APOSTILA DE HERMENEUTICA
Atos 8.30 “… Compreendes o que vens lendo?”
OLHE BEM PARA A FIGURA ABAIXO
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Fazer hermenêutica é saber que só existe elefante de quatro
pernas. Embora, muitos hermeneutas têm visto elefantes de cinco ou mais pernas.
Às vezes o que você pensa que vê não condiz com a realidade. Todo cuidado é
pouco.
DEFINIÇÕES:
HERMENÊUTICA: A palavra hermenêutica significa explicar,
interpretar ou expor. Do grego ερμηνευειν − hermeneuein = INTERPRETAR. Nas
Escrituras é usado em quatro versículos: João 1.42; 9.7; Hebreus 7.2 e Lucas
24.27. O termo Hermenêutica, portanto, descreve simplesmente a prática da
interpretação.
EXEGESE: do Grego
εξηγησιs − exégesis ek+egéomai, penso, interpreto, arranco para fora do texto.
Não se trata de pôr algo no texto (eis-egesis) e sim de tirar o que já existe
no texto (ex-egesis).
Uma das Funções do
pastor ou pregador leigo é explicar (interpretar) a Bíblia – Ne 8.8 “A missão
do intérprete é servir de ponte entre o autor do texto e o leitor“.
(J.Martínez, Hermeneutica Biblica, p. 34)
ALGUNS TERMOS IMPORTANTES E SEUS SIGNIFICADOS
n Antilegomena =
Escritos bíblicos que em certo momento foram questionados;
n Apócrifos = Livros
supostamente do Antigo Testamento, mas que não possuem embasamento para
comprovar a autenticidade quanto a seu caráter profético;
n Cânon = Do grego
“kánon”, e do hebraico “kaneh”, regra; lista autêntica dos Livros considerados
como inspirados;
n Epístolas = Cartas;
n Evangelho = Boas
Novas;
n Homologomena =
Livros bíblicos aceitos por todos e que em momento algum foram questionados;
n Paráfrase =
Tradução livre ou solta, onde o objetivo é traduzir a idéia e não as palavras;
n Pseudo-epígrafos =
Falsos escritos. Livros não bíblicos, cujos escritos se desenvolvem sobre uma
base verdadeira, seguindo caminhos fantasiosos;
n Septuaginta = LXX
de Alexandria. Bíblia traduzida para o grego por judeus e gregos de Alexandria,
incluindo os Livros apócrifos;
n Sinópticos = Síntese.
Os três primeiros evangelhos são chamados de evangelhos sinópticos, pois
sintetizam a vida de Jesus de forma harmoniosa;
n Testamento =
Aliança, Pacto, Acordo;
n Tradução =
Transliteração de uma língua para outra;
n Variantes =
Diferenças encontradas nas diferentes cópias de um mesmo texto, mediante
comparação. Elas atestam o grau de pureza de um escrito;
n Versão = Tradução
da língua original para outra língua.
PRESSUPOSTOS BÁSICOS QUE DEVEMO TER PARA FAZER UMA BOA
EXEGESE.
(ninguém faz exegese sem pressupostos)
A existência de Deus
Deus existe e atua na história. Milagres e profecia são
possíveis. Portanto, podemos interpretar os relatos da atividade sobrenatural
de Deus como história e não mito.
Revelação
Progressiva
Deus se revelou progressivamente. A revelação não foi dada
de uma única vez. Portanto, devo ler o texto bíblico comparando as suas
diferentes partes considerando a unidade.
Inspiração e Autoridade
Os escritores bíblicos foram movidos pelo Espírito, de tal
forma que seus escritos são inspirados por Deus. Portanto, são autoritativos e
infalíveis.
História da Redenção
A Bíblia deve ser lida como o registro dos atos redentores
de Deus na história. Portanto, a Bíblia deve ser lida, não como um manual de
ciências, astronomia, geografia ou física, mas como um livro teológico.
Cristo
Devemos ler a Bíblia sabendo antecipadamente que Cristo é a
substância de todos os tipos e símbolos do AT, do pacto da graça e de todas as
promessas. Cristo, portanto, é a própria substância, centro, escopo e alma das
Escrituras.
Cânon
O cânon protestante das Escrituras é a coleção feita pela
Igreja de livros que ela reconheceu que foram dados pela inspiração de Deus.
Cada livro deve ser lido e entendido dentro deste contexto canônico, que é o
contexto apropriado para a interpretação.
