CRISTO REVELADO NO LIVRO DE SOFONIAS

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CRISTO REVELADO NO LIVRO DE SOFONIAS

       O significado do nome de Sofonias (“O Senhor Encobriu”) conduz ao ministério de Jesus Cristo. A verdade da Páscoa no Egito, onde aqueles que foram encobertos pela marca de sangue nas portas foram protegidos do anjo da morte, é repetida na promessa de 2.3, onde aqueles mansos da Terra que preservaram a justiça de Deus serão encobertos no Dia da ira do Senhor. Cl 3.2-3 explica esse aspecto do ministério de Cristo: “Pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da terra; porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.”
         O regozijo sobre um restante salvo (3.16-17) está relacionado com a obra de Jesus, o Salvador. Jesus disse: “Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento” (Lc 15.7).
 *Extraído da Bíblia de Estudo A plicação Pessoal

Jesus Cristo no Antigo Testamento - aula 11 - Sofonias


- Contexto histórico
- O castigo anunciado
- A esperança anunciada
- A salvação anunciada
- Referências bibliográficas


CONTEXTO HISTÓRICO

Palavra do SENHOR que veio a Sofonias, filho de Cusi, filho de Gedalias, filho de Amarias, filho de Ezequias, nos dias de Josias, filho de Amom, rei de Judá. Sf 1.1


O primeiro versículo do livro narra a ascendência de Sofonias até a quarta geração. Alguns estudiosos bíblicos afirmam que o “Ezequias” mencionado foi o rei de Judá, o que faria de Sofonias um componente da família real.

O texto nos conta também que Sofonias profetizou durante o reinado de Josias de Judá. O severo julgamento divino anunciado pelo profeta sugere uma data anterior à reforma empreendida pelo rei Josias (2Rs 23.1-27).

Foi um tempo difícil, o povo cultuava ao Senhor apenas por tradição, mas também cultuava diversos deuses dos povos pagãos que viviam ao seu redor. Os reis anteriores (Manassés e Amom) fizeram o que era mau perante o Senhor.

Manassés reinou 55 anos em Judá, edificou altares a deuses estranhos, foi adivinho, consultou médiuns e feiticeiros e sacrificou seu próprio filho em oferta aos deuses estranhos (2Rs 21.2-6).

Amom reinou 2 anos em Judá e repetiu todos os erros de seu pai, a ponto de ser morto em uma conspiração dos seus servos.

Estes dois reinados juntos somaram 57 anos de distanciamento do Senhor e de adoração a deuses estranhos e práticas religiosas pagãs. Não bastasse isso, Josias foi alçado à condição de rei aos 8 anos de idade (2Rs 22.1).

Mais de meio século de afastamento de Deus e uma criança no trono. Esse foi o contexto no qual Sofonias profetizou.

Sofonias foi contemporâneo dos profetas Jeremias, Naum e Habacuque.


O CASTIGO ANUNCIADO

De fato, consumirei todas as coisas sobre a face da terra, diz o SENHOR. Consumirei os homens e os animais, consumirei as aves do céu, e os peixes do mar, e as ofensas com os perversos; e exterminarei os homens de sobre a face da terra, diz o SENHOR. Estenderei a mão contra Judá e contra todos os habitantes de Jerusalém; Sf 1.2-4a


Sofonias não poderia ter iniciado sua profecia de forma mais aterrorizante. Ele foi usado como boca do Senhor para anunciar a destruição tanto do povo de Jerusalém como também de todas as demais nações da terra.

Deus estava profundamente irado e anunciou seu julgamento.

Mas, afinal de contas, o que fez o povo de Judá para deixar Deus irado daquela maneira?

Durante todo o Antigo Testamento, Deus se apresentou como o salvador dos judeus, o seu povo escolhido. Ele foi ao encontro do seu povo e firmou aliança com ele, na qual se comprometeu a ser o seu Deus, e o povo deveria adorá-lo exclusivamente como o único e verdadeiro Deus.

A lei de Deus para o seu povo foi resumida nos dez mandamentos, sendo que o primeiro deles proibia expressamente a idolatria. Apesar disso, o povo falhou várias vezes durante a caminhada, mas Deus se mostrou misericordioso e benevolente e permaneceu ao lado de Israel. Além disso, Deus operou grandes milagres em favor do seu povo, como por exemplo a salvação concedida por meio de José, a fantástica libertação dos judeus da escravidão do Egito, a caminhada de 40 anos no deserto e a conquista da terra prometida.

