DIAS LITERAIS OU
PERÍODOS DE TEMPO FIGURADOS?
Gerhard F. Hasel.
I. INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas o
destaque crescente que tem sido dado ao criacionismo, à “ciência criacionista”
(1), à “ciência das origens” (2), e à “ciência teísta” (3), tem criado um clima
em que perguntas antigas têm surgido com enfoques específicos e nova
sofisticação. Uma delas refere-se ao significado que se dá ao termo “dia” nos
primeiros capítulos de Gênesis.
A natureza do relato
da criação com os seus seis “dias” (Gênesis 1:5-31) seguidos do “sétimo dia”
(Gênesis 2:2-3) é de interesse especial, porque costumeiramente esse período é
entendido como significando o curto lapso de uma semana literal. Com base na
moderna teoria da evolução natural, tem sido questionado esse curto intervalo
de tempo apresentado no relato bíblico da criação. Há um contraste entre o
curto período de tempo do relato da criação e as longas eras exigidas pela
evolução natural.
Este artigo tentará
desincumbir-se de várias tarefas interrelacionadas:
1. Prover algumas
observações metodológicas, com um breve histórico da interpretação bíblica
pertinente;
2. Citar opiniões
representativas recentemente publicadas sugerindo que os “dias” da criação
constituem longos períodos de tempo, ou épocas, e não dias literais de vinte e
quatro horas;
3. Apresentar os
dados encontrados em Gênesis 1 no seu relacionamento com outros dados do Velho
Testamento; e
4. Aplicar na análise
dos dados de Gênesis 1 a metodologia usual das pesquisas lingüísticas e
semânticas, levando em conta o mais apurado conhecimento atual.
II. OBSERVAÇÕES
METODOLÓGICAS E A HISTÓRIA DA INTERPRETAÇÃO
O conhecimento de certos aspectos da história
da interpretação dos “dias” da criação de Gênesis 1 pode ser de utilidade
dentro da perspectiva da metodologia usada para a interpretação. A informação
histórica ajuda o intérprete moderno a reconhecer que não é correto sugerir que
sómente após a publicação de “A Origem das Espécies”, de Charles Darwin, em
1859, é que os “dias” da criação tivessem passado a ser considerados como
períodos de tempo não literais. Houve razões extra-bíblicas anteriores que
levaram alguns intérpretes a se afastar do significado literal dos “dias” da
criação.
1. Algumas
interpretações medievais dos “dias” da criação
Orígenes de Alexandria, um dos Pais da Igreja
(* c. 185 A .D., + c. 254 A .D.), defensor e praticante do método alegórico de
interpretação (4), é considerado como o primeiro a entender os “dias” da
criação no sentido alegórico, e não literal (5).
Agostinho (* 354 A
.D., + 430 A .D.), o mais famoso dos Pais da Igreja latinos, acompanhou a
Orígenes na argumentação de que os “dias” devem ser entendidos como alegóricos,
e não literais (6). Entende-se que Agostinho ensinava que Deus criou o mundo
num só instante imediato.
Convêm aqui algumas
considerações metodológicas. Nem Agostinho nem Orígenes tinham em mente
qualquer conceito evolucionista. Eles consideravam os “dias” da criação como
não literais com base em algo distinto - era obrigação filosófica atribuir a
Deus atividade criadora sem qualquer relação com o tempo humano. Como os “dias”
da criação se relacionam com Deus, argumentava-se que esses “dias” tinham de
ser representativos de noções filosóficas associadas a Deus, tomadas nas suas
respectivas perspectivas.
Na filosofia grega
Deus é intemporal. Como os “dias” da criação incorporam-se à atividade divina,
supunha-se que eles também deviam ser entendidos num sentido não temporal. O
pensamento de Orígenes e de Agostinho havia sido influenciado pela filosofia
grega, e não por especulações científicas que pudessem levar a uma
reinterpretação dos “dias” da criação.
Esta abordagem tem em
comum com as tentativas modernas que também tomam os “dias” da criação como
significando algo distinto do que a sua acepção literal indica, o fato de que
ambas baseiam-se em influências externas ao próprio texto bíblico. Os teólogos
medievais que tomaram os “dias” da criação como não literais basearam-se em
modos de pensar da filosofia pagã, extra-bíblicos.
Existe hoje também
outra influência extra-bíblica que induz os intérpretes a alterar o que parece
ser o claro significado dos “dias” da criação. É uma hipótese científica
baseada num ponto de vista naturalístico, a moderna teoria da evolução, que tem
impulsionado essa alteração.
O pensamento dos teólogos
católicos medievais foi influenciado pelo método alegórico alexandrino de
interpretação. Nos tempos medievais (7) foi adotado, e ainda encontra apoio no
catolicismo romano atual, o sentido quádruplo das Escrituras (8). Os três
sentidos não literais dessa interpretação quádrupla das Escrituras (a saber,
alegoria, anagogia, tropologia) destacaram-se e mantiveram importância
fundamental por mais de um milênio na Cristandade, provendo a base hermenêutica
para a reinterpretação do sentido literal dos “dias” da criação.
2. O entendimento dos
“dias” da criação pela Reforma
Os Reformadores do décimo-sexto século
concordaram em que o sentido quádruplo da interpretação das Escrituras
comprometia o significado literal da Bíblia, tornando nula e vazia a sua autoridade
quanto à fé e à vida. Insistiram os Reformadores que o único e verdadeiro
sentido das Escrituras é o literal, o significado claro e direto do texto.
Uma das principais
conquistas da Reforma Protestante foi o retorno às Escrituras. Isto significou
que as Escrituras não necessitam de uma chave externa para a sua interpretação
- seja ela o Papa, os concílios da igreja, a filosofia, ou qualquer outra
autoridade humana. A clareza e a lucidez tornaram-se norma; a leitura a partir
do seu próprio contexto tornou-se fundamental. Conceitos externos não lhe
deviam ser sobrepostos, como se tornara prática no catolicismo medieval. A
Bíblia tinha de ser lida no seu sentido literal e gramatical (9).
Martinho Lutero,
consistentemente, defendeu a interpretação literal do relato da criação:
“Afirmamos que Moisés falou no sentido literal, e não alegórica ou
figurativamente, isto é, que o mundo, com todas as suas criaturas, foi criado
em seis dias, como se lê no texto” (10). Também os outros Reformadores
entendiam os “dias” da criação da mesma forma. [destaques meus]
A interpretação
literal e gramatical, conhecida na história da Hermenêutica como o método
histórico-gramatical, foi a norma da interpretação bíblica mais ou menos até o
século dezenove (11).
3. Mudanças sob a influência
do Modernismo
À medida em que o conceito de longos períodos
de tempo se infiltrava na explicação das origens da Terra, a partir das
publicações de James Hutton (* 1726, + 1797) e Charles Lyell (* 1797, + 1875),
alguns intérpretes cristãos, seguindo uma linha de conciliação, começaram a
reinterpretar os “dias” da criação de forma não literal. O impulso nessa
direção não se encontrava na própria Bíblia, mas numa nova visão de mundo que
estava a desenvolver-se com base no conceito uniformista, e na resultante
concepção das origens demandando longos intervalos de tempo.
O entendimento dos
“dias” da criação como sendo “dias de restauração” (12), “dias de revelação”
(13), além de considerar um “dia” como uma “época” (teoria do “dia-época”) ou
como uma “época/era” (14) remonta a esse tempo, da mesma forma que as mudanças
de cronologia exigidas pela nova Geologia. A abordagem de uma reinterpretação
não literal dos “dias” foi típica dos que seguiam uma linha de conciliação,
chamados de “concordistas”, que passaram a aceitar longos intervalos de tempo
para a origem da Terra (15). Tendo em vista essas alterações, é inevitável
concluir que as influências externas exercidas por uma nova compreensão das
idades geológicas tornaram-se o catalisador para a reinterpretação dos “dias”
da criação.
4. Alterações
recentes na interpretação dos “Concordistas”
Na última década os “concordistas”, ou
conciliadores liberais, têm tentado interpretar cada vez mais os “dias” da
criação relatada em Gênesis de maneiras não literais, para fazer concordar as
longas eras explicitadas pela teoria evolucionista com as implicações
cronológicas do relato bíblico da criação.
É um fato reconhecido
que a longa e controvertida história da relação entre ciência e religião
ocasionou seu impacto no atual entendimento da Bíblia (16). Provavelmente o
exemplo mais célebre disso tenha sido a mudança do ponto de vista geocêntrico
para o heliocêntrico (17).
O sistema ptolomaico,
não cristão, havia sido adotado pelos teólogos medievais tanto como sendo o ponto
de vista cristão correto, quanto sendo bíblico, para a compreensão de nosso
planeta. A Terra era concebida como o centro do sistema solar, e freqüentemente
também do universo. Estabeleceu-se um enorme dilema quando o sistema
heliocêntrico de Copérnico tornou-se proeminente e aparentemente irrefutável.
De um ponto de vista
metodológico, o modelo interpretativo que os cientistas operam para a
interpretação dos dados observados na natureza predeterminará em grande grau os
resultados a serem obtidos, o mesmo acontecendo com o significado dos dados
provenientes de fontes não naturais, dentre as quais se insere a Bíblia. É
reconhecido, de maneira geral que as “teorias científicas afetam, sem dúvida, a
interpretação bíblica pelo menos à medida em que elas abrem a oportunidade para
a reavaliação da interpretação de algumas passagens (Gênesis 1-2; 6-8)” (18). A
questão decisiva que surge então é se essa reavaliação vai configurar ou não
uma imposição ao texto bíblico a ser feita pelos “concordistas” ou outros - imposição
de um significado alheio ao que se encontra nas Escrituras dentro de seu
próprio contexto.
Pelo menos duas
principais opções parecem apresentar-se então:
1. A reavaliação com
base nas conclusões “científicas” poderia levar a uma interpretação dos textos
bíblicos que seja permissível dentro da estrutura conceitual do contexto e da
intenção da totalidade das Escrituras. Nesse caso a reavaliação não colide com
as normas internas de coesão e unidade das Escrituras.
2. A reavaliação de
um texto bíblico poderia também levar a uma conclusão referente ao significado
específico desse texto em discordância com aquilo que certa hipótese científica
aceita atualmente. Para aqueles que aceitam a autoridade bíblica plena isso
deveria levar ao reexame da conclusão resultante da interpretação dos dados
provenientes da natureza obtidos pelos cientistas. Neste caso, isso por sua vez
poderá atingir a própria teoria científica, ou até mesmo a ciência em seu todo,
“pelo menos levando-nos a reavaliar se todas as conclusões tiradas de uma
teoria científica são fidedignas, ou em alguns casos indagar se toda a teoria
está sob suspeição” (19).
5. A autoridade
inerente das Escrituras
Alguns têm aceito a idéia de que uma teoria
científica, pela sua própria natureza, e pela abrangência de sua aceitação, tem
prioridade com relação às Escrituras (20). Está muito além dos limites deste
artigo desvendar a complexidade dessa questão. Bastará dizer que, se as
Escrituras são entendidas como resultado da revelação divina, e escritas de maneira
inspirada, elas deveriam ter uma dimensão de autoridade não encontrada no livro
da natureza. Com base nessa dimensão de autoridade superior, as Escrituras
podem auxiliar na interpretação do livro da natureza, provendo um modelo de
interpretação mais abrangente do que poderia ser esperado de um modelo
puramente naturalístico.
Se as Escrituras
devem manter sua integridade própria, dificilmente poderão ser interpretadas de
forma a se acomodarem, a todo o momento, a alterações que derivem da ciência,
da sociologia, da história, etc. As Escrituras, baseadas em sua própria
natureza e autoridade, incorporam sua própria integridade quanto ao seu sentido
e seus reclamos de verdade inerente. Isto se torna cada vez mais claro a partir
de um estudo cuidadoso da Bíblia com sólidos métodos de interpretação que se
harmonizam e se fundamentam no testemunho das próprias Escrituras. Isto implica
que a autoridade das Escrituras reside nelas mesmas, e baseia-se na revelação e
na inspiração.
