Eclesiastes 9:5. Estão os Mortos INCONSCIENTES? Serão os Perdidos ANIQUILADOS?

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Eclesiastes 9:5. Estão os Mortos INCONSCIENTES? Serão os Perdidos ANIQUILADOS?

 Hélio de Menezes Silva

Caro irmão em Cristo, FFFF

Há passagens da Bíblia que, sim, parecem estar em OPOSIÇÃO uma contra a outra. Este é um dos casos mais importantes e debatidos:

a) Por um lado, há muitos versos claramente ensinando a eterna existência do ser humano depois da morte, quer na eterna bem-aventurança no gozo da presença do nosso Senhor, ou na eterna e indescritível agonia no inferno literal e inescapável. Mais que isso, existência CONSCIENTE. Por exemplo:

“...19 ¶ Ora, havia um homem rico, e vestia-se de púrpura e de linho finíssimo, e vivia todos os dias regalada e esplendidamente. 20 Havia também um certo mendigo, chamado Lázaro, que jazia cheio de chagas à porta daquele; 21 E desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; e os próprios cães vinham lamber-lhe as chagas. 22 E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico, e foi sepultado. 23 E no inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio. 24 E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama. 25 Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado. 26 E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá. 27 E disse ele: Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai, 28 Pois tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham também para este lugar de tormento. 29 Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos. 30 E disse ele: Não, pai Abraão; mas, se algum dentre os mortos fosse ter com eles, arrepender-se-iam. 31 Porém, Abraão lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite.” (Lc 16:1-31 ACF)

b) Por outro lado, há 2 ou 3 versos em Eclesiastes que (ao menos aparentemente e à primeira vista) claramente parecem ensinar que, depois da morte, os homens ficam INCONSCIENTES (e, dizem alguns, bem depois os salvos gozarão de uma eternidade de bênçãos na presença do Senhor, e os perdidos serão definitivamente ANIQUILADOS, reduzidos à inexistência, para sempre):

Eclesiastes 9:5   " Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, mas a sua memória fica entregue ao esquecimento."

Em 99% desses casos, uma SIMPLES leitura de todo o contexto de ambos os versos que parecem se contradizer (simples leitura que está ao alcance de TODO crente sem auxílio de ninguém mais nem de nenhum comentário - desde que o crente seja sincero e cuidadoso), em menos de 2 horas ou 1 dia de estudo atento resolverá completa e definitivamente a aparente controvérsia, e nos prostraremos no chão adorando a Deus e reconhecendo a perfeição de Sua Palavra.

No meu caso, quando me deparei com este problema ao ler todo o VT pela 1ª vez, apenas 1 ano depois de ter sido salvo e depois de ter lido o NT umas 3 vezes (acho que em 1975 ou 1976), a chave, o começo para resolver a aparente discrepância, foi notar que o livro de Eclesiastes tem 27 vezes a expressão "debaixo do sol":

Ec 1:3  Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol?

Ec 1:9  O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol.

Ec 1:14  Atentei para todas as obras que se fazem debaixo do sol, e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito.

Ec 2:11  E olhei eu para todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também para o trabalho que eu, trabalhando, tinha feito, e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito, e que proveito nenhum havia debaixo do sol.

Ec 2:17  Por isso odiei esta vida, porque a obra que se faz debaixo do sol me era penosa; sim, tudo é vaidade e aflição de espírito.

Ec 2:18  Também eu odiei todo o meu trabalho, que realizei debaixo do sol, visto que eu havia de deixá-lo ao homem que viesse depois de mim.

Ec 2:19  E quem sabe se será sábio ou tolo? Todavia, se assenhoreará de todo o meu trabalho que realizei e em que me houve sabiamente debaixo do sol; também isto é vaidade.

Ec 2:20  Então eu me volvi e entreguei o meu coração ao desespero no tocante ao trabalho, o qual realizei debaixo do sol.

Ec 2:22  Porque, que mais tem o homem de todo o seu trabalho, e da aflição do seu coração, em que ele anda trabalhando debaixo do sol?

Ec 3:16  Vi mais debaixo do sol que no lugar do juízo havia impiedade, e no lugar da justiça havia iniqüidade.

Ec 4:1  DEPOIS voltei-me, e atentei para todas as opressões que se fazem debaixo do sol; e eis que vi as lágrimas dos que foram oprimidos e dos que não têm consolador, e a força estava do lado dos seus opressores; mas eles não tinham consolador.

Ec 4:3  E melhor que uns e outros é aquele que ainda não é; que não viu as más obras que se fazem debaixo do sol.

Ec 4:7  Outra vez me voltei, e vi vaidade debaixo do sol.

Ec 4:15  Vi a todos os viventes andarem debaixo do sol com a criança, a sucessora, que ficará no seu lugar.

