Evolução ou Criação?
Dr. Henry Morris
A importância das
origens
Tanto pais como
professores sabem que as crianças são criaturas curiosas. Isto é, elas são
insaciavelmente curiosas a respeito do porquê das coisas. Essa vivacidade
intelectual inata, se encorajada e cultivada, levará, na vida adulta, a uma
atitude científica amadurecida diante do mundo e à capacidade de pensar
criativamente para resolver problemas tecnológicos, sociológicos e pessoais.
Não importa qual seja
o assunto de um curso ou estudo em particular, é importantíssimo que o aluno
seja conscientizado acerca das origens. Se ele está estudando química, ele
deveria ter o interesse pelas origens dos elementos e pelas leis que governam
as reações químicas. O estudo do português deveria dar-lhe noções acerca da
origem da sua língua, e mesmo da origem da linguagem propriamente dita.
Biologia, sem dúvida, deveria discutir a origem da vida e das várias espécies
de organismos. Um curso de organização política deve incluir discussão da
origem da sua nação e sua estrutura legal, bem como da origem das nações e das
leis em geral. E assim por diante.
Um curso ou estudo
que não proceda assim pode livrar-se de alguma controvérsia, mas apenas às
custas de inibir a curiosidade e a criatividade. Descrição e técnicas são
importantes em qualquer bom curso, certamente, mas estes artifícios produzirão
apenas habilidade, e não um verdadeiro entendimento da matéria. Este tipo de
instrução, embora valioso em relação ao alvo imediato de ganhar a vida, é
estéril no sentido de alcançar o alvo mais amplo de um verdadeiro significado
para a vida. É como uma ponte sem alicerces ou pontos de apoio, estendendo-se
de um lugar indefinido para outro lugar indefinido, sem raízes no passado nem
esperança no futuro.
O que se segue é um
sumário de razões coerentes pelas quais o estudo das origens torna-se
importante em qualquer curso:
A. Razões científicas
1. A ciência (i.e., o
“conhecimento”) deve procurar responder à pergunta “De onde?” tanto quanto “O
quê?”.
2. A ciência se
baseia em um raciocínio de causa-e-efeito. Inevitavelmente, portanto, à medida
que a pessoa associa os efeitos às suas causas imediatas, e essas causas às
suas causas, mais cedo ou mais tarde ela se defrontará com a questão de uma
Causa Primeira.
3. O conhecimento de
leis e processos naturais, sem pelo menos uma apreciação dos problemas
associados com a sua origem, desencorajará a descoberta e a compreensão de
novos princípios científicos.
B. Razões sociológicas
1. A ciência tem
inumeráveis implicações e aplicações sociais. As soluções dos problemas sociais
demandam uma verdadeira compreensão da origem dos processos físicos que os
afetam (p. ex.: energia nuclear, combustíveis fósseis, ecologia, engenharia genética,
drogas alucinógenas, etc.).
2. As assim chamadas
ciências sociais demandam uma compreensão da origem das entidades sociológicas
de que tratam (como raças, culturas, crime, guerra etc.).
3. O contexto do
pensamento político está constantemente mudando de ênfase. A cultura
sociológica que enfatiza apenas a moda atual em ativismo político ou teoria
social, sem nenhum alicerce na história, será inútil para o aluno, quando uma
ênfase nova aparecer.
C. Razões pessoais
1. Cada pessoa
precisa, mais que tudo, de uma noção da sua própria identidade e seus alvos
pessoais, e isto é impossível sem alguma compreensão da sua origem. O que a
pessoa vier a crer a respeito da sua origem, inevitavelmente condicionará o que
ela crê acerca do seu destino.
2. A falta de uma
compreensão científica sadia acerca das origens e do significado pessoal entre
os jovens modernos, os tem impelido a procurar ajuda em soluções
anticientíficas tais como drogas para extravasar a mente, bruxaria, astrologia
e coisas semelhantes.
A verdadeira saúde
mental, como a que os professores desejam para os seus alunos, requer uma
filosofia de vida sólida e satisfatória, e isto certamente exige um conceito
mentalmente satisfatório de sua origem e futuro pessoal.
Contudo, se os
professores querem ensinar a criação como uma alternativa cientificamente
razoável em lugar da evolução, precisam ter informações disponíveis a respeito
de como fazê-lo. Infelizmente, praticamente todos os livros-texto de hoje
encontrados nas escolas demonstram uma parcialidade aberta em favor da
evolução. Um grande percentual dos professores, bem como do público científico,
tem sido doutrinado, quando na universidade, com o ponto de vista
evolucionista.
