Jesus Cristo é um plágio de Adônis?
Adônis é considerado uma divindade antiga, mas o único relato de sua morte vem de um texto datado do século II – tarde demais para influenciar a história de Jesus – em que sua morte é descrita como tendo sido causada por um javali, e foi lamentada por adoradores em Byblos [cidade mediterrânica no Mount Lebanon Governorate, Líbano]. Após o luto, os adoradores no dia seguinte “proclamam que ele vive e foi enviado aos céus”.
Será esta uma “ressurreição”? Parece muito mais com a apoteose romana (elevar alguém ao status de divindade); em qualquer caso, nenhum método de voltar a viver novamente é descrito. Outros rituais conhecidos por Adônis parecem ligá-lo à vegetação, e acentuam a sua morte, com “nenhum indício do renascimento”. J. Z. Smith, o erudito da história das religiões, observa que “os relatos clássicos de Adônis nem mencionam nem descrevem o seu ressurgir da morte e só os relatos feitos pelos escritores cristãos introduzem o tema da ressurreição”. Isso é muito tarde para influenciar a história de Jesus.
Outras características de Adônis não ajudam os céticos que alegam que a história de Jesus é uma cópia de Adônis: Ele é jovem e de boa aparência, um caçador vil, e tem “um modelo de comportamento anti-heróico”. Nada disso tem semelhança com Jesus. Uma específica alegação de Freke e Gandy, céticos que creem que a história de Jesus foi copiada de Adônis, é que Adônis teve uma “mãe virgem” chamada Myrrha (ou Esmirna) e é feita uma comparação entre comunhão e “os ossos do morto Adônis” que foram “moídos em um moinho e, em seguida, espalhados ao vento.”
A última afirmação é derivada de Frazer e não traz nenhum paralelo com a história de Jesus e, por isso, não merece nenhum comentário, a não ser que se queira acrescentar que a comunhão adonisiana consistia em correr ao vento pegando as cinzas de Adônis em xícaras e com fatias de pão.
Já a primeira alegação, não foi verificada em nenhuma parte. A versão geralmente aceita é que Afrodite compeliu Myrrha a cometer incesto com Theias, seu pai, o rei da Assíria. Sua enfermeira a ajudou com este truque para engravidar, e, quando Theias descobriu isso, ele a perseguiu com uma faca. Para evitar sua ira, os deuses a transformaram em uma árvore de mirra. A árvore mais tarde se abriu, permitindo que Adônis emergisse. Outra versão diz que depois de dormir com seu pai, ela se escondeu em uma floresta onde Afrodite a transformou em uma árvore. Theias atingiu a árvore com uma flecha, fazendo com que a árvore se abrisse e Adônis nascesse. Outra versão diz ainda que um javali abriu a árvore com suas presas e libertou a criança; isso é considerado um prenúncio de sua morte.
Em suma, esta é mais uma proposição não lucrativa para os céticos.
Traduzido e adaptado do artigo do historiador J. P. Holding, baseado em “Smith’s Origins of Biblical Monotheism”: http://www.tektonics.org/copycat/adonis01.php
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