Um Deus amoroso pode punir pessoas eternamente?
Aniquilacionistas afirmam que um Deus amoroso não poderia permitir a tortura eterna dos pecadores impenitentes. No entanto, como veremos a seguir, o inferno eterno é moralmente justo e um Deus amoroso pode, sim, punir os pecadores por toda a eternidade.
Deus é amor
Na Bíblia, Deus é descrito como um Criador amoroso. Em 1 João 4:7-8, João declarou que o amor vem diretamente de Deus e que, de fato, “Deus é amor”. Em 1 João 4:16, ele afirmou: “Assim conhecemos o amor que Deus tem por nós e confiamos nesse amor. Deus é amor. Todo aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele”. Ao longo das Escrituras, o amor de Deus por Suas criaturas aparece repetidas vezes. Uma das passagens mais conhecidas é João 3:16, que declara: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
Infelizmente, muitas pessoas parecem pensar que uma pessoa amorosa é aquela que sempre tenta manter os outros fora de cada dor ou desconforto. O castigo é muitas vezes considerado como um “não amor”. Mas esse não é o caso. Na verdade, uma pessoa amorosa às vezes vai causar dor aos outros para conseguir um bem maior. Por exemplo, suponha que uma mãe deixe sua filha colocar o secador de cabelo na água do banho da sua irmãzinha, mas não a pune. Isso é certo? Não, o correto seria punir. Esta mãe ama sua filha, e por isso deve castigá-la. De fato, a Bíblia afirma que um pai que não disciplina seu filho não o ama (Provérbios 13:24; 22:15; 23:13-14; 29:15).
Deus é Justo
Deus não é apenas Amor. Ele é também Justiça. O salmo 89:14 afirma que “retidão e justiça” são os fundamentos do trono de Deus. Deuteronômio 32:3-4 declara: “Proclamarei o nome do Senhor. Louvem a grandeza do nosso Deus! Ele é a Rocha, as suas obras são perfeitas, e todos os seus caminhos são justos. É Deus fiel, que não comete erros; justo e reto ele é”.
A justiça é o princípio de que o crime deve ser punido. Suponha que um determinado juiz deixe um assassino ir embora do tribunal sem qualquer punição, dizendo algo como: “Estou me sentindo muito amável e generoso hoje, então você está livre para ir embora sem castigo”. O juiz, obviamente, não estaria administrando a justiça, e ele deveria ser imediatamente retirado de sua posição. Da mesma forma, se Deus não punisse as ações pecaminosas que os humanos cometem, a justiça não poderia ser o fundamento do Seu trono.
Portanto, a justiça exige que algum tipo de punição seja aplicada àqueles que cometem crimes, e uma pessoa amorosa pode punir aqueles que ama. Mas o problema ainda permanece que o castigo eterno parece, para alguns, tão severo e permanente que não pode vir de um Deus amoroso.
Existe, no entanto, ainda outro princípio de justiça que precisa de atenção neste momento: A punição quase sempre dura mais do que o crime real. Quando um atirador entra em um banco, dispara em caixas, faz reféns, rouba e é capturado pela polícia, sua punição tem uma duração muito maior do que o crime cometido. Toda a ação poderia ter levado apenas uns dez minutos, mas ele provavelmente pagará esses dez minutos ficando anos na prisão. Uma vez que uma pessoa admite que o castigo pode durar (e geralmente dura) mais do que o crime, seu argumento contra um inferno eterno se torna autodestrutivo.
Mas então os aniquilacionistas contestam que “para sempre” é “muito tempo”. Mas quem disse que para sempre é muito tempo? Vinte anos seriam muito tempo para punir um pedófilo? E cerca de cem anos? Torna-se óbvio que as definições de “muito tempo” são subjetivamente feitas por aqueles que querem rejeitar o inferno claramente eterno apresentado na Bíblia.
Na verdade, a única pergunta a ser respondida é: Quem está na melhor posição para determinar quanto tempo deve durar o castigo? Não seria um juiz justo que conhecesse todos os detalhes do crime, incluindo os pensamentos e intenções do criminoso? Deus é exatamente esse juiz. Ele não é motivado pelo egoísmo, pela ganância ou outro vício, mas fica num trono de justiça (Salmo 89:14). Além disso, Ele conhece todos os fatos do caso (Provérbios 15:3) e os segredos do coração (Salmo 44:21). Somente Deus está em posição de determinar por quanto tempo o pecado deve ser punido.
