G12 - DE ESCRIVÁ A CASTELLANOS.
O G12 EVANGÉLICO.
O QUE É.
Preliminarmente, afirmamos que se
trata de um movimento paraeclesiástico interdenominacional de pretensos
propósitos evangelistas e avivalistas, de natureza carismática, procedente do
carismatismo neopentecostal, de alegados objetivos missiológicos, de
estruturação e consolidação da família cristã. Fundamenta-se num sistema
organizacional abrangente. Recolhe
"participantes" de todas as denominações, especialmente das
carismáticas. Os "recolhidos" na secretíssima "sala das
meditações", na verdade, tornam-se, "depois de trabalhados
emocionalmente", afeiçoados "conscientes" e permanentes dos
ENCONTROS.
Todo movimento interdenominacional é
teologicamente indefinido e ideologicamente direcionado. Não há movimento sem
objetivo determinado. O G12, embora se apresente com o rótulo
interdenominacional, tem seu padrão
doutrinário claramente estabelecido, moldado na forma da última onda do neopentecostalismo,
como veremos posteriormente.
O QUE PRETENDE.
Como movimento paraeclesial, monta-se,
inicialmente, no corço da indefinição para:
a - Angariar a simpatia dos membros
das igrejas estabelecidas e institucionalizadas. Até que estas se despertem e
alertem seus membros, os seus agregados apaixonados e fanáticos já serão
numerosos, suficientemente fortes para dividirem suas comunidades de origem em
favor do "verdadeiro cristianismo" que "descobriram".
b - Colocar e manter no frontispício
de seu templo ideológico, enquanto lhe convier e lhe for útil, os temas mais
evidentes da Igreja: Família, evangelização e santificação.
c - Tentar estabelecer, pela presença
de seus "encontrantes" no interior de cada denominação, a diferença "qualitativa",
em termos carismáticos, entre os seus
membros normais e os "melhorados" pelo G12.
d - Impedir, pelo maior tempo
possível, por meio do maçônico recurso do "sigilo", a exteriorização
de suas doutrinas e objetivos, dificultando a pesquisa de seu corpo ideológico,
a análise independente de sua filosofia e a crítica honesta de sua
confessionalidade . Não é justo, e até antiético, recolher membros das igrejas
para atividades religiosas paralelas secretas, às escondidas. E não venham
dizer que mantêm apenas "sigilo de atividades", pois o "sigilo
de conteúdo" é o mais cuidadosamente preservado: nada de apostila distribuída e nada de
gravação e filmagem por qualquer participante.
A Igreja, corpo visível de Cristo, tem de saber onde estão, o que fazem
e o que aprendem os seus membros.
e - Deslocar a obediência e a
fidelidade devidas a Cristo para os líderes do G12 e para aqueles pastores que
"rezam pela sua cartilha.
f -
Sustentar e divulgar as heresias do prosperismo e da "fé
positiva."
DE ONDE VEIO?
O G12 Evangélico, quanto ao
sistema, à metodologia operacional e ao psicologismo, teve como antecessor o
G12 de Escrivá, herdeiro do romanismo de Torquemada. Podem alegar mera
coincidência, mas é inegável a procedência jesuítica da sigla, do sistema e dos
métodos. No mínimo, há uso indevido do nome e do esquema programático. Foi,
realmente, o Padre espanhol Josemaria Escrivá de Balanguer y Albas
o criador do G12, em 02 de outubro de 1928, organização por ele mesmo
designada de "Opus Dei" – Obra de Deus. Havia, na pré-organização,
treze clérigos, todos com votos declarados e sacramentados pelo romanismo, de
obediência, castidade e pobreza. Um deles, porém, renegou os referidos votos,
contraindo matrimônio. Com os doze (12) comparsas fiéis e submissos, formou e
estruturou o G12, que o comparava, ousadamente,
com Cristo e seus apóstolos, em que ocupava o lugar do Filho de Deus. A
finalidade era recrutar leigos proeminentes dos vários setores sociais e, nos
pré-encontros, trabalhar neles a "filosofia do sigilo", a mais
poderosa arma do jesuitismo, até ter a certeza da "fidelidade
absoluta". Os recrutados, sendo pessoas do mundo leigo, poderiam perguntar
sobre que tipo de segredo havia no Encontro. A resposta orientada ou induzida
deveria ser: não há segredo nenhum. Mantemos sigilo apenas para provocar a
curiosidade. A principal recomendação
dos recrutadores era: quanto mais despertarem a curiosidade a respeito da Opus
Dei, mais divulgarão sua obra. Com o interesse de ajudar a propagação e o
crescimento do G12, mantendo sigilo, os leigos estariam "matando dois
coelhos com uma paulada só": divulgando a Opus Dei e não revelando a sua
nefasta "obra secreta". As manifestações externas mais divulgadas e
difundidas, filhas prediletas do G12 da
Opus Dei de Escrivá, foram e são "Os cursilhos da Cristandade",
especialmente os que "trabalhavam" os casais, retirados de seus
filhos e demais parentes e levados para lugares por eles completamente
ignorados. A quebra de vínculos familiares implicava o rompimento das raízes
tribais e o conseqüente comprometimento com o clero engajado na Opus Dei, a
quem deveriam devotar irrestrito amor, respeito, obediência e submissão. O
primeiro cursilho, organizado em sua própria casa, recebeu a sigla ou senha:
DyA que, para os não iniciados do mundo externo, deveria significar
"Direito e Arquitetura", mas, para os iniciados, os cursilhistas, o
significado era: "Deus e Audácia".
A Opus Dei, filha do G12, dominou a
política espanhola por muitos e tenebrosos anos, sendo, inclusive, uma das mãos
políticas do ditador, Generalíssimo Franco.
Via Colômbia. Da Europa Latina a
Opus Dei passou à América Latina,
aportando-se na fragilíssima e, por isso mesmo, catolicíssima Colômbia, onde
encontrou campo fértil. Dominou todo clero e penetrou fundo no mundo leigo. Da
terra dos bionarcóticos espalhou-se para os demais países sul-americanos, encontrando no Brasil os
braços abertos de um romanismo amancebado com a política, o animismo nativo, as
superstições lusitanas e a iconolatria
dos cultos africanos. Em nossa pátria, mais do romanismo que nossa, por meio de
tão amplas, ecléticas e influentes parcerias, a Opus Dei, pelos seus tentáculos
externos, Os Cursilhos da Cristandade", o G12 em operação, cooptou para o
seu hermético redil o "melhor"
de nossa sociedade: a elite do comércio, da indústria, da política e da
intelectualidade.
Na mesma Colômbia, ninho migratório
da Opus Dei, nasceu o "G12 "Evangélico", um casamento misto do
método Cursilhista do padre Escrivá com a mística da "Igreja em
Células" do avivalismo protestante Sul-coreano de Paul Yongii Cho.
Concebeu-o o carismático neopentecostal César Castellanos Dominguez que, à
semelhança do genitor da Opus Dei, codificou sua "descoberta espiritual"
num livro: Sonha e Ganharás o Mundo.
O CRISTO DA OPUS DEI
A Opus Dei, o G12 de Escrivá,
surgiu numa época em que o romanismo espanhol e mundial precisava ressuscitar
Loyola, pois o cristocentrismo protestante firmava-se e predominava nas sociedades
emergentes do industrialismo e da tecnologia, enquanto o mariocentrismo
vaticanista, que sempre contou com a proteção e o apoio dos cofres, da espada e
da coroa, perdia fôlego e recuava para
os domínios ditatoriais de cultura Ítalo-latina. Necessário se tornava ao
catolicismo, moral e religiosamente decadente, reassumir seu poder hegemônico.
Um dos meios seria a rotulação, isto é, usar no rótulo de sua liturgia e de sua
catequese o cristocentrismo protestante, mantendo, porém, intacto, e ainda fortalecido,
o mariocentrismo, especialmente no coração das massas pobres e incultas. Na
mente dos ricos socializados e dos intelectuais imprimir-se-ia um Cristo
vulgar, sem realeza, imerecedor de reverência. Das entranhas do cursilhismo
emergiram tratamentos desrespeitosos a Jesus Cristo que, imediatamente, caíram
na boca da juventude cursilhizada e dela passaram para os arraiais evangélicos
dominados pelo misticismo e doutrinados nos acampamentos paraeclesiais. Uma das
exigências do cursilho era a de que todos os participantes se igualassem e se
tratassem pelo pronome "você". Considerando que Cristo estava no meio
deles, sendo um "irmão" entre irmãos, em tudo igualado a eles,
deveria ser também tratado por "você" com toda a intimidade existente
entre parceiros e amigos. Sobre essa questão assim se pronuncia Anibal Pereira
dos Reis em seu livro "Os Cursilhos de Cristandade por Dentro", pág.
77, Ed. De 1973: "No tríduo cursilhista todos se tratam por você. Explicam
os dirigentes: "Somos todos iguais; aqui inexistem os desnivelamentos. A
Cristo também se trata de você, porque ele é nosso irmão". Só aos padres
se chama de Senhor. E ao bispo, excelência". Ao padre e ao bispo,
tratamento respeitoso. A todo clero, reverência e respeito. A Cristo, não; e isso
de propósito, para manter a "suprema autoridade" dos sacerdotes à
custa da de Jesus Cristo, o verdadeiro Rei, merecedor do mais profundo respeito
por parte de seus servos(douloi). Mas o Dr. Aníbal continua: "Dizia um
clérigo naquele 26º Cursilho: "Jesus virou sabor limão para ser mais
facilmente consumido, mesmo fora das igrejas". Com a imagem do "Cristo vulgar na
cabeça, os cursilhistas passaram a dirigir-se a ele de maneira desrespeitosa:
Meu chapa, o JC; Amigão; Deusinho nosso. Nas orações usavam frases como:
"Tô na tua"; "Eu te curto"; "Entra na minha";
"Tu és um cara legal"; "Um chapa super-pra-frente";
"Gente papo firme"; "Estou na tua, mora". Roberto Carlos e
Antônio Marcos, engajados numa elite cursilhizada, lançam, respectivamente,
"Jesus Cristo" e o "Homem de Nazaré"("Oração) em
linguagem "intimista". Foi da garganta da Opus Dei, viciada na
filosofia jesuítica de que "os meios justificam os fins", que saíram
os primeiros "slogans" de popularização do venerando Filho de Deus:
"Eu amo Jesus"; "Jesus te ama"; "Sorria, Jesus o
ama". Mas o Jesus da Opus Dei, tratado irreverentemente, não é o venerável
Rei dos reis, o soberano Senhor, mas
"o bom camarada" comunizado, parceiro compromissado de todos
os "revolucionários sociais
carnalizados a serviço de uma religião preocupada muito mais com a adesão que
com a santificação. A Opus Dei pelos cursilhos criou a Jesusmania, mas com a
"cautela" de preservar a "dignidade" de "Sua
Santidade, o Papa" e a intocabilidade da reverência a Maria. Foi uma
platéia cursilhizada que, por ocasião da primeira visita de João Paulo II ao
Brasil, numa cidade do Sul, aclamou-o seu Cristo: "É isto, é isto, é isto:
o Papa é nosso Cristo!". Enquanto se induzia o povo a chamar o Papa de
Cristo, levavam-se os cursilhizados a apelidar o Rei dos reis de
"chapa", de "chefão".
