O que é Soteriologia? A Doutrina da Salvação. As diferentes teorias e correntes teologicas
O que é Soteriologia?
A Doutrina da Salvação
Soteriologia talvez
seja uma das áreas mais discutidas dentro da teologia. Isto acontece porque
teólogos, com diferentes posicionamentos sobre o assunto, iniciaram um debate
sobre a soteriologia bíblica que já dura vários séculos.
Mas afinal, o que é
Soteriologia?
Soteriologia é
basicamente a doutrina da salvação. Isto significa que a soteriologia é a área
da teologia que estuda a salvação em todos os seus aspectos. A palavra
“soteriologia” vem dos termos gregos soteria, “salvação” ou “livramento”; e
logos, “palavra”. O termo “soteriologia” começou a ser utilizado no século 19.
Há subdivisões dentro
da soteriologia que abordam a salvação em seus diferentes aspectos, tais como:
um plano eterno e obra remidora de Deus; a expiação no sangue de Cristo; a
operação da graça divina; o estado do homem em relação ao pecado; a obra do
Espírito Santo; e o destino final do homem.
Existem muitas
teorias com diferentes visões sobre vários pontos dentro da soteriologia. O
objetivo deste estudo bíblico é ser bem simples, objetivo e de fácil entendimento.
Portanto, priorizaremos os pontos mais importantes sobre a soteriologia
bíblica.
Soteriologia: a
doutrina da salvação
Vários termos
hebraicos e gregos são utilizados na Bíblia para se referir à salvação, desde o
Antigo Testamento até o Novo Testamento. No hebraico, a raiz mais importante
para salvação é yasha que significa “liberdade” ou “libertar daquilo que
prende”. Existem vários substantivos derivados desta raiz, e todos trazem a
ideia de “libertar” ou “resgatar”.
No grego, o verbo
sozo e seus cognatos soteria (salvação) e soter (salvador) traduzem o hebraico
yasha. Nos livros do Novo Testamento o
termo soteria aparece apenas em conexão com Cristo como Salvador.
Biblicamente a
salvação é uma obra completamente de Deus, em todos os aspectos. Na ideia
bíblica de salvação o homem é resgatado de seu estado de pecado para o estado
de glória através de Jesus. É pela morte de Cristo que o pecador é remido de
seus pecados.
Quando Cristo voltar,
a natureza caída e pecaminosa do homem será totalmente aniquilada. Então
acontecerá também a redenção do nosso corpo (Romanos 8:23). Nesse ponto a
salvação encontrará seu cumprimento pleno (Hebreus 9:28).
Soteriologia: quais
são bênçãos da Salvação?
A soteriologia
destaca as bênçãos resultantes da salvação, das quais podemos destacar:
Redenção: é a total
liberdade por meio do resgate pago por Jesus (2 Pedro 2:1; Gálatas 3:13; Mateus
20:28).
Reconciliação: agora
o relacionamento do homem, antes pecador e agora redimido, passou a ser de
comunhão com Deus e não mais de inimizade.
Propiciação: através
do sacrifício de Cristo a ira de Deus não está sobre os salvos.
Quando uma pessoa é
salva, significa que em relação a Deus essa pessoa é redimida, justificada,
reconciliada e limpa.
Soteriologia: quais
as diferentes teorias da expiação?
Ao longo da História,
várias visões diferentes sobre a expiação foram desenvolvidas, propostas e
defendidas. De forma resumida, vejamos as teorias mais conhecidas:
Teoria da
Recapitulação: esta teoria defende a ideia de que o sacrifício de Cristo
reverteu o curso da humanidade da desobediência para a obediência; e que a vida
de Jesus representou todas as fazes da vida humana, daí a ideia de
“recapitulação”. Esta teoria não encontra apoio bíblico.
