CURSO BREVE PARA PREGADORES
LEIGOS
Pr. Edemar Vitorino da Silva
“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que
se envergonhar, que MANEJA BEM a palavra da verdade”. II Timóteo 2:15
“Que formosos são sobre os montes os pés do que anuncia as boas novas,
que faz ouvir a paz, que anuncia cousas boas, que faz ouvir a salvação, que diz
a Sião: O teu Deus reina!” - Isaías 52:7
“...prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige,
repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina.” - II Timóteo 4:2
INTRODUÇÃO
Nosso objetivo
é passar a todos os interessados noções básicas de Homilética, Hermenêutica,
Exegese e Retórica, a fim de ajudar a preparar obreiros para a pregação do
Evangelho de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Aqueles que
desejarem se aprofundar em seus estudos e pesquisas sobre a arte de pregar,
devem procurar estudar também um pouco sobre “Dialética” (= a arte de
raciocinar; lógica; arte de argumentar ou discutir ) e também cursos práticos
de Português com abordagem de “Técnicas de Redação”. Cursos de técnicas de
impostação de voz também poderão ser muito úteis. Aqueles que tiverem
dificuldades na “fala” ou problemas relacionados à “dicção” devem recorrer
ainda aos serviços profissionais de um “Fonoaudiólogo”.
Finalmente,
é recomendável que todos os pregadores passem por um Curso Teológico básico
(equivalente ao segundo grau - secundário) ou Bacharel (equivalente ao terceiro
grau - superior), para aprimorar os seus conhecimentos em muitas outras
matérias que não serão aqui abordadas, tais com: - Dialética, Grego, Hebraico,
Inglês, Teologia Sistemática, Psicologia ( Geral, da Religião, Pastoral ),
Música, Filosofia, Heresiologia, Geografia Bíblica, História da Religião,
História da Igreja, Introdução à Teologia do Velho e do novo Testamentos,
Administração Eclesiástica, etc.
I - DEFINIÇÕES
Segundo
alguns dicionários, “exegese, hermenêutica e homilética” significam a mesma
cousa, porém, para nós, evangélicos, costumamos fazer as seguintes distinções:
a) HERMENÊUTICA - É a arte de interpretar textos inseridos
no seu contexto;
b) EXEGESE - É a arte da interpretação minuciosa de um
texto;
c) HOMILÉTICA - É a arte de se preparar, organizar e
apresentar o sermão, palestra, discurso ou estudo;
d) RETÓRICA - É a arte de falar e argumentar em público,
através de sermõs, palestras, discursos e estudos.
II - O “PREGAR” O EVANGELHO
“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que
se envergonhar, que MANEJA BEM a palavra da verdade”. II Timóteo 2:15
O conceito bíblico de pregação é um
anúncio, uma proclamação de boas novas, o kerygma (mensagem) revelado pelo
Espírito de Deus.
Assim sendo, o pregador não pode e
não deve falar qualquer coisa, e também não deve escolher preciptadamente este
ou aquele assunto... É preciso buscar a direção de Deus para saber qual o
assunto a ser abordado em cada ocasião. É preciso saber o que o Espírito Santo
quer dizer à Igreja! A definição de tema ou assunto, e/ou do texto, devem ser
obtidos no Espírito, através de oração e de comunhão com Deus. O pregador
precisa ter a certeza da direção divina para a palavra que proferirá.
A única pregação eficaz é a que é
feita “em demonstração de espírito e de poder” - I Cor 2:4-5
A pregação ocupava boa parte do
ministério pessoal de Jesus - Mt 4.23; 9.35. E Jesus disse: “Eu vos envio como
o Pai me enviou” - Lucas 4.18-21
III - OUTROS CUIDADOS QUE O PREGADOR DEVE TER
a) Na área espiritual
- o pregador precisa preocupar-se e ter
zêlo em relação a:
- sua
piedade pessoal - é preciso estar disponível para ser usado por Deus;
- estar sempre estudando a Palavra, pois é a Palavra que ele
interpretará;
- ter fé espontânea e corajosa, porém serena e tranquila que
demonstre a sua real confiança em Deus;
- a convicção de chamada e de envio, aliada a uma
reconhecida vocação cristã;
- ser humilde, despido de qualquer vaidade;
- ter espírito de oração, de forma a ser sempre um canal
livre para a comunicação do Alto;
- ter uma boa visão e discernimento da obra, em suas diferentes
nuances;
- ter sensibilidade espiritual e unção do Espírito;
- ter profundo amor e paixão pelas almas perdidas e pelas
ovelhas do rebanho.
b) a nível físico/natural
- o pregador precisa cuidar:
- da
sua aparência e higiene pessoal;
- do desenvolvimento sóbrio e fecundo da sua inteligência;
- do exercício frequente e sábio da sua memória;
- do adestramento frequente da sua dicção;
- do cuidado com a sua saúde pessoal e com a sua
alimentação;
- do aprimoramento incansável dos seus conhecimentos do idioma;
- de ter boa cultura geral e estar sempre bem informado;
- da sua preparação psicológica.