ATITUDES ERRADAS
FRENTE À BÍBLIA
n O RACIONALISMO –
coloca a mente humana acima da revelação divina. Tira tudo o que é tido como
sobrenatural, como os milagres.
n O MISTICISMO –
coloca os sentimentos ou a experiência humana acima da revelação de Deus. O
neo-pentecostalismo extremado, por exemplo, que aceita as “novas revelações” em
detrimento às Escrituras.
n O ROMANISMO – põe a
igreja acima da Bíblia. A tradição e as declarações papais “ex cátedra”, tem a
mesma autoridade da Bíblia.
n AS SEITAS – elevam
os escritos de seu fundador acima das Escrituras. Ex: Mormonismo, Tabernáculo
da fé, Adventismo, Testemunhas de Jeová etc.
n A ALTA CRÍTICA –
coloca as pressuposições do crítico liberal acima da Bíblia. Colocam às Escrituras
em pé de igualdade com qualquer outro livro. Ou a Bíblia está acima de qualquer
livro ou não é o livro de Deus.
n A NEO-ORTODOXIA –
diz que a Bíblia não é a Palavra de Deus, senão que se transforma em Palavra de
Deus quando fala ao coração do leitor. De maneira sutil, se transmite assim a
autoridade das Escrituras ao leitor, onde à luz de “seu coração” se quando Deus
fala e quando não. (contra Jr 17.9).
n OUTRAS “ESCRITURAS”
– Com freqüência se diz que a Bíblia é só mais um livro sagrado. Se afirma que
as outras religiões também têm suas escrituras autoritativas. É evidente que
nenhuma destas «escrituras», com exceção do Alcorão, pretende ser uma revelação
de
A VERDADE ABSOLUTA existe na mente de Deus
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Pela REVELAÇÃO a verdade vem à mente do escritor numa forma
antropomórfica
Pela INSPIRAÇÃO essa
revelação se torna Escritura que é infalível e inerrante
Pela PRESERVAÇÃO temos os presentes textos que devem ser
comparados para serem exatos em sua essência
Pela TRADUÇÃO obtemos nossas versões no vernáculo que nós
tentamos tornar essencialmente fiéis
Pela INTERPRETAÇÃO a revelação vem à mente dos leitores
apresentando a verdade original que veio da mente de Deus
OS DISTANCIAMENTOS:
n Distanciamento
temporal — A Bíblia está séculos distante de nós.
n Distanciamento
contextual — Os livros da Bíblia foram escritos em várias situações diferentes.
n Distanciamento
cultural — O mundo em que os escritores da Bíblia viveram já não existe.
n Distanciamento
lingüístico — As línguas em que a Bíblia foi escrita também já não existem.
n Distanciamento
autorial – Os autores já estão mortos.
A natureza divina da Bíblia, por sua vez, provoca outros
tipos de distanciamentos:
n Distanciamento
natural – a distância entre Deus e nós é imensa.
n Distanciamento
espiritual — somos pecadores.
n Distanciamento
moral — é a distância que existe entre seres pecadores e egoístas e a pura e
santa Palavra que pretendem esclarecer.
HISTÓRIA DA HERMENÊUTICA – PRINCÍPIO
n Esdras – Ne 8.8
“Leram no livro, na Lei de Deus, claramente, dando explicações, de maneira que
entendessem o que se lia”.
No tempo de Cristo, a exegese judaica podia classificar-se
em 4 tipos:
1. Método Literal – referido como peshat (despir, depenar).
Não se procurava um sentido além da passagem bíblica.
2. Interpretação Midráshica – rabi Hillel. Era mais
espiritualista perdendo a visão do texto.
3. Interpretação Pesher – comunidades de Qumran. Era
midráshica mais com enfoque escatológico. Mais aplicação do que interpretação.
4. Exegese Alegórica – o verdadeiro sentido jaz sob o
significado literal das Escrituras. O alegorismo foi desenvolvido pelos gregos.
Os rabinos usavam às vezes peshat, outras vezes, midrash.
n Filo (c. 20 a.C. –
c. 50 d.C.) Acreditava que o significado literal era para os imaturos e o
alegórico para os maduros. Filo considerava a história de Adão e Eva uma
fábula. E outras passagens como mito.