Ou será que uma pessoa culpada de pecado (todos pecam – 1 João 1:10) está em melhor posição para determinar por quanto tempo o pecador deve ser punido do que um Deus perfeito que nunca pecou (Hebreus 4:15; 1 Pedro 1:19; 2:22; 1 João 1:5; 3:5)? É claro que não.
Ademais, é importante perceber que a inexistência não é exatamente uma punição. Muitas pessoas desejam deixar de existir ou nunca ter nascido ou pensam em cometer suicídio quando estão em uma situação caótica ou desesperadora. A aniquilação não seria um castigo, mas sim um livramento de toda penalidade.
Os aniquilacionistas respondem a esse argumento dizendo que isso é sim uma punição considerando que as pessoas aniquiladas serão privadas do gozo eterno da companhia do Criador no Paraíso. Mas uma punição que não se sente porque não se existe mais não pode ser considerada uma punição.
Outrossim, quem argumentaria que o Paraíso não pode ser eterno porque Deus seria injusto em recompensar eternamente alguém que depositou a sua vida nas mãos de Cristo um minuto antes de morrer? A eternidade do Céu e do inferno se mantêm ou caem juntas. E ambas estão profundamente enraizadas na justiça e na misericórdia de Deus.
Quando Jesus falou às pessoas de Seus dias sobre o destino final da humanidade na eternidade, afirmou que os injustos iriam “para o castigo eterno (gr. aionios)”, mas os justos para a “vida eterna (gr. aionios)” (Mateus 25:46). A palavra grega aqui é a mesma nos dois casos: aionios. Observe que precisamente a mesma palavra é aplicada tanto ao castigo dos injustos quanto à recompensa dos justos. Aqueles que estão dispostos a aceitar os ensinamentos de Cristo sobre o Paraíso não devem ter qualquer problema em aceitar Seus ensinamentos sobre o inferno.
Conclusão
Aqueles que argumentam que um Deus amoroso não pode punir os pecadores impenitentes por toda a eternidade simplesmente não entendem a gravidade do pecado. O que poderia ser tão ruim que mereceria uma eternidade de punição? A resposta de Deus para isso é o pecado imperdoável de rejeitar o sacrifício eterno de Jesus Cristo.
A Bíblia diz que aquele que “pisou aos pés o Filho de Deus, que profanou o sangue da aliança pelo qual ele foi santificado, e insultou o Espírito da graça” merece um castigo mais severo que aquele que rejeitava a lei de Moisés (Hebreus 10:28-29). Aliás, o contexto dessas palavras do autor de Hebreus é justamente o de castigo com o fogo do inferno (v. 27).
Deus absolutamente não quer que os ímpios sejam punidos por toda a eternidade no inferno. A Escritura diz: “O Senhor… não quer que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento” (2 Pedro 3:9). Paulo escreveu que Deus “deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Timóteo 2:4). O profeta Ezequiel registrou as palavras de Deus sobre os ímpios: “Teria eu algum prazer na morte do ímpio?, palavra do Soberano Senhor. Pelo contrário, acaso não me agrada vê-lo desviar-se dos seus caminhos e viver?… Pois não me agrada a morte de ninguém; palavra do Soberano Senhor. Arrependam-se e vivam!” (Ezequiel 18:23, 32). Isaías disse: “Que o ímpio abandone seu caminho, e o homem mau, os seus pensamentos. Volte-se ele para o Senhor, que terá misericórdia dele; volte-se para o nosso Deus, pois ele perdoará de bom grado” (Isaías 55:7). Mas a Sua justiça exige que Ele os puna. Deus não tirará o livre arbítrio dos humanos para obrigará-los a aceitar o Seu presente gratuito de salvação (cf. 2 Tessalonicenses 1:8). No fim das contas, então, não é Deus quem envia os ímpios para o inferno. Eles próprios escolhem esse destino eterno ao rejeitar o sacrifício de Cristo em seu favor.
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