sobre Deus, a Bíblia e aos assuntos espirituais. Um bom recurso para atender esta necessidade da congregação é solicitar aos irmãos que através de uma pesquisa que sugiram temas, assuntos, dúvidas ou ênfases doutrinárias que mais eles têm necessidades. Uma boa ocasião para fazer isto é quando você chega na igreja e assim você pode planejar com cuidado seu plano de pregação atendendo as necessidades indicadas enquanto vai fazendo a sua própria avaliação da comunidade. 
       Estes sermões doutrinários são úteis para preparar os crentes em relação ao surgimento de heresias e as possíveis entradas delas em nosso meio. Fortalecem os cristãos e lhes dá condições de discernir os falsos ensinamentos que são veiculados em profusão em nossa época. Auxiliam os crentes a serem mais interessados e ativos na vida cristã contribuindo assim para o crescimento e o fortalecimento da igreja. Estes sermões também auxiliam e muito o pregador na capacidade de sistematizar os assuntos da fé cristã. Ajudam o pregador a estudar mais e lhe fortalecem o espírito, o intelecto e o raciocínio dando-lhe uma atitude mais apologética.
 
III – O Objetivo Ético
 
       Os sermões com objetivos éticos são aqueles que tratam do relacionamento horizontal, ou do relacionamento entre os seres humanos. Tratam de como viver a vida cristã em relação à sociedade que nos cerca. O cristianismo é uma religião altamente ética. Vivemos numa nação terrivelmente afetada por ausência de uma postura ética correta. Há problemas de valores, de alvos, de princípios. Em que está baseado o nosso sistema de valores? A Bíblia tem princípios morais eternos e que podem resgatar a sociedade de qualquer país, inclusive o nosso. Eu e você precisamos enfrentar, com  ajuda do Senhor, o desafio moral e ético de nosso país. E mesmo que a mídia esteja longe do nosso alcance temos semanalmente um microfone e um auditório assentado e aguardando a nossa vez de proclamar a Palavra. Quantos sermões éticos você pregou no ultimo ano? 
       Eis alguns dos problemas morais e éticos que devem ocupar a agenda do seu púlpito: a corrupção, a gula, a pornografia, as drogas, a honestidade, o preconceito, a inveja, a cobiça, o amor, as inimizades, os pensamentos impuros, a televisão, a pobreza, a tentação, a violência, a língua, a ecologia,  a paz mundial, as guerras, o desemprego, e muitos outros. Devemos ser sensíveis aos problemas sociais e éticos e aplicar a Palavra de Deus de modo que ofereçamos uma alternativa eficaz. “A nossa tarefa principal é de ser instrumentos de Deus para criar os criadores de uma sociedade justa, pura e reta, em que os princípios do Evangelho são vividos e aplicados”28.
 
IV – O Objetivo Consagratório
 
       Sermões com este objetivo visam uma maior dedicação dos crentes à causa de Deus. Você tem percebido em sua igreja irmãos acomodados, frios, indiferentes? Pois é amigo a culpa em grande parte é sua se você não tem dado a atenção para a pregação de sermões que despertem o povo para uma maior consagração de suas vidas ao Senhor Jesus e a sua obra. Nestes sermões também objetivamos ajudar os crentes na descoberta e uso dos dons espirituais além do que também auxiliamos os irmãos a enfrentarem, devidamente capacitados pela palavra, a sua batalha contra o pecado. 
       Neste tipo de sermão precisamos de algumas ferramentas essenciais: 
O próprio pregador deve ser consagrado! É preciso conhecer as falhas e fraquezas do povo, os seus problemas e seu testemunho diante do mundo. É preciso crer que Deus possa atuar para melhorar a situação, crendo que a igreja se tornará cada vez mais uma igreja consagrada e atuante. É preciso crer que Deus distribuiu os dons espirituais e não deixa nenhuma igreja sem pessoas que têm um grande potencial. É preciso crer que Deus continue escolhendo e vocacionando obreiros para a sua seara. É preciso pregar estes sermões como amor e um espírito compassivo, em vez de condenar o povo. A nossa tendência é de pregar às pessoas ausentes, “tirando o recalque” nas pessoas presentes, que são os irmãos mais fiéis! Neste sentido, o conteúdo das mensagens deve ser mais positivo do que negativo. É preciso que sejam sermões que apelem a lógica e à razão(inteligência), à vontade e às emoções. É preciso oferecer sugestões práticas para o povo, bem como oportunidades para desenvolverem os seus dons. É bom levar o povo a agir!29
 
V – O Objetivo Devocional
 
       Neste tipo de objetivo o sermão enfatiza a relação do crente com Deus. Também chamamos esta ênfase de relacionamento vertical. Como pregadores da Palavra de Deus temos a possibilidade de conduzir nossos irmãos e ouvintes à presença do Pai celeste e de estabelecer confrontação com os hábitos devocionais que conduzem o cristão à maturidade. Assim podemos explorar nos sermões devocionais os diversos temas ligados à adoração, à comunhão, à oração, ao estudo da Bíblia, à contribuição, ao serviço de amor. Precisamos ensinar o nosso povo a recarregar as baterias espirituais e firmar um compromisso pessoal de devoção ao Senhor. 
       Quantos sermões devocionais você tem pregado no ano passado? Não é de se admirar a dificuldade de nossos irmãos e de nós mesmos em manter uma vida devocional consistente. Precisamos a exemplo de Samuel manter sempre acesa a chama da devoção(1 Samuel 7.17) como também ajudar os irmãos nesta área. Um dos grandes riscos do ministério e dos afazeres da vida cotidiana é perdermos o senso e a prática devocional. A lição deixada por Samuel é de que não podemos deixar que se apague esta chama da devoção particular e pessoal ao Deus Todo-Poderoso.
 
VI – O Objetivo Pastoral
 
       O objetivo pastoral também pode ser chamado de alento. A idéia aqui é confortar e cuidar do nosso rebanho a semelhança do pastor de ovelhas que cuida daquelas feridas e confusas.  Os sermões desta natureza ajudam o povo em seus problemas, mostrando-lhe como pode receber as promessas de Deus para solucioná-los. Quando uma pessoa vai a farmácia via de regra ele pretende comprar remédios. Quando uma pessoa vai a padaria ele pretende comprar pão. E quando alguém vem a igreja seja ele crente ou não? O que ele busca? Quantas vezes as pessoas têm vindo aos nossos cultos buscando alento e conforto na Palavra de Deus? Quantas vezes elas voltam com suas feridas abertas, com seus dilemas sem uma orientação, com suas lágrimas rolando pelas faces? 
       Ei pastor o que você anda fazendo que não obedece ao Senhor? “Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus”(Isaías 40.1). Não podemos fugir a esta tarefa tão vital para o rebanho. As nossas ovelhas no dia-a-dia sofrem afetações em áreas tão distintas como por exemplo: sofrimento, pânico, morte, ansiedades, preocupações, solidão, medo, adversidades, dúvida, desespero, etc. Todos nós precisamos da ajuda de Deus para a vida diária e os tempos difíceis. Mas eu e você somos responsáveis por encontrar as respostas para as perguntas que têm sufocado nossos irmãos e filhos espirituais.
 
E – A Pregação e o Sucesso
 
       Em recente conversa com um pastor muito famoso e de considerável envergadura na obra batista brasileira, ocorreu-me a seguinte pergunta: Como ser um pastor bem sucedido? E como resposta, ao contrário do que imaginava, remeteu-me aos ensinos e exemplos bíblicos que falam de líderes e liderança bem sucedidas como que verdadeiros padrões a serem seguidos. Nestas linhas que seguem quero compartilhar algumas noções que tenho aprendido no que diz respeito ao sucesso do pregador e pregação e o sucesso. Faremos isto juntos considerando os ensinos contidos em Atos 20.17-27, quando Paulo exorta os pastores de Éfeso, de modo que sejamos capazes de responder à pergunta: Como ser um pastor bem sucedido?
 
I – Em Primeiro Lugar Para Que Você Seja Bem Sucedido no Seu Pastorado é Necessário Viver na Condição de Servo(v.19). 
       Por certo o escritor do livro de Atos faz aqui um registro das considerações que o apóstolo Paulo fizera do seu próprio trabalho, de se próprio ministério. As noções que o versículo 19 nos apresentam são riquíssimas e muito inspirativas para execução da tarefa pastoral. Um primeira lição que podemos aprender através deste texto é que o pastor jamais pode perder de vista que é chamado para ser servo. Portanto, faz-se necessário que o pastor seja antes de qualquer coisa um servo humilde que se coloque à disposição de Deus e que revele esta submissão numa prática responsável de amor aos crentes, o rebanho ou a igreja que o Senhor tem confiado sob sua responsabilidade, de modo que tenha uma preocupação pessoal com cada uma de suas ovelhas. 
       O fato de ser um servo exige do obreiro uma justaposição de valores e objetivos de tal forma que em momento algum haja uma mudança e este passe a ser servido. Por certo Paulo realizou um ministério abençoado pois temos informações, em vários outros textos bíblicos, de que ele não abandonou a sua condição de servo do Senhor e servo da igreja. Não o vemos reclamando para si vantagens e privilégios para exercer o seu ministério. Quedava-se diante do Senhor humildemente e a despeito do seu excelente preparo intelectual dependia cada vez mais da orientação divina, pois é o mesmo Paulo quem disse: “vivo nas mais eu mais Cristo vive em mim”(Gálatas 2.20 a). A orientação que se tem é que o ministério pastoral está intimamente ligado à humildade que é uma característica básica daquele que se propõe a ser um servo de Deus. 
       Antes de qualquer outra virtude para ser um pastor bem sucedido é necessário viver na condição de servo. Este é um pré-requisito indispensável que deve permear o ministério de cada obreiro: “servindo ao Senhor com toda a humildade, e com lágrimas e provações...” Freqüentemente observo que vários colegas de ministério ao apresentar um pregador lançam mão de um triste recurso, que considero falsa modéstia, e dizem: “O grande servo de Deus, fulano de tal, vai nos trazer a mensagem nesta oportunidade”. O fato é que esta forma de apresentar e ser apresentado tem efeitos negativos e pode complicar a idéia bíblica acerca da palavra “servo” no contexto do ministério pastoral. 
       Quando penso neste paradoxo “grande servo” entristece-se o meu coração e sinto o desejo de mudar a ordem das palavras de modo que denote a idéia “servo do Deus grande”. Da mesma forma quando olho para o Servo Sofredor, Jesus Cristo, que nos deixou uma grande exemplo de humildade penso em mim mesmo e em cada colega de ministério que devemos desejar a cada dia que passa servirmos melhor ao grande Deus. Penso em nossas igrejas dedicadas e operosas servas do Senhor. Penso na obra expandindo, avançando, quebrando barreiras e ultrapassando fronteiras. Não posso continuar sonhando somente preciso parar e orar. Senhor tem misericórdia de nós quando ousamos dizer que somos seus servos. Ajuda-nos a viver de modo serviçal! 
       Queridos colegas de batalha e companheiros de vocação, a Palavra de Deus exige de cada um de nós, uma tomada de posição sincera e segura. É importante que se faça uma opção de vida a partir dos princípios de servir ou ser servido e peço permissão para usar um adágio popular que diz: “Quem não vive para servir não serve para viver”. Querido irmão partindo do pressuposto de sua vocação, quero lembrá-lo que o ministério pastoral é um serviço prestado a Deus e revelado na prática de amor e zelo pela igreja. Quero desafiá-lo a viver humildemente na dependência fidedigna da vontade de Deus e este desafio se estende a todos os cristãos. 
       Os seus objetivos hão de estar de acordo com os propósitos divinos. A semelhança de tantos outros servos que dedicam e dedicaram suas vidas à Deus, você também é conclamado a pertencer total e completamente ao Senhor. Revogando assim para si o direito e a aceitação de ser apenas servo e não senhor. Porém, meu amado irmão faz-se necessário ser um servo bom e fiel. E é isto que Deus espera de cada um de nós.
 
II – Em Segundo Lugar Para Que Você Seja Bem Sucedido no Seu Pastorado é Necessário Cumprir a Responsabilidade Proclamadora(v.20).
 
       Os versículos 20-23, 25 e 27 são cuidadosos em revelar-nos uma grande característica do ministério abençoado do apóstolo Paulo. Exatamente diz-nos o texto lido que a principal ocupação de Paulo era a pregação e o ensino da Palavra de Deus. O ministério pastoral exercido por Paulo se realizava publicamente nas reuniões e também de casa em casa. E em momento algum se esquivou de sua responsabilidade proclamadora. Qual é a sua principal ocupação ministerial? Você tem dado a devida atenção a exposição da Palavra? Está faltando tempo para preparar melhor as mensagens e os sermões? Você anda requentando sermões antigos? A agenda está muito cheia? Livre-se deste jugo e dê prioridade a pregação. Libere o seu povo para que ele realize a obra do ministério e você seja dedicado ao estudo, oração e proclamação da Palavra. 
       Quando lançamos as atenções para o fundo histórico desta passagem observamos que o anúncio do apóstolo Paulo é a mensagem de salvação após a ressurreição. Havia um interesse profundo de Paulo em ensinar qualquer coisa que fosse proveitosa para os seus ouvintes, embora nem sempre fosse bem aceita. Havia no seu coração o desejo de testemunhar, testificar tanto do arrependimento quando da fé em Jesus Cristo. Percebe-se também que como proclamador das boas-novas sua vida era controlada, guiada pelo Espírito Santo de Deus. 
       Sua pregação era fiel aos ensinos do Evangelho e sua responsabilidade proclamadora, qual atalaia, havia sido levada a termo. Pois esta responsabilidade espiritual do pastor Paulo de apresentar fielmente a mensagem que traz vida, lhe produziu uma confiança tão grande que no versículo 27 ele declara que jamais deixou de anunciar todo o conselho de Deus. O vemos como um profeta que, movido pelo Espírito Santo Deus, recebe e transmite a mensagem do Senhor ao povo e especialmente as verdades relacionadas com o Reino de Deus e com a salvação dos homens. 
       Quando leio o livro de Amós gosto da resposta e do comportamento do profeta em relação ao chamado de Deus. Que segundo Antônio Bonora “é como um grito inarticulado, um rugido que lhe sacode de maneira irresistível o ânimo”30. Pois diz-nos o texto do livro de Amós no capítulo 3 versículo 8: “Um leão rugiu; quem não temerá? O Senhor falou; quem não profetizará?” Aprendemos que Amós proclamou os desígnios divinos revelando, sem nenhuma condição a seu favor, as verdades que o povo precisava ouvir. 
       Talvez você esteja perguntando: o que tem a ver Amós com o que estamos analisando até agora? E eu de pronto respondo que a lição que este profeta nos dá é de grande valia. A chamada de Amós, assim como a de Paulo e sua também, envolvia o grande desafio de proclamar a vontade de Deus. E diga-se de passagem profetizar, falar em nome de Deus, anunciar à sua vontade é realmente um grande desafio. No caso de Amós era falar contra o Reino de Israel que crescia. Já o apóstolo Paulo recebeu a incumbência de falar aos gentios. E nós a quem proclamaremos? Bom somos comissionados a proclamar num templo repleto de desafios e Deus espera que cumpramos de forma honrosa nossa missão. 
       Vive a humanidade tempos de apostasia e hipocrisia religiosa, tensões sócio-político-econômicas, confusões ameaçadoras, perversões fatais dos valores e significados. De várias partes surge a exigência e a invocação de uma palavra luminosa e orientadora; existe em muitos o desejo de uma voz que derrote o absurdo e o não sentido aparentemente triunfantes. É para este tempo e para este povo que Deus nos colocou no ministério caro colega. Vá meu irmão! Seja guiado pelo sopro profético do Espírito de Iaweh. Tenha a Bíblia como instrumento de ação. Fala e não te cales. Profeta testemunhe de Cristo a tempo e enquanto temos tempo. Não se esquive de sua responsabilidade proclamadora e assim serás abençoado em seu ministério.
 
III – Em Terceiro Lugar Para Que Você Seja Bem Sucedido no Seu Pastorado é Necessário Manter-se Fiel no Cumprimento da Vocação(v.24)
 
       O versículo 24 é muito claro em dizer que para Paulo o que era mais importante era cumprir a vocação que recebera de Jesus Cristo. Por certo o ministro que deseja ser bem sucedido necessita estar consciente de que os conceitos de serviço cristão e responsabilidade proclamadora se completam e projetam uma terceira realidade ou característica indispensável àquele que abraça a vocação ministerial a saber a fidelidade no cumprimento da sua parte na tarefa. Esta fidelidade vocacional determinou tanto a abrangência quanto o alcance dos objetivos propostos por Deus no coração do apóstolo Paulo. 
       Ele tinha plena convicção de que fora comissionado por Cristo desde o dia de sua conversão. E esta certeza fez com que ele mantivesse os olhos fixo no Senhor de sua vida. Mas este fato não lhe tirou a percepção dos que viviam ao seu redor e dos que estavam distantes e necessitados da graça de Deus. O apóstolo Paulo considerava sua vida como algo consumível e não se sentia incomodado em ser inteiramente gasto na tentativa de completar a sua carreira, o seu ministério. O seu desejo era terminar o seu percurso com fidelidade e com alegria. Nesta dimensão de sua missão Paulo deixou um legado aos seus sucessores. 
       A despeito das perseguições, das oposições, das prisões, e dos sofrimentos mantinha-se fiel no seu propósito de servir ao Senhor e testemunhar do Evangelho da graça de Deus; deixou uma grande lição a ser considerada e que a história registrou em suas páginas. Pois o chamado ao ministério pastoral envolve fidelidade àquele que chamou e direcionou a vocação. O registro de 2 Timóteo 4.5 nos dá um bom exemplo do cuidado de Paulo para com a geração futura de pastores: “Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério”. 
     É inegável o fato de que você a semelhança de Paulo e Timóteo também recebeu uma vocação e quer levá-la adiante. Por certo muitos são os desafios que temos a enfrentar. Rogo a Deus que alimente cotidianamente os nossos corações com o anseio de cumprir o ministério de modo pleno. A Palavra de Deus é clara em nos desafiar à uma vida de fidelidade vocacional. O que importa é que tenhamos em mente que é necessário cumprir a missão recebida e mesmo que para isso tenhamos que conviver com dificuldades e dissabores. Você e eu somos convocados para esta imensa obra e temos ao nosso dispor o conforto e o auxílio de Deus. 
       Mesmo que lhe ofereçam vantagens mil não abra mão desta investidura pastoral. Seja um homem apaixonado pela vocação que Deus despertou no seu coração. Ele é fiel em confirmar as obras das suas mãos. De modo algum aja com infidelidade. Saiba que a sua tarefa é a mais importante do mundo e não existe posição ou função neste mundo que a sobrepuje. Lembre-se do ideal paulino que enseja terminar o percurso com fidelidade e com alegrias. Neste exato momento creia que Deus está desafiando o irmão a manter-se fiel e cumprir a sua vocação com alegria. 
       Querido irmão o ministério pastoral é uma bênção desde que seja exercido de modo coerente aos ensinos bíblicos. Creio que todos os que aspiram um ministério bem sucedido. Porém, quero relembrá-lo alguns aspectos importantes de modo que vivendo estes alvos propostos pela Palavra de Deus você seja um obreiro abençoado. Um primeiro desafio que a Bíblia lhe apresenta é que você seja um servo de Jesus Cristo. Sua vida pertence a Deus e deve estar sob o controle dEle. Lembre-se o pastor é um servo e não o senhor. 
       Um segundo desafio que a Bíblia lhe apresenta é que você seja um proclamador. Não abandone esta responsabilidade de pregação e ensino da Palavra de Deus. Seja um proclamador de Boas-Novas. Confronte a sua vida e a de seus ouvintes com os ensinos da Bíblia. Um terceiro desafio é que você mantenha-se fiel à sua vocação. De modo que por nada e por ninguém você abandone ou negue esta dádiva divina que é o ministério pastoral. De posse destas orientações eu rogo a Deus que pode meio do seu Espírito Santo lhe oriente do modo mais adequado a fim de que você viva um ministério abençoado e feliz para a honra e glória de Deus. 

C – Como Pregar de Modo que as Pessoas Ouçam!


 
     O pregador é um comunicador. Pregar é comunicar. Comunicar é falar de modo que as pessoas ouçam e entendam. Para que cumpramos esta meta é necessário reconhecer a importância do uso adequado da voz na pregação da Palavra; é necessário também saber usar bem a comunicação visual ou não verbal. Um outro aspecto importante é saber usar e tomar cuidados em relação ao uso dos componentes de comunicação.