A auto-suficiência
das Escrituras, de que falamos, não significa que qualquer questão levantada a
partir de outras áreas de investigação, tais como a ciência, a história, a
sociologia, etc. não possa ser discutida com referência às Escrituras. Existe,
entretanto, uma enorme diferença entre perscrutar novas questões referentes às
Escrituras e impor novos significados ao texto bíblico.
III. INTERPRETAÇÕES
FIGURATIVAS DOS “DIAS” DA CRIAÇÃO
1. Argumentos representativos a favor de
longas épocas
O propósito claramente expresso das tentativas
atuais de interpretar os “dias” de Gênesis 1 em termos outros que não literais
freqüentemente é exposto também de forma bastante clara. Algumas citações de
respeitados estudiosos falarão por si mesmas.
O erudito britânico
John C. L. Gibson argumenta que Gênesis 1 deve ser tomado como uma “metáfora”
(21), “história”, ou “parábola” (22), e não como um registro direto dos
acontecimentos da criação. Escreveu ele em seu comentário sobre Gênesis, de
1981:
“... Se entendermos
“dia” como equivalente a “época” ou “era”, poderemos pôr a seqüência da
criação, apresentada no capítulo 1, em conexão com os relatos da moderna teoria
da evolução, e assim caminhar um pouco no sentido da recuperação da reputação
da Bíblia em nossa era científica ... Tanto quanto este argumento inicie uma
tentativa de ultrapassar o sentido literal, atribuindo à semana da criação o
sentido de uma parábola, com uma duração muito mais extensa, isso será digno de
elogios.” (23)
Em 1983 o
comentarista alemão Hansjörg Bräumer afirmou:
“O “dia” da criação
que é descrito como contendo “manhã e tarde” (sic) não é uma unidade de tempo
que possa ser determinada com um relógio. É um dia divino no qual mil anos são
como o dia de ontem (Salmo 90:4, margem). O dia primeiro da criação é um dia
divino. Não pode ser um dia terrestre, pois ainda está faltando a medida do
tempo, o Sol. Não ocasionará nenhum dano ao relato da criação, portanto,
entendê-la dentro do ritmo de milhões de anos” (24). [Seria Deus impotente,
incapaz de controlar o tempo??? Ele precisaria realmente do Sol??? De onde virá
a luz da Nova Jerusalém???... lá não terá sol. (Ap 21:23-24)]
D. Stuart Briscoe,
criacionista “progressista” americano, aborda o assunto em seu comentário sobre
Gênesis, da mesma forma:
“O naturalista fala
convincentemente em termos de milhões de anos e eras evolutivas, enquanto o
crente na Bíblia olha para os seis dias e fica perplexo, sem saber o que fazer
... Não é absolutamente irrazoável crer que “dia” (em Hebraico yôm), que pode
ser traduzido literalmente como “período”, refira-se não a dias literais, mas a
eras e épocas em que a obra criadora de Deus estava sendo realizada.” (25)
[Deus ainda está descansando da sua obra, aliás o sétimo dia ainda não acabou,
de acordo com essas interpretações liberais, canais, mundanas, diabólicas...
quem teria maior intenção em desacreditar no que está escrito, se não o próprio
diábo.]
Explicações desse
tipo podem ser multiplicadas e provêem de estudiosos que militam no campo dos
“concordistas”. Mais precisamente, pertencem eles ao ramo dos “concordistas
abrangentes”, que em tempos recentes associaram-se ao criacionismo
“progressista” (26).
2. Análise e
avaliação de Salmo 90:4 e de II Pedro 3:8
Comecemos considerando Salmo 90:4. Esta
passagem tem sido invocada com freqüência para indicar que os “dias” da criação
não são literais, mas representam períodos, épocas, ou idades na cronologia.
Reza o texto: “Porque
mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou, e como a vigília da
noite. ” [ACF] (27). De interesse imediato é a comparação do longo período de
tempo de mil anos com tão somente o dia de ontem e a vigília da noite. Esta
passagem das Escrituras contém uma partícula comparativa no original hebraico,
para fazer a comparação entre os mil anos e “ontem”, e a “vigília”. A partícula
comparativa, em Português, foi traduzida por “como”.
Do ponto de vista da
sintaxe hebraica essa partícula comparativa refere-se não somente à expressão
“dia de ontem”, mas também à expressão “vigília da noite”. Ela aplica-se a
ambas as frases. Isto demonstra que a comparação não é entre um “dia” ser igual
a mil anos. Mil anos com Deus são como ontem, isto é, o dia que passou, ou como
a “vigília da noite”, que é um período de tempo menor mesmo do que “ontem”. O
ponto fundamental é que Deus computa o tempo de maneira distinta dos seres
humanos.
Gênesis 1 não está
interessado em mostrar como Deus calcula o tempo. O contexto da criação em
Gênesis fala de “dias” no sentido do tempo da criação durante o qual Deus criou
este mundo, e pelo qual estabeleceu Ele o ritmo do ciclo semanal de contagem do
tempo.
Além do mais, em
Gênesis 1 falta qualquer partícula comparativa semelhante a “como”, em conexão
com o uso do termo “dia”. A falta de uma expressão hebraica comparativa, em
Gênesis 1, seja relativa ao termo “dia”, seja relativa à expressão “tarde e
manhã”, indica que não se pretende comparação alguma. Comparação não é o
problema de Gênesis 1. O problema é a extensão de tempo que Deus usa para criar
o mundo, e se esse período de tempo é ou não idêntico à semana de sete dias que
estabeleceu o ritmo para o tempo histórico.
A partir de pontos de
vista contextuais, bem como de semântica e de sintaxe gramatical, a aplicação
de Salmo 90:4 a Gênesis 1 não tem cabimento. Critérios adequados de comparação,
tanto lingüísticos como fraseológicos, inexistem no caso. As pessoas que ligam
entre si os dois textos não apresentam sensibilidade a quaisquer critérios
contextuais lingüísticos e fraseológicos. Fica a impressão de que as pessoas
que comparam os “dias” de Gênesis 1 com o “ontem” e a “vigília”, ou os mil anos
da escala de tempo divina, estão “comparando laranjas com bananas”.
Outro tipo de objeção
tem sido levantado ao se considerarem os “dias” da criação como longos períodos
de tempo: se tivéssemos de entender “o sexto dia como a sexta época da criação,
isso abriria a porta à existência de algum tipo pre-adâmico de homo (sic)
sapiens” (28). Em outras palavras, a substituição de “dia” literal por longas
eras colide com a visão de Adão e Eva como os primeiros seres humanos que Deus
criou sobre a Terra.
Uma terceira
dificuldade relaciona-se com o fato de que o Salmo 90 não é um Salmo que versa
sobre a criação. Contextualmente, o Salmo 90 não aborda o tópico referente a
como Deus encara os “dias” da criação, mas sim como os seres humanos devem
encarar o tempo quando posto em comparação com a eternidade de Deus. Em
Português há uma palavra para essa comparação, “ontem”. E “ontem” no Salmo 90:4
está em paralelismo com a expressão “vigília da noite”, isto é, um intervalo de
tempo bastante mais curto. Isso significa que os mil anos não estão sendo
comparados simplesmente com um dia, mas com um intervalo de tempo mais curto.
Em resumo, Salmo 90:4
não define o significado do que é designado como “dia”em Gênesis 1. Em face dos
problemas citados, e de outras dificuldades existentes (29), não se deve
surpreender com o fato de que muitos que normalmente aceitam a “teoria do
dia/época” como solução para a contraposição entre ciência e religião, evitam
de fazer referência a Salmo 90:4. Esse texto, quando lido em seus devidos
termos, nada tem a ver com a extensão dos “dias” da criação.
Segunda Epístola de
S. Pedro 3:8
Os “concordistas
abrangentes” também têm usado a segunda epístola de S. Pedro, capítulo 3,
versículo 8 (“que um dia para o Senhor é como mil anos...” [ACF]) para apoiar a
teoria do dia/época. Isso tem sido considerado por alguns como uma espécie de
equivalência matemática “bíblica”, igualando literalmente um dia a mil anos.
Outros têm considerado os mil anos como significando um longo período, uma
época, ou algo semelhante. Neste caso, argumenta-se que “um dia é igual a um
longo período de tempo”, ou “um dia é igual a uma época”.
Convém assinalar que
os que invocam este texto desta forma deparam-se com vários problemas importantes:
1) II S. Pedro 3:8
não apresenta nenhum contexto criacionista;
2) II S. Pedro 3:8
incorpora uma partícula comparativa que não consta no texto de Gênesis 1;
3) II S. Pedro 3:8
passa a ser interpretado não literalmente quando os mil anos são supostos como
significando uma “época” ou algo semelhante;
4) II S. Pedro 3:8
revela que Deus não está limitado ao fator tempo, nem sujeito a ele no
cumprimento de suas promessas.
A intenção dessa
passagem é bem posta por Lloyd R. Bailey, ele mesmo um “concordista
abrangente”:
“O texto de II S.
Pedro 3:8 tem sido mal interpretado por aqueles que querem utilizá-lo para
amparar o sentido da palavra “dia” em Gênesis 1. ... Entretanto, o propósito
daquele texto é destacar que “O Senhor não retarda a sua promessa ... mas é
longânimo ... não querendo que ninguém pereça ...” (versículo 9; cf. versículo
4). Isto é, Deus não está sujeito ao tempo no sentido em que os seres humanos
estão (“... como alguns a julgam demorada”, versículo 9). A intenção, portanto,
é de asseverar a fidelidade de Deus a suas promessas, e não de definir o
significado da palavra “dia” como ela é usada em Gênesis 1.” (30)
Melhor seria
deixarmos que II S. Pedro 3:8 cumpra o seu propósito original, e não dar-lhe
uma interpretação sem qualquer conotação tópica, contextual e lingüística.
3. “Dias de
Revelação”?
A teoria de que os “dias” da criação são de
fato “dias de revelação” é hoje defendida somente por alguns poucos estudiosos
do assunto.
Essa teoria foi
proposta no décimo-nono século pelo geólogo escocês Hugh Miller (31). Hoje em
dia foi ela reavivada por P. J. Wiseman, em sua publicação “Creation Revealed
in Six Days”, reeditada em 1977 (32).
De acordo com essa
interpretação, Deus não criou o mundo em seis dias, mas sim “revelou” e
explicou ao homem em seis dias literais aquilo que Ele já teria feito no
decorrer de numerosos intervalos de tempo. A frase recorrente “e disse Deus” é
considerada como apoiando a teoria de que os “dias” da criação constituem
realmente “dias de revelação”. Esta teoria não exige uma idade recente para a
origem do mundo, nem a criação em seis dias literais de 24 horas.
Tem sido observado de
maneira incisiva que a concepção dos “dias da teoria da revelação” resulta em
grande parte de uma “compreensão errada da palavra fez em Êxodo 20:11” (33),
para a qual Wiseman defende o significado de “mostrou” (34).
“Mostrou” não é um
significado válido para o termo hebraico ‘asah. Nenhum dicionário da língua
hebraica apoia esse significado para esta palavra. O termo hebraico ‘asah,
usado mais de 2.600 vezes no Velho Testamento, significa “fazer, manufaturar,
produzir”, etc., (35) e em nem uma só vez seu significado pode ser associado a
“mostrar”, tanto no Velho Testamento quanto no Hebraico extra-bíblico (36).
Este significado, “mostrar”, foi inventado exclusivamente em função da teoria
em questão. Em vista desse fato, não é surpresa que os “dias da teoria da
revelação” não tenham tido maior repercussão (37).
Em resumo, os
“concordistas abrangentes” atuais parecem interpretar Gênesis 1 de alguma forma
“figurativa, simbólica, ou em senso lato, como por exemplo com a idéia de que
os “dias” de Gênesis 1 podem ser interpretados como longos períodos de tempo”
(38). Seu propósito é tentar uma acomodação com as alegações da teoria da
evolução quanto aos longos períodos de tempo. Com base nessa hipótese para a
cronologia, as Escrituras são reinterpretadas na busca de uma harmonização
entre o seu relato da criação e o quadro evolutivo naturalista. Os que procuram
ajustar as Escrituras, nessa linha, são conhecidos como “concordistas
abrangentes”. [Quem é infalível, as Escrituras Sagradas ou os cientistas
depravados? Em que o crente fiel deve acreditar? Nas Escrituras, claro!]