HISTÓRIA DA HERMENÊUTICA
do 2º ao 4º século
n Escola de Alexandria
Clemente
Origines
n Escola de Antioquia
Luciano
Em termos práticos, Alexandria nos ensina a ter cautela com
a interpretação dos “espirituais”. Antioquia nos ensina: Evitar a subjetividade
descontrolada
PAIS LATINOS – AGOSTINHO E JERÔNIMO
Principais Características Hermenêuticas
n Preferência pelo
Literal
n Contexto
histórico
n Intenção autoral
n Alegorias
ocasionais
n Escritura com Escritura
n Regra de Fé da
Igreja
REGRAS DE INTERPRETAÇÃO DE AGOSTINHO
O intérprete deve possuir fé cristã autêntica;
Deve-se ter em alta conta o significado literal e histórico
da Escritura;
A Escritura tem mais que um significado e, portanto, o
método alegórico é adequado;
Há significado nos números bíblicos;
O A. T. é um documento cristão, porque Cristo está retratado
nele;
Compete ao expositor entender o que o autor pretendia dizer;
O intérprete deve consultar o verdadeiro credo ortodoxo;
Um versículo deve ser estudado em seu contexto, e não
isolado dos demais que o cercam;
Se o significado de um texto é obscuro, nada na passagem
pode constituir matéria de fé ortodoxa;
O Espírito Santo não toma o lugar do aprendizado necessário
para se entender a Escritura. O intérprete deve conhecer hebraico, grego,
geografia e outros assuntos;
A passagem obscura deve dar preferência à passagem clara;
O expositor deve levar em consideração que a revelação é
(na prática, Agostinho renunciou à maioria de seus
princípios e inclinou-se para uma alegorização excessiva).
AS ESCOLAS DE INTERPRETAÇÃO
n As escolas de
teologia – nas catedrais. Surgem como contraponto aos mosteiros
n O judeu Rashi (Rabi
Salomão bem Isaque – 1040-1105)
Comentarista da Bíblia Hebraica e Talmude Babilônico
n Publicação da obra
de Maimônides (1135-1204) – “Guia para os perplexos“. A lei pode ser aplicada e
interpretada literalmente
n Surgimento das
ordens mendicantes
Francisco de Assis – Interpretação literal dos Evangelhos.
n Tradução das
Escrituras para o vernáculo
João Wycliffe – (1328-1384) Tradução da Vulgata latina para
o inglês.
O ressurgimento na Idade Média do interesse do método
gramático-histórico contribuiu para a Reforma.
IDADE MÉDIA
(Séc. 5º ao 16º)
Prevaleceu o Sistema de Interpretação Difundido por
Alexandria. Antecipou os princípios histórico-gramaticais dos Reformadores
n João Cassiano (435
AD) – Quadriga:
Histórico ou literal – o sentido óbvio do texto
Alegórico ou cristológico – sentido mais profundo. Aponta para Cristo
Tropológico ou moral – conduta do cristão
Anagógico ou escatológico – o
que o cristão devia esperar
n As Escrituras
possuem diversos sentidos
Bernardo de Claraval
Nicolau de Lira
Boaventura
O MÉTODO DE CALVINO
A Hermenêutica de Lutero
Entre a hermenêutica medieval e a obra de Calvino, devemos
situar o trabalho e Martinho Lutero (1438-1546). Com o afã de viver de acordo
com o modelo de Agostinho (354-430), Com a Reforma a Bíblia toma o lugar que
antes pertencera a hierarquia Católico Romana. Lutero não se viu livre da
alegoria. Seu trabalho, contudo, trouxe inestimáveis contribuições à igreja
cristã.
Calvino e seu uso do método Histórico-Gramatical
n Calvino faz um uso
mais desenvolvido do método histórico-gramatical. Ele tenta levá-lo às últimas
conseqüências e manter uma coerência metodológica ao analisar textos do Novo e
do Antigo Testamento. Por estas razões não é exagero dizer que ele foi o maior
pensador de seus dias e o grande exegeta da Reforma.
n Princípios da
Hermenêutica de Calvino
1. Renúncia à alegorese e enfática denúncia da mesma como
sendo uma arma de deturpação do sentido da Escritura
2. Ênfase no sentido literal do texto
Calvino defende que cada texto tem um, e somente um,
sentido, que é aquele pretendido pelo autor humano. Ele esclarecia aos seus
leitores que há passagens que são nitidamente figurativas e outras simbólicas,
estas devem ser interpretadas como demonstra ser a intenção do autor.
3. Dependência da operação do Espírito Santo para a correta
interpretação da Bíblia
4. Valorização do estudo das línguas originais para melhor
compreensão do ensino sagrado
5. Tipologia equilibrada, evitando impor a textos
veterotestamentários simbolismos que eles não suportam
6. A melhor arma para interpretar a Bíblia é a própria
Bíblia Este tem sido considerado o princípio áureo da hermenêutica reformada.