A liturgia dos cursilhos era a mais
lúdica, a mais hilárica e a mais descontraída possível para que a
"religião" se tornasse um prazer e a submissão ao clero uma
satisfação. Enquanto isso, o sigilo mantinha a intocabilidade do ensino e a
emoção não permitia a clara racionalidade dos participantes. A crítica,
portanto, filha da democracia, ficava eliminada. O sigilo serve também, quando
conveniente, tanto ao G12 de Escrivá quanto ao de Castellanos, para manter a clandestinidade.
O Cristo do G12 evangélico é também
popular e esvaziado de poder regenerador, gerenciador de seu rebanho e
perdoador; um Salvador conforme o modelo arminiano, que salva os
"esforçados", os que "buscam" a salvação, os que lutam para
"merecê-la"; jamais o Cristo da graça, o soberano Redentor. O
cursilhizado no G12 evangélico torna-se um "supercrente", capaz de
"decidir" o seu destino espiritual e "exigir" de Deus as
bênçãos às quais faz jus por "santidade" e por sua
"herança" filial. Voltaremos,
posteriormente, ao assunto. A semelhança é inegável.
CRISTICISMO DE ESCRIVÁ.
Em 1934, Escrivá fez publicar um
manual ético e programático de sua Opus Dei com o título "Considerações
Espirituais". As reedições posteriores, a partir de 1939, saíram com o
nome de "Caminho", redigido em forma de máximas, mais de cunho moral
que doutrinário. Nessa obra fica clara a intenção do autor de popularizar e
vulgarizar o nome de Jesus, preservando, porém, o de Maria e o do clero: esses
devem ser reverenciados, não usados frívola, irrefletida e levianamente. Cair
no lugar comum, sabia Escrivá, é perder o direito à devida honra, à tributação
da reverência, à genuflexão pia e respeitosa; o que podia acontecer com o
Messias, mas não com a "Virgem Santíssima" e com o "sacerdócio
eminentíssimo" da Santa Sé. Ele mantém um cristicismo de aparência para
encobrir o marianismo de fato. Além do mais, o Caminho é repetitivo nas
ordenanças do sigilo e da submissão às autoridades clericais. Eis alguns
artigos, para efeito ilustrativo, da referida obra:
Artigo 2: "Oxalá fossem tais teu aprumo e tua
conversão, que todos pudessem dizer quando te vissem ou te ouvissem falar:
"Este lê a vida de Jesus Cristo".
Cristo aqui é visto mais como o
"camarada" que deve ser imitado que como o Verbo de Deus que precisa
ser ouvido. Conversão, no texto, é sinônimo de imitação.
Artigo 25: "Não discutais. Da discussão não
costuma sair a luz, porque é apagada pela paixão".
Para o senhor Escrivá, a luz
penetra apenas nos passivos, nos docilmente receptivos. Esses são os tipos
ideais de seus cursilhistas; e os que não são, tornar-se-ão por lavagem
cerebral nas terapias grupais induzidas e conduzidas.
Artigo 30: És calculista. Não me
diga que és jovem. A juventude dá tudo quanto pode; dá-se a si mesma sem
medida".
No conceito casuístico do clero
cursilhista, jovem é o que se entrega sem medida, o que se deixa levar; e como
o levam! Vejam, pelos artigos transcritos
abaixo, como o G12 jesuítico recrimina e repele a pesquisa, a perquirição, a
liberdade de questionar e criticar:
Artigo 48: "Pouco rijo é o teu
caráter; que mania de te meteres em tudo! – Obstinaste-te em ser sal de todos
os pratos... e – não te zangues se te falo claramente – tens pouca graça para
sal; não te atrevas e desfazer-te e a passar inadivertido à vista, como esse
condimento. Falta-te espírito de sacrifício. E sobeja-te espírito de
curiosidade e de exibição".
Artigo 49: Cala-te. Não sejas
" meninão", caricatura de criança, bisbilhoteiro, intriguista,
linguarudo. Com tuas histórias e mexericos esfriaste a caridade – má língua- os
muros fortes da perseverança de outros, a tua perseverança deixa de ser graça
de Deus, porque é instrumento traiçoeiro do inimigo".
Artigo 50: "És curioso e
bisbilhoteiro, metediço e enxerido. Não tens vergonha de ser, até nos defeitos,
tão pouco masculino? Sê homem. – E esses desejos de saber da vida dos outros,
troca-os por desejos e realidades de conhecimento próprio".
Artigo 53: "Esse espírito
crítico( concedo-te que não é murmuração), não o deves exercitar no teu
apostolado, nem com teus irmãos. – Esse espírito crítico é, para o vosso
empreendimento sobrenatural( me perdoas que o diga?) um grande estorvo, porque,
enquanto examinas – embora com elevada finalidade – o trabalho dos outros, sem
teres nada que examinar, não fazes nenhuma obra positiva, e entravas, com teu
exemplo de passividade, o bom andamento de todos".
"Que quer dizer que...
"-perguntas inquieto" " – ...esse espírito crítico, que é como
que a substância do meu caráter?...".
Olha, vou te tranqüilizar: pega uma
caneta, anota ao superior, e não penses mais nada. – Ele, que é quem vos dirige
e tem graça de estado, arquivará a nota... ou a jogará no cesto de papéis. –
Para ti, como o teu espírito crítico não é murmuração, e só o exercitar para fins elevados, tanto faz."
O G12 romano trata o pesquisador
dos fatos emergentes, o indagador das realidades sociais e o garimpeiro das
verdades doutrinárias de mexeriqueiro, bisbilhoteiro, intriguista, metediço,
enxerido e linguarudo. Nada de indagação, nada de curiosidade. O cursilhista é
condicionado à passividade, a tornar-se como um cadáver nas mãos dos superiores
eclesiásticos. Assim, fecham-se as bocas e abrem-se os ouvidos; anula-se a
mente e dilata-se a memória; esvazia-se a cabeça de todas as interrogações e
enche-a de afirmações dogmáticas "indiscutíveis" e "inquestionáveis";
e então o "gedozista" sai do "tríduo" remodelado, verdadeira "caricatura" de crente, imagem e
semelhança de seus modelos, mas fanaticamente convicto de ter tido real
"encontro com Cristo".
Sigilo, arma da Opus Dei e alma do
Cursilho. Todo o empenho de eliminar o "espírito crítico" do
cursilhando visa criar nele as condições mentais e psíquicas à submissão
"consciente" aos seus
"guias espirituais" e predispo-lo à aceitação dos ensinos e
ordenanças constantes do esquema programático do tríduo de Escrivá. Atentem bem
para o Artigo 58(1): "Olha, meu filho. Sê um pouco menos ingênuo(ainda que
sejas muito criança, e mesmo por o seres diante de Deus) e não "ponhas na
berlinda, diante de estranhos, os teus irmãos." Pegar os negativos dos cursilhantes e dos
cursilhados, revelá-los e expô-los ao juízo público, colocá-los na
"berlinda" para que não atuem na clandestinidade ou sob disfarce é,
na opinião do pai da Opus Dei, "ingenuidade", "meninice".
Para ele, maturidade é a capacidade de ocultar-se e ocultar intenções e
propósitos, ou seja, ser hipócrita.
Quanto mais secreto o Cursilho, mais livremente atuante, menos oposição dos
contrários. Não se opõe ao que se desconhece.
O G12 EVANGÉLICO.
O G12 evangélico é herdeiro de dois
líderes religiosos opostos entre si, mas ambos com metodologias catequéticas
bem sucedidas: o padre espanhol, Escrivá, de que já falamos, e o pastor
sul-coreano Paul Yonggi Cho da "Igreja do Evangelho Pleno",
convertida em "Igreja em Células," por ele criada e
internacionalizada. Josemaria Escrivá e Yonggi Cho "descobriram" que
"grupos" familiares eram o melhor modelo para consolidar-se a Igreja
e expandi-la solida e rapidamente. As células planejadas e executadas por Cho
constituíam-se de dez fiéis, reunidas em grupos de cinco. Cada célula era comandada por um líder celular. O conjunto de
cinco ficava sob o comando de um supervisor. Castellanos começou trabalhando
com o "projeto de Cho" em 1983, implantado em seu
"ministério", a "Missão Carismática Internacional." O
modelo Cho não funcionou como esperava Castellanos. Então, inspirando-se,
certamente, no modelo de Escrivá,
implantou o G12, aproximadamente em 1991/92. O crescimento foi rápido,
ultrapassando, em tempo recorde, as
fronteiras da conturbada Colômbia.
Do modelo Cho, Castellanos retirou a "célula", embasada na
família e liderada por um líder
subordinado ao supervisor e ao chefe
geral.
Do modelo Escrivá, o G12 romano,
aproveitou:
a - O sigilo rigoroso de programação e
de conteúdo.
b - A concentração de atividades, para
não permitir reflexão ou desvio de atenção, isto é, fuga mental do
"esquematizado" no hermético Encontro.
c - O psicologismo pelo qual se faz a
"conquista" do encontrista ou, em outras palavras, sua lavagem
cerebral.
d - A triagem e o preparo da clientela
pelos pré-encontros.
e - A implantação da idéia de que nada
existe melhor que o
"Encontro": a Igreja não é capaz de, pelas atividades comunitárias,
fazer igual. Tal idéia é "plantada" no encontrista e, por meio dele,
implantada na Igreja institucional de que "fazia" parte. Depois de
catequizado no G12 de Castellanos, o "gedozista" passa a renegar a
Igreja comunitária tradicional como ineficiente, desatualizada, apática e
descompromissada com a evangelização. Uma vez gedozista, gedozista sempre.
As semelhanças (ou heranças) vão além: O G12 evangélico de
Castellanos, exatamente como o G12 romano de Escrivá e o modelo celular de
agrupamento de Cho, fundamenta seu "sistema" bem sucedido em três
pilares:
1 - O paraeclesiasticismo: retirada
dos membros de suas comunidades para que, no "aprisco" do G12, sejam
"redoutrinadas" e "redirecionadas" ministerialmente. Fica
mais fácil "trabalhar" a cabeça do "gedozista", retirando-o
de sua comunidade em que, durante anos, fixou raízes; separando-o de sua
família na qual tem vínculos afetivos, sociais e religiosos profundos;
afastando-o da liderança pastoral de sua grei pelo qual vinha sendo orientado e
doutrinado efetivamente. É a técnica do leão: espreitar, selecionar a vítima,
isolá-la do grupo e, finalmente, abatê-la. Ao retornarem ao rebanho original,
portando uma "nova" visão de igreja, de santificação e de
evangelismo, duas coisas podem acontecer-lhes: a- revelarem-se desajustados e,
portanto, apáticos e descontentes ou b- tornarem-se "reformistas" e
"proselitistas" em sua denominação. Hoje, os ministérios regentes e
docentes da Igreja devem acautelar-se contra todos os "movimentos"
interdenominacionais, especialmente os que operam nos campos formativos e
informativos. A santidade dos "santos" paraeclesiásticos avalia-se
pelo grau de emotividade e de sentimentalidade, enquanto a do membro
comunitário afere-se pela vivência diuturna, sistemática, testemunhal e
permanente na Igreja, corpo inclusivo de todos os irmãos: solteiros, viúvos e
casados.