Contrastando com essa
posição estão os “concordistas estritos”, estudiosos de igual erudição e
capacidade, que também procuram harmonizar a ciência com a religião, mas sem
pretender atribuir ao texto bíblico uma “leitura vaga”. Concordam eles que o
significado de um texto deva basear-se em critérios de linguagem internos, bem
como no emprego de padrões lingüísticos comumente aceitos. Concordam também que
o contexto das Escrituras é primordial e que as normas lingüísticas precisam
seguir sólidas convenções sintático-gramaticais. Assim, os “concordistas
estritos” estão perfeitamente cônscios das tensões existentes, mas resistem
contra forçar um significado para o texto bíblico sem o apoio de sólida análise
lingüística.
IV. O GÊNERO
LITERÁRIO DE GÊNESIS 1
1.Gênero literário / Argumento formal
O recente comentário sobre o livro de Gênesis,
de autoria do erudito evangélico Victor P. Hamilton, assume a posição de que os
“dias” de Gênesis 1 devem ser considerados como não figurativos e não
metafóricos, isto é, devem ser dias solares de 24 horas (39). Entretanto, como
“concordista abrangente” que é, comprometido com longos períodos de tempo,
continua ele interessado na busca da harmonia com a moderna ciência
naturalista. Para conseguir esse objetivo, apela ele para uma “leitura
literária de Gênesis 1 que ainda permita a permanência de dia como um dia solar
de 24 horas” (40). Como pode isso acontecer?
Hamilton fala de uma
“leitura literária” do relato da criação em Gênesis. Essa “leitura literária”
permite-lhe entender os “dias” da criação literalmente, mas não “como um relato
cronológico a respeito de quantas horas Deus despendeu em Seu projeto criativo,
mas como uma analogia referente à atividade criadora de Deus” (41). Sob este
ponto de vista, os “dias” de 24 horas em Gênesis 1 nada mais são do que uma
“analogia” baseada em uma “leitura literária (não histórica)” do relato da
criação apresentado em Gênesis.
Este ponto de vista
sobre a “leitura literária” baseia-se em Charles E. Hummel (42). Hummel
argumenta que mesmo que os “dias” em Gênesis 1 tivessem de ser considerados
como dias solares de 24 horas, como ele acredita que sejam, “permanece ainda a
questão sobre se a forma (literária) é figurativa ou literal, isto é, uma
analogia da atividade criadora de Deus, ou um relato cronológico a respeito de
quantas horas Ele trabalhou” (43). Hummel acredita que são importantes o “quem”
e o “porquê” da criação, mas não o “como” (acompanhando Bernard Ramm), e que,
portanto, a “analogia ... provê um modelo para o trabalho humano” (44).
A teoria da
“analogia” consiste em entender o “dia” literal no contexto de “uma metáfora”
que “utiliza o significado usual de uma palavra” (no caso a palavra “dia”) “de
uma maneira figurativa” (45). A transferência analógica sugerida pela teoria da
“analogia” suprime de um documento cronológico o esquema de seis dias de trabalho
e um de repouso, passando a caracterizá-lo tão somente como uma ampla
configuração relacionada com o trabalho e o repouso aplicável à humanidade
(46).
Por mais atraente que
essa teoria da “analogia” possa parecer, permanecerá sempre o problema da
fidedignidade contextual e literária dentro do capítulo 1 de Gênesis e da
Bíblia como um todo, para aceitar a designação do tempo expressa na palavra
“dia” simplesmente como uma analogia para o conceito de trabalho/repouso.
Hummel (acompanhado por Hamilton) foi forçado a redefinir o gênero literário de
Gênesis 1, deixando de lado o relato direto da criação, e aceitando um gênero
designado como “narrativa semi-poética” (47). Isso enquadra-se na abordagem
histórico-cultural da criação.
Torna-se evidente que
estes eruditos “concordistas” em parte são influenciados pela crítica formal e
seu estilo metodológico de interpretação. A crítica formal, um sub-método do
método histórico-crítico, iniciou-se com Hermann Gunkel, conhecido como o pai
da crítica formal, na virada do século (49). Gunkel levantou a questão sobre se
“as narrativas de Gênesis são história ou lenda” (50). Sua premissa era que
“muitas coisas relatadas em Gênesis ... vão diretamente de encontro ao que
temos de melhor em nosso conhecimento” (51). A idéia contida no “melhor em
nosso conhecimento” constitui uma admissão tácita da parte de Gunkel de que a
concepção do mundo evolucionista naturalística constitui a norma autorizada
para julgar o que é história ou o que é lenda. Desta forma, sugeriu ele que o
gênero literário de Gênesis não é história, e sim “lenda”. Gunkel foi o
primeiro erudito liberal a atribuir ao relato da criação, constante de Gênesis,
outro gênero literário que não história no sentido de um relato factual.
Posteriormente acompanharam-no outros eruditos liberais e teólogos
neo-ortodoxos, e também hoje, em parte, eruditos neo-evangélicos que são
“concordistas abrangentes”.
Embora não precisemos
tentar ser exaustivos na citação de categorias de estilos literários que têm
sido propostos para classificar Gênesis, poderão ser citados alguns dos
principais exemplos representativos. Karl Barth, o pai da teologia
neo-ortodoxa, considera Gênesis 1 e 2 como “saga” (52), e conseqüentemente não
histórico. S. M. Hooke, líder da escola do mito-e-ritual, afirma que o relato
da criação de Gênesis é uma “liturgia cultual” (53). Gordon Wenham, erudito
não-evangélico, acredita ser ele um “hino” (54). Walter Brueggemann,
não-concordista liberal, sugere que é um “poema” (55). Claus Westermann,
crítico formal, chama-o de “narrativa” (56). John H. Steck, “concordista
abrangente”, chama-o de “narração metafórica” (57). Gerhard von Rad, crítico da
tradição, designa-o como “doutrina” (58). Outros sustentam ser um “mito” (59),
uma “parábola” (60), “história”, “teologia” (61), “alegoria”, etc.
Diversas observações
essenciais devem ser feitas em vista dessa pletora de opiniões correntes sobre
a natureza do gênero literário do relato da criação de Gênesis.
1) O consenso óbvio é
que não há consenso sobre o gênero literário de Gênesis 1. Isso faz com que a
abordagem do estilo literário para uma leitura não literária de Gênesis 1 seja
considerada suspeita em suas alegações.
Como não há consenso,
o intérprete cuidadoso deveria ser mais cauteloso, evitando engrossar o cortejo
triunfal da identificação do gênero literário com o propósito de redefinir a
intenção de Gênesis 1. A intenção da descrição do estilo pela crítica formal,
desde o início, dos tempos de Gunkel até hoje, tem sido fazer com que o texto
de Gênesis 1 não seja considerado como histórico e factual em sua natureza
(62).
2) A abordagem do
“gênero literário” revela ser este outro caminho, inicialmente usado pelos
não-concordistas, para evitar que o relato da criação em Gênesis seja
compreendido como um texto literal, com autoridade, com implicações quanto ao
relacionamento entre a ciência e a Bíblia. É sugerido corretamente que “a
maneira pela qual Deus revelou a história da criação deve ser ela mesma
justificada pelas Escrituras” (63), e não apelando-se à descrição do gênero
literário pela crítica formal, da qual tenha sido removida a historicidade.
3) Intérpretes que
adotam a abordagem do “estilo literário” com o objetivo de retirar o relato da
criação do âmbito de sua intenção literal sentem-se livres, não obstante, para
interpretar os “dias” da criação de uma maneira literal e gramatical.
Usar a abordagem do
“estilo literário” significa restringir o significado de Gênesis 1 a uma forma
de pensamento que não exige uma leitura histórica, factual, daquilo que
aconteceu. A redefinição do relato da criação realizada nessa abordagem
pretende suprimir para o leitor moderno a informação sobre “como” e “de que
maneira” e “quando” Deus criou o mundo. Ela simplesmente deseja afirmar de
maneira minimalística que Deus é Criador. E esta afirmação é feita com
significado teológico, e não científico, sem qualquer relação com a maneira
pela qual a Terra e o Universo tenham vindo à existência e se desenvolvido
subseqüentemente.
A abordagem do
“estilo literário” baseia-se em uma metodologia da crítica literária (64) que
pretende atribuir ao relato da criação, como um todo, uma função distinta
daquela da historicidade ou da factualidade. Nesse caso, não importa se os
“dias” da criação são considerados como dias literais de 24 horas, pois esses
dias, bem como o relato em seu todo, teriam outro sentido que não o histórico
ou factual.
2. Gênesis 1 :
literal ou figurativo?
Permanece a questão sobre se o relato da
criação em Gênesis 1 é literal ou figurativo em seu todo (65). Freqüentemente
Gênesis 1 é considerado como parte de uma unidade maior, que abrange os
capítulos de 1 a 11, para dar resposta às questões ligadas à sua natureza, propósito
e função.
É um fato reconhecido
que estes capítulos iniciais do livro de Gênesis apresentam singularidades,
isto é, eventos acontecidos uma só vez, não mais repetidos, e que não encontram
nada análogo na nossa experiência atual.
Como o historiador
moderno encara tais singularidades? A posição padrão da historiografia moderna
baseia-se no princípio da analogia (cf. Ernst Troeltsch), isto é, o princípio
de que nada na experiência do passado pode ser reconhecido como histórico a não
ser quando corresponda à experiência atual (66). Este princípio baseia-se, por
sua vez, na noção da uniformidade básica da experiência humana e dos
acontecimentos históricos (67). O princípio da analogia sustenta que o passado
somente é compreendido através da contribuição do presente, com sua aplicação
ao passado.
A aplicação
consistente deste fundamento uniformista que se manifesta no princípio da
analogia leva à negação da historicidade e da factualidade da maior parte dos
capítulos 1 a 11 de Gênesis, aí incluído o relato da criação de Gênesis 1.
Poderia e deveria o
princípio uniformista da analogia reinar como a suprema norma para a
compreensão do passado? (68) “Surge um problema quando o uniformismo é alçado à
posição de um princípio universal que torna inadmissíveis certas evidências”,
declara um forte adepto do princípio da analogia e da historiografia modernista
(69). Esta admissão da existência do problema exige grande cautela na aplicação
do princípio uniformista da analogia.
A humanidade conhece
experiências da realidade atual que são singulares e não encontram paralelo no
passado. Por exemplo, há vinte e cinco anos os primeiros seres humanos
caminharam sobre a superfície da Lua. Isto nunca havia acontecido antes. Outro
exemplo foi o uso de bombas atômicas para a destruição de duas cidades
japonesas em 1945. Este tipo de destruição jamais havia acontecido
anteriormente, e permanece até hoje como singular. Muitas outras singularidades
poderiam ser mencionadas.
Da mesma forma que
existem singularidades hoje, que são resultado da atuação humana ou de outra
causa qualquer, e que constituem eventos e situações reais que não encontram
analogia no passado, podem ser citadas também singularidades verificadas no
passado que não encontram analogia no presente. Por exemplo, o famoso filósofo
da história britânico R. G. Collingwood observou que os antigos Romanos
envolveram-se num processo de controle de população mediante o infanticídio de
recém-nascidos. Foi esta uma singularidade que não encontra analogia no
presente, nas tentativas de controle de população (70).
Com estas limitações
do princípio da analogia em mente (71), não é sensato rejeitar o relato da
criação supondo-o como não histórico e não factual, simplesmente por não
conhecermos qualquer analogia sua nos dias de hoje. Gênesis 1 contém
singularidades que podem ser aceitas como tão reais, históricas e factuais como
as singularidades de qualquer outra espécie no presente ou no passado.
Existem boas razões
para sustentar que Gênesis 1 é um relato factual da origem do mundo habitável.
Este registro bíblico é preciso, autêntico e histórico.
