METÁFORA : consiste na
transferência do nome de um elemento para outro , em vista de uma
relação de semelhanças entre ambos , é uma comparação feita subjetivamente .
Exemplo : Ele dirige bem, mas é um pé de chumbo .
METONÍMIA : consiste na transferência do nome de um elemento para
outro , em vista de uma relação de causalidade (ou de implicação mútua).
Exemplo: Nosso planejamento urbano está destruindo todas as nossas sombras.
(Entre sombra - efeito da árvore - e árvore , existe uma relação de causalidade
) .
SINÉDOQUE : consiste na transferência do nome de um elemento a outro
, em vista de uma relação de contigüidade ou de proximidade entre ambos.
Exemplo: O governo autorizou a construção de 2000 novos tetos para
os operários. (teto parte da casa, e a casa inteira, existe uma relação de
contigüidade e de proximidade espacial) .
CATACRESE: tipo de figura em que se dá o mesmo mecanismo da metáfora
, mas uma metáfora que, de tão usual não provoca mais a noção de
desvio . Exemplo : Enterrei um alfinete na mão . ( enterrar , o sentido
próprio, seria : introduzir a terra . Por similaridade ,aqui designa o ato de
introduzir ( um alfinete ) na mão .
ANTONOMÁSIA: figura que consiste em substituir o nome próprio da
pessoa por uma característica pela qual esta se tornou notória . Exemplo: O
Aleijadinho os deixou esculpida na pedra a história de uma época.
ELIPSE: omissão de termos que não
foram enunciados anteriormente . Exemplo : No meio da rua , o sol
escaldante .
ZEUGMA: omissão de termos que já
ocorreram anteriormente no enunciado . Exemplo : Alguns aspiram à luz : outros
, à escuridão .
ASSÍNDETO: omissão reiterada de conjunções entre orações que se dispõem em
seqüência . Exemplo: Canta , ri, chora.
POLISSÍNDETO: repetição da mesma
conjunção entre orações dispostas em seqüência . Exemplo : E ri , e
cata , e chora .
PLEONASMO : redundância de informação a título de reforço . Exemplo : Tais
pessoas, já as conheço de sobra.
HIPÉRBATO: inversão da ordem usual
dos termos de uma oração ou das orações de um período. Exemplo: Ao longe, dos
peregrinos esperançosos já se ouve o canto. (A ordem direta seria: O canto dos
peregrinos esperançosos já se ouve ao longe).
ANACOLUTO: termo sem função sintática
dentro de uma frase , em vista da troca de uma construção sintática por outra.
Exemplo: Vocês, não lhes reconheço o menor direito .
SILEPSE : figura que consiste em se
efetuar a concordância com palavras implícitas na mente do falante, e não com
as que estão explícitas na frase. A silepse subclassifica-se em: silepse de
gênero: (Vossa Excelência é pouco conhecido). silepse de número (Os
Lusíadas glorificou nossa literatura) . silepse de pessoa (Os alunos sois
culpados do que ocorreu).
ALITERAÇÃO: repetição de consoantes da
mesma natureza, ou de natureza semelhante. Exemplo : Acho que a chuva
ajuda a gente a se ver .
ANÁFORA: repetição de uma palavra a
espaços regulares durante o texto. Exemplo: Poucos são os recursos, pouco
o dinheiro, pouca a sorte, pouco o resultado .
EPÍTETO: qualificação do nome por
meio de uma característica que lhe é inerente . Exemplo : Nenhuma luz rilhava
na escura noite .
3) F I G U
R A S D E
P E N S A M
E N T O
ANTÍTESE: confronto de idéias
opostas entre si. Exemplo: Ora temos esperança, ora nos damos ao
desespero.
PARADOXO: confronto de idéias
opostas e simultâneas. Exemplo: Todos, ouviam atentos o silêncio do
famoso político.
ANTÍFRASE OU IRONIA
: expressão
de uma idéia pelo seu contrário. Exemplo: A humanidade perderia um grade
gênio se ele morresse .
EUFEMISMO : atenuação de uma idéia que
possa chocar . Exemplo : Você faltou com a verdade .
HIPÉRBOLE: expressão exagerada de uma
idéia . Exemplo : Repetiu um milhão de vezes a mesma idéia .
APÓSTROFE : interpelação emotiva de
pessoas ou coisas personificadas . Exemplo : Deus , ó "Deus , ode estás
|Que não respondes ... "
PRETERIÇÃO : figura pela qual se finge
omitir aquilo que de fato se está dizendo . Exemplo : em vamos tocar os abusos
cometidos por você ... Falemos de outras coisas .
PROSOPOPÉIA OU
PERSONIFICAÇÃO : atribuição de qualidades animadas a seres inanimados . Exemplo :
Os sinos choravam a tarde que morria .
ONOMATOPÉIA : representação da própria
coisa significada por meio do som de uma palavra ou expressão. Exemplo: Durante
a conferência toda, incomodados com o zumzum da platéia .
CONCRETISMO : movimento poético laçado no Brasil em meados da década de
50 . Seus princípios construtivistas ( ver construtivismo ) incluíam o abandono
da sintaxe tradicional , incorporação do espaço como elemento da estrutura
poética e o desdobramento rigoroso , o poema , das possibilidades da palavra
com som , como imagem e como sentido . O concretismo foi até hoje a única
criação literária brasileira que teve repercussão internacional , influenciado
poetas e movimentos literários em grade parte do mudo .
CONSTRUTIVISMO : tendência artística , nascida nas artes plásticas (
especificamente a escultura ) e depois para as outras artes . Identifica a ora
de arte com sua construção objetiva , ou seja , com as inter-relações
precisamente programadas dos elementos que a constituem . A poesia de João
Cabral de Melo Neto é o primeiro exemplo dessa estética na nossa literatura
modera . O concretismo é a mais extrema forma de poesia construtivista .
