Jesus Cristo é um plágio de Mithras?
Mithras (não deve ser confundido com Mitra – um anjo guerreiro da antiga Pérsia) era a divindade maior do Mithraísmo. As mais antigas evidências relacionadas a ele são encontradas somente em relevos artísticos – os textos originais a respeito do Mithraísmo há muito tempo se perderam, deixando para trás somente fragmentos. Para esta discussão, vamos nos focar no Mithraísmo romano, já que é este Mithraísmo que os críticos clamam ser a inspiração para Jesus (apesar desta alegação ser facilmente erradicada mostrando que a maioria dos textos contendo as alegadas conexões são posteriores aos textos cristãos). Além do mais, o Mithraísmo romano surgiu séculos depois da existência das profecias messiânicas hebraicas.
Nota: A autoridade original no Mithraísmo era Franz Cumont, que acreditou que o Mitra da antiga Pérsia e o Mithras do Mithraísmo eram um e o mesmo. A maior parte de sua pesquisa foi compilada no século XIX e, por causa dele ser o primeiro estudioso conhecido a explorar a religião morta do Mithraísmo, sua pesquisa continuou indisputada por um bom tempo. Se você analisar as publicações até o começo do século XX, poderá ver que as descobertas de Cumont foram aceitas sem debate. Foi somente depois das investigações recentes de diferentes historiadores e arqueólogos que muitas das teorias de Cumont foram refutadas.
NASCIMENTO EM UMA CAVERNA:
Não há menção de Jesus nascendo em uma caverna em lugar algum nas Escrituras canônicas. Quanto a Mithras, ele também não nasceu em uma caverna, mas de uma rocha sólida.
NASCIMENTO EM DEZEMBRO:
O nascimento de Mithras foi celebrado no dia 25 de dezembro, juntamente com o solstício de inverno. Mas sobre o nascimento de Jesus não há nada na Bíblia que mencionam esta data como sendo o Seu aniversário. O que sabemos é que Jesus nasceu na festa dos Tabernáculos, a qual acontecia a cada ano, no final do 7º mês (Iterem) do calendário judaico, que corresponde ao mês de setembro ou outubro do nosso calendário.
ASSISTIDO POR PASTORES:
O mais antigo relato do nascimento de Mithras é encontrado em um relevo mostrando-o emergindo de uma rocha com a ajuda de homens que certamente pareciam ser pastores (o que é interessante considerando que se supunha que seu nascimento deveria preceder a criação dos humanos!). Mas este pequeno detalhe foi adicionado depois, aparentemente por aqueles que não notaram a contradição. Além do mais, este relevo é datado do quarto século d.C.!
NASCIMENTO VIRGINAL:
Não há menção de nascimento virginal no Mithraísmo. Os mais antigos relevos mostram um Mithras adulto emergindo de uma rocha.
DOZE DISCÍPULOS:
Mithras não teve doze discípulos, mas podemos relacionar uma similaridade forçada a esta alegação. Em alguns relevos, Mithras é cercado por doze signos do zodíaco. Dizer que Mithras teve doze discípulos porque há doze signos do zodíaco é a conexão que críticos tentam fazer. Eles simplesmente veem doze seres e clamam que as figuras eram discípulos. Alguns vão tão longe a ponto de defender sua posição por imitar a teoria de Franz Cumont, dizendo que as figuras eram, na verdade, os doze discípulos de Mithras vestidos com fantasias de zodíaco! Como eles fazem estas conexões é desconhecido, já que não há inscrições acompanhando os relevos originais.
GRANDE PROFESSOR:
Não há nenhuma menção em qualquer texto ou relevo mostrando Mithras sendo um mestre viajante.
REMISSÃO DE PECADOS:
Não há menção de Mithras remindo pecados em nenhum registro. Mithras sacrifica um touro sagrado para criar vida mas não há nenhuma referência à remissão de pecados, a remissão de pecados através do sangue, ou Mithras remindo pecados. Alguns tentam fundir o touro com Mithras em um ser, mas este conceito é rejeitado unanimemente pelos estudiosos de Mithras.
ÚLTIMA CEIA:
Há dois relevos que mostram Mithras celebrando um banquete. O primeiro relevo mostra Mithras e Hélios jantando juntos depois do sacrifício do touro. O outro mostra Mithras jantando com o sol antes de ascender ao paraíso com os outros deuses. Mas por alguma razão o conto se torna distorcido com Mithras dizendo a seus (imaginários) discípulos, “Aquele que não comer meu corpo ou beber meu sangue de forma que ele possa ser um comigo e eu com ele, não será salvo.” Esta citação foi adicionada séculos depois durante a idade média e nem mesmo é atribuída a Mithras!