Teoria Mística: esta
teoria diz que a expiação de Cristo foi um triunfo contra a sua própria
natureza pecaminosa. Então supostamente essa vitória influencia o homem a
querer se aproximar de Deus. Nesta teoria Jesus é classificado como um pecador
entre os pecadores. Por isto ela contradiz totalmente a Bíblia que afirma
claramente que Jesus nunca pecou e que não foi achado pecado algum n’Ele. Jesus
era santo, inocente e separado dos pecadores (Hebreus 7:26). O próprio Jesus
desafiou os homens a encontrarem qualquer pecado n’Ele (João 8:46). A Bíblia
também diz que Cristo é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João
1:29). Esta visão também leva ao universalismo da salvação, ou seja, à salvação
de todos os homens. A Bíblia diz claramente que nem todos serão salvos, e que
haverá condenação eterna para os perdidos (Mateus 25:41,46; Apocalipse
20:14,15).
Teoria do Resgate
Pago a Satanás: você já deve ter escutado algo relacionado a esta teoria. Nela
é defendida a ideia de que o sacrifício de Jesus foi para pagar um resgate a
Satanás. Ele teria comprando a liberdade do homem que era escravo do Diabo.
Esta é outra teoria totalmente contrária aos ensinos bíblicos. Deus nunca deveu
nada a Satanás, e o homem pecador também não. O pecado colocou o homem em
divida com Deus e não com o Diabo. Biblicamente a exigência do pagamento de um
resgate foi em relação à justiça de Deus, ou seja, Deus é quem exige tal
pagamento.
Teoria do Exemplo:
esta teoria coloca a expiação de Cristo como um exemplo de obediência e fé a
ser seguido. Claro que a vida de Jesus é um exemplo que deve ser seguido. Mas
da forma como é colocado na Teoria do Exemplo, ocorre a negação do estado
espiritual morto e caído do homem, contradizendo a Bíblia.
Teoria da Influência
Moral: semelhante a Teoria do Exemplo, esta teoria afirma que a expiação de
Cristo demonstra um amor que influencia o homem ao arrependimento. Esta teoria
também nega a doutrina bíblica da total incapacidade humana em se arrepender
por si só.
Teoria Governamental:
esta visão foi elaborada por Hugo Grotius (1583-1645 – o mesmo do Direito
Internacional) e traz a ideia de que o sacrifício de Cristo substituiu a
penalidade do pecado, mas no sentido de que as leis de Deus foram quebradas e
que alguma penalidade foi paga, dependendo agora do homem reconhecer tal
pagamento. Sob este aspecto, a morte de Cristo seria apenas o pagamento
suficiente de uma divida, ao invés de um sacrifício verdadeiro e inatingível
para qualquer humano para satisfazer a justiça divina. Desta forma, a Teoria
Governamental resulta na ideia de que a morte de qualquer outra pessoa teria
tido o mesmo valor da morte de Jesus; desde que os homens se convencessem do
seu estado de pecado e das consequências desse pecado.
Teoria da
Substituição Penal: esta visão é mais concreta biblicamente. Ela afirma que o
homem natural está morto espiritualmente em seus delitos e pecados. Ele é
incapaz de qualquer ação positiva em relação à sua própria salvação. Então o
sacrifício de Cristo expiou a culpa, cumprindo completamente as exigências da
justiça de Deus sobre o pecado, trazendo perdão, imputando justiça e
reconciliando o homem com Deus.
Soteriologia:
Sinergismo e Monergismo
Dentro da
soteriologia bíblica também é discutida a forma com que o homem interagem no
processo de salvação. Neste ponto surge duas ideias básicas: Sinergismo e
Monergismo.
No sinergismo a
salvação é definida como um resultado da vontade de Deus em cooperação
(sinergia) com a escolha humana. Já no Monergismo, a salvação é uma obra
absolutamente de Deus, sem influência alguma do homem. Em outras palavras, o
que esta realmente sendo discutido é o tão famoso debate entre livre-arbítrio e
predestinação.
A questão do
Sinergismo e Monergismo deu origem a um grande debate se estende dentro da
Igreja ao longo dos séculos. Esse debate resultou em algumas linhas teológicas
muito conhecidas e aplicadas nas igrejas.