I – O Uso Adequado da Voz na Pregação da Palavra


 
     A voz é a possessão mais preciosa que o pregador tem na comunicação do Evangelho de Jesus Cristo. A voz é o instrumento de trabalho dele e seu principal veículo de comunicação no púlpito. Algumas autoridades no estudo da voz humana dizem que apenas cinco  pessoas em cem(5%) nascem com boas vozes. Talvez estas não tenham que lutar muito para tornar a voz eficiente e adequada. Mas você poder perguntar: é nós que não estamos naqueles cinco por cento? Felizmente podemos lapidar a nossa voz e torná-la melhor e aceitável e usá-la com eficiência, se seguirmos certas orientações. Mas para isto é necessário um estudo sério de nossa parte sobre como estamos utilizando este recurso fabuloso que Deus nos concedeu. 
       A voz, que é o canal através do qual levamos a mensagem, é um meio e não um fim em si mesma. Sabendo disso, o pregador deve precaver-se contra alguns sérios inimigos, como o orgulho, que o levará a busca de uma voz vaidosa no púlpito e o desleixo, que fará com que muitos daqueles que vão ouvir a sua mensagem sejam desestimulados pela descuidada apresentação dos recursos vocal dele. Vejamos alguns aspectos que nos ajudarão no cultivo de uma boa voz, para obtermos uma comunicação mais persuasiva das idéias e sentimentos que Deus nos deu para compartilhar. 
       1) As características da boa voz: Uma boa voz é expressiva. Notamos com bastante freqüência que os profissionais que trabalham no rádio especialmente têm como destaque uma excelente expressão. Suas vozes são os seus cartões de visita. São reconhecidos onde quer que estejam devido a esta característica. Uma boa voz demonstra vitalidade, energia, vigor. Os profissionais das rádios FMs, locutores esportivos revelam estas características e têm cativado ouvintes ao longo de anos. Uma boa voz tem boa dicção. Isto indica que articula bem as palavras e fala com clareza. Uma boa voz é agradável. A agradabilidade não tem a ver somente com a velocidade da fala, mas também com o timbre e a tonalidade. 
       Uma boa voz é natural. Não tem coisa mais desagradável do que ficar ouvindo alguém que está usando uma voz forçada. Até porque quando deixamos de usar a voz no modo natural prejudicamos nosso aparelho da fala. Lembro-me dos humoristas que criam personagens nos quais utilizam a voz de forma não natural e que têm sofrido sérios problemas alguns dos quais recebendo até proibição médica de imitar outras vozes. Uma boa voz tem o volume adequado. Não podemos gritar nem tão pouco devemos murmurar. É preciso que utilizemos um volume adequado, especialmente se usamos os recursos da amplificação do som. Uma boa voz tem clareza e pureza de som. Uma boa voz tem velocidade certa. Estima-se que esta velocidade seja de 120 a 150 palavras por minuto.
 
       2) Fatores que afetam nossa voz: Nosso estado de saúde pode afetar a voz. Não estou nem pensado nos estados gripais que geram infecções de garganta e de faringe. Penso nas enxaquecas, estresses, hipertensão, etc. A saúde deve ser cuidada de modo que não percamos a capacidade de usar bem a nossa voz. A nossa posição quando falamos também afeta a voz. Normalmente ao longo dos anos acumulamos uma série de problemas de postura e estes afetam a voz. Por exemplo, se você normalmente prega de terno e gravata e não se posiciona bem ereto a pressão da gravata o incomoda e sua voz sofre afetações. As nossas emoções afetam a voz. O nervosismo, por exemplo, faz com que fiquemos com a boca seca e as vezes sofremos desde pequenos engasgos até mesmo uma falta de voz temporária. O mau uso da voz também prejudica a nossa fala. Gritar ou pregar num tom acima do nosso normal acabam prejudicando o aparelho da fala com a famosa rouquidão.
 
       3) Elementos técnicos do uso da voz: quero mencionar dois deles: a) tenha uma respiração adequada. Este tipo de atividade(a pregação) exige que respiremos usando o nosso diafragma. O diafragma é um músculo que separa a cavidade torácica da abdominal. b) Relaxe bem os músculos do aparelho da voz. O relaxamento muscular como também o alongamento são excelentes exercícios que devem ser realizados antes e depois da fala. c) Uma dica: marque uma consulta com um fonoaudiólogo e peça orientações técnicas e específicas sobre a sua condição pessoal. Procure esta ajuda de modo que além da prevenção de futuros problemas ele te ajude a explorar melhor e com mais técnica o potencial que sua voz tem. 
       4) Sugestões acerca do uso da voz: Não comece o sermão com todo o volume da voz que for capaz. Varie sua voz quanto ao tom, força e velocidade. Nunca grite, nem berre em qualquer que seja a circunstância. Evite deixar a voz cair nas últimas sílabas das orações gramaticais. O tom da sua voz deve ser tão natural quanto numa conversa. Em vez de elevar a voz, procure projetá-la abrindo bem a boca, articulando bem as palavras. Aprenda a destacar as palavras importantes enfatizando-as através de exercícios. De vez em quando ouça a sua própria voz com atitude crítica. Quando pregar, não fique demasiadamente preocupado com a voz. Dê atenção exclusiva à sua mensagem. Se utilizar microfone mantenha a distância adequada. E se for possível teste antes e module o mesmo a freqüência de sua voz.

 
II – Mitos e Crendices da Voz31
 
       Tenho observado que, de uma forma geral, as pessoas dão muito crédito aos mitos e crendices, em todas as áreas. Chega mesmo a ser impressionante como, de olhos fechados, aceitam isso, sem se preocuparem com o questionamento, e alguns se envolvem de tal forma que dissuadi-los se torna tarefa penosa. Nos estudos e abordagens sobre a voz temos considerado muito essas influências. Nesta área, os mitos e crendices são muito fortes e imperam até mesmo nos meios ditos mais cultos, civilizados. Consistem em crenças muito comuns que a maioria das pessoas têm a respeito da voz, do seu emprego, das causas dos problemas vocais e do tratamento dado a esses distúrbios. O próprio nome indica: Mitologia Vocal significa um conjunto de considerações infundadas que na sua essência são incorretas e falsas. Compreende crenças que formam imagens vocais errôneas e estereótipos, sugerindo abordagens totalmente erradas. 
       Algumas dessas crenças já estão entre nós há dezenas de anos, e isto significa dizer que passam de pais para filhos, sempre acrescidas de mais elementos. Tem sido assim. As modernas técnicas de reabilitação da voz, ou mesmo a nova oratória, devidamente adaptadas a era da eletrônica, ainda não foram devidamente assimiladas, e as escolas de formação de profissionais da voz, de certa forma, ainda fazem “vista grossa”, e aí estão incluídos os professores, atores, locutores, pastores, jornalistas e afins. 
       A voz e seus múltiplos usos ainda estão regidos por algumas crenças. Muitos acreditam que a voz cansada é coisa natural, normal, depois de uso prolongado(locução, canto) ou mesmo leve uso. Desta forma leva-se a aceitar que os músculos laríngeos e faríngeos – músculos que produzem a voz – se cansam e aceitam a rouquidão, o cansaço vocal, as ardências e mesmo a perda parcial da voz, como algo plenamente normal. Faz-se crer também que o uso excessivo da voz acarreta problemas vocais como: voz cansada, rouquidão, faringites e até laringites. Pessoas há que supõem, por falta crença, ter certos seres humanos nascidos com garganta débil e voz insuficiente e que, por certo, tenderão a ter sempre transtornos vocais. 
       Esses elementos não representam a essência da verdade. Crer nisso é passar por cima do conhecimento científico, das pesquisas e das técnicas vocais. Essas crenças populares não passam de mito. Isto mesmo: M-I-T-O! Coisa de gente mal informada. A voz humana, quando bem empregada, não se cansa, não produz sintomas negativos, nem requer esforços adicionais para falar. Seu uso excessivo, por si mesmo, não acarreta problemas da voz; o que causa esses problemas é o uso indevido e não respeito às normas da higiene vocal(aspectos preventivos). Qualquer circunstância onde a voz é usada abusivamente pode acarretar-lhe problemas que tenderão a agravar-se com o tempo. A voz bem definida(tom, entonação, ritmo) pode ser usada durante horas e horas, em jornadas profissionais, sem prejuízos. Mas é bom atentarmos para o fato de que a saúde geral do indivíduo também conta. O cansaço físico por si já acarreta o cansaço vocal. Não se encontra nenhum apoio científico para a idéia de “garganta débil”. É pura invenção.   
       Dentre as sugestões populares para “tratamento” da voz, anotei algumas que aparecem mais freqüentemente em minha experiência clínica diária: a) gargarejo com folha ou fruta da romã(sabe-se das propriedades anti-inflamatórias que essa planta possui, mesmo assim limitadas, mas a sua ação é sobre a faringe e jamais sobre a laringe – onde se situam as cordas vocais). b) tomar mel no leite todos dias pela manhã, ao acordar(o mel contém variadas vitaminas e outros componentes que sabidamente atuam no trato digestivo, mas sobre  a voz ... desconhecemos a sua ação). c) tomar chá preto, quente, com uma metade de limão, e ingeri-lo sem açúcar(o limão é riquíssimo em vitamina C e o chá preto é digestivo; tomá-los quentes tem como benefício apenas a ação do calor, que é relaxante e anti-inflamatório. Mas, e a ação sobre a voz? Mais uma vez, desconhecemos). 
       d) Vaporizações com folhas de hortelã, massagens com álcool canforado na garganta, infusões com 7 ervas do mato, tomar complexos vitamínicos em doses concentradas, gargarejos com vinagre, sal e limão associados.... e outras barbaridades. A coisa vai por aí. Alguns afirmam que quando isso é feito com fé, pode dar certo e curar. Será? Entendemos que esses métodos podem até funcionar como meros paliativos, mas nunca como curativos. Podem ser úteis durante períodos limitados. O grande problema que eles causam é o “mascaramento” dos sintomas reais, e podem impedir um diagnóstico preciso e, consequentemente, um tratamento correto. Eles não eliminam as causas que podem estar ligadas ao fato de uma vocalização incorreta no uso da voz.  
       e) Outros mitos consistem em deixar de falar temporariamente ou limitar sistematicamente o período de falas, trocar as ocupações profissionais, fazer permanente prática de relaxamento ou meditação(tipo Yoga, meditação transcendental, regressões psíquicas, etc). Algumas dessas sugestões merecem um toque de realidade, pois são imaginárias quando aplicáveis á técnica vocal. Trocar de ocupação profissional para usar menos a voz pode até ser viável, mas significa fuga do problema maior. Repouso vocal exagerado não é significativo nas terapias de voz. Tranqüilizantes não devem ser usados por tempo indefinido. E os relaxamentos, apesar de úteis, não devem ser usados como técnicas centralizadoras. 
     f) Há o outro lado, porém, gerado pelos mitos populares quanto à voz. Alguns crêem que a técnica vocal não pode ajudá-los, dado o adiantado do processo patológico, ou mesmo acreditam que já nasceram “duros de ouvido”. Outros dispensam as orientações vocais, porque acham: “Deus me deu excelente voz e nunca deixou na mão”. Não acreditam(ou não o sabem) que boas vozes se pode fabricar, desenvolver, aperfeiçoar. E há aqueles que opinam que a terapia vocal é coisa para pessoas doentes, que estão comprometidas vocalmente... Ou mesmo é indicada para atores, atrizes, locutores, professores, pastores e profissionais que necessitam de qualidades estéticas na voz. É certo que concordamos que aqueles usam a voz(e vivem dela) devem, portanto, valorizá-la. Prevenir é sempre um ato inteligente. 
       g) A técnica vocal é aplicável e útil em todos os indivíduos que apresentam características de anormalidade na voz(sintomas vocais negativos), especialmente os que necessitam usar com maior intensidade a voz falada. Voz eficiente se desenvolve, assim como se desenvolve a capacidade de escutar ou cantar vozes diferentes. Portanto, é mito crer que só se educa a voz para o canto. Há outros mitos que precisam ser conhecidos e analisados à luz da verdadeira técnica vocal. h) Hipnotismo. Elimina os problemas vocais em qualquer nível de grau ou lesão. Segundo os melhores autores da especialidade, a hipnose é útil em transtornos psíquicos, mas nada há escrito quanto à sua aplicação na área da voz.  
     i) Falar com lápis ou pedrinhas na boca, para melhorar a articulação. As recentes descobertas na área de técnica vocal evocam a inteligência, a capacidade de domínio da percepção, a ponto de fazer o indivíduo perceber-se falando. Não são inteligentes tais métodos, porque valorizam apenas a boca e seus componentes, desprezando os demais elementos que interferem diretamente na produção da voz humana. j) Mais exercícios de leitura, para melhorar o som da voz. É bem claro que exercícios em voz alta só podem beneficiar. Mas ler em voz alta para melhorar que qualidades: Entonação? Ritmo? Volume? Timbre? l) Muito exercício de respiração(qualquer uma). Vocalizes acompanhados pelo piano... treinar bastante a língua... ter uma biblioteca sobre o assunto. 
       Acredito que grande parte dessas “terapias” já sejam muito conhecidas. Acredito, também que pessoas conceituadas(porém curiosas sobre o assunto) já passaram muitos conselhos sobre o uso da voz. Mas se não coincidem com a verdadeira técnica vocal, repito: trata-se de MITO. Por último, é útil saber que as técnicas vocais usadas no canto não devem ser aplicadas à fala, e a aplicada nesta não deve ser aplicada àquela. Cada especialista em seu lugar, consciente, coerente e sobretudo honesto. Desta forma, é útil caracterizar cada problema e procurar o especialista ideal para o caso. Assim, creio os dias dos mitos e crendices estarão contados.

 
III – A Comunicação Visual: A Comunicação Através do Corpo
 
       E importante registrar que as pessoas não somente nos ouvem mas também nos observam. Aliás observam muito mais do que nós imaginamos e podemos explorar essa curiosidade natural usando também uma boa comunicação não verbal. “O pregador precisa comunicar com o corpo todo, através dos gestos, da própria postura ou posição do corpo enquanto prega, da expressão facial, do contato com os olhos”32; e qualquer tipo de afetação, ou hábito inconsciente que possa prejudicar a comunicação deve ser evitado. A linguagem verbal e a linguagem corporal podem e devem trabalhar juntas para criar impressões positivas e não negativas. Vejamos algumas dicas para melhorar a comunicação.
 
       1) Os gestos do pregador = precisamos reconhecer que são importantes e aprender a usá-los nos momentos certos. É impossível estabelecer regras para todos os indivíduos pois cada um tema sua maneira singular de ser. A mensagem é que deve ser vista através dos gestos. Pense por exemplo nos deficientes auditivos que são capazes de entender tudo o que você fala se houver em sua pregação alguém que seja capaz de simultaneamente traduzir o que você fala a linguagem de sinais que usa basicamente o movimento das mãos e expressões faciais.  
       a) Vantagens no uso dos gestos = os gestos ajudam a atrair a atenção dos ouvintes. Sou casado com uma descendente de italianos você já observou como os italianos falam com as mãos? Como gesticulam enquanto conversam! Mas essa não é uma característica particular deles  pois outras pessoas também agem assim. Assim cremos que os gestos ajudam a atrair a atenção dos nossos ouvintes. Os gestos ajudam o pregador a vencer a tensão. Cada um de nós que compartilha com freqüência a Palavra de Deus sabe bem deste detalhe que é ficar tenso ao pregar especialmente se estamos num auditório ou ambiente desconhecido, fato que gera uma expectativa maior e entre ficar congelado e gesticular a segunda escolha é mais útil. 
       Os gestos ajudam a intensificar as emoções do pregador. Experimentamos as mais diferentes emoções ao compartilhar as tremendas verdades e realidades da Palavra de Senhor. E se de fato somos impactados pela mensagem que estamos compartilhando é natural que estas emoções sejam transmitidas também através de gestos. Você já viu uma criança pedir um brinquedo sem estender a mão e apontar para ele? Os gestos ajudam no fortalecimento dos argumentos que estamos transmitindo. Se você está falando por exemplo, de servir ao Senhor de todo o coração é natural que você junte as duas mãos traga-as até o peito na altura do coração como quem quer retirá-lo e depois estenda-as para frente como quem está entregando o coração a Jesus.
 
       b) Observações acerca dos gestos = os nossos gestos não devem ser exagerados quanto ao tipo e freqüência de movimento. O problema com  a repetição do mesmo gesto é que ele pode tornar-se um elemento de afetação na comunicação e que pode desconcentrar nossos ouvintes ao ponto de não ouvirem o que estamos ensinando com a linguagem verbal. Os nossos gestos não devem ser grotescos, feios ou obscenos. Além de serem ofensivos e desagradáveis gestos desta natureza só prejudicarão o processo de comunicação. Os gestos precisam ser coerentes com a fala. Esta é uma tarefa que exige atenção e pesquisa do pregador. Devemos unir o que está sendo expresso através do corpo com o que estamos falando. 
       Os nossos gestos devem ser naturais e nunca artificiais. Isto vale para tudo o que fazemos na vida e no processo de comunicação. Assim como a voz os gestos também devem ser naturais. Não adianta você copiar gestos de outros pregadores porque você gostou do impacto que eles produziram no auditório ou até mesmo em você. Até porque sua comunidade já conhece, devido ao convívio cotidiano, a maioria dos gestos que você utiliza e saberá se você está gesticulando com naturalidade ou não. Ao gesticular devemos aprender a usar o corpo todo como também variar os gestos. Um bom recurso para observar o seu desempenho na comunicação através do corpo é gravar em vídeo os cultos onde você tem pregado e depois assista e anote os gestos, a freqüência e a variação. 
       
       c) Gestos básicos = uso do indicador – significa advertência, repreensão, condenação. Quantas vezes ao pregar a Palavra esta adverte, repreende, condena? Então estas são excelentes oportunidades para usar o indicador e os gestos característicos de quem repreende, condena, adverte. Mão fechada – significa advertência feita de forma forte e dramática. Do mesmo modo creio que existem várias oportunidades para gesticular assim durante mensagem. Mão aberta para baixo – significa emoções negativas, rejeição. Mão aberta para cima – significa um apelo, pedido, chamamento. Mão aberta para o lado  - significa quase todos os sentimentos. 
       d) Níveis de gesticulação = os gestos do plano superior usam as parte do peito para cima. Os gestos do plano médio usam as parte entre o peito e a cintura. Os gestos do plano inferior usam as partes da cintura para baixo. Por que a gesticulação não é o que deveria ser? Porque usamos idéias de segunda mão e que não têm vida. Porque estamos cansados. Porque nos falta um preparo necessário, seja homilético, seja espiritual. Porque as vezes somos tímidos demais e temos vergonha de usar os gestos. Porque não cremos que as pessoas entenderão melhor o que estamos compartilhando se usarmos os gestos corretamente em nossas mensagens.
 
     2) A postura do pregador = caro amigo de ministério nós dizemos muito pelo jeito como nos posicionamos e como agimos antes mesmo de abrirmos nossas bocas. O modo como levantamos, caminhamos, a posição que assumimos ao falar é tão comunicativo quanto a convicção com que proclamamos. As primeiras impressões já foram comunicadas antes mesmo das primeiras palavras serem enunciadas. E por incrível que pareça alguns ouvintes já decidiram se vão nos ouvir de fato ou não. Você crê que isso ocorre? Independente do que você pensa sobre isso que dizer que ocorre com muita mais freqüência do que nos imaginamos. 
       a) O primeiro desafio: caminhar para o púlpito = seja na igreja onde o irmão é o pastor ou nos ambientes onde for convidado a pregar você sempre enfrenta este desafio. Seja seguro ao caminhar é bem provável que você já esteja sendo observado desde este momento. Olhe antes para o trajeto que você tem de fazer até a plataforma a fim de evitar acidentes. Tome cuidados em relação a cabos de microfones esticados pelo piso, tapetes, degraus, piso escorregadio, caixas de retorno colocadas geralmente no piso, elementos decorativos como vasos, pequenas jardineiras, etc. Não demonstre insegurança ou medo ao caminhar. Lembre você é apenas o pregador convidado e não um criminoso que está sendo levado para a forca. 
       b) O segundo desafio: sentar-se na plataforma = mantenha-se numa posição ereta, mas sem estar muito rígido. Mantenha os dois pés no chão pelo menos a maior parte do tempo pois assim você descansa as pernas e facilita a circulação sangüínea. É muito comum uma pessoa que esteve sentada durante  um bom tempo numa posição inadequada ter dificuldades e dormência nas pernas ao levantar-se abruptamente para pregar. Lembre-se que você também está cultuando e evite as conversas no púlpito pois elas indicam irreverência. Seja um participante interessado em tudo o que se passa no culto. 
       Não demostre sinais de ansiedade e tensão como ficar esfregando as mãos(no calor) e evite a tentação de beber aquele copo de água que geralmente é colocado no púlpito antes mesmo de começar a falar. Se você não estiver orando não adianta nada ficar de cabeça baixa e olhos fechados durante os momentos que antecedem à sua fala. Aliás, creio que você deve orar sim, mas antes de estar na plataforma. Aproveite estes momentos para estabelecer um contato visual com os seus futuros ouvintes. Procure olhar para cada local específico do auditório, para a nave, a galeria e também o coro. 
       c) O terceiro desafio: o púlpito = procure caminhar até o púlpito com naturalidade. Evite correr ou andar devagar demais. Não seja relaxado e nem aja com nervosismo. Evite agir como aquela famosa ave emplumada também conhecida como pavão que deixa sempre a impressão de altivez e orgulho. Tome o lugar com calma e naturalidade dê uma pausa antes de começar a falar. Olhe bem para o auditório. Agradeça a igreja e ao pastor pelo convite e pela oportunidade e jamais prometa algo que você não vai cumprir como, por exemplo: fiquem tranqüilos prometo que vou ser breve!
 
       d) O quarto desafio: o que fazer enquanto pregamos? = mantenha o seu corpo numa posição ereta e natural, pois dependendo do tempo em que você fala o cansaço por ficar de pé será logo um companheiro. Equilibre o peso do seu corpo sobre os dois pés e procure alternar colocando um pé um pouco atrás do outro e mantenha as pernas entreabertas. Não deixe os joelhos muito rígidos porque isto aumenta a tensão do corpo. Os ombros e a cabeça também precisam estar posicionados de modo natural. Você pode ligeiramente apoiar uma das mãos no púlpito, mas evite debruçar-se sobre ele. Se não estiver usando o púlpito movimente-se para os lados como quem caminha devagar. 
       e) Erros na postura = quero mencionar alguns erros indicados pelo Dr. Jerry Stanley Key:  
        1. Aquele que parece um goleiro, com muito espaço entre as pernas.
        2. Aquele que é muito rígido e parece um soldado prestando continência ou aguardando a inspeção do comandante.
        3. Aquele que parece ser um lutador de boxe, com as mãos fechadas e girando os braços no ar.
        4. Aquele que demonstra estar muito tenso e está sempre mexendo com alguma coisa, como a Bíblia ou a gravata, ou coloca a mão dentro do bolso.
        5. Aquele que balança enquanto prega.
        6. Aquele que parece que vai voar.
        7. Aquele que está sempre batendo a Bíblia no púlpito.
        8. Aquele que cai sobre o púlpito(desengonçado).
        9. Aquele que é semelhante a um tigre na jaula.33

 
     3) A expressão facial = “A alegria embeleza o rosto, mas a tristeza deixa a pessoa abatida”(Provérbios 15.13). A fisionomia é o espelho interior do ser humano. Quando temos a possibilidade de olhar bem nos olhos de uma pessoa dificilmente ela consegue esconder alguma coisa de nós. O rosto e suas expressões mostram nossas emoções e o nosso estado físico. As conclusões de uma pesquisa revelam que quando alguém comunica, apenas 7% da totalidade da comunicação é feito por palavras, enquanto 38% é pelo uso da voz, com sua expressividade e tonalidade, e 55% é através da fisionomia. A fisionomia e a linguagem corporal são fundamentais na comunicação do Evangelho. 
       Você pode até não concordar com esses dados pesquisados e eu infelizmente não consegui a fonte. Mas uma coisa nós bem sabemos é que a expressão facial é um ingrediente que nos ajuda tanto quando falamos quanto quando ouvimos alguém falar. Hoje, por exemplo, nos telejornais há uma preocupação na construção de cenários ou stúdios cada vez mais sofisticados mas um detalhe continua recebendo atenção central os rostos dos apresentadores são enquadrados e as expressões são destacadas. Todo trabalho de direção, produção, maquiagem, iluminação giram em torno do objetivo que transmitir além da notícia também a emoção: seja alegria da vitória, a dor de uma perda, ou a indignação de uma injustiça.  
       Vale salientar que existem alguns extremos que precisamos evitar nesta tarefa de comunicar também com as expressões faciais como, por exemplo, não demonstrar qualquer emoção. O pregador pode estar falando sobre a mais profunda tristeza ou alegria, mas a fisionomia não expressa nada. Não corresponder na fisionomia ao que se está comunicando. Um exemplo disso pode ser alguém que está pregando sobre sofrimento, dor, aflição, ou mesmo o inferno, mas com um sorriso idiota. Você e eu precisamos estudar um pouco mais esta questão e um bom exercício é pregar o sermão ou parte dele de frente a um espelho para que percebamos as expressões que fazemos quando tocamos em alguns assuntos. 
       Eis algumas sugestões: não franza a testa nem coloque no rosto uma expressão severa e rígida demais. Não fique fazendo caretas. Não fique sempre sorrindo(mas não se esqueça do valor de um sorriso quando é bem natural e oportuno). Seja natural em todas as suas expressões faciais. Procure ter expressões faciais oportunas, de acordo com o conteúdo da mensagem que está comunicando. Procure variar a expressão facial. Esboce um sorriso de vez em quando, pois é muito agradável. Uma outra questão é que a maioria de nossas expressões faciais são inconscientes e nem sempre notamos isso. Agora eu sei porque minha mãe, em minha infância, sabia quando eu estava mentindo. Estava estampado em meu rosto um sim mesmo quando eu dizia não e vice-versa.
 