IV - A TOTAL DEPENDÊNCIA DO ESPÍRITO SANTO
Feita a sua parte, que consiste em se
preparar da melhor forma possível, em todos os aspectos, o pregador precisa estar
consciente de que, em todo o tempo, deverá caminhar na total depenência do
Espírito Santo; nunca confiar nos seus próprios méritos ou suposta
capacidade. A pregação é a semeadura, e
isto o homem deve fazer da melhor forma possível; contudo, o crescimento da semente e o fruto
são obra do Espírito Santo. O pregador
poderá até fazer um convite para que as pessoas se posicionem ou se manifestem,
de alguma forma, em relação a palavra ouvida. Contudo, o verdadeiro apêlo é
aquele que o Espírito Santo faz, de forma silenciosa, invisível, diretamente ao
coração do ouvinte! É até possível
através de uma boa oratória persuadir a platéia, porém, o verdadeiro
convencimento, a verdadeira conversão, o verdadeiro arrependimento para a vida,
somente o Espírito Santo poderá operar no coração do pecador. A perícia se
adquire com dedicação e denodo, porém a unção somente Deus no-la pode dar!
Pregação sem unção é mera falácia!
V - RELAÇÃO DA HOMILÉTICA COM A RETÓRICA
Juntamente com a língua grega, veio a
retórica grega. No final do século IV a retórica grega havia alcançado o seu
maior desenvolvimento na oratória de Demóstenes e no famoso tratado de
Aristóteles sobre a retórica. Posteriormente vieram contribuições de oradores
romanos, notadamente Cícero e Quintiliano. A retórica ensinava o estudante na
arte de se expressar com facilidade, com frases apropriadas e irresistíveis,
levando-o a obter o melhor resultado possível, especialmente na tribuna e no
senado.
A prédica cristã começara na palestina.
Os primeiros pregadores, auditórios, formação e afinidades espirituais eram
judaicas. A maneira de se pregar contudo, seguia o estilo dos Profetas do Velho
Testamento e o padrão rabínico, porque a
retórica perdera o crédito para os judeus, em razão de advogados inescrupulosos
e falsos mestres dela se utilizarem vergonhosamente com sofismas para fazer com
que o pior parecesse o melhor, dando a mentira um ar de verdade! Assim pois, se
fez a prédica primitiva à maneira e cultura judaica e não da gentílica. E ao
sermão de dava o nome de homília.
Entretanto, com a disseminação do
Evangelho entre as nações gentílicas, em cujo seio as tradições e formas
judaicas eram pouco conhecidas, e com a conversão de homens que já tinha sido
treinados na retórica, os quais, dia-a-dia se tornavam pregadores, e,
naturalmente, usavam os seus dotes retóricos na proclamação do Evangelho.
Assim, gradativamente, a homília (em voga até o século III) cedeu lugar ao
sermão mais elaborado. Homens piedosos
como Gregório, Crisóstomo, Ambrósio e Agostinho, elevaram a prédica cristã a
níveis nunca antes alcançados pelos gregos, e a transformaram em um instrumento
de poder espiritual, entre pessoas de todos os níveis, cultas e incultas. Assim
foi que surgiu a Homilética, que nada mais é do que a adaptação da retórica às
finalidades especiais e aos reclamos da prédica cristã.
VI - PERIGOS RELACIONADOS A RETÓRICA
Uma cousa é adesão, outra bem diferente
é conversão. Os métodos retóricos são e serão sempre limitados. Só há conversão
quando o Espírito Santo convence o pecador do seu pecado. O convencimento
intelectivo poderá produzir apenas “adesão”. O Apóstolo Paulo temia que com
“palavras persuasivas” viessem a insinceridade e o orgulho ao coração do
semeador, estando ele vazio. Muitos recursos de retórica, sem humildade, unção,
e dependência da ação do Espírito Santo, podem fazer do orador um dominador de
assembléias ao invés de uma testemunha ou companheiro de adoração.
Os recursos da
homilética e da retórica devem ser utilizados com temor e reverência, na dosagem
certa e com humildade, na total dependência do Espírito Santo, para que se o
auditório sentir o desejo de aplaudir, oplauda o Criador, pela grandeza do Seu
Amor, pela verdade ouvida, e não o pregador pelo seu desempenho! E, em havendo
aplausos, aclamações, elogios, que o pregador seja humilde e transfira os
louros para Deus, reconhecido de que, se a bênção fluiu é porque o Espírito
Santo esteve presente e trabalhando em todos e sobre todos, inclusive no seu
próprio desempenho na tribuna.
a) Demasiada
ênfase a regras e fórmulas - O pregador precisa dar sempre maior
atenção a princípios do que a regras e regulamentos. O pregador deve lembrar
sempre que o objetivo da prédica é elevar o ânimo do ouvinte, despertar a sua
imaginação, mexer com os seus sentimentos e impelir poderosamente a sua vontade
na direção daquilo que a verdade impõe, que em relação a prédica cristã será
sempre o crer e confiar em Deus, em toda e qualquer circunstância. Em certas
circunstâncias, o pregador poderá até o violar as boas regras da homilética e
da retórica, mas nunca quebrar ou contrariar princípios bíblicos! Lembre-se: “A melhor qualidade dum sermão não é o fato
de ele ser bastante homilético, e sim o de mover e comover as almas para
aceitarem o Reino de Deus e a sua justiça” - John A. Broadus.
b) Imitação e
plágio - Existe a imitação
consciente e a inconsciente. As duas são prejudiciais, conquanto a última seja
menos censurável. Podemos apreciar e procurar até assimilar as boas qualidades
observadas em outros pregadores, nunca porém devemos imitá-los! Lembremo-nos
sempre de que Aquele que Chama, é o mesmo que Capacita, e dá dons aos homens!