2 - O sigilo: O sigilo servia ao G12
católico(Opus Dei) e serve ao "evangélico" para a consecução dos
seguintes objetivos:
a - Provocar a curiosidade e despertar
a vontade de conhecer o "desconhecido". Dizem os
"gedozistas" que não há nada a esconder-se. Se não, a organização, que se diz cristã, já parte da
mentira e do engodo, o que revela
desonestidade injustificável.
b - Ocultar das lideranças eclesiais
os verdadeiros objetivos do "Encontro Tremendo", como o chamam. É
difícil, se não impossível, um estranho ou líder de outra denominação ou movimento fazer suas
ideologias penetrar o corpo de uma igreja bem estabelecida. Possível, no
entanto, lhe será fazê-lo por meio de elementos recrutados,
"preparados" e "condicionados", consciente ou inconscientemente, e
"recolocados" no coração da comunidade como "ministro". É o
procedimento "gedozista".
c - Narcotizar os participantes para
serem apenas ouvintes receptadores das palestras, seminários e estudos, não
questionando, à luz de sua formação doutrinária, as afirmações ouvidas.
d - Não lhes entregar nenhum documento
escrito, gravado ou filmado, para que não caiam nas mãos de
"curiosos" e "contestadores inconvenientes". Tudo fica sob
rigorosa proteção do sigilo.
e -
Manter o "segredo da maçonaria carismática", com seu
"bode" oculto, para "proteção" do sistema e de suas
ideologias. Todo encontrista tem de assinar o seguinte compromisso:
"Eu me comprometo a não mencionar nada do que aconteceu no
Encontro. Terei a responsabilidade de incentivar outros a fazerem o Encontro e
a experimentar como o "Encontro é tremendo"( Manual do Encontro, pág.
99).
Presbíteros e pastores,
acautelem-se contra tudo que, no campo doutrinário e eclesiológico, aparecer com os disfarces do sigilo e do
interdenominacionalismo.
3- O tríduo: A concentração de
intensas informações, palestras, meditações, orações, reflexões individuais e
coletivas, reuniões litúrgicas com muitos cânticos "apropriados",
horários rígidos, monitoramento implacável, momentos de emocionalização,
"surpresas" de ordem conjugal, declarações "inesperadas" de
amor, confissões de pecados, regressões psíquicas, "separações" de
cônjuges para auto-avaliação, isolamentos sociais( tudo em curtíssimo tempo),
contribuem para a irracionalização, por
um lado, e intensíssima emoção, por outro, dando ao participante a sensação de
um "antes" ruim, um "durante" angélico",
indescritível, e um "depois" restaurado, maravilhoso. O tríduo é
apropriado às técnicas de emocionalização; esta leva ao condicionamento, à
submissão passiva; resultando, finalmente, na "lavagem cerebral" ou
"reconversão" do "paciente". Quem cai no "encontro
secreto" pode desencontrar-se, e sem perceber, apassivar-se. O cérebro que
se habitua a somente receber, perde a capacidade de ação e reação. O emocional,
o lúdico, o prazeroso, o apelativo ao imediato, são excelentes
"iscas" para atrair e prender os latinos, "quentes" e
emotivos por natureza e cultura; muitos necessitados
e abandonados por governos ditatoriais e
ruins.
A Igreja dividida em células torna-se
um aglomerado de igrejinhas comunitariamente inconsistentes, doutrinariamente
fragilizadas e facilmente manipuláveis.
A correlação entre o G12 evangélico
e o G12 de Escrivá é mais estreita do que a existente entre o sistema gedozista
do pastor colombiano e a Igreja em células de Yonggi Cho; com um agravante para
o "Encontro Tremendo" de Castellanos: a sua pretensão de enfraquecer
e até liquidar as igrejas
institucionais, que decidem todas as questões internas em grandes assembleias.
O "projeto" G2 firma-se exclusivamente em um líder, que resolve todas
as pendências e toma individualmente quaisquer decisões sem nenhuma consulta
coletiva.
ENCONTRO DE FAMÍLIAS – ESTRATÉGIA.
Família, um dos alvos do
Encontro. O criador e os mantenedores do "gedozismo" sabem que a
manipulação e o controle da sociedade devem começar pela base, a família; e
nessa, pelo binômio central: marido e mulher. O G12 de Escrivá e o de
Castellanos usam os "encontros familiares" como estratégia de
conquista. Tendo em mãos, no conjunto, as mais influentes famílias da Igreja,
sobre a mesma dominarão pela influência,
pelo cisma ou pelo domínio. Desse modo, quer por debilitação quer por
dominação, a instituição eclesial será vítima por suposta "vontade
própria" e até prazerosamente, como o aracnídeo que se deixa devorar pela
fêmea que lhe deu prazer momentâneo.
Embora o casal humano, "imagem
e semelhança de Deus", seja a semente do organismo social, seu ponto de
origem, seu apoio e sua alavanca, e a Igreja não foge à regra, está passando
por inomináveis desafios e crises:
Liberação social, econômica e sexual da mulher; autoridade doméstica
bipolarizada; competição igualitária dos sexos no mercado de trabalho;
independência financeira da esposa; apelo da mídia e da sociedade à sexualidade
feminina, despertando no antigo sexo reprimido a ânsia de prazer orgástico, de
satisfação coital; a exigência de melhor "desempenho" do parceiro em
termos de carícias libidinosas e de relação em si, para que a consorte lhe
compartilhe a efusão gozosa. A realização feminina no ato de amor é tão
propagada e tão intensamente sonhada e
desejada pela maioria das mulheres que, hoje, a quantidade de esposas "mal
amadas" é incalculável. As frágeis, especialmente as não cristãs, trocam
de parceiros freqüentemente, e algumas, depois de velhas, declaram ter
encontrado, finalmente, o prazer nas
"fantasias sexuais" com homens mais jovens e liberalizados. Tudo
isso, mais os choques das individualidades, das idiossincrasias de cada um, da
facilidade, à vista, do divórcio, das dificuldades de geração, criação e
educação de filhos, da fragilidade da Igreja em cuidar adequadamente dos seus
lares constitutivos, geram problemas sem precedentes nos casamentos modernos.
Aí, à margem das igrejas estabelecidas, aparecem as "Pastorais da
Família"; os "Cursos para Cônjuges", os "Encontros de
Casais", especialmente os de "programação secreta" como o G12. O
paraeclesiasticismo, utilizando e manipulando a família em crise, está minando
a Igreja de maneira séria e gravíssima. A carência feminina e a instabilidade
masculina são pontos frágeis, que podem
levar a desajustes conjugais, a desejos contidos, a complexos explícitos ou
ocultos, a frustrações veladas e reprimidas; quadro que expõe o cônjuge à
manipulação psíquica de "líderes" inescrupulosos. Transmutar o
complexo de inferioridade em superioridade, usando recursos promissivos por
vias emocionais e apelativos não é incomum nas "terapias coletivas"
exploradoras da esperança e da credibilidade espiritual dos
"pacientes". Aos derrotados ideal, moral e psicologicamente, aos que
buscaram prazer e encontraram a dor; a esses, a oferta da
"felicidade", da paz, da "conquista" do paraíso celeste é
irresistível. A busca do bem imediato é a ânsia da maioria. Almeja-se a glória, renegando-se a cruz; busca-se o
benefício pessoal, rejeitando-se a renúncia do "ego"; toma-se a
estrada da vida, descartando-se o Calvário de cada dia; procura-se a bênção, fugindo-se
da servidão e do sacrifício implícitos no caminhar cristão. Esse é o
cristianismo prosperista do G12.
Igreja, Encontro de Famílias.
A fraqueza comunitária do romanismo, agravada com o
relaxamento moral, justifica os seus "Cursos para Casais" e suas
"Instruções Pré-matrimoniais". A Igreja protestante, no entanto, é
comunitariamente forte, eticamente consistente e doutrinariamente sólida.
Nossos rapazes e nossas moças, desde o "Rol do Berço", aprendem os
princípios morais estatuídos nas Escrituras: Respeito aos pais; fidelidade ao
cônjuge; indissolubilidade do matrimônio; amor conjugal; respeito ao direito do
outro; sexo somente no casamento; testemunho cristão no lar e no mundo. Nossos
filhos recebem educação religiosa na família e na Igreja. Tansmite-se-lhes,
vivencial e oralmente, o objetivo compartilhamento do casal em todas as
atividades domésticas. Os pais evangélicos procuram viver uma vida moral sadia
diante dos filhos. Aos nossos filhos ensinamos
que: Cristo coabita com seus servos;
Deus dirige a vida de todos os seus redimidos; a moralidade e a espiritualidade
são fundamentais na constituição e perpetuação da família. Alguns, que não nos
conhecem, divulgam que: os rapazes protestantes, em virtude da repressão,
tornam-se inabilitados sexualmente; as moças, também muito reprimidas, casam-se despreparadas e,
em decorrência, são mulheres frustradas e socialmente inibidas. Sobre essas
questões, observemos o seguinte:
a - À luz da nova sexualidade
feminina, especialmente a veiculada pelo feminismo, as nossas ancestrais são
julgadas e, por esse julgamento "a posteriori", classificadas de
sexualmente irrealizadas e infelizes, mas foram elas as protagonistas do
romantismo; as que receberam flores e serenatas; foram exaltadas em prosa e
verso, admiradas por seus maridos; mães de gerações admiráveis e maravilhosas;
modelos de dignidade e honra para os pósteros. E as "felizes" de
hoje, liberadas sexual e socialmente, são, porventura, realizadas? Estão
criando uma geração melhor que as anteriores? Estão realmente satisfeitas
conjugalmente? Satisfazem realmente seus maridos?
b - O sexo é um componente,
importante, é verdade, mas não o único nem o principal na constituição da
unidade conjugal: o companheirismo, o respeito mútuo, o amor recíproco, a
responsabilidade pactual, os compromissos de ambos na criação e educação dos
filhos, são fatores solidificantes absolutamente indispensáveis no
estabelecimento e perpetuidade do casamento. O dever precisa ter prioridade
sobre o prazer.
c - Muitos preletores de "encontros de casais"
falam da união social dos cônjuges a partir da união sexual, colocando o sexo
no centro e como cerne da vida conjugal e moral, revivendo os conceitos de
Freud sobre a centralidade da libido na formação do homem. Para o cristão, no
entanto, o maior e mais profundo dos prazeres, o que deve ser cultivado, é o
espiritual. O sexual, legítimo, quando nos seus limites, praticado segundo a
ordem natural e as normas bíblicas, não há de superar nem eliminar o
espiritual. O ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, compõe-se de
matéria e espírito e, portanto, expressa-se, de maneira equilibrada, com
predominância do espiritual sobre o sensorial, do pneumático sobre o somático.
O sexo é natural, instintivo, compulsivo e impulsivo; não precisa ser ensinado.