CUBISMO : A mais importante tendência figurativa do início do século
XX ( iniciou-se por volta de 1907 , com os pintores Picasso e arque ) .
profundamente renovador , o cubismo procurava recolocar ( e superar) a
questão do espaço na pintura , sem recorrer à perspectiva e, de fato ,
destruindo-a através da multiplicação dos pontos de vista sobre um mesmo objeto
, cujas formas , geometrizadas , são decompostas e rearranjadas .
DADAÍSMO : Movimento cultural revolucionário do início do século XX ,
caracterizado pela rejeição de todas as formas tradicionais de significação .
Voltava-se a constetação de cultura portuguesa através da exploração do absurdo
, da promoção de objetos banais ou de resíduos da vida cotidiana à condição de
elementos artísticos : da desmistificação da figura romântica do artista e da
"serenidade"e "gravidade"da arte . O dadaísmo ( ou dadá ,
como o chamavam seus criadores , utilizado um nome a que não
atribuíam nenhum sentido ) foi a mais radical das expressões anárquicas da arte
de vanguarda desde século .
DECADENTISMO : Atitude espiritual que se afirma em reação ao Naturalismo ,
em fim do século XIX . Abandonando o ideal de objetividade realista , o
decadentismo se volta de periférica para realidades interiores , subjetivas ,
procurado explorar o subconsciente através de imagens programaticamente
simbólicas e preciosísticas . A novela A confissão de Lúcio de Mário de Sá-
Careiro 1890-1916 , é dos melhores exemplos do decadentismo em nossa língua
.
DESVAIRISMO : Designação que Mário de Andrade atribuiu à teoria com que
procurou justificar os poemas de seu livro Paulicéia desvairada (1922) . O
desvairismo - nome derivado do título do livro - é explicado o "Prefácio
interessantíssimo ", onde o autor nega ser futurista e defende uma
poesia nascida do subconsciente , com imagens ousadas ,
"exagerados coloridos ",busca do "elo horrível", contra a
teoria aristocrática da arte como imitação da natureza . O uso do verso livre
também é defendido , pois a inspiração não deve ser sujeita a medidas
previamente estabelecidas .
DETERMINISMO : Teoria cientificista do século XIX segundo a qual a
realidade é condicionada pela conjugação de três forças irresistíveis : o meio
, a raça , o momento . Hipolite Taine é um representante ilustre dessa corrente
de pensamento , que influenciou fortemente a tendência literária conhecida por
Naturalismo .
DIÉRESE : É a transformação de um ditongo em hiato , para aumentar
o número de sílabas de uma palavra e, conseqüentemente , de um verso . Exemplo
= "_ Mas !dor /que / tem / pra/ ze/ res - Sa/ u/ da/ de"
ECTILIPSE : elisão de um fonema nasal , assinalada às vezes pelo
apóstrofo . Exemplo : "Vinde , ó sonhos voadores ,..."
ELOQÜÊNCIA : arte de provocar a emoção e a persuasão pelas palavras
.
EPOPÉIA : Poesia narrativa de assunto heróico e tratamento mítico .
Grandes obras-primas da literatura ocidental pertencem a esse gênero poético ,
entre elas : a Ilíada e a Odisséia , de Homero : a Eneida , de Virgílio : Os
lusíadas de Camões . A poesia epopéia , utiliza-se de linguagem elevada , e com
seus heróis e deuses , apresenta a vida segundo uma visão superior da
existência .
FUTURISMO : Movimento vanguardista do início do séc XX ( o primeiro
manifesto futurista é de 1909 ) voltado para a exaltação barulhenta do que se
considera uma nova civilização totalmente mecanizada , em contraste brutal com
toda forma de tradicionalismo ( que os futuristas chamavam passadismo ) ,
especialmente no campo artístico e literário . Seu principal líder foi o
italiano Marinetti .
IMPRESSIONISMO
: Em sua origem , o impressionismo é
um importante movimento pictórico da segunda metade do século XIX . A pintura
impressionista procurava representar os valores mais imediatos dos objetos ou
seja , as impressões luminosas e colorísticas despertadas por eles ,
abandonando as idéias comuns de como os objetos são ou devem ser . O
impressionismo teve influência na literatura e na música .
INTERTEXTUALIDADE :Procedimento literário que consiste na sobreposição de
textos . Há intertextualidade quando um texto faz referência a outro , direta
ou indiretamente .
MATERIALISMO : Corrente filosófica e doutrina científica que se baseia na
matéria para estudar e entender os fenômenos da natureza e também os psíquicos
e históricos . O materialismo exclui considerações teológicas e metafísicas de
seu campo de investigações .
POEMA-PIADA : Forma modernista de epigrama "( poema breve e
incisivo ) , de sentido humorístico em que a poesia despedido-se da gravidade e
"seriedade "romântico -parnasiana, se constrói em toro de numa
anedota cômica.
POESIA SOCIAL
: Poesia que tematiza questões
políticas e sociais . No Brasil , grades exemplos são , no Romantismo , a
poesia abolicionista de Castro Alves e , no Modernismo os poemas de Carlos
Drummond de Andrade escritos na altura da Segunda Guerra Mundial e publicados
em seu livro A rosa do povo (1945) .
SÁTIRA : Composição literária marcada por crítica social ou pessoal
, geralmente de sentido humorístico . Gil Vicente é dos grades poetas satíricos
do mudo . O primeiro poeta importante do Brasil , Gregório de Matos , foi o
mestre da sátira mais corrosiva e desbocada .