Deus usa cada um de uma forma, e, certamente, poderá se utilizar de você dentro
do seu próprio estilo. É lícito utilizar
expressões e ilustrações originárias de outros pregadores, desde que se cite a
fonte! Procure exercitar sempre a prática de preparar os seus próprios sermões,
pois isto levará você a crescer na arte da prédica. Inspirar-se com a prédica
de outros oradores é até natural, agora imitá-los conscientemente é algo que se
deve evitar. O plagio ou imitação
conduzem sempre o orador à superficialidade, uma vez que ele nunca será
original! Quando o pregador desenvolve o
seu próprio raciocínio e segue o caminho traçado pelo seu próprio pensamento, o
seu desempenho é muito mais satisfatório. Seja sempre você mesmo, evite
imitações!
c)
Artificialismo - “Em toda a fala,
especialmente na pregação, a naturalidade e a genuinidade, ainda que
embaraçadas, são realmente mais eficientes do que o mais elegante
artificialismo.” - John A. Broadus.
O perigo do artificialismo é muito grande, a pessoa se sente embaraçada,
dentro de uma situação nova e estranha. Deve-se evitar todo e qualquer
artificialismo intencional, e mesmo aqueles involuntários e inconscientes. O
pregador deve visar sempre uma pregação genuína, de boa fé, original, ser o
mais natural possível, dominar bem o assunto, inspirar confiança, nunca pregar
baseado apenas na prática, o seu compromisso maior é enfatizar aos ouvintes as
verdades contidas na Palavra de Deus!
VII - COMO AVANÇAR NO ESTUDO DA HOMILÉTICA E DA
RETÓRICA
Além dos inúmeros tratados sobre
prédica disponíveis hoje no mercado literário, você pode recorrer ainda às
seguintes fontes:-
a)
procure ouvir bons pregadores - os sermões que ouvimos, quando escutados em
espírito de oração, e com o intuíto de aprendizado, muito podem nos ajudar;
b)
procure sempre ter à mão papel e caneta para suas anotações pessoais enquanto
ouve ouros pregadores - além de montar um esboço, do seu jeito e com as suas
palavras, das verdades que se sobressaem em sua mente, em algumas oportunidades
a partir do sermão que ouvimos poderemos ter a inspiração para criar outros
sermões derivativos ou até mesmo sobre temas diferentes - é bom anotar, porque
a inspiração vem e passa! E depois você poderá não se lembrar mais!
c)
adquira livros de sermões publicados (ou de esboços) de renomados pregadores -
leia-os e examine-os à luz da Bíblia - e
se resolver utilizá-los, procure reescrevê-los segundo a suas próprias idéias e
inspirações;
d)
leia a biografia de grandes pregadores do passado, certamente serão de grande
inspiração e muito lhe motivarão;
e) solicite
ao seu pastor, professores, e companheiros da seara, comentários sobre o seu
sermão, ouça o que eles têm a dizer - tais críticas serão sempre úteis e
proveitosas;
f) INTERNET - Através da Internet você
poderá ter acesso a muitos materiais, estudos bíblicos, livros, apostilas,
confissões de fé, e às mais diversas versões da bíblia (Bíblia on-line) -
versão NVI, Bíblia em Grego e em Hebraico, além de informações diversas de
cunho teológico, e até mesmo cursos bíblicos on-line. Apresento, a seguir,
alguns links e algumas dicas:-
http://www.cetai.com.br e http://cetai.webensino.com.br
COU - Cetai Open University Apoio: CETAI - Centro de
Teologia Aplicada Integrada - Cursos bíblicos teológicos on-line - você pode
está cursando de qualquer lugar e a qualquer momento basta esta conectado a
internet, uma ótima opção para quem não tem tempo para frequentar uma sala de
aula. Orefece cursos livres, de graduação e pós graduação;
· Apologética - Centro de Pesquisas Religiosas – CPR (
http://www.virtualand.com.br/cpr/ )
Informações Sobre o Reformador Martinho Lutero
Informações Sobre o Reformador Martinho Lutero
Informações Sobre o Reformador João Calvino
Sites sobre Missões:
·
SBB - Soc
Bíblica do Brasil
( http://www.sbb.org.br/ )
Em nosso site os irmãos poderão encontrar outros links, especialmente sobre o povo judeu e judeus messiânicos, bem como CURSOS BÍBLICOS PARA UTILIZAÇÃO EM CÉLULAS DE EVANGELIZAÇÃO, material sobre “MISSÕES URBANAS”, Apostila: “CURSO BREVE PARA PREGADORES LEIGOS” e diversos estudos bíblicos sobre teologia reformada.
( http://www.sbb.org.br/ )
Em nosso site os irmãos poderão encontrar outros links, especialmente sobre o povo judeu e judeus messiânicos, bem como CURSOS BÍBLICOS PARA UTILIZAÇÃO EM CÉLULAS DE EVANGELIZAÇÃO, material sobre “MISSÕES URBANAS”, Apostila: “CURSO BREVE PARA PREGADORES LEIGOS” e diversos estudos bíblicos sobre teologia reformada.
VIII - O ESBOÇO DO SERMÃO
“Toda Escritura é inspirada por Deus e
útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na
justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e pefeitamente habilitado
para toda boa obra.” - II Timóteo 3:16-17
“sabendo, primeiramente isto, que
nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca,
jamais, qualquer profecia foi dada por vontade humana, entretanto homens
[santos] falaram da parte de Deus movidos pelo Espírito Santo.” - II Pedro
1:20-21
I - O TEXTO
Significado do termo: é a porção
bíblica das Escrituras que servirá de inspiração ou base para o sermão.
Nos primórdios da igreja cristã era
comum a pregação expositiva ou explanativa. Os primeiros pregadores discorriam
sobre passagens longas, ocupando-se em explicá-las ou explaná-las. Com o tempo
a tendência propendeu para textos curtos. Já no Século XVII, na Inglaterra,
eram comuns sermões baseados em passagens breves.