O povo de Israel e de Judá sabiam perfeitamente quem foi o Deus de seus pais, pois todas essas histórias eram contadas pelos pais aos filhos, para que o nome e os feitos do Senhor sempre fossem lembrados e sua lei cumprida com sincera adoração.
Apesar disso, após o reinado de Ezequias em Judá, os dois reis seguintes desprezaram o Senhor e decidiram descumprir a sua lei. Foram 57 anos de idolatria, sincretismo e até mesmo ateísmo por parte do povo.

os que sobre os eirados adoram o exército do céu e os que adoram ao SENHOR e juram por ele e também por Milcom; Sf 1.5 (sincretismo religioso)

os que deixam de seguir ao SENHOR e os que não buscam o SENHOR, nem perguntam por ele. Sf  1.6 (ateísmo)

Naquele tempo, esquadrinharei a Jerusalém com lanternas e castigarei os homens que estão apegados à borra do vinho e dizem no seu coração: O SENHOR não faz bem, nem faz mal. Sf 1.12 (banalização de Deus)

Não atende a ninguém, não aceita disciplina, não confia no SENHOR, nem se aproxima do seu Deus. Sf 3.2 (arrogância, autossuficiência)


O povo escolhido e amado por Deus decidiu praticar essas barbaridades por mais de meio século. O que o Senhor, o único Santo, Santo, Santo descrito por Isaías sentiria ao ver essa situação?

Deus estava profundamente irado. Deus odeia o pecado.

Esse foi o motivo pelo qual ele levantou o profeta Sofonias, para anunciar o julgamento que viria ao povo de Judá e a todo o mundo. Deus é totalmente santo e puro, Ele não tolera o mau, o pecado. Onde há pecado tem que haver julgamento e condenação.

Cala-te diante do SENHOR Deus, porque o Dia do SENHOR está perto, pois o SENHOR preparou o sacrifício e santificou os seus convidados. Sf 1.7


Sofonias anunciou que o “Dia do Senhor” estava próximo. Mas, ao contrário do que parecia, o povo imaginava que aquele dia seria de grandes bênçãos, felicidade e alegria, no qual Deus viria como um grande pai generoso e bondoso a atender as petições de seus filhos.

O povo pensava isso porque se esquecera de quem era o Senhor e se esquecera também da profecia dada por Amós anos antes.

Ai de vós que desejais o Dia do SENHOR! Para que desejais vós o Dia do SENHOR? É dia de trevas e não de luz. Como se um homem fugisse de diante do leão, e se encontrasse com ele o urso; ou como se, entrando em casa, encostando a mão à parede, fosse mordido de uma cobra. Não será, pois, o Dia do SENHOR trevas e não luz? Não será completa escuridão, sem nenhuma claridade? Am 5.18-20


O Dia do Senhor seria terrível, dia de trevas. Sofonias repetiu essa definição em sua profecia.

Está perto o grande Dia do SENHOR; está perto e muito se apressa. Atenção! O Dia do SENHOR é amargo, e nele clama até o homem poderoso. Aquele dia é dia de indignação, dia de angústia e dia de alvoroço e desolação, dia de escuridade e negrume, dia de nuvens e densas trevas, dia de trombeta e de rebate contra as cidades fortes e contra as torres altas. Trarei angústia sobre os homens, e eles andarão como cegos, porque pecaram contra o SENHOR; e o sangue deles se derramará como pó, e a sua carne será atirada como esterco. Sf 1.14-17

Nem a sua prata nem o seu ouro os poderão livrar no dia da indignação do SENHOR, mas, pelo fogo do seu zelo, a terra será consumida, porque, certamente, fará destruição total e repentina de todos os moradores da terra. Sf 1.18


“(...) E o versículo 18 do capítulo 1 deixa bem claro que nem suas riquezas, nem seus bens, nem suas realizações, nem qualquer outra coisa, poderá salvá-lo naquele dia. Não poderemos nos esconder atrás de coisa alguma. Dizemos sempre aos nossos filhos que chegará o dia em que estaremos sós diante de Deus. Eles não poderão se esconder atrás da mamãe e do papai. Todas as coisas serão manifestas. (...)”
CARSON, D.A. As Escrituras dão testemunho de mim: Jesus e o evangelho no Antigo Testamento; tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Vida Nova, 2015. p. 158.