       4) O contato com os olhos = É claro que os olhos fazem parte do conjunto do rosto. Mas eles são fundamentais na comunicação e o contato com os olhos é um item essencial na pregação do sermão. Os olhos demonstram as emoções e não só quando eles estão lacrimejando. Eles brilham, dilatam, revelam interesse e atenção, concordam, discordam. Quantas vezes o seu pai falou tudo o que queria somente através de um olhar penetrante? E você entendeu o recado especialmente quando era uma reprovação de suas atitudes. Através dos olhos podemos perceber quando há rejeição ou condenação, quando há resistência ou rebeldia, quando há reprovação ou aceitação. 
       Assim os nossos olhos devem fazer constantemente contatos: a) com a Bíblia(no caso de estarmos usando uma). Segure a Bíblia em uma das mãos a fazer a leitura e assim mantenha também um contato visual com a congregação. b) olhe para os seus ouvintes e estabeleça um bom contato. Este contato deve ser intenso e direto, segurando a atenção dos ouvintes. c) olhe para o esboço se você utiliza este recurso. Lembre-se de olhar para as diferentes partes do auditório e não fique olhando para o foro, os lustres, as colunas, os instrumentos musicais. Você está falando a pessoas e as pessoas quando conversam gostam de olhar e serem olhadas.
 
       5) Afetações ou maus hábitos = as afetações na pregação são alguns maus costumes que, muitas vezes inconscientes, precisam ser descobertas e corrigidas. Eis alguns exemplos: fechar os lábios ou ficar mordendo-os. Lamber os lábios ou ficar colocando a língua para fora da boca enquanto está falando. Fechar os olhos enquanto fala ou ficar parecendo um pisca-pisca de natal. Ficar abrindo a Bíblia ou o cantor enquanto fala. Mexer na gravata ou anéis enquanto fala. Ficar colocando a mão nos bolsos do paletó. Ficar mexendo com as chaves e ou canetas enquanto fala. Ficar colocando e tirando o óculos do rosto enquanto fala, etc..
 
       6) Conclusões = Devemos nos tornar cientes daquilo que fazemos com o corpo enquanto pregamos, utilizando da melhor forma possível a gesticulação, a posição, a expressão facial, e contato com olhos. Qualquer gesto, posição, expressão facial, ou olhar que chame a atenção para si mesmo deve ser corrigido e evitado, pois torna-se um obstáculo na comunicação e interfere com aquilo que se está querendo dizer. Qualquer gesto, posição, expressão facial, ou olhar que nos cause constrangimento ou embaraço, ou nos torne mais inseguros, ansiosos, ou acanhados, deve ser eliminado.

 
IV – Cuidados Com os Componentes de Comunicação
 
       Se procurarmos, como devemos, estudar mais acerca do processo de comunicação descobriremos um sem número de temas e subtemas que merecem nossa atenção. No então pensando na comunicação nos templos e auditórios que normalmente usamos quero destacar alguns componentes que podem ajudar ou atrapalhar o processo da transmissão do Evangelho. Minha sugestão é que você ao identificar estas dificuldades em sua igreja e ministério tome as devidas providências para vencê-las e assim tenha um ambiente físico e técnico propício para a fala e a compreensão das Escrituras. 
     a) Acústica , ruídos, retorno, auditório = Você precisa ter uma avaliação clara do potencial acústico do local onde você prega. Minha sugestão é que você convide uma empresa especializada em sonorização de igrejas para que lhe ajude nesta tarefa de avaliação acústica. Nós temos transitado entre dois problemas graves em relação à acústica. Templos mal projetados e que tem péssima qualidade acústica onde os curiosos tentam compensar esta deficiência estrutural promovendo uma verdadeira poluição sonora. Gasta-se mais do que o necessário e a qualidade do som continua terrível. Templos bem projetados mas que com o crescimento das cidades e da poluição sonora precisam de ajustes como revestimentos acústicos e algumas alterações simples que rendem em excelente resultado. 
       Você precisa proteger-se em relação aos ruídos externos. Um exemplo disso é nosso templo que fica numa pequena ladeira onde sobem e descem ônibus e caminhões. Em frente ao nosso templo estão os pontos de ônibus e já até sei os horários que eles passam. No momento em que ônibus e caminhões estão subindo lentamente a ladeira não tenho outra alternativa a não ser fazer uma pequena pausa na fala. Algumas igrejas têm resolvido este problema com um isolamento acústico mas esta medida exige uma outra que a refrigeração e a ventilação do ambiente. Não seja curioso convide um engenheiro capacitado nestas áreas para orientá-lo nas alterações necessárias.  
       Ao promover uma melhora na sonorização ambiente procure ter uma caixa de retorno bem próxima para que você ouça a sua própria voz e tenha o controle do volume. Leve em consideração a disposição de seu auditório e lembre-se que todos precisam ouvir. Ao avaliar algumas igrejas por onde tenho pregado saio com a suspeita de que somente os 5 primeiros bancos a minha frente ouviram o que falei. Pois a sonorização privilegiava que estava mais próximo. Sonorize os diversos setores como galeria, hall, as laterais, a frente e o fundo do salão. Cada detalhe deve ser observado e as providências não podem ser adiadas. 
     b) O uso dos microfones = este é um problema que traz dificuldades terríveis para o pregador. Minha sugestão é que você tenha um canal só para o microfone do púlpito. Assim em conversa com os operadores de som estabeleça uma regulagem que melhor se adeqüe a sua voz. Se for usar microfones sem fio ou de lapela tome os cuidados específicos. Nunca grite ao usar o microfone, pois ele existe exatamente para amplificar o som de sua voz. Geralmente ocorrem as microfonias ora por falhas na operação, ora por falhas no uso, ou por causa de equipamentos de péssima qualidade. Equipamentos na área de sonorização não são muito baratos, mas são extremamente úteis.
 
     c) A iluminação do ambiente = você acha que as pessoas vêem o seu rosto quando você prega? Eu desconfio que não porque via de regra, as nossas igrejas são mal iluminadas. Na opinião do Dr. Rick Warren “a iluminação tem um efeito profundo no humor das pessoas. Uma iluminação inadequada põe para baixo o espírito do culto. Sombras no rosto do pregador fazem com que o impacto da mensagem seja reduzido”34. Você perceberá as mudanças à medida em que a iluminação de fato começar a revelar os rostos, as emoções, os detalhes. Um prédio bem iluminado cria uma boa expectativa no seu ouvinte assim como um ambiente mal iluminado pode até deprimi-lo.
 
     d) O uso dos recursos audiovisuais = usar ou não os recursos audiovisuais como: banners, telões, projetores, retroprojetores, vídeo, datashow, informática não é só uma questão de recursos financeiros. É antes uma questão de reconhecer que a comunicação do Evangelho pode ser feita com mais eficácia e propriedade. Imagine que ao invés de gastar alguns minutos tentando descrever a fome, a miséria e a violência nós podemos criar um impacto muito maior em poucos segundos usando uma imagem projetada ou num vídeo. Por outro lado, é necessário coerência porque se você fala a um auditório de 50 pessoas não precisa usar um telão. Mas também não adiantaria muita coisa usar um vídeo numa televisão de 20 polegadas se você estiver pregando num ginásio para 3 mil pessoas.



 

Capítulo 3

 
O Que é um Sermão Monólogo

A – Definindo o Sermão Monólogo

 
     Um monólogo é uma forma simples de drama que apela a todas as idades. Assim um sermão monólogo é aquele sermão onde o pregador lança mão deste recurso de interpretação para comunicar  a mensagem da Palavra de Deus. Nele o pregador fala na primeira pessoa, como se fosse o personagem bíblico que está sendo focalizado, compartilhando assim os seus pensamentos e sentimentos diante de determinado assunto ou situação. O sermão monólogo pode interpretado com o sem o figurino de época que ajuda na composição do personagem. Eu particularmente prefiro usar as vestes típicas pois este recurso mantém os ouvintes/expectadores bem interessados e atentos.
 
B – Aspectos Técnicos do Sermão Monólogo
 
     Tecnicamente podemos dizer que um sermão monólogo é um sermão textual. Os sermões textuais são aqueles derivados diretamente do texto. Muito embora, seja possível pregar sermões monólogos onde usamos os recursos da inferência, ou seja, temas e falas que não estejam explícitos na narrativa mas que fazem parte da experiência e dos resultados na vida do personagem em destaque. Num sermão textual as divisões correspondem de modo mais perfeito às frases das cláusulas textuais. Existem  basicamente três variedades destes sermões textuais: os que discutem as próprias frases dos textos com divisões; os que discutem tópicos que derivam diretamente das frases do texto, e os que apresentam divisões que são inferências das frases textuais. 
       1) Sermões monólogos que utilizam as próprias frases do texto e delas extraem a suas divisões = este tipo é de grande utilidade, porque trata de interpretar as frases textuais do modo mais completo. O sermão torna-se assim uma obra divina, expressão da mente de Deus, testemunho do Espírito Santo. O sucesso em analisar bem o texto dirige o sucesso no uso do sermão textual. Para conseguir analisar bem o texto é necessário estudar as suas frases, a sua significação histórica, o seu espírito à luz do contexto original. É necessário habilidade especial para formular bem o esboço do sermão monólogo textual. As próprias palavras textuais devem ser empregadas como divisões, sempre que for possível. Neste tipo de sermão o pregador deve tomar o cuidado em formular as divisões de modo que sejam naturais.
 
     2) Sermões monólogos cujos tópicos derivam diretamente das frases do texto = assim estes sermões textuais de tópicos tem divisões que correspondem às frases textuais mas não são expressas nas palavras do texto. O assunto é derivado do texto e pode ser apresentado formalmente ou não, conforme o desejo do pregador. Este tipo de sermão serve para variar o caráter das pregações e ser original na descoberta do esqueleto do texto. Nota-se que as divisões deste tipo de sermão são expressas nas palavras do pregador como as do sermão de tópicos, mas o modo de tratar as divisões ou de interpretá-las é como no sermão textual simples.
 
       3) Sermões monólogos cujas divisões são deduzidas pelo raciocínio acerca das frases textuais = quem sabe argumentar pode empregar este tipo de discurso com bons resultados. Esse tipo de sermão não é muito usado, porque é uma forma difícil e poucos são os que podem empregá-lo com êxito. Sendo ao mesmo tempo analítico, sintético, argumentativo e retórico, é tipo raro, que, quando usado por pregador hábil e bem preparado, torna-se elevado e distinto. Lembro-me de um monólogo que preguei baseado na vida do dono da estalagem que negou lugar para José e Maria. Usei as informações culturais e religiosas disponíveis à época e apresentei as razões porque ele negou lugar.

C – Diferenças Entre o Sermão Biográfico e o Sermão Monólogo


 
     Muitos há que confundem o sermão biográfico com o sermão monólogo. Mas há uma diferença fundamental entre estes dois tipos de sermão. Enquanto no sermão biográfico você fala na terceira pessoa, ou seja você fala do personagem(ex. Abraão foi um homem que abriu mão das melhores terras diante do impasse com os pastores de Ló); no sermão monólogo você fala na primeira pessoa, ou seja você é o personagem(ex. Eu abri mão das melhores terras quando houve um impasse entre os meus pastores e os pastores do meu sobrinho Ló).
 
       No entanto tudo aquilo que utilizamos para a confecção do sermão biográfico é muito útil no processo de composição do sermão monólogo. Assim como há grande riqueza de material bíblico para os sermões biográficos também existe para os monólogos. O segredo é considerar a vidas destes personagens bíblicos, ou até mesmo uma faceta de suas vidas, e destacar as lições práticas para as nossas vidas. É fundamental trazer o personagem e as lições para a nosso século e aplicarmos à situação contemporânea. O destaque  e o ponto de relevância é que os personagens bíblicos foram pessoas como nós e muitas vezes enfrentaram situações semelhantes àquelas que enfrentamos. 
       Penso que antes mesmo de começar a pregar sermões monólogos você deveria pregar mais sermões biográficos. Veja algumas das vantagens que este tipo de sermão possui segundo o Dr. Jerry Key: 
  1. Há abundância de material, uma fonte inesgotável para esses sermões. Existem 2930 personagens bíblicos diferentes. 30 ou mais homens com o nome Zacarias; 20 com o de Natã; 15 com o de Jônatas. Cerca de 400 dos personagens servem como base para sermões, sendo 250 deles maiores e 150 menores.
  2. O sermão biográfico, uma vez que aprendemos fazê-lo, é o tipo mais fácil de pregar. Capta a atenção do povo, apela à imaginação, traz o auditório dentro do púlpito com mais facilidade.
  3. O sermão biográfico está de acordo com a vida de hoje. O que se diz a respeito de Pedro, Jacó, Lucas, Jonas, etc., tem a sua aplicação para o bancário, comerciante, pedreiro, estudante, etc. É atual.
  4. O sermão biográfico é lembrado mais facilmente pelos ouvintes, que guardarão por muito tempo as experiências dos personagens.
  5. O sermão biográfico dá vida à Bíblia, que é um livro rico em material biográfico.
  6. O sermão biográfico tem uma atração especial para o povo. Todos nós gostamos de histórias envolvendo outras pessoas.
  7. Há um campo aberto para que o pregador desenvolva a imaginação e o método dramático através da pregação de sermões biográficos. O pastor deve usar  sua imaginação e devemos descobrir melhor como desenvolver a nossa imaginação. E também o sermão biográfico apela para a imaginação do ouvinte que quer ser usado por Deus tornar-se uma pessoa semelhante ao personagem focalizado no sermão.
  8. A pregação de sermões biográficos é audiovisual, cria imagens na mente dos ouvintes. E mais ainda quando alguém já tem um conhecimento sobre o assunto ou o personagem.
  9. As doutrinas teológicas mas abstratas e ensinos éticos podem ser apresentados à luz de um personagem bíblico. Exemplos: justificação = Abraão ; pureza = José ; oração = Daniel ; amor = Bom Samaritano, etc.
  10. Através da pregação do sermão biográfico somos ajudados na procura de bom material ilustrativo pois o sermão biográfico é uma ilustração em si.
  11. É mais fácil variar o programa de pregação quando usamos 1 ou 2 sermões biográficos por mês. Devemos usar tanto os personagens maiores quanto os menores.
  12. A pregação de sermões biográficos ajuda o pastor no seu próprio estudo da Palavra de Deus e ajuda os seus sermões a serem bastante bíblicos.
  13. Na preparação de um determinado sermão biográfico o pastor encontrará muito material para outros sermões que podem ser pregados no futuro.
  14. O sermão biográfico pode trazer muitas novidades sobre a vida dos personagens e tem a tendência de ter mais vida, mesmo que a história seja conhecida.
  15. O sermão biográfico faz com que seja possível aproximar-se indiretamente de problemas e situações difíceis da Igreja, que, se fossem atacados frontalmente, talvez ofenderia a muitas pessoas.
  16. O sermão biográfico é especialmente apropriado para ocasiões especiais.
  17. O sermão biográfico tem muito valor na informação, identificação e inspiração. Quando pregamos assim estamos seguindo o padrão divino porque Deus assim o fez na Sua revelação, ou seja, através de personagens.35

Capítulo 4

 
Vantagens e Desvantagens do Sermão Monólogo

A – Vantagens na Pregação do Sermão Monólogo

 
     1) Esse é um método novo ou pouco usado e desperta um novo interesse na pregação por parte do povo = participo de uma lista de discussão entre pastores espalhados por todo o mundo e recentemente recebi um pedido de um colega que me perguntava o que ele deveria fazer para despertar o interesse de sua comunidade durante o tempo em que estiver pregando. Não tiver dúvidas ao sugerir que ele experimentasse pregar um sermão monólogo. Lembro-me da primeira vez que preguei um sermão monólogo em nossa igreja. Você deveriam estar lá para sentir o que é falar durante 16 minutos e ter todo o auditório atento e interessado em cada fala em cada movimento. Seu povo anda meio desinteressado? Que tal fazer um teste? 
     2) O sermão monólogo alcança todos os grupos, faixas etárias, níveis culturais e sociais = bem sabemos que as nossas comunidades são diversificadas e que o auditório que temos periodicamente diante de nós também. Assim pregar uma mensagem para um grupo heterogêneo exige uma linguagem que alcance a todos pois todos precisam aprender e compreender a mensagem da Palavra de Deus. Por outro lado, entendo, que o teatro nos dá essa linguagem universal e que por intermédio do recurso do monólogo um sermão pode deixar o plano da formalidade e alcançar os indivíduos atraídos cada um por seus níveis de interesse, de modo que todos assimilem os valores e conceitos que Deus apresente através de sua Palavra. 
     3) O sermão monólogo é um excelente atrativo para os convidados não crentes virem aos nossos cultos = nós já estamos até acostumados com a monotonia de alguns cultos. Mas será que os não crentes suportariam 30, 40 ou até 60 minutos de uma fala monótona? Eu e você sabemos que o pregador sem a unção do Espírito Santo mesmo como o melhor performance teatral não conseguirá nem atenção quem dirá a transformação dos seus ouvintes. Tenho um amigo que diz que os pastores são os maiores responsáveis pela segunda visita de um não crente a igreja. O que falamos e especialmente como comunicamos tem extrema relevância. Que tal trocar um sermão monótono por um dinâmico, criativo e produtivo sermão monólogo? 

     4) O sermão monólogo ajuda o próprio pregador a ter um novo entusiasmo na transmissão do Evangelho = ei amigo você anda meio desanimado em relação a preparação pregação de sermões? Não percebe muito interesse nos seus ouvintes? As pessoas saem, conversam, cochilam enquanto você prega? Nem você agüentaria ouvir os seus próprios sermões? Acho que está na hora de você fazer alguma coisa. Saia neste fim de semana e vá a um teatro. Preste bastante atenção em como o ator dá vida a um texto que necessariamente não tem nada a ver com ele. Perceba como ele vai cativar a sua atenção e despertar suas emoções. Você pode fazer o mesmo, no sentido de através deste recurso falar das verdades mais estupendas com a vivacidade que a interpretação pode produzir.

 
     5) O sermão monólogo tem um forte apelo através do elemento de testemunho pessoal e desafio de uma experiência que podemos chamar de comovedora. Os sermões clássicos e as técnicas de oratória são importantes e têm o seu lugar. Mas creio que num contexto cultural como o nosso descer do pedestal e caminhar junto ao povo seja através da linguagem ou até mesmo da confrontação de realidades e emoções é uma necessidade urgente. Precisamos com urgência testemunhar e apresentar a Palavra Eterna de Deus para o povo brasileiro. Este povo emotivo, saudosista, fortemente influenciado pela telenovela e pelo drama pode ser impactado pela mensagem do Evangelho através de nossa instrumentalidade.