SEBASTIANISMO
: Mito e crença de caráter messiânico
, desencadeados pela morte de D. Sebastião , rei de Portugal , em Alcácer-Quiir
( África) , em 1578 . Segundo o sebastianismo , D. Sebastião voltaria [para
fazer de Portugal o Quito Império . O mito sebastianista alimentou o imaginário
popular e mesmo escritos de grades artistas , como a 1578, a prosa de
Padre Antônio Vieira e a poesia de Fernando Pessoa .
SINAFIA : contar a sílaba átona ( não contada ) de um verso no verso
seguinte , para manter a unidade métrica . Exemplo = "... Qual pálida Rosa
Mimosa " (CASIMIRO DE ABREU ) = Qual (1)/ pá(2)/ li / da(1) /Ro(2) /sa
Mi(1)/ mo(2) / sa
UNIVERSALISMO : Tendência para buscar no particular conclusões
generalizantes . Em Machado de Assis , o universalismo se dá através da
exploração dos arquétipos e das mais remotas tradições literárias , como a
luciânica . Diz-se que um autor é universal quando o sentido de sua ora
ultrapassa os interesses locais de seu país e passa a interessar o mundo todo
ou a maior parte possível dele .
ANACOLUTO : O anacoluto ocorre quando se truca a frase : entre o
princípio e o fim da oração não há um nexo . consiste , pois , na quebra da
estrutura lógica da oração , fazendo com que um termo fique praticamente
desligado restante .
ANÁFORA : Denomina-se anáfora a repetição constante de certos
elementos no início de versos, períodos ou orações .
ALITERAÇÃO : É a repetição de consoantes ou de sílabas .
Geralmente os poetas utilizam a aliteração recebe o nome especial de harmonia
imitativa .
RIMAS - POBRES -
RICAS : Pobres : são as rimas que
apresentam palavras da mesma classe gramatical , geralmente com terminações
muito comuns no idioma . Ricas : são as rimas que apresentam
palavras de classe gramatical diferentes , geralmente com terminações poucos
diferentes no idioma .
Figuras de Linguagem
Figuras de linguagem - diz
respeito às formas conotativas das palavras. Recria, altera e enfatiza o
significado institucionalizado delas. Incidindo sobre a área da conotação, as
figuras dividem-se em:
1) Figuras de construção (ou de sintaxe) tem esse nome
porque interferem na estrutura gramatical da frase
2) Figuras de palavras (ou tropos) constituem-se de
figuras que adquirem novo significado num contexto específico.
3) Figuras de pensamento, que realçam o significado das
palavras ou expressões
1. Figuras de construção (ou de sintaxe)
1.1. Elipse - Omissão de um termo
facilmente identificável. O principal efeito é a concisão.
De mau cordo, mau ovo (De mau cordo só pode sair mau ovo)
De mau cordo, mau ovo (De mau cordo só pode sair mau ovo)
1.2. Pleonasmo -
Repetição de um termo ou idéia. O efeito é o reforço da expressão. Vi-o com
meus próprios olhos; Rolou pela escada abaixo.
1.3. Onomatopéia -
Consiste na imitação de um som. O tique-taque do relógio a
enervava.
Há ainda: zeugma, polissíndeto,
iteração (repetição), anáfora, aliteração, hpérbato, anacoluto, e silepse.
2. Figuras de palavras (ou
tropos)
2.1. Metáfora -
Fundamenta-se numa relação subjetiva, ela consiste na transferência de um termo
para um âmbito de significação que não é o seu e para isso parte de uma
associação afetiva, subjetiva entre dois universos. É uma espécie de comparação
abreviada, à qual faltam elementos conectores (como, assim como, que nem, tal
qual etc.) Murcharam-lhe (assim como murcham as flores) os entusiasmos
da mocidade.
2.2. Metonímia -
Consiste na substituição de um nome por outro porque entre eles existe alguma
relação de proximidade. O estádio (os torcedores) aplaudiu o jogador.
Há ainda: catacrese e
antonomásia.
3. Figuras de pensamento
3.1. Antítese - É a
figura que evidencia a oposição entre idéias. Buscas a vida, eu, a morte.
3.2. Hipérbole - É uma
afirmação exagerada para conseguir-se maior efeito estilístico. Chorou um rio
de lágrimas. Toda vida se tece de mil mortes.
3.3. Eufemismo -
Consiste no abrandamento de expressões cruas ou desagradáveis. Foi acometido
pelo mal de Hansen (= contraiu lepra) O hábil político tomou emprestado
dinheiro dos cofres públicos e esqueceu-se de devolver (=o hábil político
roubou dinheiro)
3.4. Ironia - Consiste em sugerir,
pela entonação e contexto, o contrário do que as palavras ou as frases
exprimem, por intenção sarcástica. Que belo negócio! (= que péssimo negócio!)
O rapaz tem a sutileza de um elefante.
Há ainda: prosopopéia, gradação
e apóstrofe.
003/2
Referências: Virkler - cap. 6 e Berkhof - cap. 5 e
http://www.cristianet.com.br/biblia/arquivo/figura_de_linguagem.html
Figuras de Linguagem
1. Símile
Estabelece um termo de comparação entre dois
elementos através de uma qualidade. É uma comparação
expressa
1. Salmos 2:9b; 1:3; 102:6
2. Isaías 1:8; 57:20
3. Provérbios 25:11
4. II Pedro 2:17
5. I Pedro 1:24
2. Metáfora
É uma comparação abreviada. Consiste quando um
objeto é assemelhado ao outro, afirmando ser o outro, ou
falando de si como se fosse o outro.
1. Gênesis 49:9
2. Salmos 71:3; 84:11; 23:1
3. João 15:1; 10:9; 6:51;14:6
4. Mateus 5:13,14; 6:22; 26:26
5. Isaías 40:6
3. Alegoria
É uma seqüência de metáfora
1. Salmos 80:8-15
2. João 10: 1-18
3. João 6:51-65
4. Isaías 5: 1-7
4 - Parábola
É uma espécie de alegoria apresentada sob a forma de
uma narração relatando fatos naturais ou acontecimentos
possíveis, sempre com o objetivo de declarar ou ilustrar
uma ou várias verdades importantes.