3. Gênesis 1 e a
literatura antiga congênere
A partir da abordagem puramente comparativa
das estruturas literárias, Gênesis 1 não difere do resto do livro de Gênesis
(72) ou do Pentateuco, quanto à configuração lingüística, à sintaxe, aos
fenômenos lingüísticos, à terminologia, à apresentação seqüencial dos eventos
no relato da criação.
Comparado com os
hinos da Bíblia, o relato da criação não é um hino; comparado com as parábolas
da Bíblia, o relato da criação não é uma parábola; comparado com a poesia
bíblica, o relato da criação não é um poema; comparado com a liturgia do culto,
o relato da criação não é uma liturgia. Comparado com várias espécies de formas
literárias, o relato da criação não é nem metáfora, nem história, nem parábola,
nem poesia, nem coisa semelhante.
Um estudo recente da
forma literária dos capítulos 1 a 11 de Gênesis, feito com base na literatura
contemporânea do Oriente Próximo, concluiu que “estamos lidando com gêneros de
narrativa em prosa, entremeados com algumas listagens, referências, provérbios
e linhas poéticas” (73). Sem dúvida é esta uma descrição bastante boa do
conteúdo de Gênesis 1.
Um estudo detalhado
da forma literária de Gênesis 1 concluiu que estamos em face de um gênero de
“genealogia em prosa” (74). O próprio Gunkel observou, há muito tempo, que
Gênesis é “prosa”. Observou, também, que Gênesis é “mais artístico em sua
composição, e tem algo de construção rítmica” (75). A natureza não poética de
Gênesis 1 indica que a sua intenção é exprimir o seu sentido de maneira clara e
simples, como um registro acurado e direto de eventos criativos.
Olhando-se para a
informação transmitida pelo primeiro capítulo de Gênesis de forma comparativa
com outras literaturas antigas do Oriente Próximo, deve-se concluir que
“Gênesis 1 não encontra paralelo em coisa alguma do mundo antigo externa à
Bíblia” (76). Gênesis 1 constitui o registro mais coerente e profundo produzido
no mundo antigo sobre “como”, “quando”, “por quem”, e “de que modo” veio o
mundo à existência. Em nenhum tipo de literatura do mundo antigo encontra ele
qualquer paralelo. Existem fragmentos e pedaços de textos de vários mitos
cosmogônicos e especulações com os quais o relato bíblico da criação tem sido
comparado, resultando sempre sua singularidade, no mundo antigo, em termos de
sua abrangência e consistência (77).
4. A forma literária
de Gênesis 1 no seu contexto bíblico
Seria útil analisar a forma literária como
algo distinto do “estilo literário” da crítica formal que já foi discutido
anteriormente.
John H. Stek sugere
que o “tipo literário (de Gênesis 1), tanto quanto se saiba hoje, não encontra
paralelo estrito; ele é sui generis” (78). Já foi observado que a apresentação
e o conteúdo de Gênesis 1 como um todo não tem paralelo no mundo antigo (79).
Significa isso, portanto, que ele é sui generis no sentido de que ele não
deveria ser compreeendido como literal em sua intenção? Como a própria criação
certamente é singular, da mesma forma o relato da criação é necessariamente
singular. Entretanto, dificilmente poderia ele ser considerado sui generis no
sentido exclusivamente literário, que retiraria dele a comunicação no nível
factual, histórico e preciso.
Com base no
relacionamento com o restante de Gênesis (e com a Bíblia em seu todo), o relato
da criação (Gênesis 1:1 a 2:3) pode ser adequadamente designado quanto à sua
forma literária. O relato é um registro histórico em prosa, escrito em estilo
rítmico, registrando factualmente e acuradamente “o que” aconteceu na criação
“dos céus e da terra”, retratando o tempo “em que” ela ocorreu, descrevendo os
processos do “como” ela foi feita, e identificando o Ser divino que (“quem”) a
executou. O resultado da semana da criação foi um mundo “muito bom”, com o mais
adequado ambiente para viverem os seres humanos então criados. Este registro
histórico em prosa da criação relata corretamente os eventos criativos em
seqüências específicas, dentro de “dias” literais cronológicos seqüenciais.
Esses “dias” instauram o processo histórico subseqüente, da ordenação do tempo
em ciclos semanais nos quais se inserem os seres humanos e a natureza sob o
controle último de Deus. Nesse sentido, Gênesis 1 é a história inaugural (80)
das origens, que modela o fluxo da história da humanidade e do mundo a partir
da semana da criação.
V. INTERPRETAÇÃO
LITERAL DOS “DIAS” DA CRIAÇÃO
Consideraremos o uso da palavra “dia” (em
Hebraico yôm) de conformidade com as principais linhas da erudição atual.
Existem eruditos liberais e não-liberais que chegaram à conclusão de que a
palavra “dia” (em Hebraico yôm) em Gênesis 1 deve ser compreendida de maneira
singular no sentido literal. Faremos uma revisão crítica de algumas de suas
razões e adicionaremos outras.
1. Considerações
extraídas de Comentários
O influente teólogo e
exegeta liberal europeu, Gerhard von Rad, especialista em Velho Testamento ,
declara: “Os sete dias inquestionavelmente devem ser entendidos como dias
reais, e como um lapso de tempo singular, não repetitível, em nosso mundo” (81).
Gordon Wenham, erudito não-concordista britânico, especialista em Velho
Testamento , conclui que: “Pouca dúvida pode existir de que aqui “dia” tem o
seu sentido básico de um período de 24 horas” (82). James Barr, renomado
Semitista, e especialista em Velho Testamento , opõe-se com veemência aos
intérpretes figurativos, observando que os “dias” da criação foram seis dias
literais completando um período de 144 horas (83). Há muito tempo o crítico
formal Hermann Gunkel concluiu que: “Os “dias” são de fato dias e nada mais”
(84). Este elenco de citações poderia continuar com a adição de numerosas
outras vozes partilhando da mesma posição não-concordista.
Victor P. Hamilton
conclui, da mesma forma que outros eruditos neo-evangélicos concordistas
abrangentes, que: “Quem quer que tenha escrito Gênesis 1 acreditava estar
falando de dias literais” (85). John H. Stek, outro concordista abrangente,
traz numerosos fatores em defesa de sua posição a favor de “dias” literais”:
“Certamente não
existe sinal algum, nem siquer insinuação, dentro da narrativa (de Gênesis 1)
de que o autor pensava que seus “dias” deveriam corresponder a designações não
regulares de tempo - primeiro uma série de períodos indefinidos, depois uma
série de dias solares - ou que os dias por ele delimitados com “tarde e manhã”
pudessem possivelmente ser entendidos como longos eons de tempo. Sua linguagem
é simples e direta, usando palavras simples e diretas das mais comuns nas
experiências de vida da humanidade ... Ao historiar os atos criativos de Deus,
o autor foi “movido” a colocá-los em seqüência como se fossem atos humanos, e a
“temporalizá-los” de acordo com a configuração do tempo criado na arena da
experiência humana.” (86)
Numerosos estudiosos
e comentaristas, independentemente de serem concordistas ou não, têm concluido
que os “dias” da criação não podem ser nada mais do que dias literais de 24
horas. Estão eles perfeitamente cientes das interpretações figurativas, não
literais, da palavra “dia” em Gênesis 1, com a intenção de harmonizá-las com as
extensas eras exigidas pelo modelo evolucionista das origens. Apesar disso,
insistem eles, com base em cuidadosas investigações feitas sobre o uso da
palavra “dia” em Gênesis 1 e em outras passagens, que o verdadeiro significado
e intenção do “dia” da criação é um dia de 24 horas.
2. Considerações
feitas a partir da Lexicografia
A grande maioria dos léxicos e dicionários da
língua hebraica amplamente aceitos, publicados no século vinte, traz a
afirmação de que a designação “dia” em Gênesis 1 significa um dia de 24 horas,
a saber, um dia solar.
Um prestigioso léxico
recentemente publicado refere-se a Gênesis 1:5 como a primeira entrada
escriturística para a definição de “dia de 24 horas” para o vocábulo hebraico
yôm (“dia”) (87). O Léxico Hebraico-Inglês de Holladay segue o exemplo do “dia
de 24 horas” (88). Brown-Driver-Briggs, léxico clássico Hebraico-Inglês, também
define o “dia” da criação em Gênesis 1 como “um dia regular, definido por uma
tarde e uma manhã” (89).
Lexicógrafos da
língua hebraica colocam-se entre os mais qualificados eruditos hebraicos.
Espera-se que eles tenham o maior cuidado em suas definições, e que também
usualmente indiquem significados alternativos, se houver segurança para assim
procederem em certas instâncias. Nenhum lexicógrafo afastou-se do significado
da palavra “dia” como um dia literal de 24 horas em Gênesis 1.
3. Considerações
feitas a partir de Dicionários
Magne Saeboe escreve no elogiado “Theological
Dictionary of the Old Testament” que a palavra “dia” (yôm) em Gênesis 1 tem
significado literal no sentido de “um dia completo” (90). Ele não entrevê
qualquer outro significado ou alternativa.
Ernst Jenni,
aplaudido erudito hebreu deste século, afirma no mais amplamente utilizado
dicionário teológico da língua hebraica que o significado de “dia” no relato da
criação deve ser entendido na acepção literal, como “dia de 24 horas, no
sentido de uma unidade de tempo astronômica ou calendarial” (91).
4. Considerações
baseadas na Semântica
O campo da semântica nos estudos lingüísticos
refere-se àquilo que é chamado de significação (92). Isso cobre os problemas da
“avaliação acurada do significado das expressões (palavras, frases, cláusulas,
sentenças, etc.), que realmente têm sido usadas” (93).
A semântica chama
atenção para a questão crucial do significado exato da palavra hebraica yôm.
Poderia a designação “dia” em Gênesis 1 ter um significado figurativo nesse capítulo?
Deve ela ser entendida, com base nas normas da semântica, como um “dia”
literal? Essa questão de semântica é particularmente importante devido ao fato
de que o vocábulo hebraico yôm, tanto no singular como no plural, apresenta uma
grande variedade de significados, incluindo significados extensivos como
“tempo”, “tempo de vida”, etc. É possível transpor para Gênesis 1 um
significado extensivo qualquer encontrado no Velho Testamento? Não poderia isso
resolver o problema do conflito entre o curto período de uma semana da criação
e as longas eras necessárias para a evolução natural?
O termo hebraico yôm,
na sua variedade de formas, pode significar, além de um “dia” literal, também
um tempo ou período de tempo (Juízes 14:4), e em um sentido mais geral “o tempo
de um mês” (Gênesis 29:14), o “tempo de dois anos” (II Samuel 13:23 e 14:28;
Jeremias 28:3 e 11), o “tempo de três semanas” (Daniel 11:2 e 3). No plural
pode significar “ano” (I Samuel 27:7), um “tempo de vida” (Gênesis 47:8), etc.
Qualquer bom léxico poderá prover uma lista abrangente das várias
possibilidades (94).
É importante ter em
mente que “o conteúdo semântico das palavras pode ser visto mais claramente em
suas várias combinações com outras palavras e seu campo semântico extensivo”
(95).
Quais são as normas
semântico-sintáticas para o sentido não literal, extensivo, do termo hebraico
yôm? Os significados extensivos, não literais, do termo yôm são sempre
encontrados em conexão com preposições (96), frases preposicionais com um
verbo, construções compostas, fórmulas, expressões técnicas, combinações
genitivas, frases construtivas, etc. (97). Em outras palavras, os significados
extensivos, não literais, deste vocábulo hebraico apresentam conexões
lingüísticas e contextuais especiais que indicam claramente a intenção de um
sentido não literal. Se tais conexões lingüísticas especiais estiverem
ausentes, o termo yôm não terá significado extensivo não literal; terá seu
sentido normal de dia literal de 24 horas.
