Nova seita no Rio de Janeiro, afirma volta de Jesus para 2070, eles sabem mais que o prorpio Jesus e anjos.
Fiéis de igreja evangélica picham previsões com slogan 'Bíblia sim, Constituição não'
“Bíblia sim, Constituição não. Jesus voltará em 2070”. A mensagem,
pichada em muros e calçadas do Rio, das zonas Norte à Sul, passando pela
Zona Oeste (e subindo a Serra de Petrópolis e atravessando a Região dos
Lagos...), tem intrigado cariocas, que parecem se deparar com os
dizeres em cada esquina da cidade.
Painel da Santa Ceia com pizza e diversidade se destaca em meio à guerra
na Rocinha.
— Jesus não marcou data com ninguém. Acho que isso é uma forma de
assustar as pessoas que estão perdidas — arriscou ontem o marinheiro
Christian Ramos, ao ler, na Rua do Santana, na Cidade Nova, um
“comunicado” pintado em preto. Ao lado da inscrição, um esclarecimento
em vermelho: “Não somos maçons”.
Também é possível achar as mensagens em amarelo, como as que tomaram o
calçadão de pedras portuguesas do Largo da Carioca, a calçada na saída
do metrô Uruguai, na Tijuca, o viaduto do terminal de BRT da Avenida
Abelardo Bueno, na Barra, e as imediações do Museu da República, no
Catete.
— É desnecessário e um péssimo exemplo. Quem segue a Deus não precisa
sujar as vias públicas — opinou o auxiliar de escritório Jefferson
Cabral.
Os responsáveis pela difusão do “alerta” são cerca de 200 fiéis da
Igreja Pentecostal Geração Jesus Cristo, uma espécie de exército que tem
espalhado inscrições. Com a ajuda de moldes metálicos (a igreja
confeccionou mais de 200) e tinta spray (já gastaram mais de 2 mil tubos
em dois anos), eles rabiscam aqui e ali. Os arautos da chegada de
Cristo em 2070 são os mesmos que, em agosto do ano passado, fizeram uma
passeata do Leme ao Arpoador chamando muçulmanos de “assassinos”,
“pedófilos” e “terroristas”. Em razão disso, o líder da igreja, pastor
Tupirani da Hora Lores, chegou a ser preso por intolerância religiosa.
‘CONSTITUIÇÃO SÓ SERVE PARA POLÍTICO ROUBAR', DIZ PASTOR
Na fachada da igreja evangélica, localizada num prédio de cinco andares
no Morro do Pinto, no Santo Cristo (Centro do Rio) e fundada há 18 anos
pelo pastor Tupirani da Hora Lores, lê-se: “Templo pós-prisão”. A
mensagem traz ainda a imagem de duas mãos algemadas em prece. É que, em
2009, Tupirani ficou 18 dias preso na carceragem da Polinter, na Pavuna,
Zona Norte, acusado de intolerância religiosa. Tudo porque postou, em
redes sociais, vídeos com ofensas a outras religiões, como espiritismo e
islamismo.
O pastor foi condenado a pagar dez salários-mínimos a uma instituição de
caridade e a prestar serviços comunitários. Há dez dias, a Segunda
Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, negou um pedido de
trancamento da ação penal feito pela defesa de Tupirani, que se
considera injustiçado.
— Sou intolerante no sentido de que eu só creio em um Deus, que é o Deus
evangélico. Não aceito outras doutrinas, mas quem quiser vivê-las, que
viva — afirma Tupirani, que tem 51 anos, é casado e pai de três filhos.
O pastor afirma que “só é honesto porque segue a Bíblia”. Diz que
estimula a difusão da mensagem, de madrugada, “porque a Constituição só
serve para político roubar” e porque “Jesus vai voltar” e ele “quer que
as pessoas entendam o fenômeno quando acontecer”.
— Em 2070, vai haver uma guerra que envolve Israel e Jesus voltará. Essa
profecia está em vários livros, quem estuda a Bíblia consegue montar o
quebra-cabeça — diz Tupirani, explicando por que as pichações incluem os
dizeres “não somos maçons”. — Todo pastor é canalha, entrou para a
maçonaria, um grupo de pessoas manipuladoras. E eu preciso dizer que não
sou.
Tupirani diz, no entanto, que “ninguém quer se esconder”.
— Não estamos escondendo nada. Estamos fazendo e não vamos parar. Se apagarem, picharemos de novo — avisa.
Em nota, a Comlurb afirma que removerá as pichações da igreja. Diz ainda
que os pichadores, se flagrados pelo Programa Lixo Zero, serão multados
em R$ 205 por pichação.
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