OS REFORMADORES: CARACTERÍSTICAS
n Ênfase no Literal
n Iluminação do
Espírito Santo
n Estudos das
Escrituras – Escritura com Escritura
n Intenção Autoral
n Uso de Outras
Fontes
n Linguagem Figurada
n Os reformadores
desenvolveram um sistema de interpretação que representou um rompimento radical
com a hermenêutica alegórica medieval.
n Rejeição do método
alegórico e ênfase no sentido literal, gramático-histórico do texto.
n Uma passagem só tem
um sentido, e esse é literal.
n A necessidade da
iluminação do Espírito Santo
n O homem é caído – A
Escritura é divino-humana
n A necessidade de se
estudar às Escrituras
n A Bíblia é um livro
humano. Divino quanto a origem. A intenção do autor humano
n Possui passagens
obscuras que precisam ser esclarecidas
n Necessidade de uma
teologia sistemática
MODERNIDADE
n Racionalismo X Empirismo
Descartes Locke
Spinoza Berkeley
Leibniz Hume
Mesmo sendo teoricamente contrárias entre si, as duas
filosofias concordavam que Deus tem de ficar de fora do conhecimento humano
n Impacto do
Iluminismo
Rejeição dos Milagres
Distinção entre Fé e História
Erros nas Escrituras
Exegese Controlada Pela Razão
n Surgimento das
Metodologias Críticas
Críticas das Fontes
Crítica da Forma
Crítica da Redação
PÓS-MODERNISMO
O Iluminismo e Racionalismo
n O surgimento do
Método Histórico-Crítico da Bíblia está associado às mudanças que ocorrem no
pensamento humano e, conseqüentemente, na cosmovisão da época.
Iluminismo: Início do Séc. XVIII
n Revolta contra a
religião institucionalizada
– Filosofias:
Racionalismo: Descartes, Spinoza e Leibniz
Empirismo: Locke, Berkeley e Hume
Deus:
uma hipótese desnecessária
–
Teologia: Deísmo: Deus não intervém na história (Início da teologia liberal).
Características:
n Rejeição do
sobrenatural e da revelação
n O sobrenatural não
invade a história
n História: resultado
de causa e efeito
n Os relatos
históricos da Bíblia, são construções do povo de Israel e da Igreja Primitiva
n A exegese é
controlada pela razão
n – Razão: a medida
suprema da verdade
n – Fé + Racionalismo
= Método Histórico-Crítico
RESUMO DA HISTÓRIA DA INTERPRETAÇÃO
n Na Idade Antiga
Alegoria
n Na Idade Média
Dogma
n Na Reforma
Escritura
n Pós-Reforma Confissões
n Período Moderno
Razão
COMPARATIVO ENTRE AS ESCOLAS
Escola de Alexandria
Escola de Antioquia
Pais Latinos
Época
Entre os séculos II e IV
Início do século IV
Entre os séculos IV e V
Surgimento
Baseada na filosofias de Heráclito e Platão, que
influenciaram Filo
Fundada por Luciano de Samosata, em oposição consciente ao
método alegórico de Alexandria
Pais da Igreja, cujas obras foram escritas em latim
Tipo de Interpretação proeminente
Alegórica
Literal
Literal, com algumas inconsistências
Principais características
Huponóia – o verdadeiro sentido está além das palavras
Alegorese – dizer uma coisa em termos de outra
Procurar descobrir sentido oculto, o qual é revelado somente
aos “espirituais”
Atenção ao sentido literal do texto
Abordagem gramático-histórica
Uso de tipologia
Buscar a intenção do autor
Teoria – buscar o sentido mais que literal, permanecendo
fiel ao sentido literal
Favoreciam a interpretação literal
Davam atenção ao contexto histórico da passagem
As vezes, alegorizavam o V. T.