Além disso, grande
parte dos livros criacionistas tratam do assunto das origens do ponto de vista
bíblico, bem como do ponto de vista científico e, portanto, não são apropriados
para serem usados com objetivo didático nas escolas públicas. De fato, há
inúmeros livros criacionistas que são estritamente científicos em seu conteúdo,
contudo, a maioria destes trata apenas de alguns poucos dos tópicos
importantes.
O objetivo de O
Enigma das Origens - A Resposta é, em primeiro lugar, tratar de todos os
aspectos mais pertinentes do assunto das origens, e fazê-lo unicamente em bases
científicas, sem nenhuma referência à Bíblia ou a doutrinas religiosas. O
tratamento do assunto é positivo, e não negativo, mostrando que o modelo da
criação para as origens e a história podem ser usados para correlacionar os
fatos da ciência pelo menos tão eficientemente quanto o modelo da evolução.
Embora este livro trabalhe necessariamente com dados científicos, ele é escrito
para o leigo, e cremos que ele pode ser adequadamente entendido e usado por
ele. Fez-se necessário usar conceitos e terminologia científicos, mas todos
eles são explicados na medida da necessidade, de forma que o leitor pode, com
um pequeno esforço de sua parte, entendê-los e usá-los.
A nossa sugestão é
que todos os professores possam ter em mãos um exemplar para estudo pessoal, e
sejam solicitados a lê-lo do começo ao fim. Se possível, simpósios devem ser
realizados em escolas de diversas regiões, para preparar os seus professores
para utilizá-lo em sala de aula.
Seja qual for a
matéria que está sendo ensinada, e não importa a série, o professor descobrirá
que os livros-texto recomendados e as leituras suplementares são calcados na
evolução como única opção, e afetados por ela de várias maneiras. Sempre que se
depara com um assunto em particular que mencione as origens (por exemplo, a origem
do sistema solar, os primórdios do “homem das cavernas” etc.) ou a pré-história
da terra e seus habitantes (como por exemplo, os dinossauros, a formação de
jazidas carboníferas, a descoberta dos primeiros metais, etc.), o professor
deve apresentar tanto a interpretação criacionista quanto a interpretação
evolucionista do texto oficial. Além disso, tanto quanto possível,
considerando-se a faixa etária, deve-se apresentar as evidências que favorecem
ambos os modelos. Este livro é organizado convenientemente e tem um índice
designado especialmente para facilitar seu uso.
A experiência tem
mostrado que esta abordagem é mais empolgante, tanto para alunos como para
professores, do que a doutrinação unilateral do evolucionismo, comum hoje em
dia. Recomenda-se a professores e pedagogos que façam uma tentativa séria
nessa direção.
Este livro pretende
servir primordialmente como fonte de informações básicas de que o professor
necessita, e não como um livro-texto propriamente dito para ser usado em
classes escolares elementares ou secundárias. Ele pode ser adaptado para tal se
necessário, de acordo com as preferências do professor, seja qual for a matéria
ou o ano que esteja sendo lecionado. Ele também pode ser usado,
indubitavelmente, como um livro-texto propriamente dito em cursos formais
acerca das origens, tanto no 2º grau como na universidade.
Em geral, quer como
livro-texto, quer como livro para estudo e referência pessoal, cremos que este
livro suprirá a necessidade de uma apresentação didática embora simples de
todas as principais evidências e argumentos em favor de uma criação especial,
bem como as evidências correlatas de uma terra jovem e de um dilúvio de
proporções globais.
Impossibilidade de
prova científica das origens
O tópico anterior
enfatizou a importância vital de se estudar o assunto das origens. Ao mesmo
tempo, também precisa ser enfatizado que é impossível provar cientificamente
qualquer conceito particular acerca das origens para sermos honestos. Isto se
torna óbvio a partir do fato de que a essência do método científico é a
observação experimental e a repetição. Um investigador científico, por
brilhante que seja, e por mais recursos de que disponha, não pode observar nem
fazer repetir as origens!
Isto significa que,
embora seja importante ter uma filosofia a respeito das origens, isso só pode
ser alcançado por fé, e não pelo que podemos ver. Não obstante, isso não
consiste em um argumento contra uma filosofia acerca das origens. Cada passo
que damos na vida é um passo de fé. Até mesmo o pragmático, que insiste que crê
apenas no que pode ver, crê que o seu pragmatismo é a melhor filosofia, embora
não consiga prová-lo! Ele também crê em átomos invisíveis e em abstrações tais
como o futuro!
No que tange à
observação, a crença em algo é necessária para a verdadeira saúde mental. Uma
filosofia de vida é uma filosofia, e não um experimento científico. Uma vida
baseada nos caprichos do momento, sem nenhuma análise racional, é “um conto
narrado por um idiota, cheio de sons e de fúria, mas que não significa nada”.