Com o passar dos anos, o tempo foi se
tornando cada vez mais escasso, e, consequentemente, o horário reservado para o
culto e a pregação foi sendo reduzido. Ao final do Século XIX, o culto girava
em torno de uma hora, gastando-se com a pregação apenas quinze ou vinte
minutos! Nestas circunstâncias era impraticável se utilizar textos longos,
continuando a prevalecer o uso de textos pequenos. No século XX, com surgimento
do movimento carismático e os cultos pentecostais com maior duração, as
pregações voltaram a consumir mais tempo havendo hoje a tendência a textos mais
longos e, novamente, ao uso de sermão textual ou explanativo.
A pregação é a parte central do culto.
É o momento em que Deus fala ao Seu povo, através do seu servo profeta
(pregador). O conteúdo da pregação e os ensinos emanados do púlpito devem estar
sempre em perfeita harmonia e estrita sintonia com a Palavra de Deus. O
pregador é o intérprete das Escrituras. Desta forma, a pregação sempre deve se
basear em algum texto das Escrituras Sagradas, até mesmo em caso de sermão
temático.
Em se tratanto de Palestra ou Estudo
Bíblico o apresentador tem a liberdade de utilizar ou não um texto base.
Dicas sobre a escolha de um texto:-
1) Textos obscuros - só devem
ser utilizado se o pregador tiver plena convicção e certeza de que será capaz
de explicá-lo corretamente. É verdade que atrai as expectativas, porém é
necessário torná-lo instrutivo e útil;
2) Textos espúrios ou apócrifos
a) espúrios - são textos adulterados, falsificados, degenerados, em
relação aos manuscritos originais (grego e hebraico);
b) apócrifos - textos sem autenticidade, ou cuja autenticidade não
está provada - textos não incluídos no Cânom das Escrituras autênticas e
divinamente inspirados. Os livros apócrifos não fazem parte das versões
bíblicas manuseadas pelo cristão evangélico ou protestante. Aparecem, contudo,
na versão de Figueiredo, normalmente utilizada pelos católicos romanos, e são:-
3o e 4o Esdras, Judite, Tobias, Ester (acréscimos a
partir do cap. 10 até o 16); Sabedoria de Salomão, Eclesiástico, Baruque,
Daniel (acréscimos ao livro inspirado), Oração de Manassés e 1o e 2o Macabeus.
c) exemplos de textos espúrios:-
- na conversão de Saulo - Atos 9:6 e 22:10 as expressões: “Senhor,
que queres que eu faça?” e “Senhor, que farei?”; ainda na versão bíblica ARC,
no verso “5”: “duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões” - estas
expressões não constam dos melhores manuscritos;
- a famosa passagem de I João 5:7-8: “o v.7 deveria terminar na
palavra testemunho. O restante do v.7 e parte do v.8 não estão em nenhum
manuscrito grego antigo, mas apenas em manuscritos latinos posteriores.” -
Comentários transcritos das notas de rodapé da Bíblia Anotada, Editora Mundo
Cristão;
- o texto de Marcos 16:9-20 - “Estes versículos não aparecem em dois
dos principais manuscritos do Novo /testamento, embora estejam presentes num
grande número de outros manuscritos e versões. Se eles não forem parte genuína
do texto de Marcos, o final abrupto do v.8 deve-se, provavelmente, à parda dos
versículos que formavam a conclusão original. A discutível genuinidade dos vv.
9-20 torna pouco sábio construir uma doutrina ou basear uma experiência sobre
eles (especialmente os vv. 16-18).” - Comentários transcritos das notas de rodapé
da Bíblia Anotada, Editora Mundo Cristão;
3) palavras de pessoas não inspiradas, registradas na Bíblia -
devemos tomar muito cuidado e observar bem em que circunstâncias vamos utilizar
palavras ditas por pessoas não inspiradas. Exemplos: Atos 5:38-39 - as palavras
de Gamaliel foram adequadas e instrutivas, naquelas circunstâncias; porém o
princípio alí inserido não é totalmente verdadeiro. É preciso tomar bastante
cuidado ao utilizar textos dos livros de Jó, Eclesiastes, Cantares e também o
Livro de Ozéias. É preciso analizar muito bem os textos que se pretende
utilizar, sendo recomendável sempre a consulta a bons comentários.
Sobre o uso e
a interpretação de textos:-
1) interpretações literais e figurativas - é preciso muita acuidade na arte de interpretar textos, para não incorrer no erro de dar
sentido literal àquilo que é figurado, e vice-versa;
2) cuidado no uso de textos do velho testamento - o V.T. não foi revogado, entretanto, muitas
das práticas e ensinos alí exarados foram modificados no N.T. Ao se utilizar textos do V.T. deve-se
procurar sempre correlacioná-lo a algum outro texto do N.T., e, na medida do
possível, levar o ouvinte a entender que a salvação veio a todos os homens
através da morte de Jesus Cristo na cruz do calvário;
3) o dever de uma interpretação cuidadosa e exata - o pregador tem o compromisso com Deus, e com
a verdade! Tem o compromisso de interpretar corretamente o texto a fazer a
aplicação de acordo com o seu sentido real. “Nunca dê a um texto o sentido que
você sabe que ele não tem...” - Filipe Brooks. É preciso tomar cuidado para não
ir além daquilo que o texto diz, e dizer cousas que o autor não disse! O texto
precisa ser examinado sempre à luz do seu contexto bíblico, cultural e
histórico. Alguém já disse com sabedoria: “texto fóra do contexto é mero
pretexto”!