1. Lucas 18: 1-7
2. Mateus 13: 3-8
3. Mateus 13: 24-30
4. Lucas 18: 10-14
4. Antropopatia
É a atribuição de emoções, paixões e desejos humanos a
Deus.
1. Êxodo 34:14
2. Gênesis 6:6
3. Deuteronômio 13:17
4. Efésios 4:30
5. Antropomorfismo
É a atribuição de características corporais e atividades
físicas a Deus
1. Tiago 5:4
2. Êxodo 15:16
3. Salmos 34:16; 10:12; 8:3
4. Lamentações 3:56
6. Metonímia
Consiste em designar um objeto por uma palavra
designativa de outro objeto que tem com o primeiro uma
relação de causa/efeito; continente/conteúdo;
lugar/produto; matéria/objeto; abstrato/concreto;
autor/obra.
Obs.: A relação é mais mental do que física
1. I Tessalonicenses 5:19 ("Não extingais o
espírito", refere-se às manifestações especiais
do Espírito)
2. Juízes 12:7 ( Faltou indicar exatamente o nome
da cidade)
3. Lucas 16:29 (Moisés e os Profetas significa
seus escritos = Antigo Testamento)
4. Jeremias 18:18
5. Atos 23:37
6. Salmo 18:1
7. I Coríntios 10:21
7. Sinédoque
Figura que se funda na relação de compreensão e
consiste no uso do todo pela parte, plural pelo singular,
gênero pela espécie e vice-versa.
Obs.: A relação é mais física do que mental.
1. Salmos 73:9 (Língua = palavra)
2. Salmos 52:4 (Língua está no lugar da pessoa)
3. João 13:8 (Lavagem dos pés = Purificação da
alma)
4. I Coríntios 11:26
5. Atos 24:5
6. Provérbio. 1:16
7. Lucas 2:1
8. Personificação
Quando se atribui ações ou feito de pessoas a coisas
inanimadas.
1. Coríntios 15:55
2. I Pedro 4:8
3. Jó 12: 7,8; Isaías 55:12
9. Zoomorfismo
Atribuição de características animais a Deus
1. Rute 2:12b
2. I Pedro 4:8
3. Jó 12: 7,8
4. Isaías 55:12
10. Eufemismo
Consiste em disfarçar, abrandar, suavizar expressões
rudes, chocantes, desagradáveis.
1. Atos 7:60
2. II Tessalonicenses 4:14
11. Ironia ou Antífrase
Expressão que contém censura ou ridículo sob a capa de
louvor ou elogio. (Consiste em dizer o contrário do que
pensamos e geralmente em tom de zombaria)
1. Jó 12:2
2. I Reis 22:15; 18:27
3. I Coríntios 4:6,8
4. II Coríntios 11:5; 12:11; 11:13
5. II Samuel 6:20
12. Hipérbole
É um exagero que extrapola o sentido literal para
destacar a idéia e chamar a atenção
1. Números 13:33
2. Deuteronômio 1:28.
3. Gênesis 22:17
4. II Crônicas 28:4
5. Salmos 119:136
6. Jó 21:25
13. Litotes
Afirmação moderada que suaviza o sentido literal. É o
oposto da hipérbole.
1. Salmos 51:7
2. Isaías 45:3
3. I Tessalonicenses 3 :2b
14. Pergunta Retórica Interrogação
Figura pela qual o orador se dirige ao seu interlocutor,
ou adversário, ou político, em tom de pergunta, sabendo
de antemão que ninguém vai responder.
1. Gênesis 18:25
2. Amós 3:34
3. Romanos 8:33,34
4. Hebreus 1:14
15. Pleonasmo
É a palavra ou expressão redundante: repetição da
mesma idéia, com a finalidade reforçar e avivar a
expressão e o pensamento.
1. I Reis 21:13
2. Mateus 13:15
3. Josué 7:25
4. Atos 2:30
5. Jó 42:5
16. Antítese
É a inclusão na mesma frase de duas palavras ou dois
pensamentos que faz um contraste um com o outro. (O
mau e o falso servem de contraste ou fundo que dá realce
ao bom e ao verdadeiro)
1. Deuteronômio 30:15,19
2. Mateus 7:13 e 14; 17 e 18; 21 a 23; 24 a 27
3. Mateus - 24 e 25
4. II Coríntios 3:6 - 18 (Antigo pacto e Novo
pacto; Lei e Evangelho)
17. Paradoxo
É uma proposição ou declaração oposta à opinião
comum; a uma afirmação contrária a todas as aparências
e à primeira vista absurda, impossível, ou em
contraposição, ao sentido comum.
1. Mateus 16:6
2. Lucas 9:60 (Explicação vv 61 e 62)
3. Mateus 23:24
4. Lucas 18:25
5. Marcos 8:35
Bibliografia
• VIRKLER, Henry A.. Hermenêutica Avançada: Princípios e Processos de Interpretação Bíblica. São Paulo.
Editora Vida, 2001.
• BERKHOF, Louis. Princípios de Interpretação Bíblica. Editora JUERP, 4ª edição, 1988.
FIGURAS DE LINGUAGEM
Segundo Mauro Ferreira, a importância em reconhecer
figuras de linguagem está no fato de que tal conhecimento, além de auxiliar a
compreender melhor os textos literários, deixa-nos mais sensíveis à beleza da
linguagem e ao significado simbólico das palavras e dos textos.
Definição: Figuras de linguagem são certos
recursos não-convencionais que o falante ou escritor cria para dar maior
expressividade à sua mensagem.