Passagens obscuras devem ser interpretadas à luz das mais
claras
Principais representantes
Clemente de Alexandra
Orígenes
Teófilo de Antioquia
Deodoro de Tarso
Teodoro de Mopsuéstia
João Crisóstomo
Tertuliano
Jerônimo
Agostinho
Ticônio
Conclusões
Diminui o caráter histórico das passagens bíblicas
Enfatiza o caráter histórico das passagens, mantendo-se fiel
ao sentido original dos textos
Influenciou a Igreja ocidental, em especial a obra de
Agostinho, visto como um precursor das idéias da Reforma
Implicações Práticas
Ter cautela com o uso de alegorias, ultrapassando o sentido
simples, claro e evidente das Escrituras
Ter cautela para evitar o extremo de buscar somente o
sentido do texto no passado, sem aplicá-lo ao presente
Evitar que pressupostos pessoais (preconceitos) possam
influenciar na interpretação das Escrituras
PERÍODO
SÉC
ESCOLA
FILOSOFIA
NOMES
CARACTERÍSTICAS
INTERPRETAÇÃO AUTORIAL, PRODUÇÃO DO TEXTO DIACRONI
A II-IIIALEXANDRIAPlatonismoClemente de Alexandria
OrígenesAlegórica
Uso do Platonismo
Vários níveis de sentidoPÓS
APOSTÓLICO IV ANTIOQUIA Luciano de Samosata
Deodoro de Tarso
João Crisóstomo Gramático-histórica
Theoria
Oposição à Alexandria
Intenção do autor IV-VPAIS LATINOS Neo-Platonismo Ticônio
Agostinho
Jerônimo
Tertuliano Interpretação literal
Por vezes, alegorizavam o texto
Exegese dominada pelas questões teológicas LINHA
ALEGÓRICA João Cassiano
Gregório, o Grande4 sentidos da Escritura
Desejo de justificar os dogmas da Igreja
Analogia da féIDADE
MÉDIAVI-XVILINHA
GRAMÁTICO-HISTÓRICA Aristotelianismo Monges de São Victor
Tomás de Aquino Surgimento das escolas de teologia
Contato com estudiosos judeus (Rashi)
Abordagem gramático-histórica REFORMA XVI
GRAMÁTICO-HISTÓRICA Calvino
Lutero Rejeição do método alegórico
Gramático-histórico
Escritura com Escritura
Iluminação do Espírito SantoPÓS
REFORMA XVII ESCOLASTICISMO E PURITANISMO Turretini
John Owen
Richard
Baxter
R. Sibbes
Th. Goodwin
M. HenryControvérsias
Confessionalismo
Sistematização
Controle da teologia sobre exegese
Cristo como centro das Escrituras
Interpretar para aplicarMODERNOXVII-XXHISTÓRICO-CRÍTICA
Métodos produzidos: Crítica das Fontes, Forma, Redação,
etc.Racionalismo e EmpirismoKeil
Stäudlin
J. Eichhorn
Strauss
Ernesti
J. Semler
F. Baur
H. Günkel
R. BultmannDiacrônicas
Razão como critério e métodos como ferramentaSeparação entre
teologia e exegese, os 2 testamentos
Abandono da inspiração e inerrância
PERÍODO SÉC ESCOLA FILOSOFIA NOMES CARACTERÍSTICAS
O SENTIDO ESTA NO LEITOR SINCRONIA
PÓS MODERNOXXNOVA CRÍTICA LITERÁRIA Existencialismo x
positivismo T. S. Elliot Aspectos literários
Texto é auto-suficiente
Intenção autorial e contexto histórico são irrelevantes ESTRUTURALIS-MO F. Saussure “Lange e Parole”
Estrutura lingüística comum a todos os idiomas O sentido
está no texto, em sua estrutura READER
RESPONSE
Hermenêuticas de Libertação
Hermenêuticas Feministas Filosofia hermenêutica H-G Gadamer
A verdade é relativa
Hermenêutica não é método mas epistemologia (filosofia)
Fusão de Horizontes
Importância dos pressupostos
DESCONSTRU-CIONISMO Jacques Derrida Não há verdade absoluta
Pluralidade da verdade
Suspeita
Achar rupturas no texto para desconstruí-lo
O AUTOR COMO DETERMINANTE DO SIGNIFICADO
O significado é aquele que o escritor, conscientemente, quis
dizer ao produzir o texto. É importante verificar o que o autor disse em outro
escrito. O que Lucas registrou em seu Evangelho poderá ser mais esclarecedor se
comparado com Atos, outro registro de Lucas. Devemos levar em conta os idiomas
da época: aramaico, hebraico e grego. Eles possuem um significado que não pode
variar. Por outro lado, o texto está limitado ao que o autor disse exatamente?
Por exemplo: lemos em Efésios 5.18: “Não vos embriagueis com vinho”. Alguém
poderia dizer: “Paulo proíbe que nos embriaguemos com vinho, mas acho que não
seria errado embriagar-se com cerveja, rum, ou outra droga”. Os escritos do
apóstolo vão além de sua consciência, embora essas implicações não contradigam
o significado original, antes fazem parte do texto e seu objetivo.
Compreendemos então o mandamento paulino como um princípio, pois mesmo que o
autor não esteja ciente das circunstâncias futuras, ele transmitiu exatamente a sua intenção.
O TEXTO COMO DETERMINANTE DO SIGNIFICADO
Alguns eruditos afirmam que o significado tem autonomia
semântica, sendo completamente independente do que o autor quis comunicar
quando o escreveu. De acordo com esse ponto de vista, quando um determinado
escrito se torna literatura, as regras normais de comunicação não mais se lhe
aplicam, transformou-se em texto literário. O que o texto está realmente
dizendo sobre o assunto? Analisando o relato em Marcos 4.35-41 Qual é o
objetivo do texto? Informar sobre a topografia do mar da Galiléia ou o mal
tempo naquela circunstância? Seu objetivo era falar sobre Jesus Cristo, Filho
de Deus. O significado que Marcos queria transmitir está claro: “Mas quem é
este que até o vento e o mar lhe obedecem?” (4.41). O autor queria transmitir
que Jesus de Nazaré é o Cristo, o Filho de Deus. Ele é o Senhor e até mesmo a
natureza está sujeita a ele!