Em vista da riqueza
de usos deste termo hebraico, impõe-se o estudo do uso de yôm em Gênesis 1 para
a comparação com seus outros usos. Conteria este capítulo de Gênesis os
indicadores necessários pelos quais yôm pudesse ser claramente reconhecido como
tendo um sentido literal ou não? Como é este vocábulo usado em Gênesis 1? É ele
usado juntamente com combinações de outras palavras, preposições, relações
genitivas, estados construtivos, etc. como mencionado no parágrafo anterior, o
que poderia indicar um sentido não literal? São exatamente essas espécies de
combinações semântico-sintáticas que nos podem informar sobre a intenção do
significado do termo. [“Quando o sentido simples da Escritura faz senso comum,
não procure nenhum outro sentido; portanto, tome cada palavra no seu
significado literal-usual-ordinário-primário, a não ser que os fatos do
contexto imediato, estudados à luz de passagens relacionadas e de verdades
axiomáticas e fundamentais, claramente indiquem o contrário” (D.L. Cooper)]
Apresentemos os fatos
a respeito do uso do termo yôm, “dia”, em Gênesis 1, como qualquer estudioso do
Hebraico poderia fazer:
1) O termo yôm é
sempre usado no singular.
2) O termo yôm está
sempre justaposto a um numeral. Em Gênesis 1:5 tem-se um cardinal, e nos demais
versículos, de Gênesis 1:1 a 2:3, sempre um ordinal. Isto será considerado mais
abaixo.
3) O termo yôm nunca
está combinado com uma preposição, combinação genitiva, estado construtivo,
construção composta, ou algo semelhante. Ele sempre aparece como um simples
substantivo.
4) O termo yôm é
definido de forma consistente por uma frase temporal na sentença precedente -
“e houve tarde e manhã”. Esta cláusula serve como função definidora para a
palavra “dia”.
5) O relato
complementar da criação, de Gênesis 2:4-25, contém um significado figurativo,
não literal, do termo yôm, “dia”. Quando é pretendido um sentido não literal,
são empregadas as convenções semântico-sintáticas observadas no restante do
Velho Testamento para tal significado, e isto é exatamente o que acontece para
o uso não literal em Gênesis 2:4.
Observemos como esses
critérios aplicam-se a Gênesis 2:4. O substantivo yôm se justapõe à preposição
be para formar beyôm. Ainda mais, ele é usado em uma relação construtiva com a
forma infinitiva de ‘asah, “fazer”, lendo-se então literalmente “no dia do ...
fazer”. Essa combinação do singular com uma preposição em uma construção com o
infinitivo (98) faz dessa combinação uma “conjunção temporal” (99), que serve
como uma “introdução geral do tempo” (100).
Gênesis 2:4, segunda
parte, reza literalmente “em (o) dia do Senhor Deus fazer a terra e o céu”. A
boa linguagem requer que a tradução literal “em (o) dia de”, que sintaticamente
é uma conjunção temporal que serve para a introdução geral do tempo, seja
substituida por “quando”. Esta sentença passa a rezar então: “Quando o Senhor
Deus os criou ...”. Este claro exemplo de um uso extensivo não literal de yôm
no relato da criação, em Gênesis 2:4-25, indica que o uso de yôm em Gênesis 1,
sem qualquer qualificativo que possa marcar o seu uso não literal, em contraposição
tem um sentido literal. O termo yôm em Gênesis 1 não se liga a qualquer
preposição; não é usado em uma relação construtiva; e não tem nenhum indicador
sintático que seria de esperar para um uso extensivo não literal. Assim, em
Gênesis 1 yôm só pode significar um “dia” literal de 24 horas.
Em resumo, os usos
semântico-sintáticos de yôm, “dia”, em Gênesis 1, quando comparados com os
correspondentes usos e conexões lingüísticas do mesmo termo em outras passagens
do Velho Testamento nas quais ele tem um sentido extensivo, não permitem que o
seu significado seja o de um longo período de tempo, uma época, ou algo
semelhante. A língua hebraica, sua gramática, sua sintaxe, suas estruturas
lingüísticas, bem como o seu uso semântico, permite somente o significado
literal para “dia” nos “dias” da criação de Gênesis 1.
5. Considerações
baseadas no uso do singular
O termo hebraico yôm aparece no Velho
Testamento em Hebraico 2304 vezes, das quais 1452 no singular (102).
Nos cinco livros de
Moisés (o Pentateuco), este termo é usado 668 vezes, e no livro de Gênesis é
empregado 152 vezes (103). Em Gênesis o uso do singular aparece 83 vezes.
Na enumeração dos
seis “dias” da criação o termo “dia” é usado de forma consistente no singular.
Há um uso do plural na frase “para dias e anos” no versículo 14, que
evidentemente não se refere a um “dia” da criação. Esse uso do plural no
versículo 14 dificilmente influi na discussão sobre os “dias” da criação serem
longos períodos de tempo, pois o uso de “dias e anos” com relação ao calendário
por si só estabelece o seu sentido literal. Não há qualquer dúvida quanto a ser
literal o sentido de “dias”, com 24 horas, no versículo 14, da mesma forma que
o sentido de “anos”.
Os usos adicionais de
“dia”, no singular, em Gênesis 1 encontram-se nos versículos 5 e 16. “E Deus
chamou à luz “Dia” [ACF] (yôm)” (versículo 5) e Deus fez os luzeiros, “o
luminar maior para governar o dia” [ACF] (versículo 16). O termo no versículo 5
é empregado no sentido literal de período diurno, parte clara do período de 24
horas, em contraste com o período noturno, a parte escura, a “noite” (versículo
16), do mesmo período de 24 horas (104). “Dia”, juntamente com “noite”,
perfazem um “dia completo” (105).
Temos de reconhecer o
fato de que o termo yôm em cada um dos seis dias apresenta as mesmas conexões:
a) Ele é usado no
singular;
b) Ele se associa a
um numeral; e
c) Ele é precedido
pela frase “e foi a tarde e a manhã”. [ACF]
Esta tripla conexão
entre o uso do singular e de um numeral, e a definição temporal de “tarde e
manhã”, mantém a homogeneidade do “dia” da criação ao longo do relato todo da
criação. Isto revela também que o “tempo é concebido como linear, os eventos
ocorrendo dentro dele sucessivamente” (106). Afastar-se da ligação numérica
consecutiva, e das fronteiras estabelecidas pela expressão “tarde e manhã” em
linguagem tão direta, seria assumir extrema liberdade com o significado claro e
direto da língua hebraica (107).
6. Considerações
baseadas no uso dos numerais
Os seis “dias” da criação associam-se em todas
as instâncias com um numeral, na seqüência de 1 a 6 (Gênesis 1:5, 8, 13, 19,
23, 31). O dia seguinte ao “sexto dia”, o “dia” em que Deus repousou, é
designado como o “sétimo dia” [Gênesis 2:2 (duas vezes), e v.3].
O que parece ser
significativo é a ênfase dada à seqüência dos numerais de 1 a 7, sem qualquer
hiato ou interrupção temporal. Este esquema de sete dias, o esquema da semana
de seis dias de trabalho seguidos por um “sétimo dia” como dia de repouso,
interliga os “dias” da criação como dias normais em uma seqüência consecutiva e
ininterrupta.
Quando a palavra yôm,
“dia”, é empregada juntamente com um numeral, o que acontece 150 vezes no Velho
Testamento, refere-se invariavelmente a um dia literal de 24 horas.
A única exceção, em
números de 1 a 1000, encontra-se em um texto escatológico em Zacarias 14:7. A
expressão hebraica yôm ‘echad empregada em Zacarias 14:7 tem sido traduzida de
várias maneiras: “Mas será um dia singular” (Almeida revista e atualizada); “e
haverá dia contínuo” (New Revised Standard Version); “será dia contínuo”
(Revised English Bible); ou “o dia será um” (108) [“Mas será um dia conhecido
do Senhor...” (ACF)]. O “dia contínuo” ou o “um dia” do futuro escatológico
será um dia no qual o ritmo normal de tarde e manhã, dia e noite, como
conhecido hoje, será alterado de tal forma que naquele dia escatológico haverá
“luz à tarde” (versículo 7). É geralmente aceito que este é um texto difícil da
língua hebraica, mas que dificilmente pode ser usado para alterar o uso direto
do vocábulo em Gênesis 1 (109).
7. Considerações
baseadas no uso do artigo
O termo “dia” é usado em Hebraico sem o
artigo, em cada passagem referente aos dias da criação, exceto nos casos do
“sexto dia” (Gênesis 1:31, em Hebraico yôm hashshishî) e do “sétimo dia”
(Gênesis 2:2) (110).
De tempos em tempos é
destacada a observação de que o primeiro “dia” de Gênesis 1:5 em Hebraico é
literalmente “um dia” (111), porque temos o numeral cardinal “um” usado com o
termo “dia”.
A falta do artigo
definido tem sido interpretada como significando que todos os “dias” da criação
(exceto o sexto, que tem o artigo) permitem “a possibilidade tanto de ordem
cronológica quanto de ordem literária ou aleatória” (112). Esta é, entretanto,
uma interpretação muito duvidosa, que não pode ser apoiada mediante pontos de
vista semântico-sintáticos.
Precisamos
compreender a sintaxe do texto hebraico e interpretar o texto coerentemente,
sem violar a estrutura interna da língua. A recente gramática para pesquisa
elaborada por Bruce K. Waltke e M. O’Connor destaca que o substantivo
indefinido yôm, com o numeral cardinal indefinido “um” (em Hebraico ‘echad) em
Gênesis 1:5 tem “uma força enfática de contagem”, e um “sentido definido”, além
de ter a força de um número ordinal que deve ser compreendido como “o primeiro
dia” (113). [“o dia primeiro” (ACF); igualmente a LTT-Hélio]
Com base nessa
observação sintática a respeito da língua hebraica, “o primeiro dia” e “o sexto
dia” da semana da criação devem ter significado definido, no sentido de terem
recebido o artigo em função de regra sintática ou de ortografia (para não falar
do “sétimo dia”, o qual será considerado em seguida). O primeiro e o último
“dia” da criação são definidos pela sintaxe ou pela ortografia, o primeiro pela
função sintática, e o último pelo uso do artigo. Cabe uma observação - esse uso
definido do primeiro e do último dia da criação constitui um dispositivo
literário, uma inclusão, que enquadra os seis “dias” da criação como dias
definidos ou articulados. Uma das intenções desse uso parece ser levar à
conclusão de que os “dias” de Gênesis 1 não permitem concluir que a ordem
aleatória ou a ordem cronológica sejam assuntos encerrados (114).
Na realidade acontece
o contrário. Como o primeiro e o sexto dia são definidos, estabelecendo
fronteiras claras, isso significa que os dias têm sentido cronológico e
seqüencial, formando um período ininterrupto de seis dias literais de 24 horas
na criação. Assim, o uso definido do primeiro e do sexto dia, respectivamente,
marca e enquadra a seqüência dos seis dias dentro de uma unidade de tempo
coerente, seqüencial e cronológica, que será repetida em cada semana sucessiva.
“O sétimo dia” também
recebe o artigo em Hebraico. Como “o primeiro dia” (versículo 5) é definido, da
mesma forma que “o sexto dia” (versículo 31), forma-se uma unidade de tempo
mais ampla. É a unidade de seis dias de trabalho seguidos pelo “sétimo dia”
(Gênesis 2:2-3), o dia de repouso. Desta forma a seqüência de seis dias de
trabalho encontra o seu fim e clímax cronologicamente e seqüencialmente no
“sétimo dia”, constituindo em seu conjunto o ciclo semanal, com o dia de
repouso sendo o “sétimo dia” da semana.
A maior unidade de
tempo literal, conseqüentemente, consiste da unidade divinamente planejada do
esquema “seis mais um”, composto de “seis” dias de trabalho em seqüência
ininterrupta, seguidos pelo “sétimo dia” de repouso. Esta seqüência
ininterrupta é divinamente planejada e ordenada para marcar o ritmo do tempo
para cada semana sucessiva.
8. Considerações
baseadas na fronteira “tarde-manhã”
O relato da criação em Gênesis não somente
liga cada dia a um numeral seqüencial, como também estabelece as fronteiras do
tempo mediante “tarde e manhã” (versículos 5, 8, 13, 19, 23, 31). A frase
rítmica “e foi a tarde e a manhã” [ACF] provê uma definição para o “dia” da
criação: o “dia” da criação define-se como consistindo de “tarde” e de “manhã”.