B – Desvantagens na Pregação do Sermão Monólogo


 
     1) Uma primeira desvantagem é a tentação de transformar a pregação em simples dramatização teatral = muito embora utilizemos alguns recursos do teatro. Não se trata de interpretar um texto e aplicá-lo a um povo num determinado contexto ou situação. Eu e você continuaremos a proclamar as verdades que cremos e que vivemos. Senão perderemos a credibilidade e o Senhor não agirá através de nossas vidas nem sustentará a proclamação que fizermos. Não se trata de ficção, fantasia ou novela o que temos a proclamar são as verdades eternas que Deus espera que sejam usadas para confrontar a sociedade à nossa volta. 
     2) Uma segunda desvantagem é a tentação de que é mais fácil preparar este tipo de sermão = puro engano pensar desta forma. Este tipo de sermão é extremamente difícil no seu preparo, como veremos mais a seguir, e especialmente na sua apresentação. Penso que os pregadores que estão atrás de facilidades no ministério da pregação não deveriam usar o recurso do sermão monólogo.  
     3) Uma terceira desvantagem é a tentação de basear o sermão em material extra-bíblico ou aquele encontrado na “tradição” = lembre o sermão monólogo não é uma obra de ficção. Ao usar este recurso devemos nos deter no texto bíblico e lançar mão das informações e princípios fundamentados na Palavra de Deus que é Eterna. Como dizem: “cuidado para você não viajar na maionese!”
 
C – Como Vencer Estas Objeções
 
       a) Muitos pastores não sabem como preparar e pregar sermões monólogos = talvez a falha esteja no processo de ensino teológico, onde os professores não sejam capazes ou não tenham interesse de ensinar este tipo de sermão. Creio que eu seja um dos poucos pregadores no Brasil que utilize o sermão monólogo como um recurso na pregação. Incluí este assunto na lista referida anteriormente e não recebi nenhuma mensagem de retorno até agora. Aliás este é o objetivo deste livro ajudá-lo a pelo menos conhecer um pouco mais sobre o sermão monólogo e quem sabe começar a utilizar este método.  
       b) Não podemos ter medo de experimentar = a preocupação em demasia com o que os outros vão dizer ou pensar tem impedido muitos dos que me ouvem e assistem pregar sermões monólogos de iniciar. As vezes um colega sente que a sua comunidade precisa de uma experiência nova na pregação e ao invés de pregar um sermão monólogo, pega o telefone ou usa o email e convida alguém que sabe pregar sermões monólogos. 
     c) Precisamos pregar sem depender de esboços e anotações = talvez essa seja a maior dificuldade apresentada pelos colegas quando conversamos sobre a possibilidade de pregarem sermões monólogos. Como é que vou pregar sem o esboço ou o sermão escrito? Eu sei da utilidade dos esboços e dos manuscritos por outro lado sei da liberdade e da mobilidade que pregar livre de anotações produz em nossa tarefa. O sermão monólogo exige memorização e segurança no conteúdo. Você deve escrever seu esboço e manuscrito e memorizá-lo a fim de que ao entrar em cena fale com desenvoltura e segurança. Seu sermão precisa de uma ordem lógica e as pessoas precisam de uma direção.






























 

Capítulo 5

 
Passos na Preparação dos Sermões Monólogos

A – Um Roteiro Básico

 
       1) Faça a escolha do personagem a ser focalizado na mensagem = Existem diversos personagens que você pode escolher no universo da Palavra de Deus. A questão é qual personagem será mais relevante para a mensagem que você vai pregar? Acredito que algumas dicas podem ser apresentadas como: a) Escolha um personagem onde a passagem bíblica possua unidade de pensamento. Este critério é fundamental para que a pregação faça sentido ao ouvinte e facilite a argumentação de quem prega. b) Procure saber o tempo que você terá disponível. Quantos minutos você terá para pregar? Este é um detalhe que faz diferença e você não deve cortar a mensagem no púlpito. É necessário ter ciência de quanto tempo teremos para que a escolha seja compatível. c) O motivo ou a ênfase do culto. Parece natural para algumas pessoas escolherem o que nós devemos pregar. E como alguns cultos têm as suas ênfases especiais(natal, aniversários, casamentos, etc) faz-se necessário considerar este detalhe.
 
       2) Estude todo material histórico sobre o personagem =  Uma vez escolhido o personagem seja cuidadoso em estudar tudo o que a Bíblia registra sobre ele. Tome cuidado para não confundir os personagens homônimos e seja um exímio conhecedor dos detalhes de sua vida. Se for possível leia livros que falem da vida do personagem. Procure fazer um pequeno esboço da história pessoal do seu personagem. Em suas anotações preliminares, destaque os fatos mais relevantes na vida do personagem. O que você gostou ou não nas suas atitudes? O que Deus fez por ele? Como ele chegou a tomar as suas decisões? Quais foram as pessoas envolvidas na vida do personagem? Ele é o protagonista da passagem ou um coadjuvante que a cena bíblica registra? O seu comportamento nos ensina o que sobre o caráter de Deus? A sua obediência ou desobediência trouxe que conseqüências para a sua vida e a de seu povo?  Que fatores contribuíram na formação do seu caráter? Onde este personagem se aplica a vida contemporânea? Lembre-se de pesquisar usando o binômio causas e efeitos.
 
       3) Procure descobrir a idéia central a ser focalizada na mensagem = Existem idéias ou temas secundários? Qual é a idéia central? O seu monólogo terá mais propriedade, abrangência e alcançará melhor o seu ouvinte na medida em que refletir em suas bases a verdade(ou as verdades) central do texto bíblico utilizado. Você precisa escolher a idéia central e permanecer fiel ao contexto. Por outro lado, não deixe de verificar se a sua interpretação ou qualquer inferência que você faça são realmente fiéis ao significado e a boa interpretação do mesmo. Você pode olhar um personagem a partir de diferentes ângulos conforme nos ensina Dr. Jerry Key citando Whitesell: 
  1. Uma análise da vida toda do personagem(Jonas).
  2. Uma análise temática(falar sobre o avivamento de Jonas em Nínive).
  3. Uma análise do caráter do personagem. Uma pessoa é composta de muitas qualidades(falar sobre Sansão e suas contradições – virtudes e defeitos).
  4. Uma análise da carreira do personagem. Dividir a vida em etapas(José: período de sonhos; período de prisões; período de realizações).
  5. Uma análise das atividades do personagem(Barnabé: amigo simpático; missionário, homem liberal, etc).
  6. Uma análise de locais significativos na vida do personagem(Moisés, homem de três montanhas).
  7. Uma análise do personagem pelas crises que passou(Ester: racial, religiosa e pessoal).
  8. Uma análise de parentescos.
  9. Uma análise da contribuição que alguém deixou pela passagem nesta vida.
  10. Uma análise da grandeza do personagem(João Batista).
  11. Uma análise do galardão do personagem(Rute: redenção, refúgio, descanso, renome).
  12. Uma análise por perspectivas diferentes(Jesus visto pelos pais, por Herodes, pelos pastores, pelos sábios, pelos inimigos, por Satanás, etc).
  13. Uma análise de um grupo de personagens(Ananias e Safira).
  14. Uma análise das lições encontradas ma vida do personagem(O ladrão penitente: salvação sem obra; salvação sem ordenanças ou sacramentos;  uma salvação eterna, indo ao Paraíso logo depois da morte sem passar pelo Purgatório!).
  15. Uma análise da característica principal do personagem (Estevão: uma testemunha fiel).
  16. Uma análise do evento chave na vida do personagem (Elias no monte Carmelo).
  17. Uma análise do texto chave sobre  a vida do personagem (Barnabé – Atos 11.24 – homem bom, caracterizado pela fé, e cheio do Espírito Santo).
  18. Uma análise de uma idéia única(Os erros de Moisés).
  19. Um comparação e/ou contraste entre duas vidas(Abraão e Ló).
  20. Uma análise psicológica(Noé ou José e a vitória sobre as circunstâncias).
  21. Uma análise do personagem através de uma série de mensagens.36
 
       4) Ponha a sua imaginação para funcionar = Imaginação é uma habilidade que precisamos utilizar na composição e apresentação de sermões monólogos. Não seja um indivíduo que viva somente no campo da imaginação porque o sermão monólogo não é uma obra de ficção. Apesar de ser possível fazer um monólogo que utilize o recurso da inferência, ou seja, colocar na fala do personagem aquilo que o texto não diz e que não cria nenhum conceito teológico novo nem fira a integridade da Palavra de Deus. Um exemplo disso você poderá ver no capítulo que apresenta alguns exemplos quando o dono da estalagem apresenta as “razões” porque não deu lugar a José, Maria e o menino que haveria de nascer.
 
       5) Aplique as experiências do personagem a nossa época = Aplicação é parte fundamental de qualquer tipo de sermão e não seria diferente nos sermões monólogos. Lembre-se você não prega para distrair as pessoas. O seu objetivo deve ser o de transformar vidas e as aplicações devem ser uma constante em seus sermões. Cada argumento, tópico ou afirmação de seu sermão deve ter conexão com o di-a-dia de seus ouvintes e não deixe de aplicar as verdades eternas da Palavra de Deus. Um sermão sem aplicação é como uma comida muito cheirosa, atraente mas sem sabor. Permita que os seus ouvintes saibam como colocar em prática os ensinos proclamados.
 
       6) Prepare cuidadosamente o ambiente do culto = Neste tipo de sermão é bem provável que alguns irmãos mais radicais sintam-se incomodados particularmente quando o púlpito é retirado da plataforma para que haja mais espaço para a movimentação do pregador. Se for possível anuncie antecipadamente o que vai acontecer e especialmente se você for utilizar os trajes típicos. Verifique se a sua iluminação na área da plataforma é suficiente para que as luzes do salão sejam apagadas. Se houver essa possibilidade utilize este recurso da iluminação. Se em sua igreja você possui uma iluminação própria para peças teatrais peça ao iluminador que estude o seu monólogo e que crie uma iluminação específica para a sua mensagem.  
     Verifique se a acústica de sua igreja é boa ou se será necessário o uso de microfones. Se for necessário o uso de microfone sugiro um microfone sem fio e de lapela pois ele dará maior mobilidade e você poderá fazer uso dos recursos da comunicação através de gestos. Existem igrejas que possuem microfones ambientes que são muito úteis. Evite o microfone com pedestal pois ele criará uma tremenda limitação nos seus movimentos. Se você for usar qualquer outro recurso que utilize outras pessoas não se esqueça de combinar com elas antecipadamente o que vai ser feito. Um exemplo pode ser alguém que deverá ler uma passagem bíblica referente a vida do personagem 
       O ideal neste tipo de mensagem é pregar sem o uso de esboços ou anotações. Caso você tenha dificuldades em pregar sem notas sugiro que você use o expediente de preparar um esboço com as idéias maiores e coloque preso ao chão especialmente se a sua plataforma estiver num plano superior ao auditório. Se for necessário conferir alguma idéia é só dar uma ligeira olhada para o chão. Lembro-me de uma vez que precisei escrever todo o monólogo e não estava me sentindo bem para pregar sem anotações. Fiz uma espécie de pergaminho(comum à época do personagem) onde estavam todas as minhas informações necessárias e durante a introdução disse ao auditório que havia preparado cuidadosamente alguns dados para compartilhar com eles.
 
       7) O uso dos trajes típicos = Pessoalmente eu prefiro pregar os sermões monólogos utilizando o recurso do figurino. Nem todos os pregadores se sentirão à vontade ao pregarem usando trajes típicos. Mas a questão mais relevante para mim é que o uso de um bom figurino cria um efeito visual que faz com que o ouvinte esteja mais atento e isso favorece o processo de comunicação. Pesquise hábitos, costumes, trajes e utensílios característicos do seu personagem e mãos à obra. Uma vez que você decida utilizar os trajes típicos deve  entrar somente na hora em que for pregar. Pois se você ficar sentado na plataforma vestido com o seu figurino vai chamar muito a atenção e pode trazer algum prejuízo ao culto.

 
B – Onde Encontrar Material Para a Elaboração dos Sermões Monólogos
 
       1) Leia todas as passagens da Bíblia, utilizando as várias traduções, verificando as passagens paralelas = É claro que estamos falando de todas as passagens bíblicas que falem do personagem. Procure por detalhes e enfoques que possam passar despercebidos. Falava certa vez com um grande pregador que me disse que um dos segredos da boa mensagem é usar aqueles textos que todos conhecem e neles destacar algo que ainda não havia sido observado. Ponha os óculos da curiosidade ou as lentes da pesquisa e cave o seu texto como quem procura um tesouro. Hoje nós temos os recursos fantásticos das diferentes traduções e paráfrases que podemos utilizar neste processo inicial da preparação. Este serviço de leitura e comparação pode ser feito com muita agilidade se você possuí algum software com textos bíblicos que permitam buscas. 
       2) Dicionários Bíblicos = Os dicionários bíblicos facilitam o processo de compreensão sobre os significados teológicos e também culturais de algumas passagens ou palavras. Eles são bons aliados nesta etapa de levantamento de informações sobre o personagem, sua época e dependendo da qualidade dos dicionários poderão trazer uma vasta ajuda. Não tenha pressa nem seja preguiçoso. O trabalho é duro mas a recompensa vale a pena todo o esforço empreendido.
 
       3) Comentários bíblicos sobre as passagens, especialmente livros que trazem a exegese mais completa possível = Muitos mestres da homilética abominam os comentários bíblicos no processo de preparação de mensagem. Reconheço que eles podem criar no pregador uma certa preguiça e desinteresse pelo estudo do texto bíblico, especialmente no aspecto hermenêutico. Creio o pregador pode utilizar sim os comentários bíblicos especialmente aqueles de boa estrutura exegética que podem ser úteis na compreensão de algum detalhe que deixamos escapar em nossas pesquisas anteriores do texto bíblico.  
       4) Verifique os livros biográficos sobre personagens bíblicos = Grandes autores como Charles Swindoll tem nos abençoado com suas obras biográficas e elas devem ser usadas também no processo de pesquisa e composição dos sermões monólogos. Por exemplo, se alguém deseja preparar um monólogo sobre Davi não deve deixar de consultar o livro “Davi um homem segundo o coração de Deus”37. As obras biográficas são riquíssimas em pesquisas e aplicações para o nosso dia-a-dia e nos darão com certeza muitas idéias sobre outros personagens que tiveram relação com o personagem principal desta obras.
 
     5) Verifique os livros de histórias bíblicas para as crianças = Nem todos os pregadores tiveram o privilégio de nascer num lar cristão ou de freqüentar uma igreja desde a tenra infância. Assim pode ser que desconheçam a capacidade dos recursos didáticos que são utilizados nos departamentos infantis. Quanta riqueza, quantos recursos, quantas idéias. Nosso filho tem pouco mais de quatro anos e minha esposa e eu nos revezamos noite após noite contando as histórias bíblicas e morais para ele antes de dormir. Como esta tarefa doméstica de ensinar a Palavra de Deus me ajuda na hora de preparar e pregar sermões monólogos. Os livros de histórias bíblicas dão um toque de drama ou aventura e nos ajudam também na composição de figurino.
 
       6) Pesquise nos materiais usados na EBFs = Nas Escolas Bíblicas de Férias temos outros recursos importantíssimos. Estas atividades de férias têm como alvo primordial alcançar crianças não crentes e seus pais além de reunir as nossas crianças. Assim utiliza-se material que atrai o indivíduo que ainda não tem muitas informações sobre a Bíblia. Minha sugestão é que você dê uma olhada também nestas ferramentas. Quem sabe participe da próxima EBF que sua igreja realizar e assim poderá ter uma visão mais abrangente de como o uso de recursos audiovisuais em suas mensagens é extremamente necessário.

 
C – Idéias e Personagens que Podem ser Usados nos Sermões Monólogos
 
     
  1. Do sexo masculino =  muitos personagens podem ser utilizados eis alguns: Noé, Moisés, Natã, Isaías, Daniel, Nicodemos, o Filho Pródigo, O Bom Samaritano, O homem que foi socorrido pelo bom samaritano, Zaqueu, O menino dos pães e peixes, Tomé, o carcereiro de Filipos, O gadareno, Barrabás, Paulo, Caim, Barnabé, etc.


     
  1. Do sexo feminino = Eva, Sara, Rebeca, Raquel, Ana, Rute, Ester, Miriam, Débora, Ana, a mãe de Samuel, Maria Madalena, a mulher samaritana, a viúva pobre, etc.

 
     As idéias são tantas quantas o Espírito Santo desejar esclarecer em sua mente e coração. Você pode falar por exemplo de jovens famosos e suas virtudes e relacionamento com Deus(José, Samuel, Davi, Daniel, Jesus, Timóteo). Você pode abordar as grandes conversões do Novo Testamento(o gadareno, a mulher samaritana, Mateus, Zaqueu, o ladrão na cruz, Saulo). Você pode falar daqueles que rejeitaram a Cristo(Herodes, Pilatos, Judas, O jovem rico). Você pode falar de personagens que são bons exemplos dos fracassos modernos(Saul, Sansão, Caim, Jezabel).
 
D – Passos na Preparação do Sermão Monólogo 
     1) Selecionando o personagem e estudando a passagem bíblica central = Uma vez escolhido o personagem agora a etapa e estudar a passagem bíblica que melhor registre o conteúdo ou conceito que você deseja pregar. Como geralmente os sermões monólogos são expositivos e textuais você deve estudar exaustivamente o texto de que se ocupara o sermão isto é possível se:  
     a) Observarmos detalhadamente o contexto =  os aspectos históricos que envolvem a passagem ou livro. O contexto determina o porquê e o para que? Para quem foram escritas ou ditas tais palavras. O contexto nos dá uma clara compreensão da cosmovisão do autor e nos permite fazer paralelos mais seguros.  
       b) Adentrarmos nos pormenores gramaticais do texto = isto pode ser feito tanto por aqueles que têm acesso ás línguas originais quanto por aqueles que não as conhece mas que pode fazer o mesmo trabalho gramatical em sua própria língua e usar as várias ferramentas auxiliares como: dicionários, concordâncias, gramáticas, léxicos, estudos de palavras e comentários 
       c) Descobrirmos o texto = quero dar um exemplo baseado em 2 Timóteo 3.10-17. 
1. Frases Substantivadas
2. Frases Verbais
vs
sujeito
objeto
 
10
Tu
porém
 
 
(tu)
tens
observado
 
minha
a doutrina
 
 
(meu)
procedimento
 
 
(minha)
intenção
 
 
(minha)
 
 
(minha)
longanimidade
 
 
(meu)
amor
 
 
(minha)
perseverança
 
11
(minhas)
as perseguições
 
 
(minhas)
aflições
 
 
(eu)
quais as que
sofri
 
(eu)
Antioquia/Icônio/Listra
 
 
(eu)
quantas perseguições
suportei
 
 
e de todas
 
 
me
Senhor
livrou
12
 
na verdade
 
 
todos
os que
querem
 
(todos)
piamente
viver
 
Cristo Jesus
em
 
 
(todos)
perseguições
padecerão
13
homens
mas os
 
 
(homens)
maus/impostores
 
 
(homens)
mal/pior
irão
 
(homens)
enganados
enganando
14
Tu
porém
 
 
(tu)
 
permanece
 
(tu)
naquilo que
aprendeste
 
(tu)
e de que fostes
inteirado
 
quem
de
sabendo
 
(quem)
o tens
aprendido
15
(tu)
desde a infância
 
 
(tu)
sagradas letras
sabes
 
(tu)
que/sábio
fazer(te)
 
 
para a salvação
 
 
Cristo Jesus
pela fé que
16
Toda
Escritura
é
 
(toda)
divinamente
inspirada
 
(toda) 
proveitosa para
ensinar
 
(toda)
para
repreender
 
(toda)
para
corrigir
 
(toda)
para justiça
instruir
17
 
para que
 
 
Deus
o homem de
 
 
(o homem)
perfeito
seja
 
(homem)
perfeitamente
preparado
 
(homem)
para boa obra
 

 
  1. Substantivos mais repetidos:
 
      a) Perseguições = apresenta inicialmente as suas pessoais e depois fala que todo aquele que estiver disposto a viver em Cristo, sofrerá perseguições. b) Fé = a observação da sua fé pessoal, como exemplo e o depósito da fé em Cristo são essenciais para salvação. 
  1. Verbos mais repetidos:
 
      Perseverança(2); aprendeste(2); sabendo(2); ensinar; repreender; corrigir; instruir. Não há um destaque para um verbo principal. No entanto, o conjunto das ênfases dadas, mostram a necessidade de aprendizado e firmeza na salvação em Cristo. 
  1. Assunto:
 
  1. Bases para a firmeza.
  2. As perseguições e a perseverança na vida cristã.
  3. A fé como fonte do aprendizado cristão para a vida.
 
  1. Tema:
 
  1. Bases para a firmeza dos jovens.
  2. Perseguição e firmeza na vida cristã.
 
        d) Pesquisarmos o tema =  Uma vez que já temos os assuntos podemos partir para a redação de um tema mesmo que seja provisório. A seguir é necessário escolher o versículo chave. Em nosso caso “e que desde a infância sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé em Cristo Jesus”. O desenvolvimento do tema nos permite dizer que: a firmeza vem desde o princípio da fé cristã; a Bíblia oferece alimento para os que desejam ser firmes; e a firmeza depende da fé. 
      