O LEITOR COMO DETERMINANTE DO SIGNIFICADO
Segundo essa perspectiva, o que determina o significado é o
que o leitor compreende do texto. O leitor atualiza a interpretação do texto. Leitores
distintos encontram diferentes significados, isso porque o texto lhes concede
permitir essa multiplicidade. É relevante o que pensa o leitor? Isto poderia
influenciar o sentido do texto? Se compreendermos que há diferença de
interpretação entre um leitor crente e outro que é ateu, a resposta é sim!
Contudo, é necessário que o leitor esteja em condições de entender o texto. Ao
verificar como as palavras são usadas nas frase, como as orações são empregadas
nos parágrafos, como os parágrafos se adequam aos capítulos e como os capítulos
são estruturados no texto, o leitor procurará compreender a intenção do autor.
O texto, em sua íntegra, ajudará o leitor a compreender cada palavra
individualmente. Assim sendo, as palavras, ou conjunto de palavras, ajudam a
compreender o todo.
O PROCEDIMENTO EXEGÉTICO
ERRADO
n O procedimento
errado.
Ler o que muitos comentários dizem com sendo o significado
da passagem e então aceitar a interpretação que mais lhe agrade.
Este procedimento é errado pelas seguintes razões:
a) encoraja o intérprete a procurar interpretação que
favorece a sua preconcepção;
b) forma o hábito de simplesmente tentar lembrar-se das
interpretações oferecidas. Isto para o iniciante, freqüentemente resulta em
confusão e ressentimento mental a respeito de toda a tarefa da exegese.
Isto não é exegese, é outra forma de decoreba e é muito
desinteressante e perigoso. Os comentaristas não são infalíveis.
O péssimo resultado e mais sério do “procedimento errado” na
exegese é que próprio interprete não pensa por si mesmo. As convicções que você
mesmo buscou e absorveu ficam pra vida toda.
CINCO REGRAS CONCISAS
n interpretar
lexicamente. É conhecer a etimologia das palavras, o desenvolvimento histórico
de seu significado e o seu uso no documento sob consideração.
n interpretar
sintaticamente: o interprete deve conhecer os princípios gramaticais da língua
na qual o documento está escrito, para primeiro, ser interpretado como foi
escrito.
n interpretar
contextualmente. Deve ser mantido em mente a inclinação do pensamento de todo o
documento. Então pode notar-se a “cor do pensamento”,que cerca a passagem que
está sendo estudada.
n interpretar
historicamente: o interprete deve descobrir as circunstâncias para um
determinado escrito vir à existência.
n interpretar de
acordo com a analogia da Escritura. A Bíblia é sua própria intérprete. diz o
princípio hermenêutico.
APRENDA A EXAMINAR O CONTEXTO
n Contexto Imediato
A. Leia a passagem em pelo menos 3 traduções diferentes.
B. O que precede e se segue imediatamente à passagem?
C. Há algumas definições fornecidas pelo contexto imediato?
D. Qual é o argumento principal do capítulo inteiro?
E. Qual é o ponto principal da própria passagem?
F. Qual é o entendimento consistente da passagem no
contexto?
n Contexto Amplo
A. A minha interpretação faz essa passagem contradizer com
1. o próprio autor?
2. outras passagens bíblicas?
3. com o bom senso?
B. Quais outras passagens na Escritura lançam luz sobre os
assuntos levantados nessa passagem?
ALGUMAS PERGUNTAS IMPORTANTES:
1. Quem escreveu/falou a passagem e para quem era
endereçada?
2. O que a passagem diz?
3. Existe alguma palavra ou frase nesta passagem que precise
ser examinada?
4. Qual é o contexto imediato?
5. Qual é o contexto mais amplo exposto no capítulo e no
livro?
6. Quais são os versículos relacionados ao assunto da
passagem e como eles afetam a compreensão desta?
7. Qual é o fundo histórico e cultural?
8. Qual a conclusão que eu posso tirar desta passagem?
9. As minhas conclusões concordam ou discordam de áreas relacionadas
nas Escrituras ou com outras pessoas que já estudaram esta passagem?
10. O que eu posso aprender e aplicar à minha vida?
UM PROCEDIMENTO HERMENÊUTICO DE 6 PASSOS
n 1º Passo: Análise
Histórico-Cultural e Contextual
Consideramos o ambiente histórico-cultural do autor para
melhor compreendermos suas alusões e objetivos.
n 2º Passo: Análise
Léxico-Sintática
Visa compreendermos a definição das palavras (lexicologia) e
sua relação com as outras (sintaxe) para que entendamos melhor o sentido texto.