METÁFORA: É o emprego de uma
palavra com o significado de outra em vista de uma relação de semelhanças entre
ambas. É uma comparação subentendida.
Exemplo:
Minha boca é um tumulo.
Essa rua é um verdadeiro deserto.
COMPARAÇÃO: Consiste em
atribuir características de um ser a outro, em virtude de uma determinada semelhança.
Exemplo:
O meu coração está
igual a um céu cinzento.
O carro dele é
rápido como um avião.
PROSOPOPÉIA: É uma figura de
linguagem que atribui características humanas a seres inanimados. Também
podemos chamá-la de PERSONIFICAÇÃO.
Exemplo:
O céu está
mostrando sua face
mais bela.
O cão mostrou grande sisudez.
SINESTESIA: Consiste na fusão
de impressões sensoriais diferentes.
Exemplo:
Raquel tem um olhar
frio, desesperador.
Aquela criança tem
um olhar tão doce.
CATACRESE: É uma metáfora desgastada,
tão usual que já não percebemos. Assim, a catacrese é o emprego de uma palavra
no sentido figurado por falta de um termo próprio.
Exemplo:
O menino quebrou o braço da cadeira.
A manga da camisa rasgou.
METONÍMIA: É a substituição de
uma palavra por outra, quando existe uma relação lógica, uma proximidade de
sentidos que permite essa troca. Ocorre metonímia quando empregamos:
- O autor pela obra.
Exemplo:
Li Jô Soares dezenas de
vezes. (a obra de Jô Soares)
- o continente pelo conteúdo.
Exemplo:
O ginásio aplaudiu
a seleção. (ginásio está substituindo os torcedores)
- a parte pelo todo.
Exemplo:
Vários brasileiros
vivem sem teto,
ao relento. (teto substitui casa)
- o efeito pela causa.
Exemplo:
Suou muito para
conseguir a casa própria. (suor substitui o trabalho)
PERÍFRASE: É a designação de
um ser através de alguma de suas características ou atributos, ou de um fato
que o celebrizou.
Exemplo:
A Veneza Brasileira também é palco
de grandes espetáculos. (Veneza Brasileira = Recife)
A Cidade Maravilhosa está tomada
pela violência. (Cidade Maravilhosa = Rio de Janeiro)
ANTÍTESE: Consiste no uso de
palavras de sentidos opostos.
Exemplo:
Nada com Deus é
tudo.
Tudo sem Deus é
nada.
EUFEMISMO: Consiste em
suavizar palavras ou expressões que são desagradáveis.
Exemplo:
Ele foi repousar no céu, junto
ao Pai. (repousar no céu = morrer)
Os homens públicos
envergonham o povo. (homens públicos = políticos)
HIPÉRBOLE: É um exagero
intencional com a finalidade de tornar mais expressiva a idéia.
Exemplo:
Ela chorou rios de lágrimas.
Muitas pessoas morriam de medo da perna
cabeluda.
IRONIA: Consiste na
inversão dos sentidos, ou seja, afirmamos o contrário do que pensamos.
Exemplo:
Que alunos
inteligentes, não sabem nem somar.
Se você gritar mais
alto, eu agradeço.
ONOMATOPÉIA: Consiste na
reprodução ou imitação do som ou voz natural dos seres.
Exemplo:
Com o au-au dos
cachorros, os gatos desapareceram.
Miau-miau. – Eram
os gatos miando no telhado a noite toda.
ALITERAÇÃO: Consiste na
repetição de um determinado som consonantal no início ou interior das palavras.
Exemplo:
O rato roeu a roupa
do rei de Roma.
ELIPSE: Consiste na omissão
de um termo que fica subentendido no contexto, identificado facilmente.
Exemplo:
Após a queda,
nenhuma fratura.
ZEUGMA: Consiste na omissão
de um termo já empregado anteriormente.
Exemplo:
Ele come carne, eu
verduras.
PLEONASMO: Consiste na
intensificação de um termo através da sua repetição, reforçando seu
significado.
Exemplo:
Nós cantamos um
canto glorioso.
POLISSÍNDETO: É a repetição da
conjunção entre as orações de um período ou entre os termos da oração.
Exemplo:
Chegamos de viagem
e tomamos banho e saímos para dançar.
ASSÍNDETO: Ocorre quando há a
ausência da conjunção entre duas orações.
Exemplo:
Chegamos de viagem, tomamos banho,
depois saímos para dançar.
ANACOLUTO: Consiste numa
mudança repentina da construção sintática da frase.
Exemplo:
Ele, nada podia
assustá-lo.
Nota: o anacoluto
ocorre com freqüência na linguagem falada, quando o falante interrompe a frase,
abandonando o que havia dito para reconstruí-la novamente.
ANAFÓRA: Consiste na
repetição de uma palavra ou expressão para reforçar o sentido, contribuindo
para uma maior expressividade.
Exemplo:
Cada alma é uma
escada para Deus,
Cada alma é um
corredor-Universo para Deus,
Cada alma é um rio
correndo por margens de Externo
Para Deus e em Deus
com um sussurro noturno. (Fernando Pessoa)
SILEPSE: Ocorre quando a
concordância é realizada com a idéia e não sua forma gramatical. Existem três
tipos de silepse: gênero, número e pessoa.
De gênero.
Exemplo:
Vossa excelência está preocupado com
as notícias. (a palavra vossa excelência é feminina quanto à forma, mas nesse
exemplo a concordância se deu com a pessoa a que se refere o pronome de
tratamento e não com o sujeito).
De número.
Exemplo:
A boiada ficou furiosa com o peão e
derrubaram a cerca. (nesse caso a concordância se deu com a idéia de plural da
palavra boiada).