CRUCIFICAÇÃO:
Apesar de críticos clamarem que Mithras foi crucificado, não há menção disso nos relevos ou textos. De fato, nenhuma morte é associada a Mithras, muito menos crucificação. Somos informados que ele completou sua missão terrestre e então foi levado ao paraíso em uma carruagem – vivo e bem.
DOMINGO COMO DIA SAGRADO:
Isto parece ser correto, pelo menos para o Mithraísmo romano. Mas considerando que quase toda religião usava Sábado ou Domingo como dia sagrado, havia uma chance de 50% deles acertarem o alvo – ou pelo menos uma chance de 1/7 para o número de dias em uma semana. Cristãos selecionaram o Domingo como seu dia sagrado somente porque era o dia da ressurreição de Cristo.
TÍTULOS SIMILARES:
Há títulos que são frequentemente atribuídos a Mithras, mas provadamente incorretos:
- Salvador, Redentor, Messias. Mithras nunca é referido como qualquer um destes. Como poderia, já que ele nunca serviu a este propósito?
- Cordeiro de Deus, Bom Pastor. Céticos tentam usar a representação de Mithras segurando o touro sagrado sobre seus ombros como evidência, mas isto é um absurdo, já que o touro foi morto! Além do mais, o Velho Testamento referencia cordeiros e pastores muito antes do Mithraísmo ter surgido.
- Filho de Deus. Uma vez que Mithras era filho de Ahura Mazda, ele não poderia ser filho de Deus.
- O Caminho da Verdade e Luz, Luz do Mundo. Apesar dos nomes não serem exatamente iguais há um anjo guerreiro e luz, mas estes são associados com o Mithras iraniano – não o Mithras romano do Mithraísmo.
- Leão. Há uma associação ao leão celestial, referindo-se ao signo de Leão. Mas como a referência dos cordeiros, o Velho Testamento menciona o Leão de Judá muito tempo antes do Mithraísmo sequer existir.
- A Palavra Viva. Mithras é algumas vezes chamado de logos, que significa palavra, mas nunca como a palavra viva.
- Mediador. Mithras era o mediador entre bem e mal, enquanto que Jesus é o mediador entre Deus e os homens (1 Timóteo 2:5).
COMPARAÇÕES TEOLÓGICAS:
- Mithraísmo tinha um forte senso de comunidade entre seus membros (mas somente homens eram permitidos como membros);
- Mithraísmo ensinou a imortalidade da alma humana (da mesma forma o Judaísmo, que precedeu o Mithraísmo);
- Mithraísmo punha ênfase em viver uma vida ética e moral (da mesma forma o Judaísmo, que precedeu o Mithraísmo);
- Mithraísmo cria no conceito de bem versus mal (da mesma forma o Judaísmo, que precedeu o Mithraísmo);
- Mithraísmo ensinou que toda a vida brotou de deus(es) (da mesma forma o Judaísmo, que precedeu o Mithraísmo);
- Mithras fez vários atos miraculosos;
- Mithraísmo ensinou a destruição final da terra.
SIMILARIDADES ERRÔNEAS:
As seguintes similaridades gerais não existem nem nos antigos relevos de Mithras ou em qualquer versão dos textos sobreviventes:
1. Mithras iniciou seu ministério à idade de 30 anos (nenhuma referência a qualquer idade é mencionada);
2. Mithras foi enterrado em uma tumba (provavelmente vivo, já que não há nada relatando a sua morte; pelo contrário, é dito que ele nunca morreu, mas que simplesmente subiu aos céus vivo e bem). A única referência a isto era que todo ano durante o solstício de inverno, ele era supostamente renascido de uma rocha (mas esta lenda foi adicionada depois);
3. Uma Santa Trindade (Mesmo com toda sorte de novos deuses se tornando associados com o Mithraísmo com o passar do tempo, não há menção de quaisquer deuses formando uma específica trindade).
CONCLUSÃO:
As alegadas similaridades entre Jesus e Mithras não existem ou são muito superficiais, completamente fabricadas ou forçadas para fazer uma igualdade.
Referências:
Cristianismo e Mitraísmo. Uma apologia, por Dr. Norman Geisler – Enciclopédia de Apologética, Norman Geisler, Ed. Vida.
Entrevista com o Dr. Chris Forbes, professor Sênior do Departamento de História Antiga da Universidade de Macquarie em Sidney, Austrália, especialista em história da religião. (Assista a entrevista AQUI.)
Programa “Evidências – Seria Jesus um Plágio?”, apresentado pelo Dr. Rodrigo Silva, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Faculdade de Teologia N.S. Assunção (SP), Pós-doutor em Arqueologia Bíblica pela Andrews University (EUA). (Assista AQUI.)
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