Quem o ensinou aos animais? A libido potencial interna sempre aflorou por ação hormonal mediante estímulos externos
de simpatia e sedução, faculdades inatas dos sexos opostos para se atraírem e
coabitarem. Na verdade, os seres animais não se coabitam por racionalidade ou
por prazer, mas por atração irresistível e seletiva, cumprindo a lei biológica
da reprodução e da perpetuação da espécie. O homem fez do sexo fonte de prazer,
instrumento de diversão e meio de renda. Sendo um ato natural, espontâneo,
realização do impulso reprodutivo, quando submetido às habilitações e às
técnicas conubiais eróticas, deprava-se e mais distante fica dos propósitos
originais, estabelecidos pelo Criador na criação e na instituição do casamento.
Os conflitos sexuais modernos são maiores e de conseqüências mais graves que os
atribuídos aos nossos antepassados. O prazer maior de nossas mães era a
maternidade; o prazer maior da mulher moderna é a sexualidade.
O crente, formado em uma comunidade
calvinista, não precisa da doutrinação conjugal, teológica e missionária do
G12: as de sua Igreja são mais consistentes e mais fundamentadas nas Sagradas Escrituras, segundo os
parâmetros reformados. Os ministérios docente e regente devem estar atentos à
penetração, na Igreja, de ideologias incompatíveis com a nossa fé bíblica e reformada.
A Igreja é, por natureza, uma
comunhão de famílias, e deve ser o ambiente adequado e propício ao
"encontro de casais", quer por necessidades didáticas quer por
motivações sociais. Encontro de casais fora do universo familiar da comunidade
eclesial, quando promovido por estranhos à Igreja, merece reservas por parte do
ministério liderante.Diz-nos o adágio popular: "cautela e caldo de galinha
não fazem mal a ninguém." Os modismos paraeclesiais não ajudam o
fortalecimento da Igreja. Lembrem-se da onda de acampamentos
interdenominacionais para a juventude? O mal que causaram às igrejas
estabelecidas, especialmente as reformadas, tolerantes por formação, foi incalculável
e irrecuperável.
OS QUE PRECISAM, NÃO RECEBEM.
O G12 evangélico, à semelhança de
seu predecessor, o G12 católico, coopta nas igrejas, prioritariamente, as mais
influentes famílias, especialmente em termos sociais, morais e aquisitivos, sob
a pressuposição de "santificá-las" por meio da "terapia
regressiva", "melhorá-las" sentimentalmente, torná-las mais
"apaixonadas" por Cristo, "conjugalmente realizadas", mais
"comprometidas" com a "missão", especialmente a do
"Encontro". Alguns "encontristas" já me disseram: "O
que o Encontro faz, a Igreja não é capaz de fazer". O conceito da
"insubstitualidade" da obra do "Encontro" fica arraigado no
coração e na mente dos participantes, o que já é o primeiro passo para
"substituição" da união comunitária de sua Igreja pela do G12. E não
me digam que isso é pressuposição, pois, efetivamente já está ocorrendo, e com
famílias bem constituídas e até então firmes em suas comunidades eclesiais.
As famílias pobres, faveladas,
humildes, vítimas de todos os conflitos imagináveis, incluindo os conjugais:
pois, muitas delas, constituídas na base do "ajuntamento", do
concubinato, e isso por falta de recursos financeiros para o casamento ou por
deficiências morais e despreparo social, ficam, por si mesmas e pelas
contigências, excluídas. Essas famílias, verdadeiramente carentes social,
religiosa e espiritualmente, não é o público preferido – público alvo- do G12;
não atende plenamente aos seus "objetivos". Na verdade, o tal "Encontro"
não passa de "encontro" dos que menos precisam dele. São capitaneados
para o "Encontro Tremendo" aqueles dos quais o G12 mais necessita
para sua "estratégia missionária": espalhar-se no organismo eclesial
por meio de "células" doutrinariamente cancerosas.
IMPLANTAÇÃO E FIXAÇÃO.
O G12 inicia-se com um
"inocente" "encontro", algo que "pretende" agir
como "apoio" das igrejas, "cooperar" com elas,
"entusiasmar" seus membros, "evangelizar" para elas.
Conseguindo a "simpatia" de pastores e a adesão dos membros mais
proeminentes das várias denominações, o G12
implanta-se, fixa-se, adquire sede, monta esquema definitivo, divulga
endereço e telefone, institucionaliza-se. Embora os encontros continuem em
"lugares surpresa" e sob sigilo, o seu QG torna-se bem localizado e
definido. Nessa fase, o "estrago" nas denominações, especialmente as
históricas, já se realizou irreversivelmente, e o G12 impôs-se como
"Igreja celular", firmada em caudilhos carismáticos.
O ENSINO DO G12.
Antes de especificarmos e detalhar o "ensino
do G12, firmemos nossos postulados doutrinários. As igrejas tradicionais,
especialmente as de fundamentação reformada, não podem permitir a
"gedozização" de seus membros em virtude de seus princípios
doutrinários, que resumiremos nos seguintes postulados:
01 - Deus é soberano absoluto: imutável em seu ser, vontade, propósitos,
palavras e atos.
02 - Deus é auto-suficiente: não
depende em nada de sua criação e das suas criaturas.
03 - A queda derrubou a humanidade
inteira: aprouve a Deus salvá-la e recriá-la por meio de um remanescente
eternamente eleito em seu Filho Jesus.
04 - A salvação dos eleitos: Os
eleitos são chamados pela Palavra de Deus instrumentalizada pelo Espírito e
salvos pelo o Eleito dos eleitos, nosso
Senhor Jesus Cristo.
05 - Salvação graciosa: A salvação,
pressuposta na eleição, é ato da livre graça de Deus e, portanto,
incondicional; nada existe no homem e por meio dele, que o leve a merecer ou
conquistar a vida eterna.
06 - Fé salvadora: O instrumento pelo
qual Deus opera no homem a conversão e a santificação é a fé salvadora, um dom
da graça: não procede do pecador; vem de Deus.
07 - O chamado do eleito: O eleito é
irrecusavelmente chamado, pois a graça é
irresistível.
08 - Os salvos perseveram: Deus, por
sua imensurável misericórdia, não permite que o salvo se perca. O regenerado
jamais voltará ao estado de velha criatura; do redimido nunca se retirará a redenção.
09 - Regenerado: pecados esquecidos.
Dos pecados anteriores Deus não se
lembrará. A partir do ato regenerador, o
redimido passa a ser nova criatura, nada lhe restando da irregenerada vida
pregressa.
10 - Pecado perdoado: pecado
sepultado, esquecido: Deus não se arrepende do perdão concedido; dos pecados perdoados não mais se lembra.
11 - Pecados expiados: Nossos pecados
são expiados em Cristo, o Cordeiro
vicário. A graça do perdão não se opera fora e à margem do Filho de Deus.
12 - Pecador, mas justificado. A
semente do pecado, ou "pecado original", permanece no redimido; porém, Deus não lhe
permite a queda , pois o mantém sob controle e preservação do Espírito Santo,
que nele habita. Pecador sim, mas pecador escolhido, justificado, regenerado e
salvo por Deus.
13 - A incondicionalidade da salvação:
A graça pressupõe a incondicionalidade
do perdão: o homem nada pode fazer de si mesmo para eliminar de seu ser a malignidade do pecado; somente a
misericórdia divina é capaz de "purificar" o eleito chamado, salvo e
regenerado.
14 - A Palavra de Deus: As Escrituras
são nossa única regra de fé e norma de conduta: fora delas não existe revelação
verdadeira; contra elas não há condutas retas.
15 - Espírito Santo: Ele é o único
intérprete das Escrituras: ilumina-as para o entendimento dos escolhidos; interpreta-as corretamente; aplica-as ao
pecador, fazendo-as convencê-los do pecado, da justiça e do juízo.
Diante de tais primados, o ensinamento
do G12 se nos apresenta anti-reformado e inconveniente à nossa gente, pois
aurido de fontes neopentecostais teologicamente duvidosas; procedente de
supostas "revelações" ao
senhor César Castellanos. Focalizemos agora as doutrinas práticas do G12:
01 -
TERAPIA DO EXTRAVASAMENTO.
Ao encontrante, depois de uma sessão
emocionalizante, que reduz o participante a um estado emocional e
espiritualmente tenso, "convencido" de sua deprimente condição
de pecador impenitente, dá-se-lhe a
oportunidade de extravasamento, quando se lhe recomenda chorar, gritar e urrar
sem receios e sem quaisquer preocupações com censuras e críticas. Esse "choque"
psicoterápico de natureza catártica, no contexto de "encontro
espiritual", ajuda "eliminar", entendem, os sentimentos de
remorso pelos erros do passado.
A psicologia utiliza-se de tais
processos, porque trabalha com sentimento de culpa e com frustrações
complexantes reprimidas. Porém, aplicar
métodos psíquicos no "tratamento" de pecadores, com a intenção
de eliminar-lhes os pecados em "sessão religiosa", é inconcebível a
um reformado consciente. Somente Deus, ninguém
mais, pode perdoar pecados, e ele o faz por expiação e completamente,
jamais por meios psicológicos. O pecado não se acumula no inconsciente na forma
de recalques nem se expressa por meio de complexos; ele é transgressão da lei
de Deus e somente o perdão do próprio Deus é capaz de eliminá-lo.
"Consciência de pecado" não se assemelha à "consciência de
culpa". O fato espiritual e o fato psíquico, embora correlacionados, são
focalizados separadamente pelo teólogo e pelo psicólogo. O pecado é
infidelidade a Deus; o sentimento de culpa origina-se numa falha moral ou num fracasso
pessoal – ideal não realizado.
02 -
MUNDO NATURAL: PROJEÇÃO DO
SOBRENATURAL.
O G12 ensina que o homem é um sonhador
no sentido literal. Ele sonha, porque o sonho é uma forma de contato com o
mundo sobrenatural. Todos os fenômenos do mundo natural e tudo que nele ocorre
originam-se no sobrenatural. Portanto, qualquer coisa de que precisarmos aqui, temos de buscá-la,
primeiro, no universo original, o mundo além; e esta busca dar-se-á por
conquista mediante a fé positiva e a oração determinativa. Isso não passa de
teologização do platonismo: A realidade existe no universo das idéias; aqui, no
mundo fenomênico, os seres e os pensamentos são apenas projeções do real arquétipo. Em consonância com tal teologia
filosófica, o homem é conclamado pelo
G12 a sonhar: "Sonha, e Ganharás o Mundo". Todos os seres humanos têm
"sonhos", e muitos. Jesus veio "despertá-los"; o que
significa: o transcendente reside potencialmente no homem, está dormente, mas o
Messias pode desenterrá-lo do fundo de cada ser e transformá-lo em realidade
concreta. Isso nega a tese da "inteira inabilidade do homem" para
realizar-se espiritualmente e faz Jesus ser apenas o "psicólogo"
desenterrador de potencialidades dormentes, de capacidades ocultas(2). Sobre a
relação do mundo natural com o espiritual, isto é, do terreno com o celeste, o
"Manual do Encontro" afirma: "A nossa existência no mundo físico
teve seu aval no mundo espiritual"( Pág. 13). "Tudo o que acontece no
mundo natural tem de ser conquistado primeiramente no sobrenatural"(Pág.
62).( Textos citados de "G12- Hist. e Avaliação, SPBC/ IPB, pág. 73).
