Dicas aos Pregadores*
Jorge Schutz Dias
Professor de Homilética da Faculdade
Teológica Batista de S. Paulo
O propósito desta breve lista de
sugestões homiléticas não é minimizar, sintetizar ou banalizar o estudo sério
acerca da atuação do pregador no púlpito. O uso do púlpito e a postura do
pregador diante dos ouvintes merecem estudo aprofundado tanto sob o prisma da
autoridade espiritual de quem anuncia a Palavra, quanto dos aspectos que
envolvem a comunicação verbal e gestual modernas.
Não pense, portanto, que em cumprindo
as "Dicas" o sucesso será imediato. Elas servirão mais para
identificar deficiências do que superá-las. Por esta razão, ao reconhecer
vícios no seu desempenho como pregador procure ajuda imediatamente, antes que
os maus hábitos sejam incorporados a sua personalidade pública. E a um pregador
desprestigiado, sobra-lhe somente um lugarzinho obscuro entre os de terceira
linha.
É possível mudar; melhorar é um desafio diário. Esforço pessoal, vontade
de servir melhor ao Senhor e ao Seu povo, são alicerces que sustentam os bons
propósitos do pregador evangélico sério em nossos dias.
DICAS
1. Extensão do
Sermão
O Sermão deve ser
curto ou longo? Como decidir entre os dois? Observe a fisionomia dos ouvintes,
se eles aparentam cansaço e apatia é bom caminhar para a conclusão. O que é
melhor? - Um sermão curto sem conteúdo, ou um sermão longo com profundidade
bíblica? Nenhum dos dois. Observe o auditório!
2. Ilustrações
As ilustrações jocosas,
alegres e descontraídas cabem melhor no início do sermão. Seja mais solene ao
concluir. Use preferivelmente ilustrações verdadeiras, colhidas na experiência
do dia-a-dia.
3. Dicção Correta
Comer os
"s" finais e introduzir sons vocálicos refletem pouca cultura e
desprestígio à língua portuguesa. Exemplos: Jesus, não Jesuis. Fomos, não fômu.
... e muitos outros.
4. Tom de Voz
Com sua voz o
pregador denuncia sua convicção. Gritar e esmurrar o púlpito não convencem, nem
escondem o caráter do pregador. Module a voz. Fale alto, baixo, rápido,
vagarosamente. Voz monótona dá sono!
5. Anúncio do Texto
Bíblico
Ao enunciar o texto
bíblico seja claro quanto ao livro e preciso na referência. Aguarde até que o
auditório tenha localizado o texto.
6. Aplicação Prática
Seja prático nas
aplicações. O que é melhor dizer? - "Levemos Jesus ao mundo"
(genérico), ou "Ao chegar em sua casa hoje, pegue o telefone, ligue para
sua mãe que não é crente e diga-lhe: mamãe eu amo você e Jesus a ama
também..."
7. Esboço do Sermão
Decore o esboço do
sermão. Cada vez que o pregador deixa de "olhar no olho" dos
ouvintes, parcela deles se desliga. Mantenha os ouvintes plugados!
8. Gestos
Os gestos do
pregador reforçam os verbos. Gesticulação sem propósito denuncia o nervosismo
do pregador, e não causa bom efeito nos ouvintes.
9. O Uso do
Microfone
O microfone é um
amigo do pregador! Não dê pancada nele antes de usá-lo. No caso de dificuldades
em conviver com ele, faça um curso e aprenda a usar o recurso.
10. Autenticidade
Pregue, de preferência, os seus sermões.
Pregue sermões de outros pregadores, quando desejar. Ao fazê-lo, diga a fonte.
Não é feio omitir, é desonesto! Alguém descobrirá o plágio e você cairá em
descrédito
11. Apelo
Apele sem apelação.
Diga claramente o que você pretende que o ouvinte faça em reação ao sermão recém
apresentado. No caso de não haver manifestações , não ameace o auditório com
"pragas infernais".
12. Expressão Facial
Mantenha uma
fisionomia tranqüila. Não é preciso sorrir sempre... O auditório vê o sermão no
semblante do pregador, antes de ouvi-lo através de sua voz.
13. Movimentação
Caminhar na
plataforma é um bom exercício para o pregador e uma excelente maneira de
arremessar o auditório para fora do sermão. Procure aquietar-se!
14. Clareza
Ao ler o texto
básico do sermão, respeite a pontuação e enfatize os termos que serão
explicados e aplicados durante a mensagem.
15. Emoção
O pregador pode
chorar. Há ocasiões em que isto é inevitável durante o sermão. É espontâneo e
natural, não mero artifício de comunicação. Mas, se o chorar se tornar um hábito
do pregador é preciso averiguar a real origem dessa emoção, e sugere-se ao
pregador que procure ajuda com profissional especializado.
16. Chavões
A grande massa
evangélica produz a sua gíria. Chavões circulam no meio do povo como
"axioma teológico". Cabe ao pregador fugir dessas expressões inócuas,
tais como: "Amém, irmãos!" - "Uma bênção... Uma
Maravilha!", "O toque de Deus", e outras . Usá-las no sermão
reflete pobreza de exegese bíblica e falta de vocabulário.
17. Desculpas
Ao pregador não cabe
o pedir desculpas pelo conteúdo da mensagem que foi, ou será apresentada.
Desculpar-se não é bom nem antes, nem depois do sermão. A falsa humildade
revela verdadeiro desleixo.
18 Tiques
O pregador, nervoso,
repete o mesmo gesto. Leva a mão ao nó da gravata, pigarreia, arruma os óculos
no rosto... Todo o gesto repetido desperta a atenção do ouvinte e desvia-o do
sermão. Controle-se. Observe-se a si mesmo!
Antes que os
adolescentes façam piadas de você!
19. Dirigindo-se a
todos
Há templos com
galeria, e em muitos templos outros o coral fica postado na plataforma atrás do
pregador Temos assim uma dificuldade para o contato visual! Não raro o
mensageiro se esquece destes dois segmentos do auditório, e em nenhum momento
se quer dirige-lhes o olhar. Você não fará assim! Vire-se suave e cortesmente,
e fale aos coristas. Olhe para o alto e demonstre que você reconhece a
presença, e agradece a atenção dos presentes apinhados na galeria.
20. O início do sermão
Os cinco minutos
iniciais do sermão são cruciais, e dão duas certezas aos ouvintes.
A primeira: O pregador sabe o que vai dizer. Ele domina o assunto. (ou,
não sabe o que dizer!)
A Segunda: O pregador conhece texto no qual vai pregar (ou, está usando o
texto por pretexto).
Lembre-se:
Você tem 300 segundos para justificar a sua presença diante da congregação!