De pessoa
Exemplo:
As mulheres decidimos não votar em
determinado partido até prestarem conta ao povo. (nesse tipo de silepse, o
falante se inclui mentalmente entre os participantes de um sujeito em 3ª
pessoa).
SÍNTESE DO TUTORIAL:
As figuras de
linguagem são recursos não-convencionais que o falante ou escritor cria para
dar maior expressividade à sua mensagem.
Metáfora é o emprego de uma
palavra com o significado de outra em vista de uma relação de semelhança.
Comparação é uma atribuição
de característica de um ser a outro em virtude de uma determinada semelhança.
Prosopopéia atribui
características humanas a seres inanimados.
Sinestesia consiste na fusão
de impressões sensoriais diferentes.
Catacrese é uma metáfora
desgastada, tão usual que já não percebemos, ou seja, é o emprego de uma
palavra no sentido figurado por falta de um termo próprio.
Metonímia é a substituição
de uma palavra por outra, quando existe uma relação lógica, uma proximidade de
sentidos que permite essa troca.
Perífrase é a designação de
um ser através de alguma de suas características ou atributos, ou de um fato
que o celebrizou.
Antítese consiste no uso de
palavras de sentidos opostos.
Eufemismo consiste em
suavizar palavras ou expressões que são desagradáveis.
Hipérbole é um exagero
intencional com a finalidade de tornar mais expressiva à idéia.
Ironia consiste na
inversão dos sentidos, ou seja, afirmamos o contrário do que pensamos.
Onomatopéia consiste na
reprodução ou imitação do som ou voz natural dos seres.
Aliteração consiste na
repetição de um determinado som consonantal no início ou interior das palavras.
Elipse consiste na
omissão de um termo que fica subentendido no contexto, identificado facilmente.
Zeugma consiste na omissão
de um termo já empregado anteriormente.
Pleonasmo consiste na
intensificação de um termo através da sua repetição, reforçando seu
significado.
Polissíndeto é a repetição da
conjunção entre as orações de um período ou entre os termos da oração.
Assíndeto ocorre quando há a
ausência da conjunção entre duas orações.
Anacoluto consiste numa
mudança repentina da construção sintática da frase.
Anáfora consiste na
repetição de uma palavra ou expressão para reforçar o sentido, contribuindo
para uma maior expressividade.
Silepse ocorre quando a
concordância é realizada com a idéia e não sua forma gramatical. Existem três
tipos de silepse: gênero, número e pessoa.
Figuras de Linguagem
a) Figuras sonoras
Aliteração: repetição de sons consonantais (consoantes).
Assonância: repetição dos mesmos sons vocálicos.
(E, O) - "O que o vago e incóngnito desejo de ser eu mesmo de meu ser me deu." (Fernando Pessoa)
Paranomásia: o emprego de palavras parônimas (sons parecidos).
Onomatopéia: criação de uma palavra para imitar um som
b) Figuras de sintaxe
Elipse: omissão de um termo ou expressão facilmente subentendida.
Casos mais comuns:
b) substantivo - a catedral, no lugar de a igreja catedral; Maracanã, no ligar de o estádio Maracanã
c) preposição - estar bêbado, a camisa rota, as calças rasgadas, no lugar de: estar bêbado, com a camisa rota, com as calças rasgadas.
d) conjunção - espero você me entenda, no lugar de: espero que você me entenda.
e) verbo - queria mais ao filho que à filha, no lugar de: queria mais o filho que queria à filha. Em especial o verbo dizer em diálogos - E o rapaz: - Não sei de nada !, em vez de E o rapaz disse:
Zeugma :omissão (elipse) de um termo que já apareceu antes.
Hipérbato: Alteração ou inversão da ordem direta dos termos na oração, ou das orações no período.
Obs2.: Se a inversão for violenta, comprometendo o sentido drasticamente, Rocha Lima e Celso Cunha denominam-na sínquise
Obs3.: RL considera anástrofe um tipo de hipérbato
Anástrofe: anteposição, em expressões nominais, do termo regido de preposição ao termo regente.
Pleonasmo: Repetição de um termo já expresso, com objetivo de enfatizar a idéia.
Assíndeto: Ausência de conectivos de ligação, assim atribui maior rapidez ao texto.
Polissíndeto: Repetição de conectivos na ligação entre elementos da frase ou do período.
Anacoluto: Termo solto na frase, quebrando a estruturação lógica.
Anáfora: repetição de uma mesma palavra no início de versos ou frases.
Silepse: É a concordância com a idéia, e não com a palavra escrita.
b) de número (sing x pl): Os Sertões contra a Guerra de Canudos (= o livro de Euclides da Cunha). O casal não veio, estavam ocupados.
c) de pessoa: Os brasileiros somos otimistas (3ª pess - os brasileiros, mas quem fala ou escreve também participa do processo verbal)
Antecipação: Antecipação de termo ou expressão, como recurso enfático.
O tempo parece que vai piorar
c)Figuras de palavras ou tropos
Metáfora: Emprego de palavras fora do seu sentido normal, por analogia.
Obs2.: esta figura foi muito utilizada pelos simbolistas
Catacrese: Uso impróprio de uma palavra ou expressão, por esquecimento ou na ausência de termo específico.
Obs2.: Para Rocha Lima, é um tipo de metáfora
Metonímia: Substituição de um nome por outro em virtude de haver entre eles associação de significado.
Antonomásia, perífrase: Substituição de um nome de pessoa ou lugar por outro ou por uma expressão que facilmente o identifique.
Sinestesia: Interpenetração sensorial, fundindo-se dois sentidos ou mais (olfato, visão, audição, gustação e tato).
Anadiplose: É a repetição de palavra ou expressão de fim de um membro de frase no começo de outro membro de frase.
d)Figuras de pensamento
Antítese: Aproximação de termos ou frases que se opõem pelo sentido.
