A infância e a
juventude de Jesus não devem ter sido muito diferentes da
de qualquer menino
judeu da Galiléia naquela época. Aqui você
mergulha na infância do Menino Jesus.
As primeiras letras
No tempo de Jesus, o
analfabetismo era muito raro entre os judeus do sexo masculino. Pois, ao
completar 13 anos, os meninos deviam comparecer à sinagoga e ler uma passagem
da Torá (as Sagradas Escrituras judaicas, constituídas pelos cinco primeiros
livros da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio). Era o
Bar-Mitzvá, um rito de passagem no qual o jovem se tornava responsável por
todos os seus atos. Por força dessa tradição, todos os garotos recebiam uma
instrução elementar, que compreendia a leitura, a escrita, a história do povo
judeu e o conhecimento dos principais salmos da Bíblia, adotados como orações.
Jesus teve certamente
acesso a essa educação básica. E a famosa passagem de Lucas, na qual o menino
Jesus debate com os doutores do Templo, é interpretada por alguns especialistas
como sendo sua cerimônia de Bar-Mitzvá.
Teria sua instrução
se interrompido nesse estágio?
Durante muito tempo, acreditou-se que a
pobreza da família impedira seu acesso à educação superior. Tal suposição
parecia concordar com certas passagens dos evangelhos - como um trecho de João
no qual os ouvintes se admiram com seus ensinamentos, dizendo: "Como pode
ser ele versado nas Escrituras, sem as ter estudado. Mas a opinião dos
pesquisadores começou a mudar nos últimos anos".
Um estudo mais
profundo das narrativas evangélicas e principalmente uma nova compreensão da
sociedade judaica da época, parece indicar que nem sua família era tão pobre
nem sua instrução parou no nível elementar. Na verdade, os especialistas se
inclinam cada vez mais a encará-lo como um rabino, altamente versado na cultura
tradicional de seu povo. Rabino, aliás, é o título pelo qual seus
interlocutores o tratam em inúmeras passagens dos evangelhos.
Jesus seria um
rabino?
Uma das formas de se
obter essa educação superior era participar dos círculos de discípulos de
rabinos ilustres. Paulo - que inicialmente perseguiu os seguidores de Jesus e
depois se tornou o principal teórico e propagandista do cristianismo - recebeu
esse tipo de instrução junto ao rabino Gamaliel, um dos maiores mestres da
época. Teria Jesus vivido uma experiência parecida? É possível. Porém os
evangelhos não fornecem nenhuma informação a respeito. Marcos e João começam
seu relato com Jesus prestes a iniciar sua missão, aos 30 ou, mais
provavelmente, 33 anos de idade. Mateus e Lucas traçam um brevíssimo retrato da
infância e, daí, pulam para a idade adulta. Alguns apócrifos apresentam outras
cenas infantis, mas são narrativas tardias e tão fantasiosas que não despertam
confiança. O resultado de tudo isso é uma lacuna de cerca de 20 anos na
"biografia" do Homem.
Essa omissão de dados
deu margem a todo tipo de especulação. Alguns autores associaram Jesus à
comunidade dos essênios - conjectura totalmente descartada pelas pesquisas mais
recentes. Outros o fizeram viajar à Índia, em busca de conhecimentos
esotéricos. Não há nenhuma prova a favor ou contra essa hipótese. De qualquer
modo, apesar de fascinante, ela é desnecessária, pois a sabedoria oculta estava
disponível na Palestina. O Antigo Testamento menciona explicitamente a
existência de confrarias místicas no tempo dos profetas Elias e Eliseu. Elas
certamente continuavam a existir, e até com maior expressão, no século 1 d.C.,
quando o judaísmo se encontrava dividido num sem número de partidos e seitas.
A eventual
participação do jovem Jesus num desses círculos iniciáticos é assunto polêmico.
Mas poderia explicar as peculiaridades de alguns de seus ensinamentos, certas
passagens obscuras de sua vida, e até mesmo a maneira como estruturou seu
próprio grupo de discípulos.
O jovem trabalhador
A tradição cristã diz
que José, o esposo de Maria, exercia a profissão de carpinteiro. O evangelho de
Marcos vai além. E afirma que o próprio Jesus seguia esse ofício: "Não é
este o carpinteiro, o filho de Maria (...)?", perguntam seus ouvintes,
admirados com a profundidade dos ensinamentos que acabara de proferir na
sinagoga.
Esse dado é muito
verossímil, pois, na época, as profissões passavam de pai para filho. Mas a
tradução não faz inteira justiça ao texto grego do evangelista. Pois a palavra
tékton, utilizada por Marcos, possui um significado mais amplo, e se aplica
tanto à função de carpinteiro quanto às de pedreiro e serralheiro.
O mais provável,
portanto, é que Jesus fosse um trabalhador autônomo, capaz de exercer essas
diferentes habilidades profissionais, de acordo com a demanda dos clientes. Tal
interpretação converge com o que escreveu o autor cristão Justino de Roma, no
ano 150 d.C.. Esse escritor, que nasceu na Galiléia, a região onde Jesus viveu,
afirma que ele fazia cangas para bois e arados.