Desta forma, a pessoa
precisa crer, pelo menos com respeito às origens, em última análise. Todavia,
para que se faça satisfatoriamente uma aplicação benéfica dessa crença, a sua
fé deve ser racional, e não uma fé crédula ou uma fé imposta.
Para ilustrar mais
exatamente o que queremos dizer quando falamos que as origens não podem ser
provadas cientificamente, apresentamos abaixo uma breve discussão a respeito de
cada um dos dois conceitos básicos acerca das origens, criação e evolução.
A. A criação não pode
ser provada
1. A criação não está
acontecendo agora, como se pode observar. Portanto, se assim o for, ela foi
realizada em algum tempo do passado e, desta forma, é inacessível aos métodos
científicos.
2. É impossível
preparar-se um experimento científico para descrever o processo da criação, ou
mesmo para provar que tal processo pode acontecer. O Criador não cria devido
aos caprichos de um cientista.
B. A evolução não
pode ser provada
1. Se a evolução está
tendo lugar hoje, está operando vagarosamente demais para ser medida e,
portanto, está fora do âmbito da ciência empírica. Para uma espécie de
organismo ser transmutada em outra espécie mais elevada, levaria
presumivelmente milhões de anos, e nenhuma equipe de observadores científicos
tem condições de medir as variações em um experimento desses.
2. As pequenas
variações que, segundo se tem observado, estão acontecendo hoje em dia em
alguns organismos (veja pp. 51 a 58) são irrelevantes para esta questão, visto
que não há como provar que essas modificações em espécies atuais venham com o
tempo mudá-las, tornando-as espécies diferentes, mais elevadas. Visto que se
deve esperar inevitavelmente pequenas variações (inclusive mutações) no modelo
da criação tanto quanto no da evolução, elas não têm nenhum valor ao se decidir
entre os dois modelos.
3. Mesmo que os
cientistas modernos conseguissem realmente a criação artificial da vida a
partir da não-vida, ou de espécies superiores a partir de espécies inferiores,
em laboratório, isto não provaria de qualquer maneira que tais modificações
realmente aconteceram, ou mesmo que poderiam ter acontecido no passado, por
processos naturais aleatórios.
Visto que
frequentemente é afirmado pelos evolucionistas que a evolução é científica,
enquanto que o criacionismo é religioso, a esta altura é bom citar vários
evolucionistas de renome, que reconheceram ser também impossível provar a
evolução.[1]
A evolução é lenta
demais para uma observação científica
Um dos principais
evolucionistas norte-americanos, Theodosius Dobzhansky, admitiu:
“A aplicabilidade do
método experimental ao estudo de processos históricos tão peculiares é
severamente restrita, antes de tudo, pelos intervalos cronológicos abrangidos,
que excedem em muito a duração da vida de qualquer pesquisador humano. Não
obstante, é exatamente esta impossibilidade que é exigida dos
anti-evolucionistas, quando pedem “provas” da evolução que eles possam aceitar
de forma magnânima como satisfatórias.”[2]
Note a admissão
tácita de que “o método experimental” é uma “impossibilidade” quando aplicado à
evolução.
Evolução é um dogma
que não admite refutação
Dois eminentes
biólogos modernos assinalaram o fato de que, visto que de nenhuma forma
concebível a evolução pode ser refutada, ela também não pode ser provada.
“A nossa teoria da
evolução se tornou … algo que não pode ser refutado por quaisquer observações
possíveis. Assim sendo, ela está “fora do campo da ciência empírica”, mas não é
necessariamente falsa. Ninguém pode imaginar maneiras de testá-la… (As ideias evolucionistas)
se tornaram parte de um dogma evolucionista aceito pela maioria de nós como
parte da nossa formação.”[3]
Semelhantemente,
Peter Medawar reconheceu o problema, agravado pelo fato de não existir maneira
pela qual se possa testar a evolução.
“Há objeções
filosóficas ou metodológicas à teoria da evolução… É difícil demais imaginar ou
conjecturar acerca de um evento evolucionista que não possa ser explicado
através dos conceitos do Neodarwinismo.”[4]
Em outras palavras,
tanto o pescoço longo da girafa quanto o pescoço curto do hipopótamo podem
presumivelmente ser explicados por seleção natural. Uma teoria que é capaz de
incorporar tudo, realmente não explica nada! Ela é tautológica. Os que se saem
bem na luta pela sobrevivência são os mais aptos porque os mais aptos são os
que sobrevivem.