  1. Confeccionarmos uma proposição = Uma proposição precisa ser construída. Os nossos dados levantados até aqui sugerem que: o texto apresenta causas e efeitos da perseguição cristã; Paulo mostra-se como exemplo daqueles que desejam seguir a fé e serem perseguidos; e desafia a perseverança nas coisas aprendidas desde o início da fé cristã. É preciso que busquemos uma palavra chave aqui entendemos que esta palavra é “perseverança”. O substantivo mais destacado é “perseguições” e assim podemos construir nossa frase de transição como também a tese além de destacar a idéia central do texto escolhido. Assim podemos enumerá-las:
 
Tese: O fruto das perseguições na vida cristã é a perseverança na fé em Cristo. 
Idéia Central: O texto mostra que a perseguição e perseverança andam juntas. 
Frase de Transição: As bases para a firmeza na vida cristã são...
 
      f) Compreendermos o significado das palavras = Parece desnecessário falar desta matéria. Mas fica cada vez mais latente o desconhecimento de palavras que tenham significados teológicos. Mas gostaria de desafiar os colegas a pelo menos darem uma boa estudada no significado semântico das palavras. Veja o exemplo: 
1. Principais Palavras
2.Significado
10
observado
olhar atento
 
doutrina
fundamento, razão
 
 
 
11
perseguições
aflições, angústias
 
livrou
solto, liberto
 
 
 
12
viver piamente
sincera, profundamente
 
padecerão
sofrer, sentir dor
 
 
 
13
impostores
mentirosos
 
enganando
trapaceando
 
 
 
14
permanece
ficar firme, estar sempre
 
inteirado
sabedor, conhecedor
 
 
 
15
infância
meninice
 
sábio
conhecedor, entendido
 
 
 
16
inspirada
dada por Deus
 
ensinar
oferecer, inculcar
 
 
 
17
perfeito
puro, sem erro
 
preparado
pronto, apto
3. Aplicação do versículo: 
10 – A conseqüência de atitudes práticas na vida de Paulo parte de sua doutrina. 
11 – Não há nenhuma perseguição que não possa ser vencida no Senhor. 
12 – A vida cristã profunda implica em sentir dor. A vida superficial não. 
13 – Quem mente e engana, nem sempre leva a melhor, acaba sendo enganado também. 
14 – Só se pode estar firme nas verdades conhecidas da Palavra de Deus. 
15 – O caminho da ignorância à sabedoria requer fé em Cristo. 
16 – A Palavra que nos é ensinada não vem de homens, mas de Deus que a inspirou. 
17 – A Palavra não apenas nos dá sabedoria mas nos torna prontos para a obra e não aceita pecado. 
  1. Aplicação para a minha vida:
 
10 – A doutrina deve ser a base da minha vida, e não a minha prática base da minha doutrina. 
11 – Se tenho em sentido preso por perseguições é porque não estou usando a liberdade divina. 
12 – Se não tenho sentido a dor do Evangelho é porque estou vivendo superficialmente. 
13 – Se penso que apenas posso enganar: engano. Também serei enganado. 
14 – A firmeza na minha vida pressupõe conteúdo da Palavra e vivência dela. 
15 – Qualquer sabedoria adquirida será passageira, se não estiver fundamentada em Cristo. 
16 – Depois de aprendida, a Escritura pode também repreender e corrigir o curso de minha vida. 
17 – Fazer a obra de Deus, sem as instruções de Deus é construir um prédio sem olhar a planta.
 
     2) Descobrindo a idéia exegética e formulando a idéia homilética = Para que você caminhe do texto para o sermão é necessário conhecer os cinco “P” da pregação sugeridos por Wilkinson: a) Povo: toda Escritura é divinamente inspirada, mas nem toda a Escritura e contextualmente relevante. b) Palavra: todas e cada das necessidades do povo de Deus são tratadas pela Palavra de Deus. c) Princípios: cada tema possuí vários textos e cada textos possui vários temas. d) Persuasão: o auditório deve saber como o princípio funciona e crer que ele é exeqüível. e) Prática: a Palavra de Deus nos foi dada para a nossa transformação e não apenas para a nossa informação. 
     
  1. Descubra e analise a idéia exegética = Nem sempre é fácil descobrir as idéias de um texto. Esta é uma tarefa importante pois extrairemos os elementos a serem aplicados na exposição da Palavra. Eis algumas sugestões de como alcançar isso denominadas de “perguntas de desenvolvimento”: 1) O que quer dizer isto? = assim você descobrirá os pensamentos primários do autor. Agindo desta maneira você se coloca na posição dos ouvintes originais e também de seu auditório e avalia como esta passagem impactaria as pessoas a quem ela será exposta. O objetivo desta pergunta é explorar a explicação do texto. 2) É verdade? = teste a validez de sua passagem. Se você puder crer no que diz a passagem isso facilitará a sua argumentação e aumentará a sua convicção ao proclamar os seus conceitos correlatos.
 
     3) Que diferença faz? = desta forma você poderá medir e avaliar de que maneira e onde este princípio bíblico poderá aplicar-se à sua vida e a de seus ouvintes. Nesta pergunta é possível explorar as aplicações e implicações do texto. Quanto ao propósito teológico do texto são necessárias as seguintes perguntas: a) Há no texto quaisquer indicação de propósito, comentários editoriais, ou declarações interpretativas feitas acerca de eventos? b) São feitos julgamentos teológicos no texto? c) Esta história é dada como exemplo ou advertência? Se for assim, de que maneira? Este incidente é uma regra ou uma exceção? Quais limitações devem ser postas sobre elas? 
       d) Por que o Espírito Santo inclui nas Escrituras esta narrativa? Qual foi a situação ambiental de comunicação em que a Palavra veio originalmente? Que detalhes e particularidades os homens e mulheres modernos têm a ver com os ouvintes originais? Como podemos identificar-nos com os homens e mulheres bíblicos enquanto escutavam a Palavra de Deus e correspondiam ou deixavam de corresponder – na situação deles? Que discernimentos adicionais adquirimos acerca das maneiras de Deus lidar com o seu povo através da revelação adicional? Quando entendo uma verdade eterna ou um princípio orientador, que aplicações específicas e práticas tem para mim e para os meus ouvintes? 
     e) Estas conclusões estão corretas? Tais perguntas podem ser declaradas de um outro modo de modo que deixe emergir outras questões? Determinei todos os princípios teológicos que devem ser considerados? Que peso atribuo a cada princípio? A teologia que defendo é verdadeiramente bíblica, derivada da exegese disciplinada e da interpretação fiel das passagens bíblicas? Isto é o que o texto diz ou o que eu gostaria que ele falasse?
 
     
  1. Estude bem a idéia exegética e declare-a na sentença mais exata e memorável possível = isto deve ser feito considerando tanto a Bíblia como os seus ouvintes. A idéia homilética emerge depois de um estudo intensivo da passagem bíblica e da análise extensiva de seu auditório, obter essa idéia e declará-la de modo criativo é o passo mais difícil no preparo do sermão. Deixo aqui uma sugestão em três tempos para ajudá-lo na obtenção de idéias e princípios:

     
  1. Faça sempre uma paráfrase do versículo:
 
10 – Você que tem estado atento a doutrina que sigo, minha forma de agir, aquilo que pretendo fazer, aquilo em que eu creio, minha paciência, amor, persistência... 
11 – A forma como sou perseguido e tenho sofrido em Antioquia, Icônio, Listra; sofri muitas perseguições e o Senhor me soltou de todas. 
12 – Prestem atenção, todos aqueles que desejam viver de verdade em cristo, vão sofrer muitas perseguições. 
13 – Mas os homens mentirosos e enganadores, vão de mal a pior, mentindo e sendo passados para trás. 
14 – Você no entanto, fique firme nas coisas que você aprendeu, olhando para quem você aprendeu. 
15 – Desde a sua meninice você conhece as Escrituras Sagradas, que podem te levar à sabedoria, para a salvação pela fé em Cristo. 
16 – Toda Escritura é dada por Deus e boa para ensinar, para chamar à atenção, para corrigir, e para mostrar a verdade. 
17 – Para aquele que segue a Deus seja puro e esteja completamente pronto para fazer a obra de Deus. 
  1. Descreva a idéia central da paráfrase em forma de princípio:
 
10 – A maneira de agir de um cristão deve ser fundamentada em sua doutrina. Ela deve ser observada também a partir do bom exemplo. 
11 – A maneira cristã de agir pode levá-lo a ser perseguido por outras pessoas. No entanto, não há perseguição que não seja superada, desde que a doutrina seguida seja a do Senhor Jesus. 
12 – Uma doutrina pode até ser escondida para que não haja perseguição. No entanto, assumir a vida de Cristo é algo que não pode ser escondido. 
13 - A mentira e o engano vai e volta para quem mente e engana. Este é um jogo de bate e rebate. 
14 – Quando se aprende a fé cristã de Cristo ou de um fiel seguidor dele torna-se um exemplo a ser seguido sempre. 
15 – O crescimento no conhecimento das Escrituras leva à sabedoria. Neste ponto o homem está maduro para a salvação pela fé. 
16 – Só existe um tipo de Escritura infalível. Só ela pode atuar na vida de uma pessoa desde o ensino até a repreensão, mostrando verdades. 
17 – Aquilo que faz o homem de Deus completo para fazer a sua obra é vencer as perseguições e o inimigo com base na Palavra de Deus. 
       3) As cinco perguntas chave para a elaboração de um sermão monólogo expositivo são: a) qual o tema geral do texto? b) qual é o tema específico do texto? c) o que o texto diz sobre o tema específico?(divisões) d) que substantivo plural agrupa todos os itens a respeito de um mesmo tema específico?(palavra-chave) e) que verdade teológica universal resume os itens do tema específico?(tese)

 
     3) Determinando e atingindo o propósito do sermão e fazendo o seu esboço = Por que você prega um sermão? Qual é o seu propósito? O propósito(objetivo) declara aquilo que esperamos que aconteça com o ouvinte como resultado da pregação bíblica. Propósito é o mesmo que objetivo e nós já vimos anteriormente sobre os objetivos gerais agora observaremos algumas informações sobre os objetivos específicos. Deixe-me dar um exemplo de propósito específico: “Levar o meu ouvinte a basear o seu pastorado nos ensinos bíblicos do serviço, da proclamação e da fidelidade vocacional de modo que seja abençoado”(Atos 20.17-27). 
     Minha sugestão é que você considere a tabela de Roy B. Zuck que o ajudará a declarar os objetivos de seus sermões nas dimensões do cognitivo e do afetivo. Os verbos a serem usados dependerão do objetivo ou alvo: 
Conhecimento
Compreensão
Atitude
Habilidade
alistar
discriminar
fazer
interpretar
declarar
diferenciar
desenvolver
aplicar
enumerar
comparar
confiar
internalizar
recitar
contrastar
apreciar
produzir
relembrar
classificar
ser sensível
utilizar
escrever
selecionar
dedicar-se
estudar
identificar
escolher
entusiasmar
praticar
memorizar
separar
simpatizar
solucionar
conhecer
avaliar
encarar
experimentar
pesquisar
encarar
planejar
explicar
delinear
examinar
satisfazer
comunicar
examinar
compreender
 
ajudar em
definir
refletir sobre
 
orar acerca de
ter consciência
discernir
 
 
familiarizar-se
cogitar
 
 
descrever
compreender
 
 
reconhecer
descobrir
 
 

 
     Pense sobre a idéia homilética e pergunte-se a si mesmo como esta idéia deve ser tratada para cumprir o seu propósito. O que deve ser feito com esta idéia para atingir o propósito? Que formato o seu sermão assumirá? Os sermões monólogos podem assumir várias formas como segue: 
       1) Uma idéia a ser explicada = acontece assim quando o pregador deseja que sua congregação entenda uma doutrina da Bíblia. Uma verdade corretamente compreendida leva consigo a sua aplicação. A idéia é apresentada na introdução e os a explicação desenvolve-se nos pontos do sermão. 
       2) Uma proposição a ser comprovada = nem sempre as idéias precisam ser explicadas, as vezes elas precisam ser comprovadas. Quando este for o caso, a idéia aparecerá na introdução, mas como uma proposição que o pregador defenderá. Os pontos do sermão são as provas daquela proposição. 
     3) Um princípio a ser aplicado = neste tipo de sermão o expositor delineia um princípio bíblico ou na sua introdução ou no seu primeiro ponto principal, e no restante da sua mensagem explora as implicações do princípio e as aplica à experiência diária dos seus ouvintes. 
     4) Um assunto a ser completado = neste estilo apresenta-se somente o assunto na introdução, e não a idéia inteira, e os pontos principais completam o assunto. Esta maneira de pregar é a mais comum entre os pregadores. 
     5) Uma história a ser contada = os sermões também comunicam idéias se o expositor conta uma história bíblica com compreensão e imaginação. Cabem neste estilo os sermões monólogos, diálogos e biográficos. 
     6) Outras formas que os sermões assumem = os sermões se desenvolvem também do modo indutivo, dedutivo ou através de uma combinação dos dois. No indutivo a introdução apresenta apenas o primeiro ponto do sermão, depois, com uma transição forte, cada ponto novo forma um elo com o ponto anterior até que a idéia emerja na conclusão. No dedutivo a idéia aparece como parte da introdução e o corpo a explica, comprova ou aplica. 
     7) E o nosso esboço de 2 Coríntios 3.10-17? Eis como ele pode ser concebido:
Bases Para a Firmeza dos Crentes
 
Tese: O texto mostra que para ser cristão existe um preço a ser pago, e isto só acontecerá com firmeza na Palavra de Deus. 
Frase de Transição: As bases para a firmeza dos crentes são.... 
Introdução: 
I – A DOUTRINA DE CRISTO EM SUA VIDA
II – NUNCA SE DESVIAR DO ALVO
III – CONHECIMENTO DA PALAVRA DE DEUS 
Conclusão: 
     4) Preenchendo o esboço do sermão e preparando a introdução e a conclusão = se um esboço mostra ao pregador o relacionamento das idéias do sermão monólogo. E se ele também ajuda a perceber com um relance quais as idéias são superiores, subordinadas e coordenadas. Como estão preencher este esboço(esqueleto) com as matérias de apoio que explicam, comprovam ou amplificam os pontos(a pele, os músculos)? No desdobramento do sermão monólogo o pregador pode usar uma série de matérias de apoio. 
       1) Use as Matérias de Apoio = pois elas serão úteis para esclarecer, amplificar, comprovar ou aplicar suas idéias e torná-las atraentes e compreensíveis aos seus ouvintes. Eis algumas de tantas que você pode usar: 
       a) Reformulação e a argumentação = a reformulação emprega o princípio da redundância para declarar uma idéia “noutras palavras”. Ela obtém clareza pois os ouvintes devem captar o que é dito quando o dizemos. Ela impressiona a verdade sobre o ouvinte(aliás a didática usa a reformulação como importante princípio no processo ensino-aprendizagem). Ela é diferente da repetição. O argumento deve ser usado pelo pregador para convencer os incrédulos e fortalecer os crentes na fé. Existe uma variedade de argumentos que podem ser usados na pregação de sermões monólogos: a relação causa e efeito, efeito e causa, o testemunho, a analogia, a dedução e a indução. Shepard afirma que “não se deve tentar provar uma coisa sem se saber se é possível prová-la. A premissa maior deve ser íntegra e admitida por todos. O argumento deve estar ao alcance da inteligência dos ouvintes”38. 
       b) A explicação e a definição = uma definição estabelece limites. Delineia aquilo que deve ser incluído e excluído por um termo ou declaração. “O pregador não deve deixar de explicar bem as passagens mal compreendidas ou obscuras. Até muitas passagens que parecem bastante claras não são bem compreendidas.. é boa regra explicar todos os textos usados na pregação”39A explicação também define fronteiras, mas pode fazer isto por meio de amplificar a questão de como as idéias se relacionam entre si, ou de que uma idéia subentende. Tanto o uso de definições como das explicações devem considerar o auditório para que haja condições de entendimento daquilo que estamos querendo comunicar. Ao preparar seus monólogos você pode aproveitar estes recursos para definir e ou explicar melhor o significado das palavras-chave nas línguas originais e assim tornar mais relevante a atuação de seu personagem. 
       c) Informações fatuais = os fatos consistem em observações, exemplos, estatísticas e outros dados que podem ser averiguados independentemente do pregador. Os fatos não somente ajudam o ouvinte a entender, como também granjeiam respeito ao pregador. Ao usar qualquer informação fatual certifique-se de que é genuína para que a sua palavra não seja uma opinião pessoal. Mesmo na composição de um sermão monólogo que apresente um personagem bíblico você pode lançar mãos dos fatos dados que a Bíblia apresenta e até mesmo aqueles que a História universal registra e que sejam contemporâneos do personagem. 
       d) Citações = introduzimos citações para apoiar ou expandir um argumento por duas razões: a impressividade e a autoridade. Isto porque reconhecemos que outra pessoa declarou a idéia mais eficazmente do que nós. Isto fazemos também por uma questão de ética. Isto fazemos para termos mais autoridade. Isto fazemos porque o auditório teria mais probabilidade de aceitar a avaliação de quem citamos. As citações devem ser usadas com sabedoria para não criar embaraço à comunicação. No caso do sermão monólogo use citações de outros textos bíblicos que o seu personagem tenha conhecido. Lembre-se que os autores do Novo Testamento não sempre usavam as Escrituras(AT) citando-as para fortalecer seus argumentos. 
   e) A narração = a narração pode providenciar um pano de fundo num sermão ao preencher a respectiva parte histórica, cenário, ou personalidades. “A narração tem caráter peculiar na pregação. O pregador narra como orador, e a sua narração trata principalmente de história bíblica. O narrador deve subordinar sua narração ao objeto de seu discurso, a convicção ou persuasão que deseja produzir”40. A narração se reveste de energia quando os verbos e substantivos pintam quadros em nossas mentes. Às vezes um ponto de vista diferente acrescenta novidade a um relato freqüentemente contado. A narração importa em comunicar com a imaginação, e a imaginação reflete as introspeções de fé. Lembro-me até hoje de um pregador em minha infância que pregou sobre a crucificação usando este recurso ele me fez ouvir o som das gotas de sangue de Jesus ao tocarem o chão. A narração é meio-irmã da interpretação. Num sermão monólogo você deve usar este recurso sem nenhuma economia. 
     f) Ilustrações = geralmente os sermões comunicam idéias abstratas e se não forem explicadas em termos concretos ficará muito difícil se fazer entendido por aqueles que nos ouvem. Na opinião de Blackwood existem pelo menos quatro motivos para o uso das ilustrações: o interesse humano, a clareza, a beleza e o complemento41. As ilustrações são estas janelas que nos permitem ligar o raciocínio abstrato a vida concreta. Uma ilustração, como a imagem da televisão, deixa claro aquilo que o pregador está explicando. As ilustrações servem ao pregador e a sua congregação de outras maneiras: ajudam a memória, despertam a emoção, criam necessidades, seguram a atenção, estabelecem harmonia entre o pregador e o auditório. Ao usar ilustrações nos sermões monólogos, tome cuidado com a questão temporal. Dê preferência para aquelas ilustrações que sejam possíveis à época de seu personagem e que tenham relevância e aplicação aos seus ouvintes.
 
