CRISTO REVELADO NOS
LIVROS DE 1 E 2 SAMUEL.
Prenúncios: A oração
de Ana em 1 Samuel 2:1-10 faz várias referências proféticas a Cristo. Ela
exalta a Deus como a sua Rocha (v. 2), e sabemos através dos evangelhos que
Jesus é a rocha sobre a qual devemos construir a nossa casa espiritual. Paulo
se refere a Jesus como uma “pedra de tropeço” aos judeus (Romanos 9:33). Cristo
é chamado de “Pedra espiritual” que forneceu bebida espiritual aos israelitas
no deserto, assim como Ele oferece “água viva” para as nossas almas (1
Coríntios 10:4, João 4:10). A oração de Ana também faz referência ao Senhor que
julgará as extremidades da terra (2:10), enquanto Mateus 25:31-32 se refere a
Jesus como o Filho do Homem que virá em glória para julgar a todos.
O Senhor Jesus Cristo
é visto principalmente em duas partes de 2 Samuel. Em primeiro lugar, a aliança
davídica conforme descrita em 2 Samuel 7:16: “Porém a tua casa e o teu reino
serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre”
e reiterada em Lucas 1:32-33 nas palavras do anjo que apareceu à Maria para
anunciar-lhe o nascimento de Jesus: “Este será grande e será chamado Filho do
Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará para
sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim”. Cristo é o
cumprimento da aliança davídica; Ele é o Filho de Deus da linhagem de Davi que
reinará para sempre.
Em segundo lugar,
Jesus é visto na canção de Davi no final da sua vida (2 Samuel 22:2-51). Ele
canta sobre a sua rocha, fortaleza e libertador, seu refúgio e salvação. Jesus
é a nossa Rocha (1 Coríntios 10:4, 1 Pedro 2:7-9), o Libertador de Israel
(Romanos 11:25-27), a fortaleza para qual “já corremos para o refúgio, a fim de
lançar mão da esperança proposta” (Hebreus 6:18) e o nosso único Salvador
(Lucas 2:11; 2 Timóteo 1:10).
Davi
Quando Samuel
convocou a reunião dos filhos de Jessé para ungir um rei escolhido por Deus,
Jessé não se lembrou de Davi. Esqueceu-se dele ou pensou que não era necessária
sua presença (I Sm 16.10,11). É semelhante a Jesus. Davi era considerado sem
importância para ocasiões especiais. Jesus Cristo foi desprezado pelos homens
que não fizeram dele caso algum (Is 53.2 e 3) (2006, p. 38).
Há entre Davi e Jesus algumas
particularidades. Quanto ao exemplo de Adão, percebe-se este como sendo o
primeiro “Homem”, e Cristo, o segundo. Na tipologia literal com Moisés, teria
Jesus características daquele profeta. Mas com Davi a relação parece um pouco
mais estreita: “Davi foi ungido por ordem de Deus (1Sm 16.1, 12, 13); Jesus foi
o Cristo, o Ungido de Deus (Lc 4.18; At 4.27; Hb 1.9); Davi era pastor de
ovelhas (1Sm 16.11); Jesus é o Bom Pastor (Jo 10.14) e o Sumo Pastor (1Pd
5.4)”, (MELO, 2006, p. 38).
Melo acrescenta ainda
que “há uma referência profética bem tocante referindo-se a Davi como pastor:
“E levantarei sobre elas um pastor... o meu servo Davi é que há de apascentar;
ele lhes servirá de pastor” (Ez 34.23), (2006, p. 38,39). “A promessa
messiânica estava tão vinculada à casa de Davi, que, às vezes, encontramos o
nome “Davi” como título messiânico: “...e buscarão o SENHOR, seu Deus, e Davi,
seu rei”. (Os 3.6)” (SOARES, 2008, p. 125).
O autor ainda
ressalta:
O Targum[7] de
Jonathan traduziu parafraseando, assim: “Obedecerão ao Messias, o Filho de
Davi, seu rei”. Outras profecias do Antigo Testamento apresentam o Messias pelo
nome de Davi: “mas servirão ao SENHOR, seu Deus, como também a Davi, seu rei,
que lhes levantarei” (Jr 30.9). o mesmo acontece no discurso profético de
Ezequiel (34.23,24; 37.24). Essa promessa teve implicações teológicas profundas
no período do Novo Testamento. Quando Jesus discursava acerca de sua missão,
seus ouvintes comentavam: “Não diz a Escritura que o Cristo vem da descendência
de Davi e de Belém, da aldeia de onde era Davi?” (Jo 7.42). Todo Israel tinha
conhecimento desta profecia e aguardava seu cumprimento, era a expectativa do
povo. Paulo e Barnabé, na sinagoga de Antioquia da Psídia, trouxeram o assunto
à tona lembrando aos judeus da diáspora[8], a promessa feita a Davi: “Da
descendência deste, conforme a promessa, levantou Deus a Jesus para Salvador de
Israel” (At 13.23) (2008, p. 125,126).
JESUS, O ETERNO
DESCENDENTE DE DAVI - Por André Rodrigues
Depois de tecermos
comentários sobre os ofícios de Jesus como Profeta e Perfeito Sumo Sacerdote,
falaremos, agora, sobre Seu ofício de Rei, o terceiro do tríplice ofício.