Evolução é um sistema
autoritário, no qual se precisa crer
“Por vezes parece que
muitos dos nossos escritores modernos que escrevem acerca da evolução obtiveram
seus pontos de vista por alguma espécie de revelação, e baseiam as suas
opiniões acerca da evolução da vida, da forma mais simples até a mais complexa,
inteiramente na natureza da evolução específica e intraespecífica… Da nossa
parte, é prematuro, para não dizer arrogante, fazer qualquer afirmação dogmática
acerca da forma como se deu a evolução dos principais ramos do reino
animal.”[5]
“Mas os fatos da
paleontologia se harmonizam bem com outras interpretações… como a criação
divina, etc., e a paleontologia não pode, por si mesma, provar nem refutar
essas ideias.”[6]
Thomas Huxley,
provavelmente mais responsável do que qualquer outro homem pela aceitação da
filosofia darwinista, reconheceu que:
“… a ‘criação’ na
acepção comum da palavra, é perfeitamente concebível. Não tenho dificuldade em
conceber que, em algum período anterior, o universo não existia; e que ele
surgiu em seis dias… em consequência da vontade de algum Ser pré-existente.”[7]
A razão para se
favorecer a evolução não decorre de evidência científica
Um notável biólogo
inglês fez, há algumas décadas, a seguinte observação digna de atenção:
“Se assim é,
apresentar-se-á um paralelo à própria teoria da evolução, teoria aceita
universalmente não porque possa ser provada verdadeira por evidências lógicas e
coerentes, mas porque a única alternativa, a saber, a criação especial, é
claramente inacreditável.”[8]
A única razão para
dizer que a criação especial é inacreditável, isto é, impossível de ser crida,
seria alguém ter certo conhecimento de que Deus não existe. Obviamente, se não
existe Criador, então é impossível crer numa criação especial. Todavia, visto
que uma negativa universal só pode ser provada se a pessoa tem conhecimento
universal, tal declaração requer onisciência. Assim, negando a Deus, o Dr.
Watson está reivindicando para si os atributos do próprio Deus.
Há alguns cientistas,
pelo menos, que acham mais fácil crer na divindade de um Criador onipotente do
que na do Professor Watson.
Os dois modelos
científicos das origens
Como foi mostrado na
seção anterior, é impossível demonstrar cientificamente qual dos dois conceitos
das origens é realmente o verdadeiro. Embora muitas pessoas ensinem a evolução
como se ela fosse um fato cientificamente provado, é óbvio que esse é um
ensinamento falso. Há literalmente milhares de cientistas[9] e outros intelectuais
e eruditos hoje em dia que rejeitam a evolução, e isto certamente não
aconteceria se a evolução fosse óbvia como muitos cientistas dizem que ela é.
Claro que o mesmo
acontece com a criação. Embora muitos creiam que a criação é um fato absoluto da
história, eles precisam crer nisto por razoes teológicas, e não científicas.
Nem evolução nem criação podem ser confirmadas ou negadas cientificamente.[10]
Além do mais, é claro
que nem evolução nem criação são, em sentido adequado, teorias científicas ou
hipóteses científicas. Embora se fale na “teoria da evolução” ou na “teoria da
criação”, essa terminologia é imprecisa. Isto somente acontece porque nenhuma
das duas pode ser provada. Uma hipótese científica válida precisa ser apta a
ser formulada experimentalmente, de forma que os resultados experimentais
confirmem ou rejeitem a sua validade.
Como foi notado na
declaração feita por Ehrlich e Birch citada anteriormente, porém, não há
maneira concebível de fazê-lo. Podemos, idealizando, querer elaborar uma
experiência cujos resultados demonstrem a veracidade da evolução ou da criação.
No entanto, não existe nenhum teste, nem bateria de testes que possa fazer isto
cientificamente.
Não obstante, todos
esses empecilhos não significam que não podemos discutir científica e
objetivamente esta questão. De fato, é extremamente importante que o façamos,
se realmente queremos entender esta questão vital das origens, e chegar a uma
base satisfatória para a fé que, em última análise, precisamos exercer em uma
ou outra teoria.
Uma abordagem mais
apropriada é pensar em termos de dois modelos científicos: omodelo da evolução
e o modelo da criação. Um “modelo” é um arcabouço conceptual, um sistema
ordenado de pensamento, dentro do qual a pessoa procura correlacionar dados
observáveis, e mesmo prever dados. Quando existem modelos alternativos, eles
podem ser comparados quanto às suas respectivas capacidades de correlacionar
tais dados. Quando, como neste caso, nenhum dos dois modelos pode ser provado,
a decisão entre os dois não pode ser apenas objetiva. Normalmente, em casos
como este, o modelo que é capaz de correlacionar o maior número de dados e
apresentar o menor número de dados contraditórios e não solucionados será
aceito como modelo mais provavelmente correto.