É ele portanto um dia literal.
O termo para “tarde”
(em Hebraico ‘ereb) (115) abrange a parte escura do dia, numa representação
pars pro toto (significando que uma parte, neste caso a “tarde”, representa
toda a parte escura do dia) (cf. “dia-noite” em Gênesis 1:14). O termo
correspondente, “manhã” (em Hebraico bqer) representa, pars pro toto
(significando que uma parte, neste caso a “manhã”, representa a parte clara do
dia), todo o período de claridade do dia (116). Deve-se observar que a
expressão “tarde-manhã” deve ser compreendida como tendo o mesmo significado em
cada um dos seus seis usos no texto de
Gênesis 1 (117).
“Tarde e manhã” é uma
expressão temporal que define cada “dia” da criação como um dia literal. Ela
não pode significar nada mais.
9. Considerações
baseadas em passagens sobre o sábado no Pentateuco
Outra espécie de evidência interna provida no
Velho Testamento para o significado dos dias resulta de duas passagens sobre o
sábado no Pentateuco, que se referem aos “dias” da criação. Elas informam ao
leitor quanto a como os “dias” da criação foram compreendidos por Deus.
A primeira passagem
faz parte do quarto mandamento expresso por Deus no Monte Sinai e registrado em
Êxodo 20:9-11 - “Seis dias trabalharás ... mas o sétimo dia é o sábado do
Senhor teu Deus ... porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra ... e ao
sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado e o
santificou”. [ACF]
Estas palavras são
proferidas pelo próprio Jeová (versículo 1). As ligações com a criação
transparecem do vocabulário (“sétimo dia”, “os céus e a terra”, “descansou”,
“abençoou”, “santificou”) e no esquema “seis mais um” (ver também Deuteronômio
5:13-14), apenas para mencionar algumas (118). Evidentemente as palavras usadas
nos Dez Mandamentos consideram o “dia” da criação como um “dia regular” (119)
de 24 horas e demonstram que o ciclo semanal é uma ordenança temporal da
criação.
Estas palavras do
Senhor fornecem um balisamento interno no Pentateuco e no Velho Testamento
sobre a questão de como Deus, o doador das “Dez Palavras”, compreende o “dia”
na criação. A palavra divina que promulga o mandamento do sábado toma os “seis
dias” da criação como seqüenciais, cronológicos e literais (120).
O argumento de que as
palavras do quarto mandamento nada mais são do que uma “analogia” ou
“arquétipo”, no sentido de que o repouso do ser humano no sétimo dia deveria
ser semelhante ao repouso de Deus na criação (121) baseia-se num reducionismo e
numa impermissível alteração de imagem literária. Terence Frotheim observou de
forma incisiva que o mandamento não usa analogia nem pensamento arquetípico,
mas que a sua ênfase “firma-se em termos da imitação de Deus ou em um
precedente divino que deve ser seguido: Deus trabalhou durante seis dias e
descansou no sétimo, e portanto nós temos que fazer o mesmo” (122).
A segunda passagem
sobre o sábado no Pentateuco é Êxodo 31:15-17, que novamente são palavras do
próprio Deus. Ela mantém várias ligações terminológicas com Gênesis 1, com cujo
texto se relaciona conceitual e tematicamente. Esta passagem deve ser entendida
como significando que o “dia” da criação foi um dia literal, e que a seqüência
dos dias foi cronológica. O sábado semanal para o povo de Deus baseia-se na
imitação do exemplo, pois “em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, e ao
sétimo dia descansou e restauro-se.” (versículo 17, versão Almeida Corrigida
Fiel;
“... descansou e
achou refrigério”, versão Brasileira).
Deus achou refrigério
porque teve prazer em sua obra recém-completada. A humanidade também achará
refrigério e terá prazer quando observar o sábado do sétimo dia (versículo 15).
A natureza do sábado
como “sinal” no versículo 15 revela que o observador do sábado segue o exemplo
divino. Deus mesmo guardou o “sétimo dia” que os seres humanos que Lhe
pertencem deverão imitar. Eles assim procederão no mesmo ritmo do ciclo semanal
de seis dias literais de trabalho seguidos cronológica e seqüencialmente pelo
“sétimo dia” como dia de repouso e refrigério, como fez o seu Criador na semana
da criação.
10. Considerações
baseadas na seqüência de eventos
A criação da vegetação com plantas produzindo
semente, e árvores frutíferas, ocorreu no terceiro dia (Gênesis 1:11-12).
Grande parte dessa vegetação parece ter necessitado de insetos para a
polinização. Os insetos, entretanto, foram criados no quinto dia (versículo
20). Se a sobrevivência desses tipos de plantas que necessitam de insetos para
a polinização dependesse deles para a produção de sementes e a sua perpetuação,
então haveria um sério problema se o “dia” da criação significasse “época” ou
“eons”. Ainda mais, “a consistência da interpretação na “teoria do dia-época”
exigiria um longo período de iluminação e outro de escuridão para cada uma das
épocas supostas. Isto seria imediatamente fatal tanto para as plantas quanto
para os animais” (123).
Parece que o “dia” da
criação deve ser entendido como um dia literal e não como um longo período de
tempo, sejam eras, épocas ou eons.
Embora esses
argumentos possam não ser decisivos, entretanto eles apontam na mesma direção
que os argumentos lingüísticos e semânticos decisivos encontrados no próprio
texto hebraico.
VI. CONCLUSÕES
Este artigo
investigou o significado dos “dias” da criação. Ele considerou argumentos-chave
a favor de um significado figurativo, não literal, dos “dias” da criação, e
achou-os carentes de base quanto à pesquisa do gênero literário, considerações
literárias outras, estudo gramatical, usos sintáticos e conexões semânticas. As
evidências cumulativas baseadas em considerações comparativas, literárias,
lingüísticas e outras, convergem em todos os níveis, levando à conclusão única
de que a designação yôm, “dia”, em Gênesis 1 significa consistentemente um dia
literal de 24 horas.
O autor de Gênesis 1
não poderia ter usado meios mais abrangentes e todo-inclusivos para exprimir a
idéia de um “dia” literal, do que aqueles que escolheu. Há uma completa falta
de indicadores como preposições, expressões qualificativas, frases
construtivas, conexões semântico-sintáticas, etc., com base nos quais a
designação “dia” na semana da criação pudesse ser tomada como sendo algo
diferente de um dia regular de 24 horas. As combinações de fatores como o uso
de artigos, do número singular, das construções semântico-sintáticas, das
fronteiras do tempo, etc., corroboradas pelas promulgações divinas como em
Êxodo 20:8-11 e Êxodo 31:12-17, sugerem de maneira única e consistente que o
“dia” da criação tem significado literal, seqüencial e cronológico. [destaques
meus]
NOTAS
1. A designação
“ciência criacionista” foi definida por lei no Estado de Louisiana (Lei do
Senado nº 86, 1981) da seguinte maneira: ““Ciência criacionista” significa o
conjunto de evidências a favor da criação, e as inferências delas resultantes”.
Um palavreado semelhante havia sido usado pouco antes no Estado de Arkansas
(Lei 590 de 19 de março de 1981).Para detalhes, ver Norman L. Geisler, The
Creator in the Courtroom (Milford, MI: Mott Media, 1982), 5, 224. Phillip E.
Johnson [Darwin on Trial, 2ª edição (Doeners Grove, IL: Inter Varsity Press,
1993), 4 nº 1] afirma que “ciência criacionista” refere-se à criação especial
de uma terra recente, em seis dias”.
2. Esta designação é preferível, e defendida
por Norman L. Geisler e J. Kerby Anderson, Origin Science: A Proposal for the
Creation-Evolution Controversy (Grand Rapids, MI: Baker Book House, 1987).
3. O significativo
volume de ensaios editados por J. P. Moreland [The Creation Hypothesis:
Scientific Evidence for an Intelligent Designer (Downers Grove, IL:
InterVarsity Press, 1994)] utiliza a designação “ciência teísta” em oposição a
“ciência naturalista”, a acepção comum da ciência que exclui a hipótese da
existência de Deus desde o início. A “ciência teísta” constitui um “programa de
pesquisa ... que, entre outras coisas, baseia-se em duas proposições:
a. Deus, concebido
como um agente pessoal transcendente, de grande poder e inteligência, criou e
projetou o mundo, através de causação primária, direta, e causação indireta,
secundária, tendo um propósito, e interveio no curso de seu desenvolvimento em
várias ocasiões...
b. O compromisso
expresso na proposição anterior pode ser introduzido de maneira adequada na
própria tessitura da prática científica, e na utilização da metodologia
científica” (pp.41-42). Esta definição foi elaborada no restante do ensaio
inicial de J. P. Moreland no volume citado (“Theistic Science and Metodological
Naturalism”, 41-66).
4. Frederic W. Farrar, History of
Interpretation (1866; reedição, Grand Rapids, MI: Baker Book House, 1961),
187-203.
5. A secção final da
obra de Orígenes “Sobre os Primeiros Princípios”, Livro Quarto [excerto citado
in Karlfried Froehlich, trad./ed., Biblical Interpretation in the Early Church
(Philadelphia: Fortress Press, 1984), 63] observou que os dias da criação não
podem ser compreendidos como literais, pois é “muita tolice crer que, como um
agricultor humano, Deus plantou um jardim ao ocidente do Éden, e nele criou uma
árvore da vida, real e visível...” Ver também Terence E. Fretheim,
“Were the Days of Creation Twenty-Four Hours Long?” in The Genesis Debate:
Persistent Questions About Creation and the Flood, ed. Ronald R.
Youngblood (Nashville, TN: Thomas Nelson, 1986), 12-35.
6. Agostinho, A
Cidade de Deus, XI, iv, vi-vii.
7. O sentido
quádruplo das Escrituras consiste do seguinte: 1) sentido literal; 2) sentido
alegórico (espiritual-místico); 3) sentido anagógico (futuro), e 4) sentido
tropológico (moral). Ver Farrar, 205.
8. O New Catechism of
the Catholic Church, publicado em Inglês em 1994, afirma: “De acordo com uma
tradição antiga, pode-se distinguir entre dois sentidos das Escrituras: o
literal e o espiritual, o último sendo subdividido nos sentidos alegórico,
moral (tropológico), e anagógico. A concordância profunda dos quatro sentidos
garante toda a sua riqueza para a leitura viva das Escrituras na Igreja”. Em
seguida, na mesma página, é afirmado que: “É tarefa dos exegetas operar, de
acordo com estas regras, melhor entendimento e explicação do significado das
Escrituras Sagradas...” [Catechism of the Catholic Church
(Cidade do Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 1994), 33].
9. Ver: a) Robert M. Grant, A Short History of
the Interpretation of the Bible (New York: Macmillan, 1963), 128-129; b) Emil
G. Kraeling, The Old Testament since the Reformation (New York: Schocken Books,
1969), 9-32; c) John Rogerson, Christopher Rowland, e Barnabas Lindars, The
Study and Use of the Bible, vol. 2 de The History of Christian Theology (Grand
Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans Publishing Co., 1988), 77-95.
10. Martinho Lutero (em Inglês), Lectures on
Genesis: Chapters 1-5, Luther’s Works (St. Louis, MO: Concordia Publishing
House, 1958), 1:5. Lutero, ao comentar a frase “tarde e manhã” afirma
que o dia da criação “consiste de 24 horas” (1:42).
11. O desenvolvimento
do método histórico-crítico a partir do século dezessete até atingir a sua
plena maturidade no fim do século dezenove, não alterou de forma decisiva a
interpretação dos “dias” da criação. A razão para isso foi que o texto bíblico
passou a ser visto como um artefato do passado sem qualquer relação direta com
o sistema de crenças do presente.