Neste momento é fundamental um bom conhecimento de português e, se possível, de
grego e hebraico.
n 3º Passo: Análise
Teológica
Consideramos o nível de conhecimento teológico do público
alvo na época em que o texto foi escrito, levando em conta os textos correlatos
para seus primeiros destinatários.
n 4º Passo: Análise
Literária
Identifica a forma ou método literário utilizado numa
passagem em particular (metáforas, antropomorfismos etc.) visando uma
interpretação mais adequada.
n 5º Passo:
Comparação com Outros Intérpretes
Comparar o produto dos quatro passos acima com trabalhos de
outros intérpretes sobre do mesmo texto.
n 6º Passo: Aplicação
Traduzir o significado original do texto, obtido pelos 5
passos acima, para a nossa própria época e cultura.
10 PROPÓSITOS DAS CITAÇÕES DO A. T.
Mostrar como certos eventos cumpriram predições do A.T. (Ex:
Mt 21.4 e Zc 9.9).
Para apoiar uma verdade expressada no N.T. (Rm 1.17 e Hc
2.4).
Para aplicar um acontecimento do A.T. a Cristo (Mt 2.15 e Os
11.1).
Para mostrar um paralelo com algum acontecimento do A.T. (Ro
8.36 e Sl 44.22).
Para utilizar as mesmas palavras que o A.T. (Mt 27.46 e Sl
22.1).
Para aplicar um princípio do A.T. a uma situação do N.T. (Ro
9.15 e Ex 33.19).
Para apoiar uma verdade expressada no N.T. (Mc 10: e Gn
2.24).
Para explicar mais plenamente uma verdade do A.T. (Mt
22.43-44 e Sl 110.1).
Para mostrar que um acontecimento do N.T. está de acordo com
um princípio do A.T. (At 15.16-17 e Amós 9.11-12).
Para esclarecer um princípio ou uma verdade do N.T. (Ro
10.16 e Is 53.1).
ANÁLISE LÉXICO-SINTÁTICA
a) Determinar a forma literária geral
n Sentido Literal:
Coroa de ouro na cabeça do rei
n Sentido Figurativo:
Não me chame de coroa pois eu sou muito novo.
n Sentido Simbólico:
“vi uma coroa de 7 pontas que eram 7 nações”.
b) Observar as divisões naturais do texto
n Divisões em
versículos e capítulos (úteis na localização de passagens) dividem o texto de
modo antinatural.
n Algumas versões
mantêm a numeração, mas organizam o texto em parágrafos. Atos 8:1 depende
completamente de Atos 7:60.
c) Observar os conectivos dentro de parágrafos e sentenças
d) Determinar o sentido das palavras (Ex: carne)
e) Como determinar o sentido das palavras?
n Entender os estilos
diversos. Determinar se a palavra está sendo utilizada como parte de uma figura
de linguagem ou não.
n Estudar passagens
paralelas.
ANÁLISE HISTÓRICO-CULTURAL E CONTEXTUAL
a) Determinar o contexto histórico-cultural geral
• Situação política, econômica e social;
• Costumes relacionados ao texto em questão;
• Nível de comprometimento espiritual do “público alvo”.
b) Contexto histórico-cultural específico e objetivos de um
livro
• Quem foi o autor? Qual era seu ambiente e sua experiência
espiritual?
• Para quem estava escrevendo? (crentes fiéis, crentes em
pecado, incrédulos, apóstatas, etc.)
• Qual foi a finalidade (intenção) do autor ao escrever este
livro?
c) Desenvolver uma compreensão do contexto imediato
• Entender como o livro é organizado (montar um esboço por
assunto);
• Saber contextualizar a passagem em análise na argumentação
corrente o autor;
• Saber identificar a perspectiva do autor:
i. Numenológica: Perspectiva Divina, absoluta (geralmente
relacionadas a questões morais);
ii. Fenomenológica: Perspectiva humana, relativa (relacionadas
a questões naturais, físicas).
d) Distinguir passagens descritivas de prescritivas
• A ação de Deus numa passagem narrativa nem sempre
significa que Deus sempre opera deste modo com os crentes.
• Ações humanas descritas na Bíblia, se não forem claramente
aprovadas por Deus, devem ser avaliadas. A Bíblia também registra os erros dos
homens de Deus.
e) Distinguir o núcleo de ensino de uma passagem de detalhes
incidentais
Ex: Uma vez que o filho pródigo voltou para o Pai sem a
necessidade de um mediador, então alguém poderia concluir que Jesus não é
essencial para a salvação.
f) Definir a quem se destina cada promessa, sentença,
ordenança, etc.