   2) Prepare-se para a confecção da introdução e da conclusão do seu sermão = as introduções e as conclusões têm relevância num sermão além da proporção de sua duração. Você já deve ter lido e estudado muitas informações sobre a introdução e a conclusão de sermões e creio que elas são úteis para a confecção dos sermões monólogos também. Lembre-se tecnicamente um sermão monólogo é aquele onde o pregador fala na primeira pessoa do singular, ou seja, ele vive a história ele é o personagem. Assim este tipo de sermão requer alguns cuidados especiais tanto na conclusão quanto na introdução. Gostaria de ajudá-lo nesta etapa gastando um pouco mais de tempo e trabalhando melhor nestes recursos.  
     a) O objetivo da introdução = além de preparar a mente dos ouvintes para receber a mensagem e o pregador a introdução também prepara o ouvinte para compreender o assunto. Ela segundo Dr. Key tem as seguintes finalidades: 1) Deve despertar a atenção dos ouvintes e provocar interesse no sermão. 2. Deve preparar o ouvinte para que possa entender e apreciar o tema tratado no sermão. 3) Deve captar a simpatia dos ouvintes. 4) Deve começar com algo relevante à vida dos ouvintes, e ligar esta idéia ao tema e ao texto da mensagem42. No seu capítulo entitulado A Arte da Introdução Blackwood diz que o pregador deve chamar a atenção, assegurar a boa vontade, e preparar para dirigir e isto logo nos dois primeiros minutos43.  
     Uma boa introdução possui algumas características indispensáveis e os autores não divergem muito quanto a esta questão e você com certeza encontrará entre as opiniões que uma boa introdução: deve ser direta ao assunto; deve ser breve e proporcional; deve ser interessante e criativa; deve ser simples e clara no seu estilo e conteúdo; deve ser oportuna para a ocasião e situação; deve ser cortês e amigável. Devemos evitar o improviso e assim preparar com antecedência uma boa introdução que seja funcional preparando-os para o corpo da mensagem e suas idéias fundamentais que precisamos compartilhar. Lembre-se que a introdução é apenas o início de seu sermão e deve ter esta característica e função.  
     Um pregador pode lançar mão de diversas fontes para construir uma boa introdução além de ter a possibilidade de variar bem os modelos evitando assim a monotonia e a repetição. Veja o que nos ensina Dr. Key sobre métodos ou tipos de boas introduções: 
  1. A introdução temática é um dos melhores tipos, em que o conteúdo do material utilizado é do tema ou título da mensagem. Pode ser que seja apresentado o tema em relação a algum problema ou necessidade atual. Ou a natureza e o que está envolvido no tema pode ser esclarecido. Quando se usa o tema como fonte das idéias apresentadas na introdução, é preciso incluir algo contemporâneo, ligando isso a verdade bíblica.
  2. A introdução textual também as vezes se torna necessária. Aqui se refere ao fundo histórico do texto ou do contexto. Às vezes na introdução cujas idéias vem do texto é necessário explicar algum conceito do texto, mostrar o valor do texto para a vida cristã, ou a importância do texto para os nossos dias. Este tipo de introdução não é a ideal para sermões expositivos já que o corpo da mensagem sai do próprio texto.
  3. A introdução do sermão pode ser baseada na ocasião, como o natal, ano novo, dia das mães, Ceia do Senhor ou Batismo, etc. Neste caso os ouvintes estarão com os pensamentos voltados para aquela ocasião especial, e isso tornará a introdução interessante para eles. Este tipo de introdução é, sem dúvida, um dos mais importantes.
  4. A introdução do sermão pode incluir uma descrição dramática. É bom que o pregador desenvolva a capacidade de ajudar os ouvintes a verem a verdade no começo da mensagem. É preciso desenvolver esta capacidade de utilizar a imaginação através de uma descrição dramática e o poder das palavras.
  5. A introdução do sermão pode focalizar um problema. Neste caso, a introdução vem da idéia do assunto do sermão, que é um problema que está sedo enfrentado pelos ouvintes. É bom começar o sermão assim quando ele tem o propósito de ajudar a resolver algum problema humano que está confundindo e perturbando a mente dos ouvintes.
  6. A introdução do sermão pode incluir uma notável citação. Será o caso de citar as palavras de alguém muito estimado pelos ouvintes, ou uma citação realmente marcante.
  7. A introdução do sermão pode muito bem começar com uma ilustração. Paulo usou uma ilustração sobre o deus desconhecido em sua mensagem em Atenas na sua segunda viagem missionária. Alguns pregadores usam quase que exclusivamente este método em suas introduções. Mas talvez a maioria não use o suficiente.
  8. A introdução pode incluir a utilização de algum tipo de produto audio-visual. É claro que tudo deve ser muito bem planejado para evitar que a atenção seja desviada. Alguns recursos têm sido usados como: cartazes, iscas de pescadores, chaves, binóculos, jarros.44

 
     Como introduzir bem os sermões monólogos? Minha sugestão é que você considere os princípios relativos a arte de introduzir os sermões e que faça as suas experiências, estude bem as possibilidades. Deixe-me dar alguns exemplos de introdução que já fiz em sermões monólogos. Se o seu personagem possui alguma passagem bíblica que descreva seus erros ou acertos você pode pedir que o dirigente do culto leia esta passagem e quando ele terminar  a leitura você entra em cena questionando-o sobre quem lhe deu permissão para falar da vida alheia e após ouvir as explicações dele você se apresenta o auditório e dá seqüência a sua mensagem. Tome o cuidado de explicar para o dirigente do culto o que você vai fazer para que ele não seja surpreendido. 
   Se o seu personagem tem alguma música que fale especialmente de sua vida você pode ensaiar bem esta música e entrar cantando num momento musical antes da mensagem. Este recurso tem uma capacidade imensa de manter a atenção dos ouvintes. Terminada a música você pode se apresentar, dizer a razão de sua presença e iniciar a sua mensagem. Se o seu personagem exercia alguma função ou profissão você pode utilizar algum objeto que o caracterize. Lembro-me de um monólogo que preguei, baseado na vida de André, sobre o discipulado quando usei uma rede de pesca que estava jogada sobre os meus ombros e introduzi o sermão falando da transição: pescadores de peixes = pescadores de homens. 
   Se o seu personagem escreveu algum livro ou foi destinatário e/ou remetente de alguma correspondência você pode explorar este detalhe ao introduzir o sermão. Por exemplo, um sermão baseado na vida de Timóteo pode ser introduzido utilizando o seguinte recurso. “Estou aqui nesta noite para compartilhar as razões porque fui um jovem que honrou a Deus. Trago comigo ainda uma carta onde meu mestre Paulo me ensinou as bases para a minha firmeza. Permitam-me ler um pequeno trecho desta importante epístola.” Assim, mesmo sem enunciar  a passagem bíblica o personagem faz a leitura da passagem central da mensagem. Uma outra possibilidade é que ao se apresentar o personagem ouve alguém lendo a passagem e faz menção de sua alegria em saber que os conselhos que ele obedeceu também são conhecidos dos cristãos contemporâneos. 
   Você pode criar um vínculo, por exemplo, entre o personagem e o pregador e assim construir uma introdução que use dados, informações e inquietações contemporâneas. Assim seu personagem pode dizer: “agradeço ao pastor fulano porque me deu a oportunidade de estar aqui neste culto e também porque em nossas conversas me fez conhecer que os irmãos têm necessidade de saber sobre....”. Usei recentemente este recurso ao fazer um monólogo, baseado na experiência de Mateus e no aprendizado que teve ao ouvir Jesus contar a parábola do grão de mostarda, sobre o crescimento da igreja nestes dois mil anos de cristianismo. Você tem este sermão nos exemplos de monólogos.
 
   b) O objetivo da conclusão = esta parte do sermão também é chamada a “peroração”, e é aquela que tem o propósito de levar o assunto tratado na mensagem a um fim adequado, relacionando a verdade pregada de forma permanente à vida dos ouvintes. O pregador pode começar bem e discutir o assunto de maneira admirável, mas se não terminar bem, é isso que os ouvintes vão lembrar. Dr. Key45 assegura que: 1) É importante não apenas começar bem, através de uma boa introdução, mas terminar bem. 2) Se as primeiras impressões são as mais notáveis, as últimas quase sempre são as mais duradouras. 3) Infelizmente a conclusão talvez seja a parte do sermão que tem recebido menos atenção quanto ao preparo, do que qualquer outra parte. 4) Se o pregador deve começar o sermão com algo interessante, também é necessário terminar com poder, procurando persuadir o povo a fazer a vontade de Deus revelada na mensagem. 5) O pregador deve ter o devido cuidado ao preparar a conclusão para seus sermões.  
     Blackwood nos sugere pensar na conclusão “como a parte mais importante do sermão, exceção feita ao texto(...) na conclusão o pregador conduz o ouvinte a fazer a vontade do Senhor”46. Sua finalidade tem sido reconhecida por muitos e assim poderíamos destacar que: a conclusão deve terminar o sermão da melhor e mais adequada forma possível; a conclusão deve aplicar a verdade do sermão à vida dos ouvintes; a conclusão tem por finalidade persuadir à ação. Ainda na opinião de Blackwood a maneira de terminar um sermão depende de vários fatores e principalmente do objetivo que o pregador tem ao proclamar sua mensagem. A que sugere algumas formas de conclusão: apelo direto; aplicação prática; resumo final; a verdade em contraste; apelo à imaginação; um poema; ilustração; nenhuma conclusão e sentença final47. 
     Uma boa conclusão possui algumas características indispensáveis e na lista do Dr. Key podemos destacar: 
  1. A conclusão deve terminar o sermão de maneira mais natural e apropriada.
  2. Normalmente a conclusão deve concluir o sermão todo, e não apenas a última idéia apresentada, ou o último ponto do esboço.
  3. A conclusão deve ser pessoal, o ponto alto da relação íntima entre o pregador e os ouvintes. O pregador deve ter plena consciência do seu auditório e deve falar de modo direto e pessoal ao povo. Ele é o mensageiro de Deus, e assim deve suplicar, exortar, persuadir, aconselhar, guiar, desafiar, e convidar os ouvintes a ação.
  4. A conclusão deve ser clara no seu pensamento e desenvolvimento. Nada de idéias obscuras ou confusas em nenhuma parte do sermão, são menos ainda na conclusão.
  5. A conclusão deve ter vida e mostrar o calor da alma da pessoa que está pregando. O pregador deve mostrar convicção, autoridade e intensidade, qualidades tão importantes na comunicação do evangelho, e que chegam ao ponto máximo na conclusão.
  6. A conclusão deve ser específica e não geral. Ela deve ser colocada em termos concretos. Ela deve demonstrar unidade e clareza, ser vigorosa e poderosa, e inspirar esperança nos ouvintes.
  7. A conclusão deve ser breve e proporcional. Isso implica que não ultrapassará de dois ou três ou até no máximo cinco minutos, mesmo em um sermão de trinta minutos.
  8. Deve se dar mais ênfase ao positivo do que ao negativo na conclusão. O objetivo é atingido quando o sermão termina e o povo sai alimentado, determinado, decidido, entusiasmado, esperançoso e pronto para colocar em prática as verdades apresentadas.
  9. A conclusão deve concluir o sermão. Isso parece óbvio, mas muitas vezes a conclusão não conclui bem o sermão. Via de regra devem ser salientados mais uma vez a tese e o objetivo específico da mensagem, fazendo a última aplicação e apelo direto ao coração do ouvinte. É o momento decisivo da mensagem, o momento de maior oportunidade para o pregador, bem como maior perigo, se ele não terminar bem.
  10. A conclusão deve ser variada quanto ao tipo e conteúdo. Esta característica ou qualidade tem sido destacada quanto as outras partes do sermão, como a introdução e esboço. Há vários métodos que podem ser utilizados na conclusão, tornando-se desnecessário sempre usar o mesmo tipo.48
 
Como concluir bem os sermões monólogos? Além das dicas anteriores e até mesmo outras que você encontre nas publicações sobre o assunto, lembre-se que o sermão monólogo nem sempre será apresentado por um personagem que viveu uma vida de modo agradável ao Senhor. Tome o cuidado para não fazer alguns apelos diretos dando a idéia de que o seu personagem fosse um pregador. Às vezes eu saio de cena com um aspecto triste e o dirigente do culto faz um apelo aos ouvintes baseado na história e principalmente nos erros do personagem. Esse tipo de conclusão seria bem vindo num sermão monólogo que retratasse o encontro de Jesus e o jovem de qualidade que não foi capaz de abrir mão de seus bens para seguir o Mestre. 
   Ao concluir o sermão monólogo evite apresentar pensamentos e idéias novas que por certo exigirão maiores explicações. Ao concluir o sermão monólogo evite que os ouvintes pensem que o sermão esteja no fim quando ele ainda não chegou lá. Ao concluir o sermão monólogo evite terminar abruptamente deixando os ouvintes no ar. Ao concluir o sermão monólogo evite pedir desculpas. Ao concluir o sermão monólogo evite o medo de falar direto ao coração dos ouvintes. Ao concluir o sermão monólogo evite o desgaste físico ao ponto de demonstrar que não tem mais forças para continuar. Ao concluir o sermão monólogo evite o hábito de mexer com alguma coisa como alguma peça de seu figurino. Ao concluir o sermão monólogo evite contar piadas ou ficar fazendo gracinhas. Ao concluir o sermão monólogo evite gritarias. Ao concluir o sermão monólogo evite estar preso ao esboço ou qualquer tipo de anotações. Ao concluir o sermão monólogo evite demonstrar emoções forçadas e artificiais. 
   Também o pregador pode aproveitar a conclusão do sermão monólogo para tirar o figurino e falar aos ouvintes com a identidade do pregador. Essa abordagem também tem um efeito interessante sobre os ouvintes. Normalmente eu faço a conclusão juntamente com a elaboração do objetivo específico. Também é possível unir vários destes métodos citados anteriormente(resumo das idéias, ilustração e uma aplicação final). Utilize a sua imaginação e apele a imaginação dos ouvintes. Dê o seu melhor, não apenas nas outras partes do sermão monólogo que precedem a conclusão, mas também preparando conclusões interessantes e criativas. 
Capítulo 6
 
Como e Onde Usar Sermões Monólogos

A – Os Sermões Monólogos Podem ser Usados nos Cultos Dominicais

 
Sem nenhuma dúvida você pode lançar mão deste recurso nos cultos dominicais. Até porque neste dia normalmente temos um maior número de pessoas em nossas igrejas. A quebra da monotonia e a atração que o recurso da interpretação teatral serão úteis para ganhar a atenção dos ouvintes especialmente dos não crentes que não têm o hábito de ficar sentado ouvindo um pregador por muito tempo.  
B – Os Sermões Monólogos Podem ser Usados na EBD ou na ET

Nas aulas da Escola Bíblica Dominical ou da Escola de Treinamento os sermões monólogos são muito bem vindos como breves introduções ao estudo da vida dos personagens bíblicos normalmente focalizados em nossos programas pedagógicos. Assim podemos usar este recurso quem sabe num tempo bem pequeno de 5 a 10 minutos para que o tempo da aula não seja todo tomado.


 
C – Os Sermões Monólogos Podem ser Usados nas EBFs e em Outras Organizações 
Também devemos usar os sermões monólogos nas atividades que visam alcançar outras pessoas para Cristo como Escolas Bíblicas de Férias e atividades evangelísticas. No que diz respeito as EBFs gosto de ver como as crianças que não participam da igreja bem como as que são integradas viajam na ficção e prestam bastante atenção na palavra de Deus encenada e anunciada por este recurso. A capacidade de interação e os níveis de compreensão das crianças ficam mais aguçados quando exploramos sua capacidade de fantasiar. Em atividades evangelísticas com funcionamento em lugares públicos como praças ou parques também atrairemos a atenção de diversas pessoas. Uma dificuldade que pode surgir é na questão da acústica, mas nesse caso o pregador terá que usar um pouco mais seu pulmão. 
D – Os Sermões Monólogos Podem ser Usados em Institutos 
Pessoalmente eu gosto de usar o recurso do sermão monólogo em retiros de jovens e ou adolescentes. Creio que os institutos de inverno ou de verão por natureza sugerem novidade, experiências e criatividade. Assim ao ser convidado para participar de um deles deixe de lado o terno e a monotonia. Capriche num bom sermão monólogo, prepare um figurino adequado e você verá que os jovens e adolescentes te ouvirão com muita atenção. 
E – Os Sermões Monólogos Podem sem Usados em Acampamentos, retiros e Congressos 
Nesses espaços e eventos que geralmente são realizados em locais agradáveis e aprazíveis e especialmente fora das quatro paredes dos templos das igrejas temos excelentes oportunidades de apresentar sermões monólogos. É certo que às vezes encontramos algumas rejeição por parte de algum membro de igreja que não aceite que no templo ou “santuário” da igreja utilizemos um recurso teatral. É provável que você encontre algum membro de igreja que não creia que a alegria e a descontração façam parte do culto. É provável que você tropece em muitas pessoas que creiam que é o terno e a gravata que dão capacidade ao homem de Deus proclamar com poder e a autoridade a mensagem da Bíblia. Acho que está na hora de mudar. 
F – Os Sermões Monólogos Podem ser Usados em Escolas e Ambientes Culturais 
Deus tem me dado o privilégio de apresentar sermões monólogos em escolas públicas e particulares e em outros ambientes culturais como teatros, orfanatos, clubes. Veja que existe uma variedade de oportunidades que podem ser acrescidas à lista. O que eu quero dizer é que há lugares onde você não poderá ter acesso simplesmente como pastor ou pregador. O recurso do monólogo, associado ao texto e personagens bíblicos, abrirá oportunidades para o testemunho do poder de Deus. Pense nisto.















 
Capítulo 7 
Exemplos de Sermões Monólogos
 
O VAGAROSO PROGRESSO DO CRISTIANISMO 
Marcos 4.30-32 
Introdução : 
Laila Tov!(Boa noite). Meu nome é Mateus sou um dos doze discípulos de Jesus e gostaria de compartilhar com você algumas impressões sobre o progresso do cristianismo. Um detalhe que gostaria de destacar é que antes do Senhor me chamar para ser seu discípulo trabalhava como coletor de impostos e não era uma pessoa de quem as pessoas gostavam não. Nesta tarde estava andando com o pastor Jadai pelas ruas de São Paulo e aí tivemos fome. Ele então me levou para um pequeno comerciante na rua que vendia uma espécie de comida até então estranha para mim. Paramos diante do vendedor e em meio a outras pessoas o pastor disse assim: “Por favor moço eu quero um cachorro quente sem mostarda!” Talvez você seja como ele: uma pessoa que não gosta de mostarda mas espero que nesta noite esta preferencia pessoal não nos impeça de aprender as lições que a semente de mostarda tem para nos ensinar sobre o progresso da obra de Deus neste mundo(nesse momento alguém lê a passagem de Marcos 4.30-32). 
Falando com o pastor Jadai sobre o crescimento do reino de Deus neste mundo recebi e anotei alguns dados e peço licença a estes belo plenário para fazer uso delas agora. Ao contemplar as estatísticas e os dados percebi que o reino de Deus ainda não alcançou boa parte da população mundial(estimada em 6 bilhões de habitantes). Os dados revelam que pouco mais de 30 % da população mundial é considerada cristã e isto inclui católicos, protestantes e outros. As cinco maiores crenças no mundo atual são: Muçulmanos(1bilhão e 100 milhões), Católicos Romanos(900 milhões), Ateísmo(900 milhões), Hinduísmo(800 milhões) e Protestantes(600 milhões). Como batistas arrolados dentro das estatísticas como protestantes os irmãos somam mais de 100 milhões em todo o mundo. Isto nos coloca na posição de pensarmos sobre o progresso do cristianismo nestes dois mil anos. A impressão que temos é que ele é vagaroso .... 
I - Vagaroso porque é um caso de crescimento e não de produção em série. 
Tenho percebido no pouco tem em que estou aqui que vocês vivem numa época marcada pela velocidade, automação, produção em grandes escalas, etc. E se queremos submeter o crescimento do reino de Deus a esses critérios seremos levados a pensar que ele é vagaroso. Mas precisamos fazer esta distinção: crescimento tem um tempo certo e obedece leis próprias a natureza de cada corpo e espécie. Ainda que à luz desta época os números não são vosso maior argumento, bem sabemos que no tempo oportuno de Deus seu reino tem crescido e temos percebido os seus efeitos com certeza. Pensemos em seu caso particular. A fé batista tem chegado ao Brasil a pouco mais de cem anos e pela misericórdia de Deus vocês podem contar hoje com mais de cinco mil igrejas perfazendo quase um milhão de crentes que têm enviado a outras nações 444 missionários e mantém em sua pátria 650 missionários. É vagaroso mas louvado seja Deus porque vocês tem crescido. 
II - Vagaroso porque o clima e o solo são ingratos e exóticos . 
Estive estudando sobre habitantes da região que vocês chamam de janela 10/40(Norte da África, Oriente Médio e Ásia) ainda esperam pela presença e pelo testemunho do evangelho da graça de Jesus. Durante o tempo do nosso ministério era objetivo do Mestre Jesus que o Evangelho alcançasse estas pessoas perdidas em seus pecados. Este grupo de não alcançados perfazem uma soma de mais de 2 bilhões de pessoas que nunca ouviram falar de Jesus e que na maioria dos seus países a presença de missionários é proibida. Há também aqueles povos e países que tem recebido a mensagem, e não lhe deram crédito ou valor. Esta ingratidão dos que ouviram mas não creram e as dificuldades criadas pela proibição da pregação do evangelho faz com que o grupo dos não-alcançados seja bem maior do que os que já fazem parte do reino de Deus. Embora que esta seja uma realidade constatável vocês não devem desanimar nem tão pouco desistir. Lembrem-se pois da semente pequenina que tornou-se uma grande árvore . 
III - Vagaroso por causa das faltas daqueles que deviam cuidar dele mais diligentemente . 
Percebo que os irmãos vivem numa época em que, graças a Deus, tem se falado muito em missões. Mas não basta somente que vocês falem em missões ou na necessidade de que o reino de Deus cresça é preciso que trabalhem diligentemente qual semeadores a fim de que o reino de Deus seja anunciado entre todos os povos. Eu sei que uma das causas da vagarosidade do crescimento é porque muitos cristãos no longo destes dois mil anos têm deixado de lado sua responsabilidade missionária. Vocês não podem abandonar esta importante tarefa nem tão pouco passá-la para  outra pessoa.  Veja-se por exemplo a nossa situação no período apostólico éramos somente doze(um pequenina congregação). As circunstâncias em todos os sentido não eram favoráveis e deixamos tudo para anunciar a mensagem de Salvação. Fizemos a nossa parte lançando as pequeninas sementes do Evangelho confiando que o Senhor daria o crescimento. Será que vocês não tem hoje mais recursos e oportunidades para anunciar que só Jesus Cristo Salva? Cabe aos irmãos permitir ou não que este crescimento continue vagaroso .  
IV - Vagaroso , porém seguro !  
Uma grande vantagem que temos em relação as outras religiões mundiais é que o cristianismo nasce a partir de um compromisso pessoal e não de uma imposição política ou governamental. Bem sabemos que boa parte dos não-alcançados se tiverem uma oportunidade de ouvir sobre a graça maravilhosa de Jesus não resistirá ao amor de Deus em Jesus. Os líderes destas religiões e nações também sabem disto e não é a toa que proíbem a presença e atuação dos missionários. O crescimento é seguro e os resultados deste dois mil anos de anúncio da chegada do reino de Deus já podem ser vistos e contabilizados e quando lemos as Escrituras vemos nelas a garantia que de todas as tribos povos e raças pessoas estarão vestidas com vestes lavadas e remidas pelo sangue de Jesus. E isto deve nos estimular a continuar trabalhando e dependendo da graça de Deus sabendo que o nosso trabalho não é vão no Senhor. 
Conclusão : 
Quando o Senhor Jesus nos contou essa parábola o seu nome e suas obras eram conhecidos apenas dentro dos limites da pequena terra da Palestina. Era um começo insignificante e apagado, mas viria o tempo em que Suas palavras seriam valorizadas e estimadas, e o Seu nome seria adorado,  e quando o seu vivificante toque seria sentido por todo o mundo. Da mais tênue semente cresceria uma gigantesca árvore. Essa verdade espiritual era tão clara para Jesus que ele usou a conhecida situação da semente de mostarda para nos estimular a proclamarmos as boas-novas do reino de Deus. 
A sua tarefa é proclamar. O crescimento é obra de Deus. Vocês não são os responsáveis em converter as pessoas; essa é uma tarefa do Espírito Santo. A sua responsabilidade é semear a pura semente do Evangelho, sem perversões, sem enxertos, sem misturas. Não se iludam com a aparente fraqueza do reino no mundo. Parece que vocês estão em franca derrota diante do inimigo. O mundo parece estar melhor equipado para a guerra. O mal aparentemente está vencendo, pois o número dos que seguem a Cristo é bem menor. Isto não significa que o mal há de vencer e que seremos derrotados. O reino de Deus já tem domínio sobre todas as coisas, mas só ao final ele será plenamente consumado e poderemos ver quem realmente somos, como povo de Deus. O fato de vocês não serem maioria e de serem perseguidos não deve desanimá-los. Um dia enfim chegará o tempo quando o reino de Deus será único e nada haverá além dele.
Os Projetos e Os Fracassos
Jeremias 18 
Laila Tov. Boa Noite meu nome é Jeremias e gostaria de compartilhar com vocês algumas experiências colhidas durante minha vida e função profética. Exerci meu ministério entre os judeus que ficaram em Jerusalém depois da primeira leva. Profetizei contra as atitudes do povo judeu e, principalmente, dos falsos profetas, que alimentavam no povo falsas esperanças de uma volta em breve dos que foram levados para a Babilônia. Fui é um profeta que procurei entregar a mensagem de Deus exatamente como Deus me mandou: a dura realidade de que o exílio iria durar setenta anos(28:1-17).  
O exílio era, para mim o resultado de uma vida de rebeldia contra a vontade de Deus. O povo havia se dedicado a uma religião de cunho puramente exterior, se esquecendo de mudança no interior de suas próprias vidas. Por isso, era necessário o juízo de Deus(26:1-15). Deus punia na medida justa, e eu fui capaz de mostrar na punição o caráter corretivo e não destrutivo. Para que o povo compreendesse isso, eu proclamei o consolo(29:1-14) e o novo pacto que Deus faria com seu povo(31:27-37). Esse novo pacto revelaria a nova maneira de Deus relacionar-se com seu povo. Não em letras escritas em tábuas de pedra, mas na lei escrita nos corações. 
Tive a responsabilidade em manter viva a chama da esperança. O desafio era maior para ele porque havia muitos falsos profetas que anunciavam uma mensagem agradável aos ouvidos de minha geração sofrida. A mensagem que o Senhor me deu para anunciar era dura para os meus dias. Numa crise muito grande as pessoas gostam de ouvir mensagens de consolo apenas. Em nossa época, porém, primeiro tinha que se descobrir a causa e depois analisar os efeitos, para, então, ser anunciado como o povo iria sair dessa situação. A causa era o pecado, o efeito o exílio, e a solução era guardar firme a esperança no Deus que age a favor de seu povo. Essa esperança é que manteria viva a fé em Javé. 
Em minha experiência do chamado divino(1:1-19) aprendi importantes lições que podem ser úteis para o seu ministério. O nosso Deus comanda as ações e nos precisamos estar convictos de que ainda hoje:  
Deus vocaciona = Ele precisa de servos ainda hoje assim como precisou de mim no passado. Não chama todos para a tarefa de pregar a sua palavra, mas precisa de servos obedientes. O Senhor nos chama ao serviço. Você não tem ouvido o seu chamado?  
Deus adverte = a minha função era advertir o seu povo e as nações sobre a necessidade de arrependimento e mudança de vida. Qual a sua função específica dentro do chamado divino?  
Deus capacita = Eu era ainda um menino e usei esta situação para fugir da responsabilidade que Deus me deu. O fato é que o Deus que chama e que nos envia ao mundo é o Deus que no capacita para o serviço. Quais são as áreas na suas vida que carecem de maior capacitação a fim de que você realize o ministério para o qual Deus tem te chamado?  
Deus controla = Mesmo que os planos de Deus nos pareçam estranhos mantenhamos a firme confiança no Senhor. Ele sabe o que é melhor e devemos nos submeter ao seu governo sempre. 
Estabelecidas essas bases gostaria de convida-lo à um retorno no tempo e assim juntos busquemos compreender o que o Senhor quer de vocês nesta noite. Certa ocasião eu recebi de Deus uma orientação sobre a mensagem que deveria proclamar ao povo. E gostaria que em sua mente e coração você formulasse uma pergunta: Como adequar o meu ministério e os meus projetos às lições que experiência ensina? Visitemos a casa do oleiro, destaquemos às lições e vejamos as conexões que elas possuem com o nosso ministério.  
A esta altura de minha vida e ministério eu vivia numa terrível angustia: amava profundamente o meu povo e tinha de anunciar os castigos que sofreriam por desobedecerem a Deus. Os sonhos e projetos que eu tinha feito para a minha nação começavam a desmoronar porque o Senhor me ordenara anunciar aos reis e ao povo que haveria de executar a sua justiça sobre eles. Sim eu estava frustrado(4:19-22), estava triste(8:19-9:25). E é neste clima de tristeza e frustração que eu pedi a ajuda de Deus(17:14-18 = já que agora o povo quer matá-lo). E Deus me ordena que eu pregasse aquele povo e depois me convidou a descer até a casa do oleiro. E é aqui que eu te convido a entrar na minha história, para juntos aprendermos as lições que o Senhor quer nos ensinar sobre os projetos e os fracassos.
 