Quando surgem fatos
particulares que parecem contradizer as predições do modelo, ainda pode ser
possível assimilar os dados mediante uma pequena modificação do modelo
original. De fato, no caso do modelo da evolução, como o disseram Ehrlich e
Birch: “Toda observação concebível pode ser enquadrada nele”.
A mesma
generalização, indubitavelmente, pode ser verificada a respeito do modelo da
criação. Não há fato observável imaginável que não possa, de uma forma ou de
outra, ser levado a enquadrar-se no modelo da criação. A única forma de decidir
objetivamente entre ambos, portanto, é notar que modelo enquadra os fatos e
predições com o menor número desses pressupostos secundários.
Os criacionistas
estão convencidos de que, quando este critério é cuidadosamente seguido, o
modelo da criação sempre enquadrará os fatos tão bem ou melhor do que o modelo
da evolução. Claro que os evolucionistas podem crer de maneira diferente. Em
qualquer caso, é importante que todos tenham à mão os fatos com que possam
considerar ambos os modelos, e não apenas um deles. Esta última hipótese é
lavagem cerebral, e não acuidade cerebral!
Visto que o restante
deste livro será devotado primordialmente a uma comparação entre esses dois
modelos, é importante que todos os que forem usá-lo, tanto professores quanto
alunos, entendam claramente a formulação dos dois modelos e suas implicações.
A. O modelo da
evolução
O sistema
evolucionista procura explicar a origem, desenvolvimento e significado de
todas as coisas em termos de leis e processos naturais que operam hoje da mesma
forma como no passado. Não são aceitos processos extrínsecos que demandam a
atividade especial de um agente externo, ou Criador. O universo, em todos os
seus aspectos, evolui a níveis mais elevados de organização (de partículas até
pessoas) por meio de suas propriedades inatas.
Para confirmar que
esta é a natureza essencial do modelo evolucionista, várias autoridades são
citadas abaixo, apresentando seus próprios conceitos de evolução.
“A maior parte das
pessoas eruditas agora aceita como fato a premissa de que tudo no cosmos – de
corpos celestes a seres humanos – desenvolveu-se e continua a desenvolver-se
através de processos evolutivos.”[11]
“A evolução
compreende todos os estágios do desenvolvimento do universo: cósmico, biológico
e humano ou cultural… A vida é produto da evolução da matéria inorgânica, e o
homem é produto da evolução da vida”[12]
“Evolução, em sentido
amplo, pode ser definida como processo direcional e essencialmente irreversível
que ocorre ao longo do tempo, que em seu curso dá origem a um crescimento de
variedade e um nível crescentemente alto de organização em seus produtos. O
nosso conhecimento atual de fato nos força a esposar a opinião de que toda a
realidade é evolução – um processo único de autotransformação.”[13]
“Não obstante, a
evolução biológica pode ser explicada sem recorrermos a um Criador, ou a um
agente planejador externo aos organismos propriamente ditos. Não há qualquer
evidência, também, de alguma força vital ou energia imanente que dirija o
processo evolutivo na direção da produção de tipos específicos de
organismos.”[14]
Desta forma, a
evolução acarreta um universo completo em si mesmo, em que suas leis inatas
desenvolvem todas as coisas até níveis mais complexos de organização. As
partículas se desenvolvem formando elementos, os elementos se desenvolvem
formando complexos químicos, estes se desenvolvem formando formas simples de
vida, estas em formas complexas de vida, e estas em animais e os animais no
homem.
Resumindo, a evolução
é: (1) naturalista; (2) completa em si mesma; (3) não-proposital; (4)
direcional; (5) irreversível; (6) universal; e (7) contínua.
B. O modelo da
criação
Diametralmente oposto
ao modelo da evolução, o modelo da criação inclui um processo de criação
especial que é (1) sobrenaturalista; (2) dirigido externamente; (3) proposital;
e (4) completo. A semelhança da evolução, o modelo da criação também se aplica
universalmente. Ele também é irreversivelmente direcional, mas na direção de
níveis mais baixos de complexidade, e não ascendente, na direção de níveis mais
elevados. A criação original completa era perfeita, e desde então “tem
experimentado um declínio”.
Assim, o modelo da
criação propõe um período de criação especial no princípio, durante o qual
todas as leis básicas e categorias da natureza, inclusive as principais
espécies de plantas e animais, bem como o homem, foram trazidos à existência
por processos criativos e integradores especiais que não mais operam. Uma vez
terminada a criação, esses processos de criação foram substituídos por
processos deconservação, que foram designados pelo Criador para sustentar e
manter os sistemas básicos que Ele havia criado.