REGRAS GERAIS DE INTERPRETAÇÃO
As regras de interpretação se dividem em quatro categorias:
gerais, gramaticais, históricas e teológicas. É necessário que o estudante da
bíblia se familiarize com essas regras básicas de interpretação.
1. Princípios
gerais de interpretação
Regra 1: Trabalhe partindo da pressuposição de que a Bíblia
tem autoridade.
Regra 2: A Bíblia é seu intérprete; a Escritura explica
melhor a Escritura.
Regra 3: A fé salvadora e o Espírito Santo são-nos
necessários para compreendermos e interpretarmos bem as Escrituras.
Regra 4: Interprete a experiência pessoal à luz da
escritura, e não a Escritura à luz da experiência pessoal.
Regra 5: Os exemplos bíblicos só têm autoridade quando
amparados por uma ordem.
Regra 6: O propósito primário da Bíblia é mudar as nossas
vidas, não aumentar o nosso conhecimento.
Regra 7: Cada cristão tem o direito e a responsabilidade de
investigar e interpretar pessoalmente a Palavra de Deus.
Regra 8: A história da Igreja é importante, mas não decisiva
na interpretação da Escritura.
Regra 9: As promessas de Deus na Bíblia toda estão
disponíveis ao Espírito Santo a favor dos crentes de todas as gerações.
2. Princípios
gramaticais de interpretação
Regra 10: A Escritura tem somente um sentido, e deve ser
tomada literalmente.
Regra 11: Interprete as palavras no sentido que tinham no
tempo do autor.
Regra 12: Interprete a palavra em relação à sua sentença e
ao seu contexto.
Regra 13: Interprete a passagem em harmonia com o seu
contexto.
Regra 14: Quando um objeto inanimado é usado para descrever
um ser vivo, a proposição pode ser considerada figurada.
Regra 15: Quando uma expressão não caracteriza a coisa
descrita, a proposição pode ser considerada figurada.
Regra 16: As principais partes e figuras de uma parábola
representam certas realidades. Considere somente essas principais partes e
figuras quando estiver tirando conclusões.
Regra 17: Interprete as palavras dos profetas no seu sentido
comum, literal e histórico, a não ser que o contexto ou a maneira como se
cumpriram indiquem claramente que têm sentido simbólico. O cumprimento delas
pode ser por etapas, cada cumprimento sendo uma garantia daquilo que há de
seguir-se.
3. Princípios
históricos de interpretação
Regra 18: desde que a Escritura originou-se num contexto
histórico, só pode ser compreendida à luz da história bíblica.
Regra 19: Embora a revelação de Deus nas Escrituras seja
progressiva, tanto o V.T. como o N.T. são partes essenciais desta revelação e
formam uma unidade.
Regra 20: Os fatos ou acontecimentos históricos se tornam
símbolos de verdades espirituais, somente se as Escrituras assim os designarem.
4. Princípios
teológicos de interpretação
Regra 21: Você precisa compreender gramaticalmente a Bíblia,
antes de compreende-la teologicamente.
Regra 22: Uma doutrina não pode ser considerada bíblica, a
não ser que resuma e inclua tudo o que Escritura diz sobre ela.
Regra 23: Quando parecer que duas doutrinas ensinadas na
Bíblia são contraditórias, aceite ambas como escriturísticas, crendo
confiantemente que elas se explicarão dentro de uma unidade mais elevada.
Regra 24: Um ensinamento simplesmente implícito na Escritura
pode ser considerado bíblico quando uma comparação de passagens correlatas o
apóia.
SUGESTÕES BIBLIOGRÁFICAS
BERKHOF, Louis. Princípios de Interpretação Bíblica. São
Paulo: Editora Cultura Cristã, 2004.
FEE, Gordon
D. e STUART, Douglas. Entendes o Que Lês? São Paulo: Editora Vida Nova,
1982.
GEISLER,
Norman. e HOWE, Thomas. Manual Popular de Dúvidas Enigmas e
“Contradições” da Bíblia. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2001.
LOPES, Augustus Nicodemus. A Bíblia e Seus Intérpretes. São
Paulo: Editora Cultura Cristã, 2004.
VANHOOZER, Kevin. Há um Significado Neste Texto? São Paulo:
Editora Vida, 2005.
VIRKLER, Henry. Hermenêutica Avançada: Princípios e
Processos de Interpretação Bíblica. São Paulo: Editora Vida, 2001.
Pr. Antonio P. da C. Júnior
juniorapologista@yahoo.com.br
https://seminarioteologia.wordpress.com
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