4) a harmonia dos quatro Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João) -
Alguns relatos se repetem nos evangelhos com ligeiras diferenças. Sempre que se
utiliza algum texto de um dos Evangelhos, é preciso verificar se o relato se
repete nos demais Evangelhos, e verificar bem o que diz cada um. É
indispensável ter à mão, para consulta, uma obra intitulada: “A Harmonia dos
Quatro Evangelhos” - existem várias, de diversos autores, disponíveis na praça.
5) em relação a ètica e a doutrina - o doutrinamento de uma igreja
compete ao pastor, ou pastores efetivos. O pregador leigo deve sempre evitar
abordagens de conteúdo doutrinário em suas prédicas, especialmente quando
estiver pregando em outras igrejas que não a sua. É antiético, deselegante, e
falta de sabedoria, o pregador visitante enveredar pelo caminho da doutrina, a
não ser que tenha sido previamente convidado e/ou autorizado pelo pastor da
igreja a fazê-lo. Em relação a
doutrina, deve observar ainda o seguinte:-
a) nenhuma profecia é de particular elucidação
- “sabendo, primeiramente isto, que nenhuma profecia da Escritura provém de
particular elucidação; porque nunca, jamais, qualquer profecia foi dada por
vontade humana, entretanto homens [santos] falaram da parte de Deus movidos
pelo Espírito Santo.” - II Pedro 1:20-21;
b) não se deve estabelecer dourinas em cima de
textos isolados, sobretudo em cima de textos extraídos do seu contexto;
c) não se deve estabelecer
doutrinas com base em textos alegóricos ou parabólicos.
6) ferramentas necessárias para ajuda na interpretação de textos e no
preparo de sermões:
a) diversas versões da Bíblia -
Sugestões de versões da Bíblia:-
- Almeida, revista e corrigida (ARC)
- Almeida, revista e atualizada (ARA)
- Bíblia Sagrada - NTLH (Nova Tradução na Linguagem de Hoje)
- Nova Versão Internacional - NVI
- Para quem domina o inglês - Holy
Bible, versão de King James;
- Velho Testamento em hebraico e Novo
Testamento em Grego, para os conhecedores destes idiomas.
b) Bíblia de Estudos - Há hoje muitas
Bíblias de estudos, como: De Genebra, de Taylor, Anotada, Vida Nova,
Pentecostal, Bíblia de Estudo Profético, etc. De todas estas eu recomendo a
BÍBLIA ANOTADA, a qual contém ótimos comentários de rodapé. Esta Bíblia vem na
versão ARA, e é editada pela Editora Mundo Cristão.
c) Chave Bíblica - Existem diversas, de
diversos autores;
d) Enciclopédia Bíblica - O.S. Boyer
e) Manual Bíblico - Henry H. Halley
f) Dicionário Bíblico - de Davis;
g) a Harmonia dos Quatro Evangelhos -
existem diversos, de diversos autores;
h) Comentários bíblicos dos livros do
Velho e do Novo Testamento. Recomendo: O NOVO TESTAMENTO INTERPRETADO e o VELHO
TESTAMENTO INTERPRETADO, Versículo por Versículo - Russell Norman Champlin,
Ph.D. - Editora e Distribuidora Candeias;
i) Livro “Textos De Difícil
Interpretação” ( Editora Vida? )
j) Livros de Ilustrações - Existem
diversos;
l) Livros de Esboços - Recomendo: Guia
do Pregador, de S.E. McNair (04 volumes);
m) Teologia Sistemática - de Berkhof;
n) O Sermão e Seu Preparo - John A.
Broadus
IX - Esboço
do Sermão
Assunto:
Título ou Tema:
Proposição:
Objetivo:
Introdução ou Exórdio
I)Tópico
I.1
- Sub-tópico
I.2
- Sub-tópico
I.3
- Sub-Tópico
II) Tópico
II.1
- Sub-tópico
II.2
- Sub-tópico
II.3
- Sub-Tópico
III) Tópico
III.1
- Sub-tópico
III.2
- Sub-tópico
III.3 - Sub-Tópico
Conclusão (ou Peroração)
IX.1 -
Assunto: O sermão deve sempre ter um assunto. Deve tratar sempre de
alguma cousa, de alguma verdade importante relacionada à vida religiosa. Pode-se iniciar um sermão a partir do
assunto, procurando-se um texto adequado, ou pode-se iniciar pelo texto,
identificando-se alí o assunto principal a ser abordado. Para identificar o
assunto, faça a sí mesmo a seguinte pergunta: - De que trata o sermão?
Relação do
Assunto para com o Texto -
a relação do assunto para com o texto precisa ser clara. Tem que haver
relação estreita entre ambos. Não raras vezes se percebe por parte de
pregadores, a utilização de textos que não têm muito ou nada a ver com o assunto
que está sendo abordado. O risco maior ainda é quando se dá o entendimento
errôneo de um texto, e a sua utilização em aplicações descabidas.
Enunciação do
Assunto - “Há sermões que
são como navios sem leme em bravo mar, levados dum lado para outro, sem avançar
firme para um ancoradouro.” - Ibid. - Estabelecer uma idéia central como
âmago do sermão nem sempre é fácil, principalmente em sermões textuais ou
expositivos, mas é necessário!
IX.2 - O
Título ou tema: O objetivo do título é atrair e interessar o ouvinte. Um
bom título vende um livro! Deve-se tomar cuidado, porque um título mau
escolhido ou inoportuno poderá desisteressar a platéia! A escolha de um bom
título é uma arte que se deve cultivar.