Todos os benefícios terrenos emergem do céu mediante conquista humana. Todas as
bênçãos e fatos benéficos estão depositados no além, "no mundo
sobrenatural", "pertencendo por direito" aos homens, mas somente
serão liberados por meio de "requisição" "positiva" de seus
herdeiros. Quem não exige, não consegue. Absurdo!
03 - MALDIÇÕES.
Maldição, no sentido mais erudito e
bíblico, é uma forma de imprecação maléfica, isto é, desejo verbalizado do mal
contra alguém. A "terceira onda neopentecostal" trouxe no bojo a
doutrina das "maldições", que se baseia no velho conceito de que a
palavra humana, especialmente a dos anátemas, das maldições, tem poder mágico
de concretizar, na vida do amaldiçoado ou anatematizado, a maldição proferida.
Há lendas e contos, alguns burlescos, de pessoas anatematizadas pela Santa Sé,
que foram infelicitadas pela desgraça da maldição, levando para o túmulo o
opróbrio dos malditos, especialmente bruxos, judeus e protestantes.
Cremos que somente Deus, pelo seu
Verbo Criador, teve e tem poder para amaldiçoar e abençoar em virtude da
dinâmica operativa e imperativa de sua palavra, quer pronunciada
diretamente(viva vox) quer vocalizada por um de seus profetas. As bênçãos e as
maldições que aparecem nas Escrituras, portanto, procedem do eterno Revelador e
não de finitos mortais. Além do mais, as maldições da Bíblia são
preestabelecidas para desobediências grandes e ofensas graves( Pv 26. 2; Gn 3)
ao Rei dos reis, especialmente quebra de seus mandamentos. A "palavra da
maldição", em Zacarias, é visualizada num "rolo voante", quer
dizer, de presença e ação universais. Eis como ele conclui a visão: "Esta
é a maldição que sai pela face de toda a terra, porque qualquer que furtar será
expulso segundo a maldição, e qualquer que jurar falsamente será expulso também
segundo a mesma maldição."( Zc 5. 3). Maldição, neste contexto, significa
"juízo da Lei. "Segundo a maldição" é o mesmo que "segundo
a Lei". A imprecação contra Deus é blasfêmia( Jó 1. 5, 11; 2. 5, 9). Entre
os pagãos, todavia, o conceito de maldição envolvia homens e deuses. O caso do
pedido de Balaque, rei dos moabitas, a Balaão é típico. O profeta, porém, não
teve autorização divina para amaldiçoar os adversários de Balaque; antes, os
abençoou( Nm 22 e 23). Os símbolos da maldição e da bênção, dois poderes
judiciais de Deus, enquadrados na sua divina providência, foram os montes Ebal
e Gerizim( Dt 27. 13-26). Deles os sacerdotes, com base na Lei de Javé, e nunca
por conta própria, proferirão maldições e bênçãos. O curioso é que os
sacerdotes da maldição eram separados dos da bênção( Cf Dt 27. 12, 13). Leiam
os exemplos de maldição registrados em Dt 27. 15-26. Os montes Ebal e Gerizim,
na nova dispensação, foram substituídos pelo monte Calvário, onde Deus ordenou
a bênção da redenção e a da maldição na pessoa de seu Filho, que é, ao mesmo
tempo, o bendito Cordeiro vicário, nosso substituto, e também o
"maldito", segundo a Lei:
"Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio
maldição em nosso lugar, pois está escrito: Maldito todo aquele que for
pendurado no madeiro para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios em Jesus
Cristo. a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito Santo."( Gl
3.13,14). O regenerado, pois, é eternamente abençoado por Deus em Cristo Jesus;
nenhuma maldição pesa ou pesará sobre ele.
Acreditava-se, no mundo gentílico,
que uma imprecação maldosa de qualquer pessoa contra outra se autoconcretizava.
Balaque pensava assim. Em parte, a doutrina "prosperista" da maldição
segue o velho paganismo.
3.1 -
MALDIÇÃO do MAU OLHADO e da
PRAGA.
3.1.a - Mau olhado. O nosso
rurícola conhece os "maus olhados", capazes de adoecer animais novos,
e até matá-los; murchar plantas e
impedir o "ponto" de doces, rapaduras e sabão caseiro; atrapalhar
fermentação de bolos, pães e bebidas. Sabe-se hoje que há certas pessoas
dotadas de força fluídica psicomagnética ou biomagnética. Tal energia pneumofísica
tem recebido o nome de "telergia": capacidade de agir positiva ou
negativamente sobre seres inferiores e sobre pessoas extremamente sensíveis ou
debilitadas física e psicologicamente. O domínio que certas pessoas têm e a
influência que exercem sobre animais recém-nascidos e plantas tenras são
inegáveis. Tais pessoas, embora seus dotes sejam naturais, são "temidas" nos meios rurais como
"invejosas", "praguejadoras",
"malfeitoras". O "mau olhado" não se transmite por alocução
ou verbalização imprecatória, mas, certamente, por irradiação cerebral. Na
terra de minha infância, Córrego Rico, Muniz Freire, ES, havia uma cega de cor
negra que, se estivesse por perto, o "sabão de decoada" não dava
ponto, isto é, não endurecia. Logo, pelo menos nesse caso, o poder não estava
nos olhos, mas na mente ou no subconsciente.
3.1.b - Praga. A cultura popular,
especialmente a sertaneja, tem mantido a tradição das "pragas"
imprecatórias, especialmente as de mãe. Criança, viajava a pé e descalço com
minha mãe adotiva, dona Antônia, na antiga estrada de chão, que ligava
"Mata-pau"( hoje Piaçu) à Fazenda Guarani, Muniz Freire, Es, quando
nos encontramos com um andarilho sisudo, andrajoso, incomunicável. Demos-lhe
"Bom dia". Ele nada respondeu, nem sequer olhou para nós, como se de
fato não existíssemos. Perguntei à minha mãe: Por que ele está assim? Ela me
respondeu: Ele é um
"praguejado", meu filho. O que é praguejado? indaguei. -É alguém que carrega uma praga. – Mas o que
é praga? Praga é quando uma pessoa
"roga um mal" contra outra. –E o que é rogar praga? -Rogar praga é pedir uma coisa
ruim para os outros. – E a gente pede a quem a tal coisa ruim? – Ao Diabo ou
aos espíritos do mal.– E praga tem cura? – Se não for praga de mãe, tem. Se for
de mãe, ele morrerá com ela. A gente tem de evitar praga de mãe; é
horrível! E minha mãe concluiu: Praga de
filho não pega em mãe, mas praga de mãe pega em filho.
O trabalhador rural, místico por
natureza, acredita na "maldição das pragas", isto é, no poder que as
imprecações maléficas tem sobre o praguejado ou amaldicioado. E muitos
recorriam, e ainda recorrem , aos padres, aos médiuns, e agora também aos
pastores para "quebra" das maldições das pragas
"pronunciadas" pelos praguejadores e pelas "mães ofendidas"
contra filhos desobedientes. Ao longo da viagem, minha mãe me contou que um
filho perverso bateu em sua mãe, já doente e velha. Ela então lhe rogou a
seguinte praga: Esta mão que me bateu não baterá mais em ninguém. Na mesma
hora, apareceu uma feridinha na ponta do seu dedo mínimo, crescendo
rapidamente. Uma semana depois, seu braço estava todo podre, caindo aos
pedaços. Ele voltou e pediu perdão à sua mãe. Ela então lhe respondeu: como
você não pode retirar as varadas que me deu, eu também não posso retirar a praga
que lhe roguei. E ele perdeu o braço. Esta estória ou lenda marcou-me tão
profundamente, que jamais dela me esqueci. Somente deixei de acreditar em
pragas quando a bênção da redenção me foi outorgada por Cristo Jesus.
A maldição, reavivada nos cultos neopentecostais, é o
ressurgimento ou reavivamento, em versão evangélica, de certa maneira, do
"praguejismo" popular.
3.1.c - Mais vale a sugestão que a
praga em si.
Oscar Quevedo conta que uma mulher
foi curada completamente por um mago do mal de oftalmia grave por meio de um
"talismã" que ela passou a carregar. Confessando o pecado de
recorrência à magia a um padre, seu confessor, este lhe pediu o amuleto.
Abriu-o. Era um pergaminho, no qual
estava escrito em latim: " Eruat diabolus oculos tuos et repleat
stercoribus loca vacantia". A mulher ficou estarrecida, ao ouvir a
tradução: "Que o Diabo te arranque os olhos, e encha com excremento os
lugares vazios"(3). A praga ou imprecação em si, que era horrível, não atuou
negativamente na mulher, posto que desconhecida por ela. Aqui, a sugestão
"funcionou". A maldição, não. Embora o "prosperismo" afirme
haver maldição oculta, desconhecida pelo "maldito", no caso citado,
pelo menos, o "oculto" não teve eficácia exatamente por ser
"desconhecido". Por outro lado, a chamada "quebra de
maldição" tem de ser verbalizada em voz alta, gritada mesmo, para exercer
eficácia; o que prova o sugestionismo implicado. A "sugestão" pode
"promover" a bênção ou "fabricar" a maldição, pode curar ou
matar.
Um consciente bloqueado com um
subconsciente estimulado ou sugestionado pode, quando muito pressionado,
"criar" o "problema" a ser "resolvido".
Sugerindo, sob tensão emocional, especialmente de caráter religioso, que o mal
de determinada pessoa é uma "maldição" arraigada em seu ser, que
precisa ser "descoberta" para que se lhe efetive a quebra, o
subconsciente, depois de insistentemente instado, poderá "tentar"
solucionar o caso, "gerando" psiquicamente o fato amaldiçoante, uma
suposta imprecação paterna ou de seus ancestrais. Então, vem o "comando de
quebra", e a "paz" volta a reinar tanto quanto a
"consciência" de "limpeza". O jogo psíquico, em virtude da
complexidade do ser humano é muito perigoso, podendo gerar e transmitir falsos
conceitos de "purificação" espiritual.
3.2- MALDIÇÃO E DEMONIZAÇÃO.
No arminianismo antigo o homem era
inteiramente responsável pela sua perdição e, portanto, autor e agente livre e
consciente de todos os seus pecados: conceito que menosprezava o pecado
original; sendo, deste modo, o ser humano visto como demônio de si mesmo e da
sociedade. Quanto à salvação, estabelecia-se a corresponsabilidade: Deus
oferecia a graça remidora em Cristo e o homem ficaria com a opção de aceitar ou
rejeitar. E, mesmo depois de salvo, poderia desfazer-se do compromisso da
aceitação, optando pela perdição. Em última análise, era o homem que decidia
sobre o seu final destino eterno.
No neopentecostalismo, o de
"terceira onda", a soberania de Deus é esquecida e o Diabo passou a
ser o "autor" de todos os pecados atuais e de todos os males: os
físicos, os morais, os sociais e os espirituais. Isenta-se, portanto, o homem
de culpa, pois tudo se atribui ao maligno: doenças, prostituições, crimes,
falências, misérias morais, incredulidades. O príncipe dos demônios, segundo os
"prosperistas" e os "positivistas confessionais", dividiu a missão tentadora em tarefas
específicas e qualificadas e as distribuiu aos seus comandados, malignos
subalternos. Assim, por exemplo, o "demônio" do adultério é um, o da
AIDs, outro. Cada mal, físico ou moral, possui o seu "capeta". Expulsando-o,
elimina-se a fonte e, consequentemente, liquida os seus efeitos. O Bispo Edir
Macedo nos deixa a seguinte "pérola" doutrinária sobre a demonização
das doenças: "Toda doença tem uma causa, e essa causa é sempre um bacilo,
um germe ou uma bactéria que provoca a destruição dos tecidos. Esse bacilo ou
germe se movimenta, age, tem vida. Perguntamos: de onde vem a vida desse germe?
