Jesus Cristo é um plágio de Perseu?
Perseu (ou Perseus), na mitologia grega, foi o herói que decapitou a Medusa, monstro que transformava em pedra qualquer um que olhasse diretamente para ela. Ele era um semideus, filho do deus Zeus com a humana Dânae. Céticos afirmam que Jesus é uma cópia de Perseu por causa de seu nascimento sobrenatural. Mas, como veremos a seguir, o nascimento deles é muito diferente, não havendo, portanto, plágio algum.

De acordo com a mitologia grega, o rei Acrísio, pai de Dânae, fora informado por seu oráculo que um dia seu neto o mataria. Temendo a morte, Acrísio aprisionou sua filha para que ela não tivesse relações sexuais com nenhum homem.
Entretanto, Zeus sentia desejo sexual pela filha do rei. Por isso, ele se disfarçou de chuva de ouro, entrou na prisão e teve relações com Dânae. A história não deixa claro se Zeus teve tais relações em forma de chuva de ouro ou se, uma vez dentro da prisão, se transformou novamente no que era para se deitar com a moça. Seja como for, houve uma união sexual e o resultado dessa união foi o nascimento de Perseu.
“No alto de uma torre, em um cárcere com grades de bronze, a princesa de Argos passava os dias chorando. Seu nome era Dânae. Ainda assim seu pai, o rei Acrísio a havia condenado àquela vida reclusa… Por decreto do rei, Dânae estava condenada a jamais ser vista ou tocada por um homem (…). Viajou para Delfos (…) e lá ouviu uma revelação; O rei de Argos jamais terá filhos e será morto pelas mãos do próprio neto (…). Acrísio não se atrevia a matar a própria filha, mas estava disposto a isolá-la para sempre dos olhos e dos desejos masculinos (…). Zeus (…) acabou comovido pelas lágrimas de Dânae – e irresistivelmente seduzido pela visão daquela volúpia reprimida. O deus precipitou-se das nuvens, tombando do alto céu em direção à torre de bronze. No caminho, transformou-se em uma cálida chuva de gotas douradas (…), encharcou o vestido de Dânae, molhando-lhe os seios e as coxas. Meio desperta, mio acordada, ela soltou um grito de prazer (…). Um deus a possuía e por isso ela estava livre. Naquele dia foi concebido Perseu.” [1]
Perseu não era filho de uma virgem. Ele era filho de uma mulher que teve relações sexuais com um deus. Isso é muito diferente da concepção virginal de Jesus. Justino Mártir, um apologista cristão do século II, afirma:
“Escutai agora como foi literalmente profetizado por Isaías que Cristo seria concebido por uma virgem. Ele diz o seguinte: ‘Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe porão o nome ‘Deus conosco’ [Isaías 7:14].” [2]
O que os homens poderiam considerar incrível e impossível de ocorrer, Deus indicou antecipadamente por meio do Espírito profético, para que, quando ocorresse, não negassem a fé, mas sim, justamente por ter sido predito, cressem. Prosseguindo, Justino diz:
“Esclareçamos agora as palavras da profecia para que, por não entendê-la, objetem o mesmo que nós dizemos contra os poetas, quando nos falam de Zeus que, para satisfazer sua paixão libidinosa, uniu-se com diversas mulheres. Portanto, ‘Eis que uma virgem conceberá’ significa que a concepção seria sem relação carnal, pois, se esta houvesse, ela não mais seria virgem; mas foi a força de Deus que veio sobre a virgem e a cobriu com a sua sombra e fez com que ela concebesse permanecendo virgem.” [3]
O interessante nesse texto é que Justino vê a necessidade de explicar que “concepção virginal” não era um relacionamento sexual entre um deus e uma mulher, tal como na mitologia ocorreu entre Zeus e diversas mulheres. Semideuses resultavam da união entre deuses e humanos, mas a concepção de Jesus por Maria não foi dessa maneira; ela não teve relações sexuais com Deus, mas concebeu o Senhor Jesus em virgindade pela ação do Espírito Santo. Mulheres que tiveram relações sexuais com deuses não são virgens, como foi o caso de Dânae, mãe de Perseu, na mitologia grega.
Assim, vemos que não há semelhança alguma entre o nascimento de Jesus e o de Perseu. Além disso, vale salientar que Jesus é uma pessoa real, enquanto Perseu é apenas uma figura mitológica.
Notas de rodapé:
[1] HORTA, Maurício; BOTELHO, José Francisco; NOGUEIRA, Salvador. Mitologia – Deuses, Heróis e Lendas. Editora Abril, 2012, p. 108.
[2] Justino Mártir, I Apologia, 33:1.
[3] Justino Mártir, I Apologia, 33:3-4.
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