12. O teólogo escocês
Thomas Chalmers (1780-1847) é tido como o primeiro proponente do ponto de vista
de que os seis “dias” da criação são na realidade “dias de reconstrução”, dando
origem à “hipótese da ruína-reconstrução” [ver W. Hanna, ed., Select Works of Thomas
Chalmers (Edinburgh: T. Constable and Co., 1855), 5:146-150]. Esta hipótese
encontrou fortes defensores tais como George H. Pember [Earth’s Earliest Ages,
2ª ed. (Londres: Hodder and Stoughton, 1907)] e mais
recentemente A. C. Custance, Without Form and Void (Brookville, Ont: Pelo
Autor, 1970). A crítica mais detalhada e erudita da “hipótese da
ruína-reconstrução” foi produzida por Weston W. Fields, Unformed and Unfilled:
The Gap Theory (Phillipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed Publishing Co.,
1978). Ver também Henri Blocher, In the Beginning: The
Opening Chapters of Genesis (Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 1984),
41-43.
13. Embora não tenha
sido o primeiro a alegar que os dias da criação são realmente seis dias de
revelação, o geólogo escocês Hugh Miller (1802-1856) foi o mais proeminente
autor do século dezenove a proclamar essa idéia [Francis Haber, The Age of the
World: Moses to Darwin (Baltimore, MD: The Johns Hopkins University Press,
1959), 236-237]. No século vinte esse ponto de vista foi proposto por P. J.
Wiseman, pai do famoso assiriologista Donald Wiseman. Mais além será
apresentado mais a esse respeito.
14. A teoria do
“dia-época” originou-se no século dezoito e atingiu preeminência no século
dezenove com os escritos dos geólogos James D. Dana e J. W. Dawson. Ver Bernard Ramm, The Christian View of Science and Scripture, 2ª ed.
(Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans Publishing Co., 1971), 211; e Haber,
122-123, 199-200, 255.
15. Para uma revisão
crítica dessas idéias, ver Thomas A. McIver, “Creationism: Intellectual
Origins, Cultural Context and Theoretical Diversity” (dissertaçao de doutorado,
Universidade da Califórnia, Los Angeles, 1989), 450-495.
16. Dentre os muitos estudos que se dedicaram a
esse assunto, ver Charles Coulston Gillispie, Genesis and Geology: A Study in
the Relations of Scientific Thought, Natural Theology and Social Opinion in
Great Britain, 1790-1850 (New York: Harper Torchbooks, 1959); R. Hooykaas,
Religion and the Rise of Modern Science (Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans
Publishing Co., 1972).
17. Algumas publicações recentes ilustrativas
desta mudança incluem Richard J. Blackwell, Galileo, Bellarmine, and the Bible
(Notre Dame, IN: University of Notre Dame Press, 1991); Charles E. Hummel, The
Galileo Connection: Resolving Conflicts between Science and the Bible (Downers
Grove, IL: InterVarsity Press, 1986); William John Hausmann, Science and the
Bible in Lutheran Theology (Washington, DC: University Press of America, 1978).
18. Vern S. Poythress, Science and
Hermeneutics: Implications of Scientific Method for Biblical Interpretation
(Grand Rapids, MI: Zondervan Publishing House, 1988), 24.
19. Ibidem.
20. Na análise final,
a conclusão última a respeito da norma final quanto aos pontos de vista científicos
e a fé religiosa provavelmente é tirada com base na convicção, ou
pressuposição, da postura do intérprete com relação aos níveis de autoridade da
ciência e da fé. Devemos também argumentar que a ciência está constantemente em
transformação, e que ela não faz nenhuma alegação absoluta.
21. John C. L. Gibson, Genesis, The Daily Study
Bible, vol. 1 (Edinburgh: The Saint Andrews Press, 1981), 56.
22. Ibidem, 55.
23. Ibidem.
24. Hansjörg Bräumer, Das erst Buch Mose.
Wuppertaler Studienbibel, Kapitel 1-11 (Wuppertal: R. Brockhaus Verlag, 1983),
44.
25. D. Stuart Briscoe, Genesis, The
Communicator’s Commentary (Waco, TX: Word Books, 1987), 37.
26. Observe a discussão bastante útil a
respeito dos vários grupos e definições de concordismo feita por John T. Baldwin,
em “Inspiration, the Natural Sciences, and a Window of Opportunity”, Journal of
the Adventist Theological Society 5/1 (1994), 131-154, esp. 139-43; por Davis
A. Young, em “The Discovery of Terrestrial History”, Portraits of Creation:
Biblical and Scientific Perspectives on the World’s Formation, eds. Howard J.
Van Till, Robert E. Snow, John H. Stek, e Davis A. Young (Grand Rapids, MI: Wm.
B. Eerdmans Publishing Co., 1990), 27 nº 2; por Clark Pinnock, em “Climbing out
of a Swamp: The Evangelical Struggle to Understand the Creation Texts”,
Interpretation 43/2 (1989): 143-155.
27. Por exemplo, Derek Kidner, Genesis: An
Introduction and a Commentary, Tyndale Old Testament Commentaries (Chicago:
InterVarsity Press, 1967), 56.
28. Victor P. Hamilton, The Book of Genesis:
Chapters 1-17, The New International Commmentary of the Old Testament (Grand
Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans Publishing Co., 1990), 54.
29. Para a crítica de
outros aspectos da “teoria do dia/época”, ver Lloyd R. Bayley, Genesis,
Creation, and Creationism (New York/Malwah, NJ: Paulist Press, 1993), 125-128.
30. Ibidem, 126.
31. Ver referência nº 13 acima; cf. Carl F. H.
Henry, God Who Stands and Stays, vol. 6 of God, Revelation and Authority (Waco,
TX: Word Books, 1983), 2:112.
32. Reimpresso em P. J. Wiseman , Clues to
Creation in Genesis, ed. DOnald J. Wiseman (London: Marshall, Morgan &
Scott, 1977), 109-207.
33. Kidner, 54.
34. Wiseman, 132-133.
35. William L. Holladay, Jr., A Concise Hebrew
and Aramaic Lexicon of the Old Testament (Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans
Publishing Co., 1971), 284-285; Francis Brown, S. R. Driver, and Charles A.
Briggs, A Hebrew and English Lexicon of the Old Testament (Oxford: Clarendon
Press, 1974), 793-795; etc. Ver também Helmer Ringgren, “‘asah,” in Theologisches
Wörterbuch des alten Testaments, eds. G. Johannes Botterweck and Helmer
Ringgren (Stuttgart: W. Kohlhammer, 1987), 6:413-432.
36. Marcus Jastrow, Dictionary of the Targumim,
the Talmud Babli and Yerushalmi, and the Midrashic Literature (New York: Pardes
Publishing House, 1943), 2:1124-1125).
37. Uma exceção recente é Duane Garrett,
Rethinking Genesis: the Sources and Authorship of the First Book of the
Pentateuch (Grand Rapids, MI: Baker Book House, 1991), 192-194, que reconhece
que a apresentação de Wiseman “foi, entretanto, algo confusa, e não convenceu a
muitos” (193 nº 12). Garrett parece apoiar a idéia de “dias” como “sete
dias de revelação divina a Moisés”, com argumentos da crítica formal, tentativa
bastante problemática em si mesma.
38. Davis , 27 nº 2.
39. Hamilton , 54-55.
40. Ibidem, 55.
41. Ibidem, 55-56.
42. Hamilton, 56 nº 1, refers to C. E. Hummel,
“Interpreting Genesis 1” , “Journal of the American Scientific Affiliation 38,
(1986): 175-186.
43. Hummel, The
Galileo Connection, 214 (itálicos inseridos)
44. Ibidem, 215.
45. Ibidem.
46. Ibidem, 213-216.
47. Ibidem, 214.
48. Ibidem, 213.
49. Ver as traduções recentes do principal
estudo de Gunkel: Hermann Gunkel, The Folktale in the Old Testament, trad.
Michael D. Rutter (Sheffield: Almond Press, 1987). Excelentes análises e
críticas sobre a crítica formal são fornecidas por Patricia G. Kirkpatrick, The
Old Testament and Folklore Study (Sheffield: JSOT Press, 1987) e especialmente
por Garrett, 35-50.
50. Hermann Gunkel, The Legends of Genesis: The
Biblical Saga and History (New York: Schocken Books, 1964), 1.
51. Ibidem, 7.
52. Ver a penetrante discussão de Jerome Hamer,
Karl Barth (Westminster, MD: Newman Press, 1962), 119-122.
53. S. H. Hooke, Middle Eastern Mythology
(Baltimore, MD: Penguin Books, 1963), 119-121.
54. Gordon J. Wenham, Genesis 1-15, Word
Biblical Commentary, vol. 1: Genesis (Waco, TX: Word Books, 1987), 10.
55. Walter Brueggemann, Genesis: A Bible
Commentary for Teaching and Preaching (Atlanta, GA: John Knox Press, 1982), 26.
56. Claus Westermann, Genesis 1-11: A
Commentary (London: SPCK Press, 1984), 80.
57. John H. Stek, “What Says Scripture?”
Portraits of Creation, 236.
58. Gerhard von Rad, Genesis: A Commentary
(Philadelphia: Westminster Press, 1972), 65.
59. Atualmente Conrad Hyers, The Meaning of
Creation: Genesis and Modern Science (Atlanta: John Knox Press, 1984), 93-114;
Susan Niditch, Chaos to Cosmos: Studies in Biblical Patterns of Creation
(Chico, CA: Scholars Press, 1985); e muitos outros. Os eruditos
encontram uma dificuldade muito maior para definir o que se entende por “mito”.
G. B. Caird [The Language and Imagery of the Bible (Philadelphia:
Westminster Press, 1980), 219-224] identificou nove diferentes definições de “
mito ”, e John W. Rogerson [Myth in Old Testament Interpretation (Berlin: W. de
Gruyter, 1974), 274-278] destacou doze aspectos do mito . Os capítulos 1
a 11 de Gênesis não são enquadrados no conceito de mito [ver Benedikt Otzen,
Hans Gottlieb, e Knud Jeppesen, Myths in the Old Testament (Londres: SCM Press,
1980)].
60. Gibson, 55; Donald D. Evans, The Logic of
Self-Involvement (London: SCM Press, 1963), 242-252.
61. J. A. Thompson, “Genesis 1-3. Science? History?
Theology”. Theological Review 3(1966): 25.
62. A abordagem estilo/forma
tão amplamente utilizada hoje, especialmente por eruditos da crítica, mas
também aplicada por outras razões por alguns evangélicos ao capítulo 1 de
Gênesis, formalmente é idêntica ou intimamente associada ao programa de
desmitologização de Rudolph Bultmann. Em seu programa, ele desmitologiza o Novo
Testamento onde quer que ele se afaste do ponto de vista do homem moderno.
Assim, a narrativa da ressurreição é desmitologizada de forma a que a
ressurreição jamais tivesse ocorrido no sentido literal. Os evangélicos devem
estar alertados para o fato de que não podem desmitologizar Gênesis 1 sem fazer
o mesmo, de forma extensiva, com o Novo Testamento.
63. Noel Weeks, “The Hermeneutical Problem of
Genesis 1- 11” , Themelios 4/1 (1978):14.
64. Ver Norman C. Habel, Literary Criticism of
the Old Testament (Philadelphia: Fortress Press, 1971), 69-70.
65. Não vamos tratar
da questão da interpretação estrutural de Gênesis 1 pelo método do
estruturalismo que procura expor as supostas estruturas profundas do texto. O
método subseqüente do desconstrutivismo na lingüística “é uma tentativa de
abalar as expectativas do leitor de que um texto comunicará alguma verdade
existente independentemente, mostrando que tanto o autor como o leitor são
envolvidos pelo sistema de restrições imposto pelo sistema lingüístico e
literário ao qual pertencem, e são capazes de comunicar ou receber somente os
significados que o sistema torna possíveis”. [John Barton,
“Structuralism”, Anchor Bible Dictionary, ed. David N. Freedman NY : Doubleday,
1992), 6:216; cf. Jonathan D. Culler, The Pursuit of Signs: Semiotics,
Literature, Deconstruction (Ithaca: Cornell University Press, 1981)]. Da
mesma forma que o desconstrucionismo nega a qualquer texto um significado fixo
e estável, também na “crítica da resposta-leitor” a idéia do significado fixo
de um texto é deixada de lado [Ver J. Severino Croatto, Biblical Hermeneutics:
Towards a Theory of Reading as the Production of Meaning (Maryknoll, NY: Orbis
Books, 1987); Edgar V. McNight, The Postmodern Use of the Bible: The Emergence
of Reader-Oriented Criticism (Nashville, TN: Abingdon Press, 1988)].