IX.3 - A
Proposição: Vimos que o “assunto” responde à pergunta: - De que trata o
sermão? Já a “proposição” responde à pergunta adicional: -- Que sermão?.
A proposição deve conter uma enunciação do assunto que o pregador se propõe a
desenvolver. “A proposição deve estar na forma duma sentença afirmativa completa,
simples, bem clara e convincente, ou irresistível.” - John A. Broadus. “O discurso é a proposição desenvolvida, e a
proposição é o discurso condensado” - Fénelon. É uma espécie de “tese”, que
exije argumentos para ser provada. É uma verdade a ser explicada! Muito ajuda
na preparação do sermão. Exemplos:-
No sermão “A Vida de Cada Homem é um
Plano de Deus”, Horácio Bushnell apresentou a seguinte proposição:- “A verdade
que agora nos propomos considerar convosco é esta: Deus tem um definido plano
de vida para cada criatura humana, dotando-a, visível ou invisivelmente, para
levar a cabo isso que será a verdadeira significação e glória de sua vida.”
O sermão de Bushnell sobre “A Influência Incosciente” tem por proposição: “Assim por certo os homens estão sempre
inconscientemente tocando as molas que movimentam outras pessoas, (de modo que)
um homem sem o pensar e intencionalmente, e mesmo sem ter consciência disso,
está sempre arrastando após si algum outro.” Proposição de Filipe Brooks
no seu sermão sobre “A Luz do Mundo”: “A
alma humana traz consigo as mais elevadas possibilidades, e o que Cristo faz
por ela é justamente isto -- atear e provocar essas possibilidades para uma
existência real.” GG Atkins, no sermão tendo por texto o Salmo 119:109;
título - Artífices da Alma - proposição:
“Num sentido real temos nossas almas
em nossas mãos, como o artífice tem nas suas o material com que trabalha; e a
nossa tarefa principal é amoldá-las de maneira criadora para elevado uso e
finalidades duradouras.” H. E. Fosdick - texto Filem. 4:22; título -
Cristão a Despeito de Tudo; proposição: “O
cristianismo significa essencialmente vitória espiritual em face de
circunstâncias hostís.”
IX.4 - O
Objetivo: Tem a ver com as desejadas finalidades do sermão, e com o
caráter e conduta dos ouvintes. Vimos que o “assunto” responde a pergunta: - De
que trata o sermão? A “proposição” responde à pergunta adicional: -- Que
sermão?. Já o “objeto ou objetivo” responde a pergunta: -- O que se pretende
com este sermão? O objetivo define a aplicação que se pretende fazer. O
alvo que se quer atingir. Descreve a finalidade do sermão e a reação que se
espera dos ouvintes. Ao nos falar Deus uma Palavra, Ele tem um propósito, um
alvo! A Palavra produzirá no ouvinte reações relacionadas a: salvação,
reconciliação, obediência, fidelidade, despertamento, serviço, etc. Da mesma
forma os sermões, precisam ser claros e bem definidos quanto aos objetivos que
se pretende atingir, quanto aos resultados que se espera.
IX.5 -
Introdução ou Exórdio: Tem dois objetivos capitais: (1)
interessar nossos ouvintes no assunto e (2) prepará-los para que o entendam. A
introdução é a passagem gradual e serena para o sermão propriamente dito, para
a argumentação, para a mensagem. Não deve ser longa demais e deve ser proporcional
ao tempo total do sermão. Deve-se tomar cuidado para não se antecipar na
introdução algo que pertence ao corpo do sermão. Uma boa ilustração poderá ter
lugar na introdução e ajudar muito na passagem para o assunto da pregação. A
introdução deverá ter um único tópico, não cabendo divisões ou subdivisões, e
incluir uma única idéia. Não deve incluir uma idéia muito larga, abrangente
demais... Também não deve prometer demais! Também não deve conter argumentação
nem matéria emotiva. Se o pregador antes mesmo de pregar já está emocionado,
deve conter-se, pois pode ser que o auditório ainda não esteja. Finalmente,
deve-se evitar na introdução qualquer cousa que cheire à exibição. Deve iniciar
o seu sermão de maneira bastante simples e modesta. Sugiro que antes de começar
a preparar o seu sermão, você escreva e coloque diante de você as seguintes
sentenças: - (1) PRECISO ESTAR BEM SEGURO DE COMO VOU INICIAR; (2) PRECISO
ESTAR SEGURO E CERTO DE COMO VOU TERMINAR!
- fontes de inspiração para a introdução
o texto
- sempre que o significado do texto exija explanação, esta pode vir a se
constituir na introdução; pode-se inserir na introdução: - informações
históricas ou geográficas, ou detalhes culturais sobre hábitos e costumes da
época; dados sobre o autor do texto; informações sobre o público original a
quem as palavras do texto foram dirigidas, etc.;
examinando o
assunto a ser tratado - qual foi a sua definição para o
assunto? Leia novamente e pense em como introduzí-lo, de forma suave a fim de
interessar a platéia e preparar ou ouvintes para o que você vai dizer.
a ocasião (ou
tema geral da reunião, culto, seminário ou congresso)
- se o sermão será pregado em uma ocasião especial pode-se na introdução citar
aquele evento como uma ótima oportunidade para se refletir sobre... e então
passa-se a mensagem. Cerimônias como:
aniversários, bodas, formaturas, etc. fornecem sempre boa inspiração para a
introdução. Pode-se também aproveitar na introdução aludir a algum hino que
acabou de ser cantado ou a algum outro texto bíblico lido ocasionalmente. Deve-se evitar: escusas ou defesas,
porque podem induzir a suspeitas e julgamentos sobre a sinceridade do pregador,
prejudicando assim a boa receptividade à sua prédica. O pregador deve evitar
dizer que “foi apanhado de surpresa...”; “que não estava preparado...”; “que
não se sente a altura para tamanha responsabilidade...”, ou que se “sente
embaraçado” por tais e tais motivos... A impressão que poderá passar para a
platéia poderá ser desastrosa. Procure transformar cousas negativas em fatos
positivos... Procure mostrar sempre que você está alí pela vontade de Deus e
que tem algo muito importante para dizer-lhes!