Eufemismo: Consiste em "suavizar" alguma idéia desagradável
Hipérbole: Exagero de uma idéia com finalidade expressiva
Ironia: Utilização de termo com sentido oposto ao original, obtendo-se, assim, valor irônico.
Gradação: Apresentação de idéias em progressão ascendente (clímax) ou descendente (anticlímax)
Prosopopéia, personificação, animismo: É a atribuição de qualidades e sentimentos humanos a seres irracionais e inanimados.
Princípio 1: Procure a
intenção do significado do autor
Toda passagem bíblica tem um significado
objetivo pretendido pelo autor. A tarefa do intérprete é descobrir esse
significado. Esse princípio parece claro o bastante, entretanto devemos
desenvolver muitas questões que ele levanta..
Primeira, quem é o autor e como
descobrir sua intenção. Mesmo quando sabemos o nome do autor humano (Moisés,
Paulo, Davi), não temos acesso direto a ele. Não podemos perguntar a Paulo se
ele se referiu aos cristãos ou aos não-cristãos quando descreveu uma pessoa que
não quer fazer o que Deus deseja em Romanos 7.21-25. Podemos apenas responder
tais questões nos colocando no período em que o autor escreveu o livro e
questionando a sua intenção, ao nos dizer esse ou aquele assunto.
Uma segunda questão tem a ver
com o caráter único da Bíblia como Palavra de Deus. Como 2 Pedro 1.21 afirma:
"porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana;
entretanto, homens [santos] falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito
Santo." Deus é o autor último da Bíblia e, dependendo da maneira que
entendemos esta verdade, haverá implicações. Observemos um exemplo de Oséias
11.1: Quando Israel era menino, eu o amei, e do Egito chamei o meu filho.
Quem é o autor dessa passagem?
De acordo com o primeiro verso de Oséias, é o profeta que tem esse nome.
Entretanto, como podemos saber quais foram as intenções de suas palavras nesta
passagem? Primeiro, conhecemos aproximadamente a época em que ele viveu. Também
há um contexto mais amplo do livro todo, que nos dá uma idéia completa do que
Oséias queria dizer neste verso. Quando estudamos este texto no contexto do
livro todo, descobrimos que Oséias está se referindo ao êxodo descrito no livro
do Êxodo.
Mais adiante, podemos ler
Mateus 2 e chegar ao verso 15. Lá, o escritor aplica Oséias 11.1 a Jesus como um menino
retornando do Egito à Judéia. Essa referência não parece ser a intenção de
Oséias. Porém, aqui devemos nos lembrar que o significado do texto reside na
intenção de Deus, seu autor último. À medida que lemos essa passagem levando em
consideração todo o contexto bíblico, percebemos que Deus fez uma analogia.
Profeticamente, ele está relacionando Israel (os filhos de Deus sendo libertos
do Egito) com Jesus (o Filho de Deus, que vem do Egito). Este é um modelo que
percorre todo evangelho de Mateus.
Perceba que este princípio
reconhece que existe um significado no texto. Esse é um ponto importante na
nossa era de relativismo. Um grande número de intérpretes estudiosos da Bíblia,
na sua maioria professores de universidades, sugerem que a Bíblia não
estabeleceu nenhum significado e que podemos ler nela o que desejarmos. Pelo
contrário, quando interpretamos a Bíblia, buscamos aquilo que o autor quis
dizer originalmente, ao invés de impor o nosso significado. Quando a
interpretação do leitor entra em conflito com a intenção do autor, a
interpretação do leitor é errônea.
[Nas próximas semanas, Deus
permitindo, iremos reproduzir nesta seção sete princípios básicos de
hermenêutica do livro “Lendo a Bíblia com O Coração e a Mente” de
Tremper Longman III.]
Principio 2: Leia a passagem dentro do seu contexto
Na Bíblia, assim como em toda boa
literatura, devemos ter uma compreensão do todo a fim de apreciar e entender as
partes. Nunca deveríamos tratar um livro da Bíblia como uma coleção de
passagens isoladas. São histórias, poemas e cartas conectadas. O significado
dos versos pode ser descoberto no fluxo de todo o fragmento literário.
Este princípio não nos impede
de abrirmos um livro bíblico no meio e ler uma parte, porém deveríamos fazê-lo
somente se tivermos uma compreensão básica de como a passagem se encaixa na
mensagem do livro todo. Em outras palavras, quando lemos pequenas porções e
versículos das Escrituras, devemos ter um grande cuidado. Caso contrário,
podemos distorcer a mensagem de Deus.
Como um novo cristão que espera
obedecer a Deus, um dia, um amigo procurou nas Escrituras orientação acerca de
casamento. Seus olhos caíram em1 Coríntios 7.27: "Estás casado? Não
procures separar-te. Estás livre de mulher? Não procures casamento."
Primeiramente, esse fato o confundiu, e, como cresceu numa igreja tradicional
que prezava pelo celibato do sacerdócio, isso não lhe pareceu tão distante do
seu objetivo. Mas, conforme lia o contexto do livro todo, ele percebeu, para
seu alívio, que Paulo não proibia os cristãos de se casarem.
O contexto inclui mais do que
apenas os parágrafos que vêm antes e depois de um texto. Inclui um cenário
histórico temático muito mais amplo. Por exemplo: considere Gênesis 50.20,
quando José disse: "Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém
Deus o tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente
em vida." Se você observar o contexto imediato, veremos que ele está
falando com seus irmãos imediatamente após a morte de seu pai. Para compreender
a que ele está se referindo, precisamos ler o contexto todo da história de José
em Gênesis 37.1-50. Apenas desta maneira veremos que os irmãos de José o
venderam aos mercadores midianitas, que o levaram ao Egito. Também observamos
como Deus usou más ações humanas para colocar José numa posição de poder e,
finalmente, permitiu que ele salvasse a sua família.