Em adição ao conceito
primário de uma criação completa seguida por conservação, o modelo da criação
propõe um princípio de desintegração que está presentemente operando na
natureza (dado o fato de que qualquer modificação significativa em uma criação
a princípio perfeita deve ser na direção da imperfeição).
Os dois modelos podem
ser comparados facilmente, se estudarmos o resumo abaixo:
Modelo da Evolução
Modelo da Criação
Origem naturalista em
andamento
Origem sobrenatural
consumada
Crescimento global em
complexidade ocorrendo.
Decréscimo atual em
complexidade
As questões da data
da criação (velha ou jovem) e da natureza dos processos cósmicos desde a
criação (dominantemente naturalistas e uniformes, ou catastróficos) são
assuntos separados.
Propomos que esses
dois modelos sejam usados como sistemas para “predizer” dados, verificando qual
dos dois o faz mais eficientemente. Para isso, deve-se imaginar que nem o
evolucionista nem o criacionista sabem de antemão que dados serão encontrados.
Eles não sabem o que encontrarão, mas ousadamente fazem predições, cada um
tendo como base o seu modelo.
A tabela seguinte
indica as predições que provavelmente seriam feitas em várias categorias
importantes.
Deve-se notar que as
predições tabuladas são predições dos modelos primários, como foram definidos
em seus termos mais genéricos, na discussão anterior. Esses modelos primários
podem ser modificados por pressupostos secundários, para ajustarem-se a certas
condições. Por exemplo, o modelo básico da evolução pode estender-se para
incluir mutações tanto prejudiciais quanto benéficas, mas esta não é uma
predição natural do conceito básico de evolução. Se as “predições” da evolução,
da forma como são relacionadas na tabela acima, fossem realmente observadas no
mundo natural, é claro que em cada caso elas seriam aclamadas como fortes
confirmações do modelo da evolução. Esse fato justifica a conclusão de que
estas são as predições básicas da evolução.
Predições Básicas do
Categoria
Modelo da Evolução
Modelo da Criação
Universo Galáctico
Galáxias
modificando-se
Galáxias constantes
Estrutura das
estrelas
Estrelas transformando-se
em outros tipos
Estrelas imutáveis
Outros corpos
celestes
Aperfeiçoando-se
Deteriorando-se
Tipos de formação
rochosa
Diferentes em “eras”
diferentes
Semelhantes em todas
as “eras”
Aparecimento da vida
A vida evoluindo da
não-vida
Vida originando-se
apenas da vida
Ordem dos organismos
Série continua de
organismos
Espécies distintas de
organismos
Aparecimento de tipos
de vida
Novos tipos
aparecendo
Não aparece mais
nenhum tipo
Mutações nos
organismos
Benéficas
Prejudiciais
Seleção natural
Processo criativo
Processo conservativo
Registro fóssil
Inúmeras transições
Lacunas sistemáticas
Aparecimento do homem
Intermediários entre
o homem e o macaco
Sem intermediários
entre o homem e o macaco
Natureza do homem
Quantitativamente
superior aos animais
Qualitativamente
diferente dos animais
Origem da civilização
Lenta e gradual
Contemporânea ao
homem
As predições acima
sugerem meramente os tipos de entidades que podem ser usados para contrastar os
dois modelos. Várias delas serão discutidas minuciosamente mais tarde. A esta
altura, pode notar-se que os criacionistas sustentam que as predições do modelo
da criação se enquadram melhor aos fatos observados na natureza do que os do
modelo da evolução. Os dados precisam ser explicados pelo evolucionista, porém
são simplesmente preditos pelo criacionista.
Vantagens pedagógicas
do modelo criacionista
De uma exposição
sadia do modelo da criação, ao lado do modelo da evolução, advirão grandes
benefícios, tanto para os alunos quanto para o professor. É estranho e conturbador
que se encontre tanta resistência da parte de muitos cientistas e professores à
proposta tão razoável e salutar.
Alguns desses
benefícios são relacionados a seguir:
1. Ela estimulará o
verdadeiro raciocínio da parte do aluno, pois ele será levado a comparar esses
dois modelos importantes.
2. O criacionismo é
coerente em relação aos pensamentos inatos e experiências diárias da criança, e
desta forma favorece a sua saúde mental. Ela sabe, como parte de sua
experiência pessoal da realidade, que uma casa implica em um construtor, e um
relógio implica em um relojoeiro. Ao estudar a natureza ainda mais intrincada e
complexa, digamos, do corpo humano, ou da ecologia de uma floresta, para ela
será grandemente antinatural que se requeira que ela pense nesses sistemas como
produtos casuais de processos irracionais.