66. Um acontecimento
registrado em uma fonte histórica deve ter paralelos na experiência moderna)
rejeitará todas as reconstruções do êxodo do Egito, ou da ressurreição de
Jesus, que careçam de explicação dentro da relação de causa e efeito
compreendida pela ciência moderna”.
67. Van A. Harvey, The Historian and the
Beliver (New York: Macmillan, 1966), 43-64.
68. Edward H. Carr, What Is History? (Harmondsworth:
Penguin Books, 1964), 87-108.
69. Edward Krentz, The Historical-Critical
Method (Philadelphia Fortress Press, 1975), 57.
70. R. G. Collingwood, The Idea of History
(London: Oxford University Press, 1956), 240.
71. Para uma crítica do princípio da analogia,
ver T. Peters, “The Use of Analogy in Historical Method”, Catholic Biblical
Quarterly, 35 (1973): 473-482; Wolfhart Pannenberg, Questions in Theology
(Philadelp0hia: Westminster Press, 1970), 1:39-53.
72. Ver o estudo clássico de William Henry
Green, The Unit of the Book Of Genesis (1895; reprint, Grand Rapids, MI: Baker
Book House, 1979).
73. Walter C. Kaiser, “The Literary Form of
Genesis 1- 11” , New Perspectives on the Old Testament, ed. J. Barton Payne
(Waco, TX: Word Books, 1970), 61.
74. Jacques B. Douklan, The Genesis Creation
Story: Its Literary Structure, Andrews University Seminary Doctoral
Dissertation Series (Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 1978),
5:182.
75. Gunkel, Legends,
38.
76. Garrett, 192.
77. Gerhard F. Hasel,
“The Polemical Nature of the Genesis Cosmology”, Evangelical Quarterly,
46(1974), 81-102, destacou a existência de numerosas ênfases polêmicas,
explícitas e implícitas, em Gênesis 1. Este fato não diminui em nada o
propósito do autor bíblico em escrever um relato que tenha intento literário
para prover informação factual e histórica.
78. Stek, 241.
79. Hummel, The
Galileo Connection, 216: “Gênesis 1 está em franco contraste com as descrições
da criação feitas pelos vizinhos pagãos de Israel, cíclicas e recorrentes.
80. Ela não é nem
“meta-história”, removida da história real, nem “história-salvação” que nunca
ocorreu da forma em que se encontra escrita no Velho Testamento. Cf. Robert Gnuse, Heilsgeschichte as a Model for Biblical Theology
(Lanham, MD: University Press of America, 1989).
81. von Rad, 65.
82. Wenham, 19.
83. James Barr, Fundamentalism (Philadelphia:
Westminster Press, 1978), 40-43.
84. Hermann Gunkel, Genesis übersetzt und
erklärt (Göttingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 1901), 97.
85. Hamilton , 53.
86. Stek, 237-238.
87. Benedickt Hartmann, Philippe Reymond, and
Johann Jakob Stamm, Hebräisches und Aramäisches Wörterbuch der Hebräischen
Sprache (Leiden: E. J. Brill, 1990), 382, daqui para diante designado pela
sigla HAL. O seu predecessor, Ludwig Koehler and Walter Baumgartner,
Lexikon in Veteris Testamenti Libros (Leiden: E. J. Brill, 1958), 372, reza
“dia (de 24 horas)” para o dia da criação.
88. William H. Holladay, A Concise Hebrew and
Aramaic Lexicon of the Old Testament (Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans
Publishing Co., 1971), 130.
89. Brown, Driver and Briggs, 398.
90. Magne Saeboe, “yôm”, in Theological
Dictionary of the Old Testament, eds. G. Johannes Botterweck and Helmer
Ringgren (Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans Publishing Co., 1990), 6:23.
91. Ernst Jenni, “jom Tag”, Theologisches
Handwörterbuch zum Alten Testament, eds. Ernst Jenni and Claus Westermann
(Zurich/Munich: Theologischer Verlag, 1971) 1:709.
92. James Barr, The Semantics of Biblical
Language, 3rd ed. (London: SCM Press, 1991), 1.
93. Ibidem
94. HAL, 382-384; Brown, Driver and Briggs,
398-401.
95. Saeboe, 14.
96. Ibidem, 15 : “...
no Hebraico do Velho Testamento , 1057 (45,9%) envolve uma preposição
(especialmente com o singular)”.
97. Ibidem, 14-20.
98. E. Kautzsch and A. E. Cowley, eds.,
Gesenius’ Hebrew Grammar, 2º ed. (Oxford: Clarendon Press, 1910), 347
#114e: “Este uso da construção infinitiva é especialmente freqüente em conexão
com be ou ke para exprimir determinações temporais (em Inglês resumido a uma
cláusula temporal...)...”
99. Westermann, 198.
100. Saeboe, 15.
101. Ibid., 13; Jenni, 708.
102. Jenni, 707, notes that there are only four
nouns used more often in the Old Testament.
103. Ibid., 708.
104. Stek, 237, está
certo em observar que cada “dia” da criação tem de ser o mesmo, pois a
expressão temporal “tarde e manhã” e o numeral respectivo são idênticos em
todos os casos. Em outras palavras, cada “dia” da criação tem igual duração. A
partir disto, mostra ele que não é defensável argumentar que os primeiros três
“dias” foram longos períodos de tempo, enquanto que os restantes “dias” foram
de 24 horas. Esta última posição foi discutida por Edward J.
Young, Studies in Genesis One (Philadelphia: Presbyterian and Reformed
Publishing House, 1964), 104, e encontrou um recente defensor em R. Clyde
McCone , “Were the Days of Creation Twenty-four Hours Long?” The Genesis
Debate, 24. Young e adeptos inclinam-se a separar a duração dos dias da criação
alegando que o sol e a lua não tinham sido criados ainda até o quarto dia. A
questão realmente é quanto a ser realmente este o caso. Parece provável que no
quarto dia Deus designou o sol e a lua para governar respectivamente o dia e a
noite. Esta designação das funções não se contrapõe à existência anterior do
sol e da lua. É possível que eles não estivessem visíveis à vista humana antes
do quarto dia. Por esta razão muitos sugerem que poderia ter existido uma
cobertura de núvens ou de vapor anterormente ao quarto dia.
105. Saeboe, 22-23.
106. Bruce K. Waltke, “yôm, day, time, year”,
Theological Wordbook of the Old Testament, ed. R. Laird Harris (Chicago: Moody
Press, 1980), 371.
107. Hamilton , 54.
108. Ralph L. Smith, Micah-Malachi, Word
Biblical Commentary (Waco, TX: Word Books, 1984), 277.
109. A outra exceção
é com números acima de 1000 no texto apocalíptico de Daniel 12:11-12 com
referência aos 1290 “dias” e aos 1335 “dias”. Existem algumas diferenças com
relação a Gênesis 1. Nas duas passagens de Daniel 12 a forma plural de “dias” é
empregada em contraste com Gênesis 1. Em Gênesis 1 o “dia” refere-se ao que
aconteceu no passado; em Daniel 12 “dias” referem-se a um tempo profético no
futuro. O contexto de todas as outras predições proféticas no livro de Daniel
torna claro que na perspectiva profética cada elemento de tempo, sejam “tempos”
(4:16, 23, 25, 32), “tempo, tempos e metade de um tempo” (7:25), “tardes e
manhãs” (8:14), “semanas” (9:24), e “dias” (12:11-12), representa uma outra
realidade no tempo histórico real. Em outras palavras, em Daniel o princípio do
dia/ano está presente todas as vezes que se apresenta uma profecia temporal. O
contexto apocalíptico de Daniel é diferente do contexto da criação de Gênesis
1. O tempo no início, na criação, não é idêntico ao tempo preditivo que
encontra o seu cumprimento no futuro histórico. Em Gênesis 1 nada há de
preditivo. Este texto é um registro em prosa do passado, e não profecia
apocalíptica do futuro. Essas perspectivas de conteúdo e de contexto não
garantem o afastamento do significado direto no relato da criação em Gênesis.
110. Em Gênesis 1:31
o Hebraico tem um artigo tanto antes de yôm quanto do numeral. Em Gênesis 2:3 o
artigo está somente antes do numeral que segue o substantivo yôm. De acordo com
a sintaxe hebraica, o artigo no último caso torna articular a palavra que o
numeral qualifica.
111. Ronald F. Youngblood, The Book of Genesis,
2ª ed. (Grand Rapids, MI: Baker Book House, 1991), 26. Westermann, 76, de fato
traduz “um dia”.
112. Youngblood, Genesis, 26.
113. Bruce. K. Waltke and M. O’Connor, An
Introduction to Biblical Hebrew Syntax (Winona Lake, IN: Eisenbrauns, 1990),
274. A tradução “dia um” não está sintaticamente correta, mesmo que seja
usado aqui o cardinal. Em cláusulas do tipo de Gênesis 1:5 o cardinal serve
efetivamente como um número ordinal (Nahum M. Sarna, Genesis, The JPS Torah
Commentary [Philadelphia: Jewish Publication Society, 1989], 8, 353).
114. Youngblood, Genesis, 26.
115. Ver Herbert Niehr, “‘ereb”, Theologisches
Wörterbuch zum Alten Testament, 6:359-366.
116. M. Barth, “boqer”, Theological Dictionary
of the Old Testament, 2:225.
117. Werner H. Schmidt, Die
Schöpfungsgeschichte der Priesterschrift, 2d ed. (Neukirchen-Vluyn:
Neukirchener Verlag, 1967), 68.
118. Ver Niels-Erik A. Andreasen, The Old
Testament Sabbath: A Tradition-Historical Interpretation, SBL Dissertation
Series Nº 7 (Missoula, MT: Society of Biblical Literature, 1972), 174-202;
Gerhard F. Hasel, “The Sabbath in the Pentateuch”, The Sabbath in Scripture and
History, ed. Kenneth A. Strand (Washington, DC: Review and Herald Publishing
Association, 1982), 21-43; idem, “Sabbath”, The Anchor Bible Dictionary,
849-856; Gnana Robinson. The Origin and Development of the Old Testament
Sabbath: A Comprehensive Exegetical Approach (Frankfurt: Peter Lang, 1988),
139-142, 296-301.
119. Schmidt, 68 nº
5.
120. Ver também
Weeks, 18: “O mandamento perde completamente sua força convincente se eles (os
“dias”) não forem tomados literalmente.
121. Blocher, 48; ver também Henricus Renckens,
Israel’s Concept of the Beginning: The Theology of Genesis 1-3 (New York:
Herder & Herder, 1964), 98-100.
122. Fretheim, 20.
123. Bailey, 126.
Artigo publicado na Folha
Criacionista 53
Fonte:
http://www.revistacriacionista.com.br/
Notas de Hélio e de
SolaScriptura-TT: Entre as Bíblias impressas em português, somente aceitamos as
fiéis traduções do Textus Receptus, como a ACF (Almeida Corigida Fiel), ou a
ARC da IBB-Juerp 1948. Consideramos as ARA, NVI, BLH e NTLH inféis traduções do
corrompido Texto Crítico. Consideramos a Septuaginta uma execrável fraude.
Portanto, discordamos do autor em citar tais bíblias corrompidas. Também vemos
os assim chamados "Pais da Igreja" como pais da igreja católica
romana e de suas heresias. Não damos honra a tais "pais".
Só use as duas Bíblias traduzidas
rigorosamente por equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a
exata impressão das palavras perfeitamente inspiradas e preservadas por Deus),
dignas herdeiras das KJB-1611, Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida
Corrigida Fiel) e a LTT (Literal do Texto Tradicional), que v. pode ler e obter
em BibliaLTT.org, com ou sem notas).
(Copie e distribua
ampla mas gratuitamente, mantendo o nome do autor e pondo link para esta página
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