É ERRADO O CRISTÃO
COMERCIANTE VENDER BEBIDAS ALCÓLICAS?
No Brasil, vender
cerveja, principalmente em época de verão, é um negócio de retorno praticamente
garantido. O calor de rachar num país de clima tropical, a força da mídia
indicando-a como solução refrescante, e o convite dos amigos ao bar da esquina,
faz a cerveja vender, e muito! Em uma das igrejas de nossa convenção há um
irmão, o Valquer, que é proprietário de uma lanchonete razoavelmente grande e
bem localizada. O irmão Valquer, por ter esse comércio, é super-criticado por
muitos irmãos. Motivo? Ele vende cerveja na lanchonete, bebida que para nós,
cristãos, faz parte apenas do nosso testemunho do passado. Parando de vender a
loira gelada, seu lucro cai em 70%, um prejuízo apocalíptico para qualquer
comerciante.
No começo ele
realmente não vendia. Pregava contra. Achava errado. Queria que a lanchonete
fosse só evangélica. Quase fechou. Atolado até o gogó de dívidas, às vésperas
do verão, Valquer colocou na porta da lanchonete uma placa que foi a salvação:
Temos Cerveja. Cartazes da redondinha, da número um e da mais vendida no
Brasil, dentre outras, fizeram o irmão emergir da falência do comércio a saldar
todas as dívidas e retornar a uma vida mais estabilizada. Sua lanchonete fica a
um quarteirão da praia, o que faz o movimento ser, digamos, "abençoado"
no verão. Valquer é um dos que mais compram cerveja no caminhão da
distribuidora de bebidas. No caminhão da distribuidora trabalha um presbítero
da igreja, o Sérgio. Mas por incrível que pareça, o Sérgio (que faz a mesma
coisa que o Valquer - vende bebidas - só que no caminhão), não é criticado. O
Valquer, por ter a lanchonete, é apontado não só por uma maioria de cristãos,
como já foi chamado as conversas pelo pastor.
Qual a diferença
entre o irmão Valquer e o irmão Sérgio? Ambos não vendem bebidas alcólicas? Não
ganham o sustento para suas famílias do suor de seu trabalho? Qual a diferença
do pecado entre um e outro? O que o irmão Valquer respondeu fez seu pastor
pensar melhor e não excluí-lo da comunhão com a igreja: "-Se eu não vender
cerveja na minha lanchonete, as pessoas simplesmente se dirigem a outra,
compram, e bebem do mesmo jeito. E eu só fico no prejuízo. Eu sou dono de uma
lanchonete e não de uma birosca, um bar, um boteco de cachaça".
Se o fato do irmão
Valquer vender bebida alcólica é pecado, como fica a vida do irmão Moacir que é
garçom? O irmão Moacir é um garçom profissional que trabalha no restaurante de
um hotel de grande movimento o ano inteiro. A situaçào dele parece ser ainda
pior. Ele tem mesmo, a pedido da casa, que estimular o freguês a consumir uma
beer: "-Temos uma cerveja bem geladinha aí, vai...?" O irmão Moacir é
uma bênção! Quem o conhece, sabe. Homem de oração, humilde, sincero. Arranha um
portunhol e um ingrêis que garante umas gorjetas boas dos gringos para o
sustento dos filhos. Estará ele em pecado?! E se ele disser ao patrão:
"-Bebida alcólica eu não sirvo..." ?
No mínimo será despedido! Quem irá sustentar sua família??
Este artigo não se
propõe a criar desculpas para justificar o pecado, mas destacar a realidade de
irmãos que sobrevivem, em todo o Brasil, do turismo na alta temporada.
Realmente a bebida alcólica não tem feito muito bem a quem exagera, mergulha no
vício. Mas o objetivo de quem trabalha não é esse! E quem trabalha ou é dono de
farmácia, e vende camisinhas? Estará estimulando a prostituição, o sexo fora do
casamento?? Ao meu ver, tanto o dono da lanchonete, como o vendedor do caminhão
de bebidas e o garçom, ou o dono da farmácia, a posição é a mesma: apenas
revendem o produto. Se revender cerveja é pecado, então quem revende bíblias
tem salvação garantida? E como fica o irmão que é pedreiro? Trabalhando em uma
construção, para ganhar o sustento de sua família, o local pode ser destinado a
uma casa de prostituição. Como fica? Ele recusará o trabalho??
É difícil encontrar
tanta santidade em quem se preocupa em apedrejar o próximo. Há cristãos que não
vendem bebidas, mas em seu trabalho mentem, sonegam impostos, ludibriam o
cliente dizendo que "o produto é muito bom", etc. Pecados muito
piores do que simplesmente revender um produto que está dentro das normas da
lei. Será que quem critica esses irmãos estão seguindo todas as normas da
honestidade, como "santos" ao Senhor?? Que os fatos falem por si
mesmos.
"Amados, se o
nosso coraçäo näo nos condena, temos confiança para com Deus".
(1 João 3:21)
Denis de Oliveira é
pastor-presidente das Assembléias de Deus, Ministério Poder de Deus, RJ
Nenhum comentário
Postar um comentário