3. A maior alegria da
descoberta científica é encontrar evidências de beleza e padrão nos processos e
estruturas da natureza, especialmente quando, como o testificaram grandes
cientistas[15] como Newton e Kepler, sentimos que estamos meramente “tendo os
pensamentos de Deus, depois dEle”. Isto desenvolverá na criança mais amor e
entusiasmo pela ciência do que qualquer outra coisa.
4. Não existe maior
estímulo a um comportamento responsável e a um esforço sincero, bem como à
honestidade e consideração pelos outros, do que a consciência de que bem pode
ser que haja um Criador pessoal a quem se deve prestar contas. Isto se aplica
tanto ao aluno quanto ao professor.
Nas escolas públicas,
tanto a evolução quanto a criação deveriam ser ensinadas tão igualmente quanto
possível, visto que nas classes há filhos de pessoas que pagam impostos e
representam ambos os pontos de vista. Se algumas pessoas querem que seja
ensinada apenas a evolução, devem estabelecer escolas particulares com esse
objetivo.
Semelhantemente, um
objetivo essencial de grande parte das escolas particulares cristãs é ensinar a
criação como verdadeira doutrina acerca das origens, e elas têm sido
estabelecidas nessa base. Isto não significa, todavia, que os alunos dessas
escolas não devem também ser instruídos a respeito da evolução. Visto que irão
viver em um mundo dominado por uma filosofia evolucionista, eles devem, de
todas as formas possíveis, ser bem versados nos conceitos evolucionistas e nas
supostas evidências da evolução. Ao mesmo tempo, devem ser informados quanto às
falácias desses conceitos e evidências, bem como quanto à base para o
criacionismo.
O meio mais eficiente
de se alcançar esses alvos é provavelmente avaliar os dois modelos existentes
para as origens, primeiramente com uma base puramente científica, seguindo na
escola cristã o mesmo procedimento recomendado para a escola pública. Muitos
alunos das escolas particulares cristãs podem ter sido já doutrinados em relação
ao pensamento evolucionista por experiências anteriores nas escolas públicas,
antes de terem sido transferidos para a escola cristã, e precisam antes de tudo
ser descontaminados da ideia arraigada de que a evolução é científica e a
criação é “religiosa”. Isto pode ser realizado com mais êxito mediante uma
completa exposição do aluno ao criacionismo científico através de uma
comparação passo a passo com o modelo da evolução.
De acordo com este
objetivo, os próximos seis capítulos deste livro tratarão dos dois modelos das
origens em bases inteiramente científicas, sem nenhuma referência à Bíblia ou a
outros livros religiosos. Mostramos que, em todos os pontos, o modelo da
criação é superior ao modelo da evolução.
E então, no último
capítulo deste livro, o modelo geral da criação é definido mais explicitamente
em termos de revelação bíblica. Toda a questão das origens e do desenvolvimento
é colocado em seu contexto bíblico e teológico adequado, e o aluno pode ser
levado a ter uma visão do mundo que é bem abrangente, coerente e satisfatória,
centralizada em seu Criador e Salvador pessoal, o Senhor Jesus Cristo.
Deve-se enfatizar que
esta ordem é seguida não porque os dados científicos são considerados mais
dignos de confiança do que a doutrina bíblica. Ao contrário, é precisamente
porque a revelação bíblica tem uma autoridade absoluta e clara que os fatos
científicos, corretamente interpretados, darão o mesmo testemunho que as
Escrituras dão. Não são os criacionistas que precisam distorcer os fatos da
ciência para se ajustarem ao seu modelo da criação. Ao invés disso, são os
evolucionistas que, tentando justificar a sua fé na evolução, estão
constantemente mudando e expandindo o conceito básico da evolução a fim de dar
uma explicação para todas as falsidades científicas e todas as contradições que
tal conceito acarreta.
Evolução como
religião
Visto que a evolução
jamais foi cientificamente provada e, de fato, nem pode ser testada, a longo
prazo ela precisa ser aceita pela fé. Até a chamada microevolução, ou variação,
que presumivelmente pode ser experienciada, até agora não conseguiu exibir uma
tendência “ascendente”, e desta forma falhou no teste. O mecanismo da evolução,
se tal mecanismo realmente existe, ainda é “o mistério central”.