IX.6 - Os
Tópicos do Sermão (=Discussão, Tratamento, ou Corpo do Sermão): O sermão precisa ter Princípio, meio e fim. É
preciso haver uma concatenação lógica das idéias e que os tópicos estejam
co-relacionados entre sí, e que se mantenham dentro do tema do sermão. O uso
das divisões visa aclarar a argumentação para os ouvintes, mas também ajuda o
pregador no preparo e apresentação do seu discurso. É sempre recomendável que
haja diviões no sermão, e que estas sejam preparadas previamente. Quando não há
divisões, o pregador corre o risco de “desviar” do assunto da mensagem, de
ficar dando “voltas”, e sem saber como concluir a sua pregação.
- quanto ao número de Divisões(Tópicos) e de Sub-Divisões (Sub-Tópicos): - dependerá
sempre da inspiração e da sensibilidade de cada um. Julgo recomendável ao
pregador principiante trabalhar sempre que possível com sermões de dois ou três
tópicos, tendo ou não sub-tópicos. Em havendo sub-tópicos, trabalhar com dois
ou três sub-tópicos no máximo. O uso de numerosas divisões e sub-divisões
dificultará a memorização por parte do público ouvinte. A tendência maior
sempre foi para o sermão de três tópicos, por proporcionarem ao sermão boa
variedade, não desviarem a atenção e nem sobrecarregarem a memória. O número
três nos dá a idéia de cousa completa - início, meio e fim. Nas Escrituras,
como ênfase e para provocar maior impressão, usa-se muito expressões tríplas:
“santo, santo, santo”; “ao que era, que é, e que será...”; “pedí, buscai,
batei...”; “boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Alguns exemplos de
sermões de três tópicos: texto: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos
pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa,
agradável e perfeita vontade de Deus” - Romanos 12:2 - Título: A vontade de
Deus: 1) é boa 2) é agradável 3) é perfeita; texto: “Respondeu-lhes Jesus: Eu
sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” - João
14:6 - título: Só Jesus Nos Pode Conduzir a Deus - Ele é: 1) O Caminho; 2) A
Verdade; 3) A Vida.
- O que devem tratar as Divisões(Tópicos) e Sub-Divisões (Sub-Tópicos): - devem
tratar exaustivamente da proposição, ou do assunto proposto. Devem ser
distintas e simétricas. Horácio recomenda: “...as divisões devem todas manter a
mesma qualidade de relação para com o assunto proposto.” As considerações negativas devem sempre
preceder às positivas. E, na distribuição do tempo, deve-se gastar menos
tempo com os aspectos negativos e mais com os positivos, com a verdade que se
quer enfatizar. Quanto à citação ou não dos títulos das divisões, fica à
critério da sensibilidade do pregador. Há ocasiões em que é recomendável citar,
outras em que é plenamente dispensável.
É recomendável a citação: 1) quando a linha de pensamento é pesada, ou
difícil, e o anúncio das divisões ajudará o ouvinte a seguí-la; 2) quando se
quiser que os ouvintes lembrem os sucessisvos passos da exposição ou
argumentação; 3) quando entendermos que a enunciação delas despertará interesse e atenção ao invés de diminuí-los.
Há ocasiões em que ao invés do anúncio prévio das divisões é melhor recapitulá-las
ao final, para maior memorização. Ou até mesmo empregar os dois métodos.
IX.7 - A
Conclusão (ou Peroração) - Todas as partes do sermão são
importantes e merecem total atenção e cuidados, especialmente a conclusão! É a
hora de se fazer a aplicação da mensagem, cujo objetivo é o de produzir no
coração do ouvinte uma reação positiva à palavra ouvida. A conclusão é como a
batalha final que decidirá a guerra, exige o máximo de atenção, empenho e
esforço! Muitas vezes se constitue no
melhor momento da pregação, porisso é importante que antes de começar o sermão
o pregador já tenha muito bem elaborado plano da sua conclusão. Me permita
comparar o sermão e a conclusão com a minha primeira viagem turística à Israel.