Sabemos que a punição do povo de Judá ocorreu anos depois, com o exílio imposto pelos babilônicos. Deus levantou Nabucodonosor e seu reino para punir o povo de Judá por todos aqueles anos de idolatria.

Entretanto, o Dia do Senhor anunciado por Amós e Sofonias ainda virá. Será o dia no qual o Justo Juiz derramará sua ira sobre todos os povos que não O adoram como único Deus e salvador.


A ESPERANÇA ANUNCIADA

Concentra-te e examina-te, ó nação que não tens pudor, antes que saia o decreto, pois o dia se vai como a palha; antes que venha sobre ti o furor da ira do SENHOR, sim, antes que venha sobre ti o dia da ira do SENHOR. Buscai o SENHOR, vós todos os mansos da terra, que cumpris o seu juízo; buscai a justiça, buscai a mansidão; porventura, lograreis esconder-vos no dia da ira do SENHOR. Sf 2.1-3


O capítulo 1 de Sofonias é terrível, Deus anunciou o julgamento sobre todas as nações. Parecia não haver escapatória. Existiria ainda alguma esperança de livramento?

Os primeiros versículos do capítulo 2 apontam para uma luz. No meio daquele julgamento tão duro, o próprio Deus forneceu esperança. Ele disse: “O julgamento virá depressa, mas antes disso busquem o Senhor, pois talvez tenham êxito em fugir da Sua ira”.

Deus anunciou a única forma de fugir da Sua ira: buscá-lo com humildade.

“(...) Quando percebemos que de fato somos culpados diante de um Deus santo e justo – quanto isso acontece, quando a ficha finalmente cai, quando entendemos essa verdade básica e monumental, nesse mesmo instante o coração humano fica tentado a se voltar para outros refúgios, outros remédios. “Senhor, vou voltar a frequentar a igreja.” “Vou parar de fazer isso e aquilo.” “Vou deixar de ser desonesto.” “Vou melhorar, Senhor”.
Mas, ouça: não há esperança nisso. Só há um lugar para onde correr, e esse lugar é o próprio Deus, que, em sua misericórdia, concede salvação por meio de Jesus Cristo a todos quantos se voltam para ele e dizem: “Senhor, tem misericórdia de mim, pecador. Salva-me.” Não se trata de uma fórmula mágica. Trata-se de humildade no coração. Devemos nos voltar humildemente a Cristo e nos refugiar em sua morte por nossos pecados. (...)”
CARSON, D.A. As Escrituras dão testemunho de mim: Jesus e o evangelho no Antigo Testamento; tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Vida Nova, 2015. p. 160-161.


“(...) Exortar o povo a ouvir advertências severas é um ato da graça divina, pois as advertências são formuladas com o objetivo de estimular ou evocar arrependimento naqueles que a ouvem. (...)”
BÍBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil; São Paulo: Cultura Cristã, 2ª edição, 2009. p. 1187. Comentário de Sf 2.1


Após essa luz de esperança, Deus esclareceu mais detalhadamente os alvos de sua punição. Nenhuma nação ao redor de Judá escaparia, todas seriam destruídas pela mão poderosa do Senhor.

- Norte: Assíria (v. 13)
- Sul: Etíopes (v. 12)
- Leste: Moabe e Amom (v.8)
- Oeste: Filístia (v. 5)

Deus advertiu seu povo de que não haveria lugar seguro para se esconder da sua ira. Para onde quer que fossem, lá eles seriam alcançados pelo julgamento divino. O Senhor relembrou o povo de sua onipresença, conforme já afirmado pelo rei Davi.

Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Sl 139.7


Além disso, ao punir severamente todas as nações ao redor de Judá, Deus reafirmou seu poder e domínio sobre toda a terra. Os deuses pagãos não tinham qualquer poder, eles nada poderiam fazer para acudir seus adoradores.

Mais uma vez Deus relembrava coisas que o povo já deveria saber.