De Deus não pode Ter sido, pois Ele não é destruidor. Para que esse germe se
movimente e destrua é necessário que haja uma força dentro dele; um espírito
destruidor, e não podemos identificá-lo com nenhuma outra coisa senão com um
demônio"(4). O mundo de Macedo tem dupla criação: uma de Deus, outra de
Satã. Para ele, a força destruidora que age dentro do micróbio é o demônio. O
dualismo, do tipo Persa, é fortíssimo no neopentecostalismo, com predominância
do satanismo.
O "ekbalismo" (prática
de expulsão de demônios) substituiu o papel do perdão, pois culpa pecaminosa
pessoal não existe; o que há é "possessão" demoníaca. Deus é
"usado", não como soberano Redentor, perdoador de pecados, mas como
"poder" expulsador do Diabo. Os exorcistas estão na moda, pois os demônios são causadores de tudo, inclusive
da perdição eterna dos que morrem com o "Diabo no corpo", sem gozarem
a "felicidade" do exorcismo carismático.
A maldição, sendo um instrumento do
Diabo, "quebrá-la" significa expulsá-lo, "libertando" o
"maldito" ou oprimido. E tanto a divindade prosperista como a da
malignidade devem ser surdas, pois a prece silenciosa não tem eficácia
exorcista, não é "ouvida" e "atendida". Somente a oração
altamente vocalizada, aos gritos, é atendida; e
então o Divino executa a ordenação "ekbalística" do exorcista.
Por outro lado, o "espírito maligno" não "se deixa
exorcizar" por uma ordem silenciosa, dada em espírito: atende-a, se
pronunciada aos berros.
Pecado, causa; amaldiçoador,
agente; Diabo, instrumento da maldição.
Para o gedozismo, toda maldição tem
como causa um pecado implícito ou explícito. O Diabo é o causador direto ou
instrumento de qualquer pecado. Há, porém, maldições imprecatórias, veiculadas
por amaldiçoadores que, por via autoritativa,
dão permissão ao Diabo para usá-las em malefício do "maldito". Ao
imprecar-se a si mesmo, o imprecador autoriza o demônio a danificar-lhe a vida.
Se todos são pecadores, todos são "malditos". Então, não há ninguém
que não necessite de uma "sessão de quebra de maldições" ,
especialmente se for a do "Encontro gedozista", eficientíssima. Cada
pecado "abre uma porta de legalidade a Satanás". Eis o que a respeito diz o G12: "Cada
nível de pecado libera uma quantidade de demônios; cada pecado atrai uma
maldição".
"Maldição é a permissão dada
ao Diabo para causar dano à vida das pessoas. Essa permissão pode ser dada por
alguém que exerce autoridade sobre outrem ou por si mesma"(5).
"Quando peco, abro uma porta
de legalidade para Satanás entrar em minha vida. Satanás entra com seu
propósito: matar, roubar e Destruir". "Qualquer pecado não coberto
pelo sangue de Jesus é propriedade de Satanás"(6).
A "soberania do
supercrente" fica estabelecida: não é Deus quem permite a Satanás a causa
de dano, mas um ser humano que "exerça autoridade sobre outrem". Por
outro lado, o perdão divino não tem poder para "quebrar" maldição;
têm-no os carismáticos neopentecostais da "terceira onda".
As maldições, como se explicitam no
ensino do G12, podem ser de duas naturezas:
a - As causadas pelos pecados, que
"legalizam" a intervenção do Diabo, abre portas à sua penetração e
fixação.
b - As impostas por praguejamento ou
imprecação de uma "autoridade" sobre os seus inferiores ou
subordinados. Aqui ficam contempladas as "pragas de mãe". Como se vê,
a importância que se dá ao Diabo é enorme, transfomando-o num antideus mais
poderoso que o Criador do universo e de todos os seres, Gerenciador da obra
criada, Preservador de todas as coisas e Redentor dos eleitos. O
"crente" prosperista, por outro lado, torna-se uma super potência
espiritual, capaz de "perdoar pecados", isto é, "quebrar
maldições", o que o Salvador não pode fazer. O gedozista, como os demais
carismáticos neopentecostais, apresenta-se como poderoso "comandante"
das ações divinas e controlador de Satanás. Por meio do que chamam de
ministérios- o da "oração positiva e impositiva" e o da "rogação
exorcista"- o gedozista é exaltado à posição de "supercrente",
dominador dos poderes espirituais tanto do bem como do mal.
3.3 -
MALDIÇÃO: Classificação.
3.3.a - Maldições sociais.
Maldições sociais seriam aquelas
pronunciadas por pais, irmãos, parentes vivos e estranhos, ocorridas no curso
da existência. Qualquer rogação maldita de natureza imprecatória é uma
maldição. Por exemplo, quando a mãe diz do filho: "Este menino é
encapetado". O Diabo, que sempre toma a sério todas as nossas palavras,
fixa a maldição no interior da criança e ela passa a ser, ao longo de toda
vida, verdadeiramente "encapetada". Se ela chinga o filho: "Vá
para o Diabo que te carregue"; ele, imediatamente, aplica-lhe a maldição,
e o "amaldiçoado" ou "praquejado" fica pertencendo ao
maligno, entregue por sua própria mãe. Tal cristianismo "demonista"
impera nos arraiais carismáticos e, especialmente, no do G12 de Castellanos.
3.3.b - Maldições pessoais.
Estas são auto-imprecações. Quando
uma pessoa diz de si mesma ou a seu respeito: Sou um desgraçado; sou um perdido;
estou hoje com o diabo no corpo ou coisas semelhantes; Satanás atende-o,
gerando nele a maldição permanente, dominando-o completamente. Se essas
"maldições" não forem "quebradas", a pessoa está
infelicitada para o resto da existência terrena e , com certeza, perderá a vida
eterna. Salvar, pois, no entendimento dos neopentecostais, é "quebrar
maldições. O salvador, portanto, não é o Filho de Deus, mas o "quebrador
de maldições". Ele é o "Cristo" neopentecostal.
3.3.c - Maldições hereditárias.
São maldições vocalizadas pelos
ancestrais que, não sendo "quebradas", passam de pais a filhos,
mantendo conseqüências danosas de geração em geração, até a Quarta(7), quando
cessam, dizem, conforme o segundo mandamento. Isso me cheira espiritismo, que
defende a tese antibíblica das reencarnações: os males da existência presente
vêm de vidas anteriores; e os sofrimentos atuais são "pagamentos" de
dívidas passadas. Tem o filho de sofrer maldição de seus antepassados? Citam,
como suposta base bíblica, (Ex 20. 4-6). Esse preceito legal fala de pecado, de
desobediência, não de maldição pesssoal, social ou hereditária. A
"maldade" da quebra dos mandamentos, especialmente o da exclusividade
do culto a Deus, traz malefícios para a família inteira, mas não exclui o
descendente do malfeitor da graça divina expressa na eleição, que é dom
pessoal. O mal hereditário não obstacula a graça divina sobre o seu escolhido.
Por outro lado, a misericórdia concedida aos fiéis, a ele e às suas gerações,
não se refere à redenção pessoal, mas às bênçãos familiares e nacionais. Fazer
a Palavra de Deus defender conceitos preconcebidos é arte demoníaca.
Por que o Segundo Mandamento e o
Quinto possuem promessas? –Exatamente porque se vinculam à honra e à obediência:
obediência e honra a Deus e aos pais. A unidade em Deus e a unidade familiar
são as bases da preservação espiritual e social e, portanto, da recepção das
bênçãos terrenas. O pecado, porém, é de natureza pessoal; e seu perdão, não
"limpeza", procede da misericórdia divina.
Gostam os "gedozistas" de
citar Ezequiel 18. Exatamente este capítulo condena a tal "maldição". Citemo-lo, no texto
correspondente: "Que tendes vós, vós que, acerca da terra de Israel,
proferis este provérbio, dizendo: "Os pais comeram uvas verdes, e os
dentes do filho é que se embotaram? Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus,
jamais direis este provérbio em Israel"( Ez 18.2,3)-(grifo nosso). "A
alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai, nem o
pai, a iniquidade do filho"( Ex 18.20). O pecado é inteiramente pessoal:
"A alma que pecar, essa morrerá"; ela não morrerá pelos pecados de
seus ancestrais, vivos ou mortos, mas pelos seus próprios. E o que efetivamente
"quebra" a maldição" do pecado é o arrependimento do pecador e o
conseqüente perdão de Deus. Cristo, na verdade, não se encarnou para
"quebrar maldições", mas para remir os pecadores mediante morte
expiatória, cujos benefícios soteriológicos nos são aplicados pelo Espírito Santo.
Ele, sim, foi o "maldito" da Cruz, para que seus eleitos fossem os
"benditos" da graça.
04 - REGENERAÇÃO INEFICAZ.
O
G12 desconsidera a regeneração, ato da soberana ação de Deus no
convertido, pelo qual se torna nova criatura, em que o "homem velho",
não somente fica inativo, mas completamente morto: "E, assim, se alguém
está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas passaram; eis que tudo se
fizeram novas"( II Co 5. 17 cf Rm 6.3-10). "Sabendo isto: que foi
crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja
destruído, e não sirvamos mais ao pecado como escravos"( Rm 6. 6).
Comentando II Co 5. 17, a Bíblia de Genebra diz: "A união com Cristo
resume a nossa experiência de redenção. Os crentes foram feitos( Ef 1. 4,11),
justificados( Rm 8.1), santificados( I Co 1.2) e glorificados( I Co 3. 3. 18)
"em Cristo". Aqui Paulo enfoca a importante significação da união do
crente com o Salvador. Visto que Cristo é o "último Adão", aquele em
quem a humanidade é recriada( I Co 15.45; Gl 6. 16; Ef 2.10), e que inaugurou a
nova era de bênçãos messiânicas( Gl 1.4 cf Mt
11. 2.6). A união espiritual dos crentes com Cristo não é menor do que a
participação na "nova criação"(8)
. Contradizendo o claríssimo ensino bíblico e em oposição à fé
reformada, o G12, seguindo o carismatismo neopentecostal da terceira onda,
ensina que o crente precisa "desenterrar", regressivamente, do
momento atual até o começo da racionalidade, todos os pecados, registrá-los
numa folha de papel e, em nome de Cristo, sob a direção e
"autoridade" do líder "espiritual" do G12,
"queimá-los", ficando assim "quebradas" as
"maldições" correspondentes. Negam, deste modo, a realidade do novo
nascimento e o conseqüente início de uma nova vida eternamente garantida por
seu autor, nosso Senhor Jesus Cristo. E os que ensinam tamanha heresia
denominam-se "evangélicos", dizem firmar-se nas Escrituras, recebem
credibilidade cristã de muitos presbiterianos, fazem proselitismo nos arraiais
reformados.