Entretanto, há um contexto
maior a considerar. Se lermos Gênesis 50.20 à luz de todo o livro de Gênesis,
resgatamos a promessa que Deus deu a Abraão — a respeito da terra e dos seus
inúmeros descendentes. Sem dúvida alguma, José reflete o passado e suas
declarações mostram a sua consciência de que Deus havia dirigido a má intenção
de seus irmãos, a fim de preservar a linha familiar e de cumprir as promessas
de Deus feitas a Abraão.
Entretanto, ainda não
terminamos com o contexto. O contexto último de qualquer passagem particular é
a Bíblia toda. À medida que lemos a Bíblia, vemos que ela apresenta muitos
paralelos com as declarações de Moisés, entretanto nenhuma foi tão nítida
quanto as palavras de Pedro descrevendo a morte de Jesus. Em Atos 2.22-24,
Pedro disse que Jesus foi morto por homens que tinham intenções maldosas, porém
Deus usou aquelas intenções para salvar muitos dos seus pecados.
Podemos aprender a ler o
contexto através da leitura de todos os livros da Bíblia, ao invés de
simplesmente lermos fragmentos dela. Se você consegue sentar-se por duas ou
três horas para ler um romance, tente fazer o mesmo com Isaías ou Atos dos
Apóstolos, entretanto certifique-se de que está usando uma versão
contemporânea. Sempre que ler uma pequena passagem, leia-a com um resumo do
livro inteiro em mente ou com a ajuda de um bom comentário.
A natureza precisa do contexto
pode diferir de um livro para o outro. O contexto dos livros históricos se
originam do curso de eventos na história. Nas epístolas ou nas cartas, uma
idéia constrói a outra. Em Provérbios, capítulos 10 a 31, há um contexto solto.
Nestes capítulos, um provérbio expressivo — sobre a preguiça, por exemplo — é
seguido por dois sobre a língua e, então outro sobre a preguiça novamente.
Mesmo assim, em todos os livros bíblicos, deveríamos ter uma visão do livro
todo quando estudamos uma parte dele. Sempre questione como aquela passagem
pode encaixar-se com a mensagem do livro todo, e até mesmo com toda a Bíblia.
[Nas próximas semanas, Deus
permitindo, iremos reproduzir nesta seção outros princípios básicos de
hermenêutica do livro “Lendo a Bíblia com O Coração e a Mente” de
Tremper Longman III.]
Princípio 3: Identifique o
gênero da passagem
Textos escritos têm uma variedade de
formas. Um gênero literário é um grupo de textos que compartilha semelhança no
seu conteúdo, tom ou estrutura. Somos familiarizados com o gênero em uma
biblioteca ou livraria. Livros podem ser classificados em ficção ou não ficção.
A ficção pode ser dividida em romance, mistério, aventura, ficção científica e
etc... A nossa impressão inicial de um livro depende do conhecimento que temos
do seu gênero, e este determina o modo como o lemos.
Certa noite, sentei-me com um
livro e fui pego pela sua sentença introdutória: "quando Gregor Samsa
despertou da noite inquietante que tivera, descobriu que havia se transformado
em um inseto gigantesco." Era uma frase que chamava a atenção, porém não
me fez estremecer. O livro era o Metamorfose, de Franz Kafka, uma história que
fala sobre seres humanos que conseguem se transformar em insetos. Fui capaz de
dar um basta à minha incredulidade por saber que estava começando a me deixar
levar pela ficção.
A Bíblia contém uma riqueza
infindável de estilos literários. Isso me faz recordar da mesa de jantar que
minha mãe preparava no dia de Ação de Graças. Naquele dia especial em que
comemorávamos as bênçãos materiais dadas por Deus, ela tinha o costume de
colocar uma decoração diferente no centro da mesa. Ela colocava um vaso em
forma de chifre — uma cornucópia — no centro da mesa e o enchia com pequenas
abóboras, cabaços e espigas de milho ornamentais que transbordavam do vaso e
caíam sobre a toalha de mesa. Quando abrimos as páginas da Bíblia, também
encontramos uma cornucópia espiritual — um presente divino que nos alimenta —
com uma diversidade literária que influencia nossos interesses, estimula a imaginação
e chama a nossa atenção para cada aspecto da vida.
À medida que lemos de Gênesis a
Apocalipse, passamos por histórias, leis, poesias, sabedoria, profecia,
evangelhos, epístolas e literatura apocalíptica. E quando conhecemos o estilo —
o gênero — da literatura que estamos lendo, podemos entendê-la melhor. Lemos
história com uma postura diferente de quando lemos uma poesia. Gêneros
diferentes evocam expectativas e estratégias de interpretação diferentes.
O gênero é um conceito tão
importante para que possamos fazer uma leitura adequada das Escrituras, que
devotamos o resto desse livro à exploração dos principais estilos da literatura
bíblica. Pela ordem, examinaremos como a história, leis, sabedoria e poesia,
profecia e literatura apocalíptica, evangelhos e parábolas, e cartas deveriam
ser interpretadas. Cada estilo nos leva, de diversas maneiras, a um encontro
com Jesus Cristo.
[Nas próximas semanas, Deus permitindo, iremos reproduzir nesta
seção outros princípios básicos de hermenêutica do livro “Lendo a Bíblia com
O Coração e a Mente” de Tremper Longman III.]
de Tremper Longman III
Copyright © 2003 Editora
Cultura Cristã. Todos os direitos reservados. Reproduzido com a
devida autorização.
O livro de Tremper Longman
III do qual este texto foi extraído, "Lendo a Bíblia com O Coração e a
Mente", pode ser encomendado da Editora Cultura Cristã selecionando a
capa do livro ao lado:
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