Ao iniciar o roteiro daquele dia, a nossa líder espiritual falou pelo microfone
do ônibus, mais ou menos o seguinte: - nosso roteiro para hoje é o seguinte:-
vamos ao Monte Carmelo, local provável onde Elias derrotou os 450 profetas de
baal, vamos conhecer o Vale do Armagedon onde se travará a grande batalha final
prevista no Apocalipse, vamos a Cafarnaum local provável onde Jesus curou o
paralítico descido pelo telhado (Mc 2), visitaremos uma antiga sinagoga do
tempo de Jesus e teremos uma preleção no
Monte das Bem-Aventuranças, local provável da multiplicação dos pães e peixes;
atravessaremos de barco o mar da Galiléia rumo a outra margem na cidade de
Tiberíades; e, já à tardinha, partiremos rumo à Jerusalém, a Cidade Santa, a
Cidade do Grande Rei - iremos ao alto do Monte Scopus, do lado de fóra dos
muros, local que possibilita a melhor vista da cidade, e de onde veremos a
linda cidade antes de adentrar pelos seus portais... Então seguiu-se o
roteiro... A bênção fluia abundantemente em cada local e muito nos sentíamos
edificados, até que de repente, em meio à estrada a nossa líder pediu silêncio
a todos, e disse: - prepare o seu coração porque dentro de alguns minutos já
começaremos a visualizar a cidade de Jerusalém! E, daí a pouco, chegamos ao
local referido, cantando “Jerusalém”, saltamos do ônibus e numa grande unção e quebrantamento não tínhamos
palavras para expressar o que nossos olhos viam e nem o que podíamos sentir em
nossos corações... Alí encerrou-se, naquele dia, o nosso roteiro! Não poderia
ter sido melhor, e também não seria recomendável que fosse feito ao inverso! É claro que eu me lembro de todo o roteiro,
mas não me esquecerei jamais da conclusão! Lembro que eu olhava para nossa
líder e podia vê-la lá num cantinho apreciando aquela belíssima cena de ver
todo o povo se deleitando na presença do Senhor. Assim deve ser a peroração,
deve reunir as várias idéias e impressões da mensagem para um impacto final
sobre o espírito e a emoção dos ouvintes. A conclusão oferece ao orador a
oportunidade suprema. Se bem estudada, elaborada e aplicada, poderá se
constituir no climax do sermão. Quando a
conclusão se evidencia na mente do pregador, já na hora em que está iniciando o
preparo do seu sermão, sem dúvida a conclusão ajudará muito na composição e
elaboração dos tópicos. A inspiração para a elaboração da conclusão poderá vir
de diversas fontes:- do tema; do assunto; da introdução; dos tópicos; do exame
do texto básico ou dos textos paralelos; ou até mesmo a ocasião ou tema da
reunião. O objetivo da conclusão é levar o tratamento do assunto a um final
adequado, relacionando de forma esperançosa e permanente a verdade à vida
deles, e lançando abertamente sobre os ouvintes a responsabilidade no “agir”. A
conclusão deve ser a finalização natural e apropriada do tratamento, ou
discussão do assunto. Deverá parecer aos ouvintes a cousa inevitável a ser
dita, o fim lógico dos argumentos apresentados, uma proposta digna à luz dos
argumentos da Palavra de Deus. Deve haver verdadeira ligação e harmonia entre a
discussão e a conclusão, de forma que a conclusão surja de forma espontânea e natural
como complemento às expressões:- “portanto...”; “assim sendo...”;
“consequentemente...”; “então...”; “por certo...”; “desta forma...”; “urge
portanto...”; etc. Não se deve terminar
de forma abrupta o sermão; a conclusão é a forma elegante e educada de se
terminar um sermão.
- espécies de peroração (ou sugestões): - Um dos métodos largamente
utilizados é o da recapitulação, principalmente quando a pregação tem por
proposta apresentar “princípios”, “fundamentos”, “passos” ou “caminhos” para...
Exemplo: naquela passagem do Homem da Mão
Ressequida, poderíamos apresentar o seguinte sermão:
Assunto: evangelização e livramento
Título: “Os Passos Para a Vitória” -
Proposição: levar o ouvinte a crer que se der os mesmos passos de fé que aquele
homem, poderá hoje obter a salvação para a sua alma e a vitória em Cristo.
Introdução: a situação de incapacidade daquele
homem era triste e dolorosa... Jesus ordenou que ele desse três passos de fé
que lhe propiciaram a cura maravilhosa e a sua vitória. Vejamos quais são estes
passos que também hoje você deve dar para obter em Cristo a Salvação e a sua
vitória:- Jesus disse ao paralítico:-
1) “Levanta-Te”
2) “...vem para o meio”
3) “Estende a mão”
Conclusão: - Da mesma forma que Jesus entrou alí
na sinagoga para curar aquele homem, Ele está hoje aqui para salvar a sua alma,
te dar livramento e vitória. A tua vitória é hoje possível em Cristo, basta que
você dê os três passos de fé: - 1)
Levanta-te (saia do lugar e venha a Cristo agora! Não fique indiferente! 2) Vem para o meio (isto é, vem a
Cristo - não tenha vergonha); 3)
Estende a mão ( a salvação é pela fé - tome posse da tua vitória pela fé).
Cuidado, a recapitulação visa levar o
ouvinte a “reviver” as partes e não a repetir todo o discurso!
A conclusão pode conter: recapitulação,
resumo, conselhos práticos, aplicação (contextualização) ou apelo. Muitas vezes
a aplicação é feita em cada parte ou tópico do sermão, cabendo na conclusão
apenas uma ênfase, ou exortação final. Os sermões dos apóstolos e dos profetas terminavam
em fortes e vibrantes apelos. A conclusão é sempre uma ótima oportunidade para
se convidar pessoas não evangélicas a confessarem publicamente a sua fé em
Cristo; também para que os “desviados” se reconciliem com o Senhor e com a
Igreja; para que os crentes em Cristo “consagraem” mais suas vidas à serviços
do Senhor e do seu reino; e para se chamar à frente os enfermos e problemáticos
a fim de que recebam do corpo de obreiros da igreja orações e ministrações para
livramento e vitória.
Bibliografia:
- O Sermão e Seu Preparo - John A.
Broadus
- Bíblia, Almeida, revista e atualizada
(ARA)
- Bíblia Anotada, Editora Mundo
Cristão.
- Livros Guia do Pregador, de S.E.
McNair (04 volumes);
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