05 - REGRESSÃO.
A regressão, embora mantenha
conexão com o processo de "quebra de maldição", dele se difere em
natureza e extensão:
O "quebrador" de
maldição funciona como "advinho", pois tem de penetrar além da vida
temporal do "fiel maldito" para descobrir "as legalidades"
concedidas a Satanás por seus ancestrais, que lhe permitiram fixar as maldições, não só em um, mas em todos os
descendentes. Uma maldição não "quebrada" do bisavô, afeta os seus
filhos, netos, bisnetos e tetranetos, "contaminando" centenas de pessoas. Pergunta-se: quebrada no
tetraneto, fica quebrada regressivamente até o bisavô? Se não, a tal
"maldição hereditária" permanece viva e atuante em todos os demais
descedentes do maldito original. Durma-se com um barulho desses.
O "Regressista" age como
psicólogo, embora para isso, geralmente inabilitado. Sua atuação vai somente
até à concepção, e visa desenterrar os traumas, os recalques, os complexos
diversos. O processo catártico é denominado de "cura interior", e
consiste na mentalização de fases evolutivas e estimulação da lembrança de
fatos passados. É mandado ao "paciente" "mentalizar" o
momento da concepção, o desenvolvimento embrionário, o crescimento do feto, o
primeiro choro, os primeiros movimentos na fase intra-uterina, o rompimento da
bolsa, o nascimento( natural ou por cesariana), a primeira mamada, toda a
primeira infância, a segunda infância, a adolescência, a juventude, e assim,
sucessivamente, até o momento atual. Todas as fases, examinadas detalhadamente,
esforçando-se para "descobrir" os fatos traumatizantes, deprimentes,
geradores de fobias e complexos. Desenterrados os "depósitos" amaldiçoadores,
o regressista, pela quebra, liberta-se deles. No curso da regressão, ao passar
por lembranças mórbidas, onde o maligno localizou e mantém maldição, a reação
do "regressando" é característicamente denunciante. Aí se faz
necessária a presença e o "ministério" do "quebrador" de
maldição. Tudo isso se faz ao som de música instrumental suave, com fundo de
vozes da natureza, luzes apagadas, pessoas isoladas. O ambiente é
psicologicamente propício.
Terminada a sessão regressiva, cada
"regressado" deve escolher um parceiro ao qual confesse tudo que
"acabou de arrancar de dentro de si". Ouvida a confissão, o
"confessor" ora pelo confessante, declarando-o "curado",
isto é, "limpo" das maldições confessadas. Nesse momento, o
"preletor" ou "ministro" unge com óleo os
"curados", num ambiente profundamente emotivo. Ao impor as mãos da
unção, o "ungido cai", fenômeno que se repete com todos, ou quase
todos, os "encontrantes"(9).
06 -
BATIZANDO COM O ESPÍRITO SANTO.
O G12, durante o "Encontro", reserva um momento para:
a - Demonstrar a necessidade de
receber-se o Espírito, pois não basta ter Cristo. O crente completo é o que tem
Cristo e o Espírito.
b - Mostrar as condições do crente
para "merecer" e então "receber" o Espírito, pois o Paráclito
desce e unge sob condições beatíficas definidas.
c - Demonstração de metodologia
prática e objetiva de recepção do Espírito. Nesse ponto, o
"missionário", chamado de "preletor", passa da instrução à
ação: coloca a mão espalmada na testa do "fiel" e o empurra para
trás; é a sessão do "cai - cai" ou do " tombo batizante".
Tal manipulação do Espírito demonstra algumas coisas:
01- A Terceira Pessoa da Trindade é
tratada sem qualquer conexão com o Pai e o Filho: tricotomização da divindade
trina.
02- O Espírito Santo é manobrado como
se não fosse Deus, despido de soberania e de vontade própria.
03- O Espírito é "oferecido"
pelo líder carismático aos que o G12 "limpou" por "quebra de
maldições" e por "limpeza" regressiva.
04- Deus não dá o Espírito Santo aos
seus eleitos regenerados pela graça, mas
aos que o G12
"prepara", aos que "merecem" recebê-lo.
07 -
UNÇÃO COM ÓLEO.
O ato de ungir com óleo aromatizado
tinha, nos tempos veto e neotestamentários, várias aplicações, em diversos
motivos: higiene, embelezamento, refrigério, luto e alegria. Deter-nos-emos, entretanto,
nos dois motivos principais: medicinal e
religioso.
1 - Medicinal: O óleo medicinal e
sua aplicação diferiam, e muito, de outras unções, tanto nos ingredientes adicionados
quanto na forma de aplicação. Essa diferença fica evidenciada na língua grega,
específica em suas conotações. O verbo ungir, quando se tratava de procedimento
medicinal, era, sistematicamente, "àleiphô". Assim ele aparece, por
exemplo, em Tg 5. 14 e Mc 6. 13. Numa época de exclusiva medicação natural, a
unção terapêutica com óleos especiais era amplamente utilizada. Os ungidores modernos, freqüentemente,
confundem unção terapêutica com a
religiosa.
2 - Religiosa: A unção religiosa
servia para simbolizar a dádiva do Espírito de Deus aos homens separados para
funções sagradas do sacerdócio e do governo: os ungidos do Senhor. Os múnus de
sacerdote e rei eram concedidos por Deus
mediante o seu Espírito; e o sinal externo se fazia pela unção com óleo
especialíssimo e privativo. Esse óleo servia também para ungir todos os objetos
e utensílios destinados ao culto, isto é, separados do uso comum para o
sagrado. A composição e aplicabilidade do óleo sagrado foram estabelecidos por
Deus( Ex 30. 23- 31. Não se podia ungir com o referido óleo nenhuma pessoa que
não fosse sacerdote ou exercesse função de natureza sacerdotal como o rei, por
exemplo. Ressaltemos a proibição de modificar-se a sua composição e de
aplicá-lo fora do determinado por Deus: "Não se ungirá com ele o corpo do
homem que não seja sacerdote, nem fareis outro semelhante, da mesma composição;
é santo, e será santo para vós. Qualquer que compuser óleo igual a este, ou
dele puser sobre um estranho, será eliminado do seu povo"( Ex 30. 32, 33).
Quem aplica um óleo qualquer ou se atreve desobedecer o Senhor, fabricando o
óleo da unção para unir pessoas comuns, exclui-se do obediente e legítimo povo de Deus, conforme
ordenação Ex 30. 33).
O verbo usado no grego para a unção
sagrada é "kriô"(10), de onde se derivam "crisma" e
"Cristo", o Ungido. Não se deve misturar "unção medicinal"
com "unção sacerdotal".
3 - Ineficiência mística: O óleo neopentecostal, geralmente
"orado", serve, segundo crêem, para "ungir com a graça do
Espírito", isto é, o elemento oleoso possui, em si mesmo, poder espiritual
de "doação de bênção", o que é atribuir ao material inerte múnus
espiritual, inclusive com poder de cura divina. O animismo dos fluidos
benéficos dos elementos da natureza, comum nas religiões pagãs, invadiu os
arraiais carismáticos, especialmente o G12. Um reformado, por menos doutrinado
que seja, não pode aceitar tamanha iconolatria.
4 - Cessação: Não houve mais unção
sacerdotal no Novo Testamento, pois o que era tipo cedeu lugar ao tipificado,
isto é, o próprio Espírito Santo, simbolizado no derramamento de óleo, foi
derramado sobre o colégio apostólico( Jo 21. 22) e sobre a Igreja (At 2. 2-4), descendo, inclusive, sobre o
Filho de Deus que, a partir do batismo, passou a ser o Messias(Ungido)( Mt 3.
16, 17). Conclusão: Nem Jesus Cristo nem qualquer de seus apóstolos receberam a
"unção com óleo". Portanto, a unção sacerdotal, aquela que
simbolizava a dádiva do Espírito, não ocorreu na nova dispensação.
5 - Medicinalmente desnecessário: Hoje, com
os extraordinários recursos farmacológicos, terapêuticos e cirúrgicos que Deus
nos deu, não precisamos, a não ser em casos especialíssimos, da terapia do óleo
medicinal. Podemos e devemos orar pelos nossos enfermos, mas não medicá-los,
pois esse ministério o Criador o transferiu aos médicos, pelos quais realiza as
curas, segundo os seus propósitos. Por exemplo: ungir uma pessoa com início de
meningite, sem procurar o imediato socorro médico, é submetê-la ao risco de
vida ou, no mínimo, de conseqüências irreversíveis. A crença não elimina a
razão e a sensatez; pelo contrário, o verdadeiro crente sabe que todos os
recursos medicinais disponíveis são dádivas da providência divina.
Unção Sacramental: A Igreja Católica também "reza seus óleos" para efeitos
sacramentais e aplica os "óleos rezados"(santos óleos) nos
sacramentos do Batismo, da Crisma, da Consagração ou Ordem e da Extrema Unção. Eis como o romanismo define a unção: "No
simbolismo bíblico e antigo, é rico de numerosos significados: o óleo é sinal
de abundância e de alegria, ele purifica(unção antes e depois do banho) e
amacia( unção dos atletas e dos lutadores); é sinal de cura, pois ameniza as
contusões e as feridas, e faz irradiar beleza, saúde e força. Todos estes
significados da unção com óleo voltam a encontrar-se na vida sacramental. A
unção, antes do batismo, com óleo dos catecúmenos, significa purificação e
fortalecimento; a unção dos enfermos exprime a cura e o reconforto. A unção com
o santo crisma depois do batismo, na confirmação e na ordenação, é sinal de uma
consagração. Pela confirmação os cristãos , isto é, os que são ungidos,
participam mais intensamente da missão de Jesus e da plenitude do Espírito
Santo, de que Jesus é cumulado, a fim de que toda a vida deles exale "o
bom odor de Cristo"(11).
"A unção com o santo crisma,
óleo perfumado consagrado pelo Bispo, significa o dom do Espírito Santo ao novo
batizado. Este tornou-se um cristão, isto é, "ungido" do Espírito Santo,
incorporado ao Cristo, que é ungido sacerdote, profeta e rei"(10).
Sobre o múnus sacramental da
unção dos enfermos, assim se pronuncia o
romanismo: "A graça especial do sacramento dos enfermos tem como efeitos:
- a união do doente com a paixão de Cristo, para seu bem e o bem de toda a
Igreja; – o reconforto, a paz e a coragem para suportar cristãmente os
sofrimentos da doença ou da velhice; -o
perdão dos pecados, se o doente não puder obtê-lo pelo sacramento da
penitência; - restabelecimento da saúde, se isso convier à salvação espiritual;
- a preparação para a passagem à vida eterna"(12).
O neopentecostalismo segue de perto
a doutrina romana da unção, tanto na extensão como na aplicação generalizada. Não há um católico
sem unção com óleo, como igualmente não há "gedozista".
A Igreja Reformada rejeita a
"unção sacramental" do catolicismo, por ser uma volta ao
sacerdotalismo; dispensa a "unção
espiritual" do "gedozismo", por representar retorno ao judaismo;
não aplica a "unção medicinal" ou curativa do neopentecostalismo,
porque Deus estabeleceu-nos novos e mais eficientes métodos de cura física.