I - EM PRIMEIRO LUGAR É NECESSÁRIO COMPREENDERMOS QUE A VIDA É COMPOSTA DE COISAS ORDINÁRIAS. 
Muitas das minhas visões foram cenas do cotidiano, cenas comuns que passariam despercebidas aos olhos de qualquer um. A cena do oleiro me levou a ter uma compreensão clara de como Deus estava agindo com meu povo. A cena era muito comum naquela região do Oriente mas não é inédita nas Escrituras(Isaías 64.8). O oleiro estava ocupado trabalhando na confecção de potes, jarros, vasos e é da sua matéria prima que surge a primeira lição: o barro, argila, não é uma matéria prima extraordinária, seu preço não é exagerado(e tem sido utilizado desde os tempos mais remotos da civilização para a confecção de utensílios básicos para a vida humana). Você pode não ter uma geladeira para refrescar água, mas se você tiver um pote de barro, ele conservará a água numa temperatura agradável. 
A lição aprendida aqui é que a vida é construída na sua maior parte de coisas simples, normais. Às vezes achamos que os feitos extraordinários nos permitirão ter maior alegria mas isto com certeza é um grande engano. As coisas essenciais para nós são as ordinárias(família, ar, água, alimento, trabalho, Deus). As Escrituras Sagradas nos afirmam que viemos do barro e isto nos dá uma dica que as maiores realizações que alcançarmos não substituirão a importância das menores. Valorize as pequenas coisas; agradeça a Deus pelo pão com ou sem manteiga; louve ao Senhor porque apesar de sermos barro Ele nos dá um valor inestimável. Isto não significa que é errado sonhar alto, desejar progresso, mas aponta a necessidade de termos os pés no chão e a cabeça bem firme sobre o pescoço.
 
II - EM SEGUNDO LUGAR É NECESSÁRIO SABERMOS QUE SE NÃO OBEDECERMOS A VONTADE DO SENHOR FRACASSAREMOS. 
As imagens continuavam a se desenvolver diante dos meus olhos, agora eu não olhava somente para o barro, mas para as mãos do oleiro, que procuravam dar forma aquela massa informe. A forma nasceria dos objetivos e interesses que ele tivesse em sua mente, em sua vontade. Porém, o vaso que ele fazia se estragou em suas mãos. Por que o vaso se estragou? Será que o oleiro apertou de mais o barro? Será que a liga não foi bem preparada? Talvez havia alguma pedra ou impureza na massa? Haveria alguma bolha de ar? Com certeza não temos como responder estas perguntas. 
Mas sabemos responder outra pergunta: Por que nós fracassamos? Sem dúvidas porque nós desobedecemos aos planos de Deus. À semelhança do povo de Israel temos cometido vários pecados que estragam a nossa capacidade de progredir como povo de Deus. Por isso os projetos que construímos caem(v.12 = os projetos familiares, o projeto profissional, o projeto de igreja, o projeto de país, etc.). Até quando nós vamos continuar obstinados em nossos corações? Nós somos a massa e o oleiro é quem decidirá o que seremos! Talvez você queira ser um utensílio de alto valor artístico que será admirado por todas as pessoas, mas quem sabe se a vontade do Senhor é fazer de você um pote para mitigar a sede dos sedentos. Queridos busquem e obedeçam a vontade do Senhor. 
III - EM TERCEIRO LUGAR É NECESSÁRIO CRERMOS QUE O SENHOR NÃO DESISTE DE NÓS E QUER RESTAURAR-NOS. 
O oleiro não desiste, não se desespera. Determinado em sua tarefa, insiste no trabalho. Não joga fora a massa. Continua a manobrá-la. Ele quer fazer um vaso e não irá deixar de fazê-lo por causa de um contratempo qualquer. O barro é do oleiro e ele vai insistir em fazer um outro vaso conforme parecer bem aos seus olhos. Isto porque o oleiro é o único soberano Deus e sua vontade prevalece para sempre. O povo que se recusa a ser o que o Senhor deseja, será desmanchado, através do cativeiro, e será, ao retornar, a comunidade que ele espera que seja. Assim o povo de Israel retornou do cativeiro curado da idolatria e foi usado pelo Senhor para trazer ao mundo o Messias. 
Eu fiquei impressionado com o controle que o oleiro tinha sobre o barro. Sem se importar com as razões do fracasso, ele trabalhava com o material até moldá-lo como queria. Deus tem o controle absoluto sobre o seu povo da mesma maneira, e dirige o seu destino de acordo com seus planos. O Senhor não desiste de nós e continua desejoso de restaurar-nos. Você crê nisto? 
Que tal foi a nossa visita à casa do oleiro? O que você aprendeu com a minha experiência? Saiba que os maiores bens que possuímos é sermos barro, ou seja, a matéria prima que o Senhor quer usar. Saibamos valorizar as pequenas coisas e não fiquemos ansiosos por conquistar marte se já temos os pés na terra. Sejamos conscientes de que a obediência à vontade do Senhor nos garantirá uma próspera vida e se os nossos desejos parecerem bem aos olhos do Senhor serão concretizados. Creiamos na misericórdia divina que restaura os vasos quebrados e os faz vasos de bênçãos! Shalom Adonai. Shalom! 
 
A Verdadeira Sabedoria do Líder
Provérbios 3.5; Deuteronômio 17.14-20; 1 Reis 11.1-13
 
INTRODUÇÃO: 
Laila Tov(Boa Noite). Foi uma viagem interessante pois pude atravessar a barreira do tempo e chegar até o século vinte. É com grande prazer que me encontro neste local para falar a respeito de minha experiência de vida. Sei que vocês estão buscando um preparo melhor para liderar com eficiência e sabedoria o povo de Deus. Estou certo de que muitos aqui já me conhecem pois as Escrituras Sagradas registram fatos concernentes à minha vida e de modo particular os livros de 1 Reis e 2 Crônicas. 
No entanto quero dizer que sou um judeu que viveu a uns quase três mil anos passados e que aos vinte anos de idade fora ungido e colocado como sucessor do grande rei Davi no trono do reino de Israel. O meu nome é Salomão. Fui considerado um gênio, apesar da pouca idade quando assumi o trono, realizei um governo muito próspero. O poder daquela nação foi consolidado sob as minhas mãos. As relações externas com as nações vizinhas foram muito fecundas. Sob o meu comando a defesa nacional estava bem segura, nossos exércitos foram bem aparelhados. Mantive o Império intacto. No tocante as atividades comerciais revelei uma grande capacidade pois explorei bem o comércio do Mar Vermelho; o comércio das caravanas com a Arábia; o comércio de cavalos e bigas; e também a indústria de cobre. Estas atividades e outras me trouxeram um lucro considerável. Israel gozou de uma segurança e de uma prosperidade material como nunca sonhara antes e que nunca conheceu em outro tempo. Posso dizer que foi a Idade de Ouro de Israel. Sob a minha liderança foram edificadas várias construções e entre elas o tão sonhado Templo na cidade de Jerusalém. Também no aspecto cultural minha vida foi um marco, pois produzi vários escritos que foram divulgados amplamente. Realmente eu tive tudo para ser o homem mais feliz de todos os tempos. 
Porém, hoje na minha velhice, faço uma retrospectiva e observo que não fui tão sábio como pensei que fosse ou como os meus contemporâneos achavam. Todos estes avanços e todas as iniciativas me custaram muito e por certo o meu povo também sofreu as conseqüências de minhas tolices. Entendo que não agi tão sabiamente como pedi ao Deus Eterno. Sinto-me amargurado e triste, pois não pratiquei a verdadeira sabedoria no exercício de meu reinado. Sinceramente sinto-me envergonhado, pois fiquei internacionalmente conhecido como um homem sábio e mesmo assim não pratiquei a verdadeira sabedoria. 
Errei primariamente e nesta noite quero compartilhar com vocês futuros líderes do povo de Deus, os meus erros a fim de que vocês guiem suas vidas de modo sábio e inteligente e em agindo assim sejam capazes de liderar outras vidas. Convido todos os presentes a uma reflexão sobre a Verdadeira Sabedoria do Líder. Onde por certo você aprenderá a agir corretamente em seu viver. 
Uma primeira lição que aprendi com os meus erros é que a verdadeira sabedoria do líder revela-se em..... 
I – CONFIAR NO DEUS ETERNO(Provérbios 3.5,6).
 
O meu fracasso deu-se pelo fato de que com o passar dos anos confiei na minha própria inteligência. Nas minhas próprias capacidades, nos meus próprios argumentos. Eu era auto-suficiente o “mais sábio”. A minha fama era internacional e todos queriam me conhecer, ouvir as minhas palavras. Vejam só o meu sucesso pessoal! E você que me ouve qual é o objeto de sua confiança? Recordo-me nesta hora de um provérbio de minha autoria que revela esta capacidade de fracassar na liderança e este diz o seguinte: “Confie no Deus Eterno de todo o coração e não se apoie na sua própria inteligência. Lembre-se de Deus em tudo o que fizer, e Ele lhe mostrará o caminho certo”. Que decepção meus amados seminaristas! Que vergonha! Nem parece que estas palavras saíram dos meus lábios. Como eu pude depositar a minha confiança em tantas coisas e deixar de confiar em Deus? Pois é, meu caro ouvinte eu cometi este grave erro e não foi por falta de avisos ou de ensinamentos e você também está sujeito a cometê-lo.
 
Ainda você poderia questionar-me dizendo: “Salomão como é que você teve a coragem de desobedecer os conselhos de seu pai Davi que lhe orientou neste particular de sua vida como líder?” Responder-te-ia com uma simples sentença: todos somos humanos e propensos aos erros e por esta razão precisamos confiar em Deus e não nas próprias habilidades. Ainda que elas sejam maravilhosas não podem substituir o lugar que Deus merece em nosso viver. Não pense você que o fato de estar estudando aqui neste local ou que a possibilidade de alcançar um excelente nível de intelectualidade lhe tornará imune a esta tentação de confiar mais em si mesmo do que em Deus. 
Você, meu jovem líder, que me ouve nesta noite, preste atenção no que eu vou lhe dizer. Nunca deixe de confiar no Deus Eterno, e ainda que você possua uma excelente sabedoria ou um precioso preparo intelectual mantenha firme a sua confiança no Deus Todo Poderoso. A despeito das oportunidades que a vida porventura lhe ofereça reconheça o Senhor em todos os seus caminhos. Eu fui considerado um homem muito sábio mais cometi erros primários. Deus falou comigo duas vezes recordando as bases do pacto que meu pai fizera com Ele como também do pacto que Ele estabelecera comigo. E eu tive a infeliz capacidade de transgredí-lo, tornei-me um desobediente, deixei de confiar no Deus Eterno. E como vocês costumam dizer: “enfiei os pés pelas mãos”. Por favor não trilhe os meus caminhos. Confiem no Senhor!
 
Uma segunda lição que aprendi com os meus erros é que a verdadeira sabedoria do líder revela-se em ....
 
II – VALORIZAR A PALAVRA DE DEUS(Deuteronômio 17.14-20).
 
Aqui estou eu um homem dotado de sabedoria sobre todos os de meu tempo, rodeado de bênçãos inéditas, de dignidade, de honra e privilégios. Meu cálice transbordava, não faltava nada daquilo que o mundo pode suprir para a felicidade humana. Todos acalentavam as maiores e melhores expectativas e as mais brilhantes esperanças a meu respeito. Porém, com muita tristeza eu digo que fracassei deploravelmente em todos os pormenores sobre os quais a Lei de Deus havia falado tão clara e terminantemente. 
Fora me dito para não multiplicar prata e ouro, e, contudo, multipliquei-os. Fora me dito para não fazer voltar o povo ao Egito para multiplicar cavalos, e, todavia, ao Egito mandei buscar cavalos. Fora me dito para não multiplicar para mim mulheres, e, não obstante, tive um milhar delas, e elas perverteram o meu coração. Estes ensinos estão registrados no Livro da Lei de Moisés e acrescenta-se a orientação de que eu deveria ter uma cópia dele em minhas mãos para consultá-lo diariamente. 
Alguém aqui nesta noite pode estar perguntando a si mesmo: “A que se deve atribuir o seu retumbante, triste e humilhante fracasso? Qual foi o segredo do seu erro Salomão?” E eu lhe digo que faltou-me o cuidado de valorizar a Palavra de Deus. E você, meu caro ouvinte, que valor tem a Palavra de Deus em sua vida? Digo com muita vergonha que menosprezei a Palavra de Deus e que se tivesse atendido as preciossímas e importantes admoestações a história que vocês conhecem a respeito de mim seria bem diferente. É evidente que a causa da miséria e da ruína que tão rapidamente seguiu o esplendor do meu reinado foi o menosprezo da Palavra de Deus. Esta Palavra que orienta o líder quanto aos perigos que ele corre. 
Ouçam meus jovens que aspiram a liderança ministerial, cuidem de valorizar a Palavra de Deus. Pois a indiferença pela Palavra de Deus é a origem de todo fracasso, toda a ruína, todo o erro, todo o dano e confusão, heresias, seitas, cismas, que existiram e que existem no mundo. Tenham esta Palavra como objeto de consulta diária para que se aprenda a confiar e temer o Deus da Palavra; para que você seja sábio no exercício de sua liderança. Rogo a cada um que não se aparte dos ensinos e nem da Palavra de Deus de modo que ajam com prudência e mantenham-se dentro dos propósitos que Deus tem para as suas vidas. Você, meu querido ouvinte, não pode prescindir do ensino contido na Palavra de Deus. Eu o desafio a valorizá-la a cada dia que passa mais e mais pois isto lhe permitirá agir com a verdadeira sabedoria de um líder abençoado por Deus.
 
Uma terceira lição que eu aprendi com os meus erros é que a verdadeira sabedoria do líder revela-se em ....
 
III – ESTAR SEMPRE NA PRESENÇA DE DEUS(1 Reis 11.1-13).
 
Como conseqüência dos dois erros anteriores cometi um terceiro erro primário que foi me afastar da presença do Deus Eterno. Volto a afirmar que o líder que deseja agir sabiamente precisa confiar no Deus Eterno, precisa valorizar a Palavra deste Deus e também precisa estar sempre na presença augusta deste que é digno de toda honra e toda a glória. É esta a sua atitude? Você tem estado na presença de Deus? 
Ah! Meus diletos ouvintes como foi terrível ouvir do Deus Eterno esta sentença: “você quebrou o seu acordo comigo e desobedeceu aos meus mandamentos; por isso Eu vou tirar o Reino de você e vou dá-lo a um dos seus oficiais”. Esta decisão de Deus foi o resultado de meus erros pois fui me afastando aos poucos dos compromisso com Ele. Tornei-me um rei ganancioso e por este ideal de acumular riquezas transgredi mandamentos; para sustentar a máquina administrativa do meu governo contraí dívidas e incentivei o surgimento de convênios com outras nações; dos meus casamentos político-financeiros surgiram os templos pagãos que construí para agradar minhas esposas. Tornei-me um idólatra pois adorei Astarote, Moloque, Quemos e outros nojentos deuses dos outros povos. De modo vergonhoso quebrei o pacto que havia estabelecido com o Deus de Israel. Não fui fiel a Ele como o meu pai o foi. E se mal lhe pergunto você tem sido fiel a Deus? Vasculhe a sua vida e veja se não existem outros interesses que podem ser verdadeiros ídolos.
 
Como é doloroso relatar estas atitudes insanas que eu cometi. Porém, o faço como que um apelo para que você me ouça e tome o cuidado de estar sempre na presença de Deus. Não o abandone jamais. O tenha como soberano em seu viver. Siga o exemplo de meu pai o rei Davi que ficou conhecido como o homem segundo o coração de Deus. Aproxime-se a cada dia do Deus criador e sustentador de todas as coisas. Eu sei que você deseja ter a verdadeira sabedoria para liderar e bem a sua comunidade. Esta sabedoria revela-se em estar na presença de Deus todos os dias da sua vida. É necessário perseverança e o desejo ardente por esta presença. Por isso eu peço licença a você e lhe desafio a seguir em frente no desejo de que a cada dia aproxime-me mais e mais do Senhor.
 
CONCLUSÃO: 
Concluindo estas considerações acerca de minha vida quero relembrá-los dos meus erros e exortá-los a que tomem os devidos cuidados para não cometê-los. Eu tenho certeza de que você desejam liderar o seu povo e as suas vidas com a verdadeira sabedoria. Esta sabedoria é fruto de três princípios rudimentares e que infelizmente e deixei de observar. 
Porém, eu imploro que você, como líder, nunca deixe de confiar no Deus Eterno. Eu fui um fã de mim mesmo, troquei o certo pelo duvidoso; abandonei a confiança no Eterno; troquei o amor do Eterno pelas efemeridades das paixões. Por favor confie no Senhor de todo o seu coração. 
Eu os exorto a que valorizem a Palavra de Deus e em hipótese alguma a menosprezem. Tenham-na como bússola de suas vidas. Reflita, medite sobre os seus ensinamentos. Seja a Palavra de Deus o seu manual, a sua ferramenta de trabalho. Como eu me arrependo de ter menosprezado este livro tão precioso que é a Palavra de Deus. 
Rogo a você futuro líder do povo de Deus ou a você que já está liderando que mantenha-se sempre na presença do Senhor. Cuidem de serví-lo fielmente. Preocupem-se em honrá-lo no seu comportamento diário. Cuidado com a idolatria, cuidado com as paixões carnais, não ceda a tentação da prosperidade material; não perca a visão de que vocês são servos de Deus. Não troque o amor eterno que Deus oferece pelas paixões efêmeras que o mundo dá. 
Sejam vigilantes em confiar no Deus Eterno. Sejam cuidadosos em valorizar a Palavra de Deus que traz conselhos sábios. Sejam perseverantes em estar na presença maravilhosa do Senhor. Pois a verdadeira sabedoria está em observar estes ensinamentos. E que para tanto Deus abençõe vocês! Shalom.
 