Prata e ouro são os ídolos deles, obra das mãos de homens. Têm boca e não falam; têm olhos e não vêem; têm ouvidos e não ouvem; têm nariz e não cheiram. Suas mãos não apalpam; seus pés não andam; som nenhum lhes sai da garganta. Tornem-se semelhantes a eles os que os fazem e quantos neles confiam. Sl 115.4-8


A punição seria grandiosa e terrível. Nenhuma nação escaparia. Não havia deus capaz de livrar os habitantes da terra. Mas, no meio de tudo isso, o Senhor anunciou uma pequena luz, distante, frágil, uma luz de esperança para aqueles que o buscassem com humildade.


A SALVAÇÃO ANUNCIADA

O capítulo 3 começa com o julgamento de Deus sobre Jerusalém e se expande a todas as nações da terra, semelhante ao já anunciado nos dois capítulos anteriores.

Mas, a partir do versículo 9, o profeta retorna àquela frágil luz de esperança brevemente anunciada no capítulo anterior. A esperança é mais claramente apresentada pelo Senhor, que anuncia purificação, regozijo e gloriosa restauração após o julgamento.

Então, darei lábios puros aos povos, para que todos invoquem o nome do SENHOR e o sirvam de comum acordo. Dalém dos rios da Etiópia, os meus adoradores, que constituem a filha da minha dispersão, me trarão sacrifícios. Naquele dia, não te envergonharás de nenhuma das tuas obras, com que te rebelaste contra mim; então, tirarei do meio de ti os que exultam na sua soberba, e tu nunca mais te ensoberbecerás no meu santo monte. Mas deixarei, no meio de ti, um povo modesto e humilde, que confia em o nome do SENHOR. Os restantes de Israel não cometerão iniqüidade, nem proferirão mentira, e na sua boca não se achará língua enganosa, porque serão apascentados, deitar-se-ão, e não haverá quem os espante. Sf 3.9-13


- lábios puros: Após o julgamento do seu povo, o Senhor promete dar-lhes lábios puros para invocarem o nome do Senhor, exatamente o que não fizeram durante os últimos 57 anos de idolatria explícita.

- Dalém dos rios da Etiópia: Deus chamaria seu povo tanto dos judeus como também dos gentios.

- um povo modesto e humilde: Exatamente o oposto do povo arrogante e autossuficiente que viviam como se não precisasse de Deus.

Canta, ó filha de Sião; rejubila, ó Israel; regozija-te e, de todo o coração, exulta, ó filha de Jerusalém. O SENHOR afastou as sentenças que eram contra ti e lançou fora o teu inimigo. O Rei de Israel, o SENHOR, está no meio de ti; tu já não verás mal algum. Naquele dia, se dirá a Jerusalém: Não temas, ó Sião, não se afrouxem os teus braços. O SENHOR, teu Deus, está no meio de ti, poderoso para salvar-te; ele se deleitará em ti com alegria; renovar-te-á no seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo. Sf 3.14-17


O povo redimido é chamado a cantar, a adorar a Deus por ter afastado a condenação que estava sobre eles. Aqui está a mensagem central do livro, Jesus Cristo, o Salvador que tomou sobre si a condenação, a ira de Deus em nosso lugar.

Somente podemos cantar porque Cristo morreu em nosso lugar. Assim como o povo de Judá, estávamos condenados ao inferno, à eterna separação de Deus, mas Ele, por causa do grande amor com que nos amou, enviou Seu Filho para sofrer e morrer em nosso lugar.

Cristo cumpriu fielmente a obra de salvação: se encarnou, sofreu, morreu, ressuscitou ao terceiro dia, subiu ao céus e reina soberano sobre toda a criação.

Sua obra nos concedeu perdão de todos os pecados e a nova vida Nele, na qual somos capazes de ouvir, entender e obedecer à voz de Deus transcrita em Sua Palavra Revelada. Agora podemos cantar em alta voz, nossa esperança se tornou em gloriosa salvação nos dada pelo Senhor Jesus Cristo.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BÍBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil; São Paulo: Cultura Cristã, 2ª edição, 2009. 1920p.

CARSON, D.A. As Escrituras dão testemunho de mim: Jesus e o evangelho no Antigo Testamento; tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Vida Nova, 2015. 224 p.


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