Além do mais, tais unções carecem de indisputável consistência bíblica.
Acrescenta-se à fragilidade do apoio escriturístico o fato constatável,
mormente nas camadas populares, da transformação do óleo em talismã sagrado,
poderoso em si mesmo, e em ícone "espiritualmente divinizado",
potencializado para diversos "mistérios": cura, proteção do mal,
veículo de bênção, mediação da graça, batismo com o Espírito Santo. Não
acreditamos em poderes mágicos das coisas nem em palavras impregnadoras de
potencialidades espirituais nos objetos. A nossa única regra de fé é a
Escritura Sagrada.
08 - O DEUS DO GEDOZISMO: LIMITADO E
FALHO.
O Deus do
"gedozismo", além de limitado e condicionado aos
"supercrentes", dependendo deles para o exercício divino do perdão,
da santificação, da redenção, do batismo com o Espírito Santo, da regeneração,
da providência e da misericórdia; ainda é um Deus que carece de fé e necessita
de perdão. No caso, por exemplo, de uma maldição divina, o "quebrador de
maldições" e o próprio maldito devem "liberar perdão a Deus"(
ver M. Encontro, pág. 56). A limitação divina ressalta-se de sua incapacidade
de "liberar perdão" e "quebrar maldição", o que o
"líder gedozista" faz com a maior naturalidade e
"eficiência", colocando-se acima do supremo Rei segundo as
Escrituras(13).
09 -
EPISCOPALISMO RADICAL.
O Gedozismo de Castellanos, como o
de Escrivá, firma-se num episcopalismo radical. O do padre, com certa lógica,
pois tem de defender a doutrina da sucessão apostólica, dos sacerdotes como
representantes de Cristo na terra. O do pastor neopentecostal representa uma
criação sob alegação de ter sido revelada diretamente. Pelo centralismo
episcopal, o pastor "gedozista" é a causa e os efeitos da
"Igreja em Células". Observem as declarações seguintes do senhor
Castellanos no seu livro, "Sonha e Ganharás o Mundo". "A época
das assembleias e dos comitês de anciãos para dar passos importantes da Igreja,
já passou na história: Estou convencido de que Deus dá a visão ao pastor e
nessa medida é a ele que o Espírito Santo fala, indicando-lhe até onde deve
mover-se"(13). Valnice Milhomens, dona de um "ministério",
endossa: "Quem deve montar o esquema dos doze é o pastor
principal"(14).
10 - TEOLOGIA DA CONFISSÃO POSITIVA.
Os professantes da confissão
positiva sustentam tese de que as
palavras possuem poder criador. Por elas podemos criar fatos reais tanto na
esfera física como nas áreas psicológica e espiritual. Tais fatos podem ser
benéficos ou maléficos. Em decorrência da força criadora e irreversível da
palavra, temos de tomar cuidado nos pronunciamentos, tanto em relação a nós
mesmos como em relação aos outros. Quando "declaramos" vitória, saúde
e prosperidade, certamente o "declarado" acontecerá. Por outro lado,
se declararmos a doença, a derrota e a pobreza, estas coisas ocorrerão. A nossa
confissão, portanto, deve ser sempre "positiva"; as nossas orações,
além de positivas, precisam ser autoritativas e impositivas(15). O G12 herdou a
heresia da "confissão positiva" de Essek Kenyon, Kenneth Haggin,
Kenneth Copeland, Bnny Hinn, Peter Wagner e outros. Aqui no Brasil, encontrou
em Valnice Milhomens sua defensora e braço direito.
A confissão positiva produziu as
"declarações positivas". O que o crente "declara", isso
acontecerá. É comum ouvir-se, até de presbiterianos: "Declare as
bênçãos"; "declare alguém ou algum lugar para Jesus". Ouvi, há
tempo, uma irmã, muito "espiritual", dizendo: "Hoje, na Reunião
de Oração, vamos declarar uma bênção sobre a nossa Igreja". Dizem, por
exemplo: se você declarar seu filho para Jesus, ele, naquele momento, passa a
ser realmente de Jesus. É a redenção por declaração mediante a "palavra
positiva". O esquema da oração positiva é:
Eu creio que Deus pode fazer.
Eu creio que ele faz.
Eu creio que vai fazer.
Eu creio que ele já fez.
Eu
agradeço o que ele fez.
Já estou de posse da bênção requerida
Os "gedozistas" positivos
entendem que: assim como a palavra pode "amaldiçoar", tem igualmente
poder para "abençoar". Então, evite "declarar maldição";
seja, porém, presto a "declarar
bênçãos", elas virão abundantemente. Palavra de neopentescotal, mormente a
do gedozista, é espiritualmente autoritativa e divinamente poderosa. O crente
"prosperista positivo", declarador de bênçãos, é um semideus.
11 - DIREITO, NÃO GRAÇA.
A "confissão positiva"
firma-se na herética doutrina dos "direitos humanos adquiridos".
Então, para os gedozistas e similares, a salvação e todas as bênçãos, materiais
e espirituais, pertencem a nós por direito eterno de filiação. Somos herdeiros
de Deus e co-herdeiros de Cristo. Nada de pedir favor a nosso Pai; temos o
dever de reivindicar nossos direitos. As Escrituras não são, sustentam, a
revelação da graciosa vontade de Deus para com os homens, mas documentos
jurídicos de seus direitos. Deus rege a vida humana por meio de leis
espirituais que devem ser compreendidas para serem requeridas. A fé é o
instrumento de controle das referidas leis, que estão à disposição do homem
para serem usadas. Nada o ser humano recebe por favor divino, mas por direitos
legais. Kenneth Copeland em "Laws of Prosperity, 1985, páginas 18/20 diz:
"Precisamos compreender que há leis que regem cada coisa que existe. Nada
se dá por acidente. Há leis do mundo espiritual e leis do mundo natural...
Precisamos compreender que o mundo espiritual com suas leis são mais poderosos
do que o mundo físico com suas leis. Leis espirituais geram leis físicas. O
mundo e as forças físicas que o regem foram criados pelo poder da fé- uma força
espiritual... é esta força da fé que ativa as leis do mundo espiritual... A
mesma regra aplica-se à prosperidade da Palavra de Deus. A fé faz com que elas
atuem"(16). Ressaltemos do texto as
seguintes heresias: a- "Leis espirituais geram leis físicas". Isto
quer dizer que as leis do mundo físico não foram criadas por Deus nem são por
ele gerenciadas, mas mediante poder impessoal chamado "lei espiritualm
?". b- " O mundo e as forças físicas que o
regem foram criados pelo poder da fé, uma força espiritual...É esta força da fé
que ativa as leis do mundo espiritual". Então a criação não veio pelo
poder da Palavra de Deus, mas da fé? Fé do Criador? Deus tem fé em quê e em
quem? Que tipo de fé "ativa" as leis espirituais? A quem compete o "direito" de
ativação da leis espirituais pelo poder da fé? Ao homem? c- O Legislador
supremo, pelo que se deduz do ensino prosperista, também se submete às leis por
ele criadas, tornando-se submisso a si mesmo e limitado por legislação externa
preestabelecida? Nada mais confuso e mais absurdo que isso; e há quem crê em
semelhantes incongruências e em tais negações da absoluta soberania do Criador,
Redentor, Governador e Preservador de tudo, especialmente dos seres humanos.
O carismatismo gedozista sustenta,
em princípio, que: todo homem tem direito à salvação, à saúde, à prosperidade e
à felicidade; é só usar o recurso da fé, e
tudo o que lhe pertence ser-lhe-á entregue. Tal posição prosperista resume-se na frase, muitíssimo repetida hoje:
TOMA POSSE DA BÊNÇÃO, ouvida, inclusive, por ministros presbiterianos.
O conceito do "direito
legal" sobre quaisquer bênçãos espirituais leva à oração impositiva,
reivindicativa: "Eu quero"; "Eu ordeno"; "Eu
exijo".
12 - CULTO HILÁRICO E LÚDICO.
O "espaço para adoração"
do "Encontro Tremendo" é "alegria só": Coreografias,
danças, gritos, palmas, glórias, vivas a Jesus, trenzinho. É o momento de maior
descontração, comparativamente, em contraste com as tensões psíquicas e o
condensamento( proposital) de atividades. Dizem que tal "orgia
litúrgica" é carregada de espiritualidade e "gozo celeste" . O culto festivo,
no entanto, não fornece clima nem para o glossolalia nem para o batismo com o
Espírito. Tais "dons" acontecem sob maior concentração emocional,
durante as orações programadas, mas indivudualmente livres.
Por tudo que se disse, um
presbiteriano que freqüentar o G12 necessita de aconselhamento pastoral.
Persistindo, deve ser convidado a desligar-se da Igreja.
REFERÊNCIAS:
(1)-
Conforme o Livro de Anselmo Chaves: "Os Cursilhistas", de onde
extraímos os artigos de "Caminho" de Escrivá.
(2)-
Estou seguindo os comentários de Roberto César Alves do Nascimento,
irmão que participou do G12 e sobre ele escreveu e fez publicar na Internet
uip://orbita.starmedia.com~dinamus/estudosrc/o encontr.ntiii.
(3)-
Quevedo- Oscar- "Curandeirismo: um Mal ou um Bem?". Ed. Loyola,
SP, 1ª Ed. "Praga Benfazeja", pág. 41/42.
(4)-
Macedo, Edir, Orixas, Caboclos e Guias- Deuses ou Demônios. Col. Reino
de Deus, 1983, 5ª Ed. Universal Produções, pág. 87.
(5)-
G12- História e Avaliação, página
60, SPBC, 1ª Ed, abril de 2000, Goiás, GO.
(6)-
Idem, página 59.
(7)-
Ver G12- História & Avaliação, página 59, citada.
(8)-
Bíblia de Estudo de Genebra, Ed. .Revista e Atualizada; Soc. Bb. Do
Brasil, Barueri, SP.
(9)-
Roberto César, Doc. Internet, pág. 2.
(10)- Sobre os verbos
"àleiphô" e "kriô), ver Dic. Intern. De Teol. Do N. Test., Ed.
Nova Vida, SP, 1983, páginas 675 a 679.
(11)-
Catecismo da Igreja Católica, 7ª Ed, Vozes, Loyola e Ave Maria, 1997, SP, §§
1241, 1293, 1294, págs. 301 e 311.
(12)- Idem, § 1532, pags 362/363.
(13)-
Sobre a fé de Deus, consultar "Evangelho da Prosperidade- Análise e
resposta" de Alan Piera, pág. 84, Ed. Vida Nova, SP, 1993.
(14)-
G12- Hist. E Avaliação, pag. 56.
(15)-
Idem, pág. 56, in fine.
(16)- Consultar: Nicodemus, Augusto;
Batalha Espiritual, pág. 61.
(17)- Citado de "O Evangelho da
Prosperidade- Análise e Resposta" de ª B. Piera, pág. 68, Vida Nova, SP.
Onezio Figueiredo
Gov. Valadares, junho de 2000.
Nota de Hélio, de
solascriptura-tt.org: Discordamos de algumas coisas do presbiterianismo, mas
concordamos integralmente com tudo que o autor expôs sobre o G12 em particular.
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