ATITUDES ACERTADAS NOS MOMENTOS DE PROVAÇÕES
(Daniel 6.7-10)
Introdução:  
Bom dia! Faz pouco tempo que estou entre vocês e pude perceber que estão vivendo numa época onde o povo de Deus passa por sérias provações, a opressão social, a injustiça, a fome, a miséria, os desconfortos políticos, etc.. compõe-se em verdadeiros elementos de provações que exigem de cada crente uma atitude correta, digna, exemplar. Num tempo como esse é extremamente necessário que as nossas ações sejam corretas e preferencialmente conduzidas pela obediência a Deus e sua vontade. 
Isso me faz lembrar um tempo em que passei por muitas provações e que precisei agir corretamente. Meu nome é Daniel e pode ser que a maioria aqui presente já conheça a minha História de vida e por isso creio que minha tarefa será facilitada. Como agir corretamente nos momentos de provações?
 
I - A primeira atitude acertada de um indivíduo nos momentos de provações é escolher a obediência exclusiva a Deus(vv.7-9). 
Creio que a minha história pessoal delineia um comportamento ideal no momento de dificuldade e uma das suas dimensões é para com a autoridade civil. Ela aponta um comportamento de firmeza e conciliação, ao mesmo tempo, em tudo o que é possível. Eu tinha o privilégio de servir às autoridades civis no período em que o seu povo havia sido derrotado e os mais úteis e competentes haviam sido levado como escravos para um outro país. O meu momento de escolha possuía uma série de implicações, "era o mais honrado de todos os amigos do rei", mas esta proximidade não interferiu na decisão entre obedecer a seu Deus e desobedecer a seu rei. A ordem do rei proibia que fossem feitas orações e súplicas a qualquer outra divindade. Eu fiz a escolha certa quando optei por obedecer ao Senhor meu e nosso Deus. E como fruto de minha fidelidade tive a minha vida salva e também a minha amizade com o rei. Pois é somente a fidelidade e a amizade a Deus que salva a fidelidade e a amizade ao homem; do contrário, ambas se perdem, com freqüência irremediavelmente.  
Duas leis são colocadas em contraste: a humana que torna o "decreto do rei irrevogável" e a divina, que exige oração, súplica e louvor contínuo. O ato de observar a primeira parece favorecer a vida: na realidade "os homens, seus filhos e mulheres ainda não haviam tocado o fundo da cova, e os leões já se tinham apoderados deles, esmagando-lhes os ossos". A observância da lei de Deus parece expor a morte: pelo contrário, "o meu Deus mandou o seu anjo que fechou a boca dos leões e eles não me fizeram mal algum". Deus se revela como o conciliador dos contrários e a fidelidade à vontade divina claramente expressa faz o homem encontrar cem vezes mais aquilo que se julgava perdido. 
Ilustração: 
Talvez vocês conheçam a narrativa da escolha feita por Sadraque, Mesaque e Abdenego. Estes jovens hebreus que faziam parte da Corte do rei Nabucodonozor e que não hesitaram em escolher por não servir nem adorar a estátua erguida: "fica sabendo, o rei, que não serviremos o teu deus, nem adoraremos a estátua de ouro que tu levantaste". Este episódio nos mostra que os jovens hebreus conseguiram conciliar a fidelidade a Deus com a fidelidade ao rei, logo após serem libertos da morte na fornalha. 
Aplicação: 
A despeito dos privilégios que possuíam os jovens hebreus não titubearam. Pois quando acontece o choque no terreno religioso, de modo que o poder(ou qualquer outra coisa ou pessoa) exige adoração, quando, em vez de representar a Deus, pretende substituí-lo não temos outra opção a não ser: obedecer a Deus. Nitidamente duas mentalidades humanas que julgam de maneiras diversas os valores entram em choque. Para o rei o valor supremo é a própria vida: ameaçando esta, julga obter tudo, abrir de par em par a porta de todas as vontades. Para os jovens, o valor supremo é à vontade de Deus, para o qual estão dispostos a privar-se de um valor inferior. 
Os instantes pelos quais vive a igreja nos diversos lugares do planeta exigem uma posição segura e uma escolha acertada. Não há meio termo, não temos condições de ficarmos dividindo os valores. A cada dia os crentes são colocados na posição de ter que fazer uma escolha pessoal. Optar entre o bem e o mal; o certo e o errado; o eterno e o temporal; o ético e o não ético; o legal e o ilegal; o moral e o imoral; entre Deus e os homens.  
A Palavra de Deus nos seus exemplos é clara em nos revelar que é necessário que tenhamos os olhos abertos e as mentes aclaradas para o fato de que é extremamente importante termos estabelecido uma escala de valores onde Deus ocupe o primeiro lugar diante de todas as possibilidades de oposição. E nesta manhã eu conclamo a cada dos que me ouvem a não hesitar em escolher ao Senhor mostrando-se diligente e fiel às suas promessas, mandamentos e amor.
 
II - A segunda atitude acertada de um indivíduo nos momentos de provações é empenhar-se constante e fielmente na confiança em Deus(v.10). 
A segunda dimensão envolve um comportamento para consigo mesmo onde deveria se empenhar constante e fielmente na confiança em Deus. A radical escolha em obedecer a Deus revela a confiança da parte do homem e de interesse concreto da parte do Senhor. Esta escolha de Deus em lugar do ídolo pode parecer fácil nos episódios já examinados, onde se respira uma confiança e estima do rei. Porém, ela só pode existir porque eu reconheci que todos os meus privilégios eram provenientes das bênçãos que o Senhor me concedia e que deveria empenhar-me por ser constante e fiel no confiar no seu Deus. 
Eu poderia me apoiar em mim mesmo e na minha importante relação com o reino, também eu poderia aproveitar o momento político e galgar mais uma posição de destaque diante dos líderes que forçaram o lançamento do decreto-lei. Como disse poderia, mas eu não quis fazê-lo. Como um que agia corretamente no seu viver decidi por empenhar-me ao máximo no ato de confiar em Deus e prostrava-me três vezes ao dia e ali no meu quarto entregava ao Senhor as minhas necessidades e aspirações numa prova genuína de confiança no Senhor. 
Ilustração: 
No livro de Salmos 37.5 encontramos a seguinte orientação: "entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e Ele tudo fará". Toda a existência simbolizada pelo termo caminho deveria ser entregue a Deus numa prova cabal de confiança nEle.
 
Aplicação: 
Quando pensamos na palavra confiança ela é a expressão do coração, para fé. É a palavra do Antigo Testamento e o vocábulo que definiu o estágio infantil da fé. A palavra fé expressa mais o ato da vontade, a palavra crer, o ato da mente ou intelecto, mas a palavra confiança é a do coração. Confiança implica em se apoiar numa pessoa que é um grande, verdadeiro e vivo coração de amor.   
Então confie nEle, em face a todas as negações, não obstante as aparências, mesmo quando você não consegue entender o caminho e não conhece a saída; ainda assim, "confie nEle, e o mais Ele fará". O caminho se abrirá, aparecerá a saída certa, o fim será de paz e livramento, a nuvem se erguerá e a luz de um eterno meio-dia brilhará por fim. 
Somos desafiados quer pelas orientações do salmo ou pelos exemplos de minha experiência pessoal a entregar, empenhar, dedicar o nosso tempo na ação de confiar em Deus de um modo fiel e constante. Depende de cada um de nós e por certo Deus quer nos abençoar nos momentos de provações. Você não acha que vale a pena confiar? Nesta hora o desafio está sendo lançado também a você. O que fazer? É só depositar sua confiança no Senhor e descansar nEle!
 
III - A terceira atitude acertada de um indivíduo nos momentos de provações é praticar um viver iluminado pela oração(v.10).
 
A terceira dimensão envolve um comportamento para com o Senhor, convidando-o a uma atitude de sentida e iluminada oração. A Bíblia ensina claramente que a vida do fiel deve estar cheia de uma constante atitude de oração. A situação vivida por mim única e singular em minha vida consistia numa prática cotidiana de oração. A acusação que resultou na minha condenação foi exatamente porque mantinha o hábito de orar. Os meus acusadores me vigiaram e me denunciaram ao rei que havia promulgado o decreto que proibia tal atitude. E como pena fui lançado à cova dos leões que fatalmente me devorariam. Porém, para a alegria do rei e tristeza dos acusadores Deus revelou a sua fidelidade ao seu servo, e a estendeu até ao rei, fechando a boca dos leões e permitindo que as minhas orações fossem alcançadas e minha vida liberta. 
Eu orava constantemente ao Senhor porque cria que Deus orientaria em minhas interpretações de sonhos e nas resoluções dos problemas da Corte. De um modo claro e objetivo o meu viver era iluminado pela oração que permitia um contato fidedigno com Deus. E o desenvolver dos fatos relatados por mim mesmo comprovam que realmente o meu viver foi iluminado, pois minha base estava firmada na relação entre Deus e eu por meio da oração.
 
A oração é o elo que nos põe em contato com Deus. É o portal que nos dá acesso a presença do Todo Poderoso. É a ponte que liga qualquer distância e nos conduz sobre qualquer abismo, perigo ou necessidade. A Bíblia nos enche os olhos com exemplos adoráveis de homens e mulheres que mantiveram uma vida de oração. Daniel crescia no conceito do rei porque o seu viver era intimamente ligado a Deus. Ele possuía uma poderosa arma à sua disposição: a oração. 
Somos desafiados a cada instante a sermos luz num tempo de trevas profundas. A cada dia a exigência é maior e as provações mais intensas. O que é que tenho feito? Como você tem agido? O que nós podemos fazer? É certo que temos um canal ilimitado por onde pode passar infinitas provisões e bênçãos divinas. Mas será que temos lançado mão deste manancial inesgotável? Podemos dizer que para enfrentar as provações, precisamos orar; e precisamos continuar a orar para viver, para que a nossa luz brilhe diante das trevas que venham a nos cercar! 
Conclusão: 
Ao concluir estas considerações a respeito das atitudes corretas nos momentos de provações, desejo que todos os que me ouvem recordem comigo o que aprendemos com a Palavra de Deus nesta noite. No decorrer de nossa reflexão pensamos em três dimensões do comportamento humano e desta forma é importante que compreendamos que Deus deseja que sejamos sábios quando as circunstâncias exigirem de nós uma posição ou opção entre Deus e os favores políticos, aliança ou até mesmo boa posição na sociedade, de modo que sejamos fiéis ao Senhor. Sigamos o exemplo de Daniel que optou por ser fiel a Deus. 
Num segundo estágio nossa vida também é colocada a prova quanto a nós mesmos e somos tentados a confiar em nossas próprias capacidades e conhecimentos. É importante, porém, que aprendamos a confiar somente no Senhor de modo que todas as coisas sejam acrescentadas no tempo oportuno. Num terceiro e último estágio somos compelidos a buscar a face do Deus Todo Poderoso e está é uma implicação que envolve o nosso relacionamento direto com o Deus que realiza grandes livramentos. Ligados a Ele pela oração teremos por certo um viver iluminado porque Deus é luz e não há nEle trevas nenhuma. 
São estas as atitudes corretas que nos permitirão um viver vitorioso nos momentos de lutas e provações. E para a nossa alegria todas estão ao nosso alcance, basta que queiramos escolher, confiar e buscar ao Senhor! Que Ele nos ajude a tomar as decisões acertadas!
 
AS CARACTERÍSTICAS DE UMA IGREJA ABENÇOADA
 
Bom dia. É um prazer estar com vocês nesse encontro de Mestrado que creio ser uma etapa importante em seu aprendizado. Sou Barnabé e venho de muito longe atravessando as barreiras do tempo e do espaço para compartilhar as experiências adquiridas ao longo de minha vida cristã. Soube que este encontro é para aperfeiçoar os seus conhecimentos sobre a pregação relativa aos problemas contemporâneos de modo que a Igreja de Cristo será abençoada através de suas vidas. Fico feliz com a iniciativa dos irmãos e me recordo dos tempos em que ensinava as Escrituras. Fico feliz também em saber que o médico querido, Lucas, que procurou registrar os atos apostólicos, teve os seus escritos preservados até hoje. Creio que nesses escritos constam algumas informações sobre minha biografia. Bem deixemos de lado a minha vida e pensemos agora sobre a minha querida e abençoada igreja. 
A Igreja de Antioquia originou-se da iniciativa missionária de um grupo de Cirene e Chipre e deu muitos frutos. Fui designado pela igreja de Jerusalém para investigar aquele trabalho e quando lá cheguei vi que estava em progresso uma verdadeira obra da graça de Deus e fiz tudo o que estava ao meu alcance para estimular os irmãos. A obra foi crescendo e eu senti que precisava de ajuda. Então fui até a cidade de Tarso e chamei a Saulo para que viesse comigo e juntos naquele ministério pudemos contemplar o crescimento daquela igreja. E em pouco tempo nossa igreja já havia crescido mais do que a de Jerusalém tanto em expansão quanto em influência(Atos 11.19-26). No convívio com aquela abençoada igreja aprendi que uma igreja pode crescer se mantiver algumas características básicas no seu comportamento. E nesta minha breve visita aos irmãos desejo conduzi-los a uma reflexão sobre As Características de Uma Igreja Abençoada. E para tanto que o Senhor nos abençoe neste momento. 
I – A Primeira Característica de Uma Igreja Abençoada é Ser Uma Igreja Completamente Evangélica(Atos 15.1-5). 
A igreja de Antioquia recusou manter-se debaixo da escravidão do legalismo judaico porque era uma igreja que desejava viver o Evangelho de Jesus Cristo. Os membros que faziam parte da igreja eram judeus e gentios e esta situação deu lugar a uma controvérsia. Alguns crentes, da igreja de Jerusalém, vieram até à igreja de Antioquia, sem serem convidados, e ensinavam que os crentes gentios tinham a necessidade de guardar a Lei de Moisés inclusive o rito da circuncisão para serem salvos. 
Uma delegação foi enviada à igreja de Jerusalém para que fosse discutida a questão. O resultado foi favorável aqueles que reivindicavam o fato de que a salvação é dada pela graça e através da fé. Deste modo nossa igreja foi liberta dos grilhões do judaísmo e assumiu a direção no mundo cristão. Os ensinos de Cristo são suficientes para a vida de qualquer igreja. Caríssimos irmãos, prezadas irmãs não permitam que outros tentem misturar os ensinos puros do Evangelho com falsos ensinos, ritos, cerimônias e tradições humanas. 
Mas o legalismo não era o único problema de nossa época: várias eram as dificuldades que as igrejas daquele período enfrentavam(gnosticismo, imoralidade, falsos mestres, pobreza, perseguição) e que procuravam desviar a igreja de sua fidelidade ao Evangelho de Jesus Cristo. Você já parou para analisar quais são os problemas ou pressões atuais que têm confrontado e desafiado a fidelidade de sua igreja ao Evangelho de Cristo? 
Queridos irmãos, prezadas irmãs, vocês que ministram nas diversas igrejas do Senhor espalhadas por este país, mantenham o padrão de Deus. Lembrem-se dos ensinos de Jesus Cristo Senhor e Salvador nosso. Ser cristão é ser imitador de Cristo e em matéria de doutrinas não há outro mestre como Ele. Firmeza doutrinária e zelo no cumprimento da vontade de Deus não fazem mal a ninguém. A boa nova de Jesus deve caracterizá-los. Distinguindo-os como se distingue o joio do trigo ou a árvore que dá bons frutos daquela que não os dá. Sejam fiéis aquilo que aprenderam do Senhor e permitam que a sua Palavra produza a qualidade e o crescimento que Deus espera de suas vidas e de suas igrejas. 
II – A Segunda Característica de Uma Igreja Abençoada é Ser Uma Igreja Missionária(Atos 13.1-12). 
A Igreja de Antioquia nasceu do trabalho missionário e não negou suas origens. Os frutos foram integrados à vida da igreja e ali mesmo encontraram condições favoráveis para o surgimento de vocações tanto no treinamento quanto no envio de obreiros aos lugares não evangelizados. A evangelização, o ensino cristão e missões são os companheiros inseparáveis de uma igreja missionária. Porém, em cada igreja abençoada deve haver ambiente espiritual que favoreça os membros a ouvirem, com mais desembaraço, a chamada do Espírito Santo para a obra missionária, como aconteceu comigo e Paulo. Estejam atentos, prezados irmãos, a ministração do Espírito Santo no meio de você e não desobedeçam à sua voz. 
Uma igreja abençoada, pela natureza de sua organização, e pela sua razão de ser, tem o dever de produzir os futuros líderes cristãos. Cabe às igrejas a tarefa de promover a expansão dos horizontes do cristianismo. Para isto, as igrejas devem cultivar o hábito de orar e dar aos moços crentes visão missionária, interessando-os na obra de missões e conduzindo àqueles que o Espírito Santo desejar separar à assumirem compromissos pessoais com a obra de evangelização do mundo. A igreja de Jerusalém resistia à idéia de levar o Evangelho a outros povos e isso era, é e será um erro terrível. Os irmãos querem que suas igrejas sejam abençoadas? Sigam o exemplo da minha igreja e vivam para pregar o Evangelho. Falem de Cristo; orem pelos que estão na seara; aceitem o desafio de proclamar que só Jesus Cristo salva. Contamine sua igreja com esta santa idéia; convença a sua igreja, desperte os seus liderados; abra você o seu coração e desafie seus irmãos a abrirem também o deles à obra do Espírito Santo que os capacitará a fim de que sejam testemunhas até os confins da terra. 
III – A Terceira Característica de Uma Igreja Abençoada é Ser Uma Igreja Amorosa(Atos 11.29-30). 
Além da identidade evangélica, da visão missionária, a igreja de Antioquia praticava também o amor cristão. Ao tomar conhecimento das necessidades que passavam os judeus cristãos de Jerusalém, os crentes providenciaram recursos e mandaram esta oferta através de mim e de Paulo. Os irmãos da igreja de Antioquia mostravam sua gratidão pelo fato do Evangelho ter chegado a eles através dos judeus. Mais do que gratidão havia amor movendo e motivando nossos corações para que praticássemos a beneficência deixando assim um precioso exemplo para as vossas igrejas. 
Lembro-me nesta hora das palavras do apóstolo João, querido companheiro contemporâneo ao nosso ministério, e que creio sejam conhecidas por todos vocês: “Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo seu irmão necessitado, lhe fechar o seu coração, como permanece nele o amor de Deus?”(1 João 3.17). É claro que amar não significa necessariamente ajudar financeiramente um irmão ou alguém necessitado. A igreja de Cristo, que por ser dele já é abençoada, deve ser caracterizada como a comunidade que vivencia o amor da maneira mais plena. De fato o amor é a manifestação prática da fé. Todas as atividades da igreja devem ter como meta aumentar o amor: a Deus e ao próximo. 
Recorro mais uma vez ao pensamento de João para confrontá-los e estimulá-los à prática do amor e se pudéssemos resumir tal pensamento assim seria: “Quem ama a Deus ame também a seu irmão”(1 João 4.21). Você ama a Deus? Mostre então esse amor de modo prático e convincente nos seus relacionamentos. As suas atividades ou a sua liderança eclesiástica têm aumentado o amor entre os irmãos? Deus quer rever suas prioridades e atividades. Peça ao Senhor que lhe dê sabedoria para que tanto você como sua igreja cresçam no amor. Aliás como ensina o velho amigo Paulo todas as outras virtudes são passageiras mas a única que permanece é o amor. Peça a Deus que ministre através do seu Santo Espírito mais amor sobre os irmãos. 
Conclusão: 
Concluindo estas considerações sobre minha igreja, vale a pena salientar que outros aspectos poderiam ser destacados e alistados. Porém, quero recapitular o que foi apresentado e desafiá-los a edificarem suas igrejas de modo que com este crescimento qualitativo elas também dêem um salto quantitativo para que Deus seja glorificado ainda mais através destas igrejas tão queridas e preciosas para o Senhor.  
Uma igreja abençoada é aquela que preserva sua identidade evangélica, sem mescla, sem erros, sem desviar-se do padrão de Jesus. Uma igreja abençoada é aquela que reproduz vidas e investe nestas vidas para que alcancem os que estão sem Deus, sem luz e sem vida. Uma igreja abençoada é aquela que pode ser reconhecida como um lugar que reina o amor. 
Quanto mais abençoada, mais evangélica. Quanto mais evangélica, mais missionária. Quanto mais missionária, mais amorosa e neste processo cíclico caminhará rumo a perfeição. Sua igreja pode ser abençoada! Creia neste desejo de Deus! Trabalhe para que ele se realize no seu ministério. Que Deus tenha misericórdia de vocês e os capacitem com sua graça para beneficiarem e abençoarem suas igrejas. Amém!  

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 
BAUER, Dicionário de Teologia Bíblica.pg.352. 
BONORA, Antônio. Amós, o profeta da justiça. São Paulo. Ed. Paulinas.1983. 110p 
BLACKWOOD,  Andrew Watterson. A Preparação de Sermões. Rio de Janeiro – JUERP – 1984. 282p 
BROADUS,  Juan Alberto. Tratado sobre la predicacion. CBP. México. 1976. 332p 
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