A língua do Mestre
O idioma usado por
Jesus no dia-a-dia era o aramaico. Pois, em sua época, o povo já não falava
mais o hebraico. Considerado uma língua sagrada, o hebraico era empregado
apenas na composição de obras eruditas e nos ritos religiosos.
A língua do povo
Na comunicação
cotidiana, desde a época do exílio na Babilônia (586 a.C.- 538 a.C.), só se
utilizava o aramaico. Trata-se de um idioma do grupo semítico, originário da
Alta Mesopotâmia, falado ainda hoje em círculos restritos. É tão semelhante ao
hebraico quanto o espanhol ao português. E, a partir dos últimos reinados
assírios e persas, no século 6 a.C., tornou-se uma língua internacional,
empregada principalmente no comércio.
Nas sinagogas, as
leituras dos textos eram feitas em hebraico. Mas, para que as pessoas comuns
pudessem compreendê-las, um servente as traduzia ao aramaico. Como rabino,
Jesus estava perfeitamente familiarizado com o idioma sagrado. Isso fica bem
claro numa passagem do evangelho de Lucas, na qual ele lê na sinagoga um trecho
do livro do profeta Isaías, e depois o comenta para os ouvintes. Segundo os
estudiosos, a leitura foi feita em hebraico e o comentário em aramaico.
As línguas estrangeiras
A terceira língua
falada na região era o grego, o inglês da época, disseminado por todo o Oriente
Médio com as conquistas de Alexandre, o Grande, no século 4 a.C.. O grego era
utilizado, principalmente, pelas comunidades judaicas que viviam fora da
Palestina. Mas é bem provável que Jesus o conhecesse. Quanto ao latim, o idioma
do Império, seu uso se restringia aos quadros da administração romana.
Porque Jesus era
chamado de “Rabino”?
Para entender por que
Jesus foi chamado assim, devemos lembrar que Jesus era judeu. O cristianismo, é
claro, não existia até depois da morte de Jesus e para aqueles que observavam
Jesus viajar, pregar e ensinar,
Os nomes e títulos de
Jesus na Bíblia variam de “Príncipe da Paz” para “Emmanuel”, mas aqueles que o
conheceram melhor eram simplesmente “Rabino“. Nos evangelhos, os discípulos se
referem repetidamente a Jesus como “Rabi”, que é uma palavra aramaica que
significa “mestre” ou “mestre”.
Para entender por que
Jesus foi chamado assim, devemos lembrar que Jesus era judeu.
O cristianismo, é
claro, não existia até depois da morte de Jesus e para aqueles que observavam
Jesus viajar, pregar e ensinar, era muito parecido com seus rabinos que
ensinavam as Escrituras todas as semanas nas sinagogas.
Uma técnica de ensino
comum entre os rabinos que aparece nos Evangelhos é a pergunta e a resposta.
Alguém pergunta ao rabino, então ele responde e expande para fazer um ponto.
Isto pode ser visto quando perguntaram a Jesus: “É lícito para um judeu devoto
pagar impostos às autoridades romanas?” (Mateus 22: 15-22), “O que devo fazer
para herdar a vida eterna? 10: 17-22) e “Quem é o maior no reino dos céus?”
(Mateus 18: 1-6).
+ Rabino recebe uma
mensagem celestial na Caverna do Profeta Elias
Mas os evangelhos
também enfatizam a diferença de Jesus com os rabinos normais. Mateus 7: 28-29
diz: “Quando Jesus terminou de dizer estas coisas, a multidão ficou atônita com
os ensinamentos, porque os ensinou como alguém que tem autoridade e não como
seus escribas”.
Ao anunciar seu
ministério, Jesus também se declara diferente de outros rabinos. Em Lucas 4,
Jesus desenrola o pergaminho e lê Isaías 61: “O Espírito do Senhor está sobre
mim, porque ele me ungiu para pregar as boas novas aos pobres. Ele me enviou
para proclamar a libertação aos cativos e a recuperação a visão para os cegos,
libertar os oprimidos, proclamar o ano do favor do Senhor “.
Mas em vez de se expandir para a passagem e
ensinar sobre isso, como o rabino costumava fazer, Jesus sentou-se e disse:
“Hoje está Escritura foi cumprida em seus ouvidos” (Lucas 4:21).
E no final dos Evangelhos, quando os
discípulos percebem quem realmente é Jesus, eles o declaram muito mais do que
seu Rabino. Mateus 16: 15-16 lê: “Jesus disse-lhes:” Mas quem você diz que eu
sou? “Simão Pedro disse:” Tú és o Cristo, o Filho do Deus vivo “.
E Tomé, vendo as
marcas nas mãos de Jesus, seus pés e seus lados, e percebendo que ele era o
Cristo ressuscitado, disse: “Meu Senhor e meu Deus”.
Jesus era um rabino,
ou professor, para os discípulos e permanece até os dias de hoje. Mas também é
muito mais. Se você gostou do artigo, compartilhe com seus amigos
Continue escrevendo o texto ficou muito legal, parabéns!
ResponderExcluir