Ec 5:13  Há um grave mal que vi debaixo do sol, e atrai enfermidades: as riquezas que os seus donos guardam para o seu próprio dano;

Ec 5:18  Eis aqui o que eu vi, uma boa e bela coisa: comer e beber, e gozar cada um do bem de todo o seu trabalho, em que trabalhou debaixo do sol, todos os dias de vida que Deus lhe deu, porque esta é a sua porção.

Ec 6:1  HÁ um mal que tenho visto debaixo do sol, e é mui freqüente entre os homens:

Ec 6:12  Pois, quem sabe o que é bom nesta vida para o homem, por todos os dias da sua vida de vaidade, os quais gasta como sombra? Quem declarará ao homem o que será depois dele debaixo do sol?

Ec 8:9  Tudo isto vi quando apliquei o meu coração a toda a obra que se faz debaixo do sol; tempo há em que um homem tem domínio sobre outro homem, para desgraça sua.

Ec 8:15  Então louvei eu a alegria, porquanto para o homem nada há melhor debaixo do sol do que comer, beber e alegrar-se; porque isso o acompanhará no seu trabalho nos dias da sua vida que Deus lhe dá debaixo do sol.

Ec 8:17  Então vi toda a obra de Deus, que o homem não pode perceber, a obra que se faz debaixo do sol, por mais que trabalhe o homem para a descobrir, não a achará; e, ainda que diga o sábio que a conhece, nem por isso a poderá compreender.

Ec 9:3  Este é o mal que há entre tudo quanto se faz debaixo do sol; a todos sucede o mesmo; e que também o coração dos filhos dos homens está cheio de maldade, e que há desvarios no seu coração enquanto vivem, e depois se vão aos mortos.

Ec 9:6  Também o seu amor, o seu ódio, e a sua inveja já pereceram, e já não têm parte alguma para sempre, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol.

Ec 9:9  Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias da tua vida vã, os quais Deus te deu debaixo do sol, todos os dias da tua vaidade; porque esta é a tua porção nesta vida, e no teu trabalho, que tu fizeste debaixo do sol.

Ec 9:11  Voltei-me, e vi debaixo do sol que não é dos ligeiros a carreira, nem dos fortes a batalha, nem tampouco dos sábios o pão, nem tampouco dos prudentes as riquezas, nem tampouco dos entendidos o favor, mas que o tempo e a oportunidade ocorrem a todos.

Ec 9:13  Também vi esta sabedoria debaixo do sol, que para mim foi grande:

Ec 10:5  Ainda há um mal que vi debaixo do sol, como o erro que procede do governador.

Então, pela análise cuidadosa de todo e cada versículo de Eclesiastes, não pude deixar de perceber que, conquanto um livro plena+verbal+plenária+inerrável+infalivelmente inspirado por Deus, ele retrata a verdade máxima a que pode chegar o homem pela sua própria sabedoria "debaixo do sol", terrena, independente de Deus. Eclesiastes é o livro retratando a sabedoria "debaixo do sol", demonstrando quanto ela é amarga e não satisfaz. Deus usou Salomão, o mais sábio (e mais infeliz, acho) homem que jamais existiu, para, ao fim da sua vida, Deus mostrar que tudo é vaidade, tolice, loucura, pois ...

Pelo aspecto terreno, tudo é inútil: o maior e o menor homem, o mais sábio e o mais louco, o homem mais dedicado a Deus e o mais dedicado ao pecado e ao diabo, TODOS, todos, IGUALMENTE, perecem comidos pelos vermes, viram a mesma terra. Aos olhos de quem está na terra, o apóstolo Paulo e Judas Iscariotes, Moody e Hitler, Spurgeon e Lampião, todos eles são iguais, nenhum deles permanece aqui para ensinar, o pó deles não sabe, não fala, não canta louvores a Deus nem ao diabo.

Então, não há nenhuma contradição na Bíblia:

a) Do ponto de vista terreno,

o homem mais dedicado a Deus e o mais dedicado ao pecado e ao diabo, TODOS, todos, IGUALMENTE, perecem comidos pelos vermes, viram a mesma terra. O pó deles não sabe, não fala, não canta louvores a Deus nem ao diabo.

b) Do ponto de vista celestial, de Deus,

o pior e mais pobre e doente e perseguido e sofrido homem salvo, imediatamente depois de morrer, vai conscientemente, incessantemente, gozar da eterna e infinita bem-aventurança da presença do Senhor; e o melhor e mais rico e saudável e dominador e feliz homem perdido, imediatamente depois de morrer, vai conscientemente, incessantemente, gozar da eterna e infinita desgraça no inferno literal, terrível, inescapável.

Há dúzias de bons comentaristas, apologetas e exegetas que tratam do assunto muito melhor do que eu o fiz rapidamente, acima. Leia-os, se quiser. Mas descobrir as verdades acima, somente lendo sozinho, com a ajuda do Espírito Santo, me satisfez plenamente em 1975 ou 1976.

Hélio de Menezes Silva
 

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