Arminianismo: o maior
expoente deste sistema foi o teólogo holandês Jacob Armínio (1560-1609). Este
sistema tenta explicar uma ideia de livre-arbítrio humano em relação à
soberania de Deus. O Arminianismo deposita mais ênfase na responsabilidade
humana que, em certo momento, acaba se sobressaindo em relação à soberania de
Deus, pelo menos no que diz respeito à salvação. Os pontos principais do
Arminianismo moderno são: Depravação Parcial (o homem mesmo corrompido pelo
pecado é capaz de escolher se aproximar de Deus); Eleição Condicional (Deus
elegeu os salvos com base em sua presciência sabendo quem iria crer n’Ele);
Expiação Ilimitada (Jesus morreu por todos, incluindo os que não serão salvos);
Graça Resistível (o homem pode resistir à salvação); Queda da Graça ou Salvação
Condicional (o homem pode perder a salvação, sendo necessário então mantê-la).
Vale lembrar que o Arminianismo clássico rejeita a Depravação Parcial e tem uma
visão mais parecida com o Calvinismo em relação à Depravação Total. Muitos
arminianos, principalmente os clássicos, também rejeitam a ideia da Queda da
Graça.
Calvinismo: tem João
Calvino (1509-1564) como maior expoente, embora antes dele muitos líderes da
Igreja já defendiam a mesma ideia em relação à salvação. O Calvinismo enfatiza
a soberania de Deus em relação à responsabilidade humana, e nega a ideia de
livre-arbítrio. Os pontos principais do Calvinismo são: Depravação Total (o
homem é incapaz de escolher a salvação por estar morto em delitos e pecados);
Eleição Incondicional (Deus elegeu soberanamente alguns para a salvação já que
o homem é incapaz de qualquer resposta à Deus); Expiação Limitada (o sacrifício
de Jesus é eficaz apenas para os eleitos, ou seja, Cristo morreu apenas pelos
que realmente seriam salvos); Graça Irresistível (quando Deus chama o homem,
este efetivamente responde de forma positiva); Perseverança dos Santos (todos
aqueles que Deus escolheu irão perseverar na fé e jamais pereceram, pois a obra
de Deus é completa). Dentro do Calvinismo existe também o Calvinismo de Quatro
Pontos. Este último discorda da ideia de Expiação Limitada e defende uma visão
semelhante ao do Arminianismo.
Pelagianismo: ensino
que foi defendido por um monge chamado Pelágio do século IV. Seu ensinamento
afirmava que os homens não nascem contaminados pelo pecado. Segundo ele os
homens são naturalmente inocentes e aprendem a pecar no decorrer da vida. Este
é o ensino mais focado na defesa do livre-arbítrio do homem. Para o
Pelagianismo o homem possui uma alma livre do pecado, ou seja, ele pode ser
imparcial. Esta ideia contradiz totalmente a Bíblia que afirma que todos os
homens são afetados pelo Pecado Original de Adão (Romanos 5:12). Ninguém
consegue escapar de nascer com inclinação ao mal (Romanos 3:10), já que somos
pecadores no momento da concepção (Salmo 51:5). Como resultado disto, todos os
homens morrem (Romanos 6:23).
Semipelagianismo: é
uma adaptação do Pelagianismo e ensina que a humanidade é contaminada pelo
pecado, mas não de tal forma que impeça o homem a se decidir por Deus. Em
outras palavras, o homem supostamente seria capaz de cooperar com Deus devido
aos seus esforços e escolhas. Então isto seria um tipo de “depravação parcial”
e não “depravação total”. A Bíblia é clara ao afirmar que o homem é totalmente
incapaz de se aproximar de Deus por escolha própria. Ele é incapaz de cooperar
com Deus em relação à salvação, e possuí sua natureza completamente corrompida.
O estudo da
soteriologia bíblica é muito importante para qualquer cristão. Apesar de neste
estudo termos falado apenas sobres os pontos principais da soteriologia, o
principal é entender que a salvação é algo tão maravilhoso que excede o
entendimento humano. Por mais que estudemos, sempre haverá algo misterioso para
nós.
A única coisa que nos
resta é epenas reconhecer a gradeza da graça de Deus em contraste com a
profundidade da depravação humana. Se fizermos isto, dificilmente iremos
contradizer os ensinos bíblicos na área da soteriologia.
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