Muitos evolucionistas
têm deblaterado exacerbadamente ao contender que o criacionismo (até mesmo o
criacionismo científico) é inerentemente religioso, visto que a criação é uma
doutrina básica do “fundamentalismo” bíblico. Indubitavelmente é verdade que as
religiões baseadas na Bíblia (quer protestantes, católicas, judias ou mesmo
islâmicas) são monoteístas e consequentemente, inerentemente criacionistas.
Contudo, é igualmente
verdade que as religiões que são basicamente politeístas, panteístas,
humanistas ou ateístas, devem basear-se em alguma forma de evolução. Assim,
creem na evolução confucionistas, taoístas, hindus e animistas, para não
mencionar os marxistas e nazistas, e até os “liberais” que participam
nominalmente de grupos monoteístas.
Não obstante, embora
tanto a criação quanto a evolução tenham importantes implicações religiosas,
morais e sociais, cada uma delas também pode ser usada para correlacionar e
predizer dados científicos. Os seis capítulos seguintes mostrarão que o modelo
científico da criação consegue fazê-lo melhor do que o modelo da evolução.
Ainda há problemas, e mais pesquisa precisa ser realizada para resolvê-los, mas
os problemas do modelo da evolução são muito mais sérios.
Como resultado, hoje
em dia há milhares de cientistas reconhecidos, qualificados, que se tornaram
criacionistas, a despeito da doutrinação evolucionista recebida na escola, e da
intimidação evolucionista que agora enfrentam nos círculos do intelectualismo
organizado. Em um sentido muito real, o criacionismo é mais científico do que o
evolucionismo, e o evolucionismo é muito mais religioso do que o criacionismo.
[1] É interessante e
encorajador notar que, no Prefácio da mais recente edição da obra de Darwin,
Origin of Species,publicado na Inglaterra, um grande biólogo inglês, partidário
da evolução, Professor L. Harrinson Matthews, F.R.S., reconhece que: “Assim
sendo, a crença na evolução é exatamente semelhante à crença na criação
especial – ambos são conceitos que seus adeptos reconhecem ser verdadeiros, mas
ninguém, em ambos os campos, até o presente foi capaz de comprovar”. (Londres: J. M. Dent & Sons. Ltd., 1971), p. X.
[2] Theodosius Dobzhansky. “On Methods of
Evolutionary Biology and Anthropology”, American Scientist, Vol. 45 (dezembro
de 1957), p. 388.
[3] Paul Ehrlich e L. C. Birch: “Evolutionary
History and Population Biology”, Nature, Vol. 214 (1967). p. 352.
[4] Peter Medawar: Mathemaücal Challenge to the
Neo-Darwinism Interpretation of Evolution (Philadelphia: Wistar Institute
Press. 1967), p. XI.
[5] G. A. Kerkut: Implications of Evolution
(Londres: Pergamon, 1965), p. 155.
[6] D. Dwight Davis: “Comparative Anatomy and
the Evolution of Vertebrates”, in Genetics, Paleontology and Evolution(ed. por
Jepsen, Mayr and Simpson; Princeton University Press, 1949), p. 74.
[7] Leonard Huxley: Life and Letters of Thomas
Henry Huxley (Londres: MacMillan, Vol. II. 1903). p. 429.
[8] D. M. S. Watson: “Adaptation”, Nature. Vol.
123 (1929), p. 233.
[9] The Creation
Research Society (Sociedade de Pesquisa da Criação), por exemplo, tem mais de
700 cientistas com títulos de M.Sc. e Ph.D. em seu rol de membros.
[10] O Dr. N.
Heribert-Nilsson, Diretor do Instituto Botânico da Universidade Lund, Suécia,
disse: “As minhas tentativas de demonstrar a evolução através de uma
experiência que durava mais de quarenta anos fracassaram completamente… a ideia
de uma evolução se baseia em pura fé” (Synthetische Artbildung, 1953).
[11] René Dubos: “Humanistic Biology”, American
Scientist, Vol. 53 (03/1965), p. 6.
[12] Theodosius Dobzhansky: “Changing Man”, Science.
Vol.155 (27 de janeiro de 1967), p. 409.
[13] Julian Huxley: “Evolution and Genetics”,
cap. 8 de What is Science?, Ed. J. R. Newman (Nova Iorque: Simon &
Schuster, 1955), p. 272.
[14] Francisco Ayala:
“Biology as an Autonomous Science”, American Scientist, Vol. 56 (outono de
1968), p. 213.
[15] É significativo
que a maioria dos pais ou fundadores da ciência moderna (Newton, Bacon, Kepler,
Galileu, Boyle. Pascal, Faraday, Pasteur, Maxwell, Ray Cuvier, Lineu, Agassis e
muitos outros) eram criacionistas, embora tivessem conhecimento dos vários
conceitos evolucionistas de sua época.
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