Partiremos do pressuposto de sua atuação como Rei nos Evangelhos sinópticos, na
implantação deste reino no início do Seu ministério, como também dos aspectos
característicos dessa atuação durante Seu estado de humilhação, após a ascensão
e, por último, no futuro reinado do Milênio.
Como foi possível
observar, havia diversas promessas que diziam respeito a um Rei, descendente da
casa de Davi, que reinaria eternamente. Severa (1999, p. 241) cita que “os
profetas do Antigo Testamento falaram de um rei que viria da casa de Davi, para
governar Israel e as nações, com justiça, paz e prosperidade (Is 11.1-9)”. Este
Rei é Jesus. Uma dessas muitas promessas é relatada pelo profeta Isaías: Porque
um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros;
e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade,
Príncipe da Paz; para que aumente o seu governo, e venha paz sem fim, sobre o
trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar mediante o
juízo e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo do SENHOR dos Exércitos
fará isto (9.6,7, ARA, grifos meu).
Havia, no Novo
Testamento, uma expectativa do advento desse Reino. Os judeus conheciam bem as
profecias e esperavam ansiosos por um reino terreno político, com a esperança
de poderem viver em constante gozo num perfeito reino prometido por Deus, em
contraste com a forma que viviam naqueles dias,
subjugados pelos romanos e desgastados por reinos imperiais de outrora.
Geisler corrobora, dizendo: O Novo Testamento contém esta mesma expectativa
messiânica do Antigo Testamento de um reino terreno político literal que cumpra
todas as profecias a seu respeito. Por exemplo, José de Arimatéia estava
esperando o auge deste reino (Mc 15.43; Lc 23.51), e Jesus disse que João
Batista morreu antes de se tornar parte dele (7.28; cf. 16.16) (2010, vol. 4,
p. 880).
Mesmo com a
expectativa da chegada do referido Reino, os judeus, em sua maioria, nos dias
de Jesus, não deram crédito as Suas palavras. Ainda hoje esperam o advento do
Messias. Não conseguiram perceber que Seu Rei estava diante deles. É-nos dito,
entretanto, que logo no início de seu ministério, após a prisão de seu
precursor, João Batista, “Jesus seguiu para a região da Galiléia e ali
anunciava a boa notícia que vem de Deus. Ele dizia: - Chegou a hora, e o Reino
de Deus está perto” (Mc 1.14,15, NTLH). Assim, de acordo com Letham (2007, p.
56), Marcos assinala, na verdade, “a primeira proclamação de seu ministério”.
Dessa forma, esse registro retrata a inauguração desse Reino: [...] o reino de Deus era um tema muito
importante para Jesus. Esse foi o coração da instrução pós-ressurreição que ele
deu aos seus discípulos (At 1.3). Não que isso fosse algo extraordinariamente
novo. Além do mais, quando Jesus começou seu ministério, ele o fez com a
simples declaração da proximidade do reino de Deus. Tal mensagem pressupôs um
entendimento do reino de Deus e de sua natureza. A coisa mais surpreendente
sobre isso foi que o reino estava próximo e isso exigia arrependimento imediato
de Israel. Esse tema estava presente, em certo sentido, no entendimento de
Israel à época de Jesus. O contexto desse entendimento, muito provavelmente
encontrava-se no próprio Antigo Testamento. Lembremo-nos da visão de Daniel
sobre a sucessiva derrota de reinos humanos causado por uma pedra cortada sem o
auxílio de mãos e que por sua vez tornou-se um reino que permanece para sempre
(Dn 2. 31-45). Outra visão de Daniel é sobre o domínio eterno dado ao Filho do
Homem (Dn 7.9-14). Ambas as visões referiam-se a circunstâncias futuras em
relação aos dias de Daniel. Novamente uma expectativa vibrante desenvolveu-se
no Antigo Testamento de que o próprio Yahweh viria para libertar o seu povo.
Jesus estava, de fato, dizendo a Israel que esse tempo havia chegado (LETHAM,
2007, p. 56). Após o estabelecimento inicial de seu ministério, Jesus faz a
convocação de doze homens, os quais iriam compor o colégio apostólico,
cobre-lhes de instruções diversas, mostrando a natureza desse Reino, atrai para
Si inúmeros outros discípulos, prega, cura, realiza milagres, alimenta
multidões, quebra grilhões de endemoniados etc. Esses exemplos são encontrados
em escala abundante nos quatro Evangelhos. Contudo, seu ministério não é duradouro. Chega o tempo de Sua partida,
afinal foi para isto que veio: morrer pela humanidade! Dessa forma: [...] Na
presença de Pilatos, testificou que nasceu para ser rei; explicou que seu reino
não era deste mundo, isto é, não seria um reino fundado por força humana, nem
seria governado de acordo com os ideais humanos (Jo 18.36). Jesus, antes de sua
morte, predisse sua vinda com poder e majestade para julgar as nações (Mt
25.31) (PEARLMAN, 2006, p. 172, 173).
De maneira teológica
e sistemática, Mueller destaca características do ofício régio de Jesus nas
proximidades de sua morte vicária, corroborando a última citação de Pearlman:
Também em seu estado de humilhação, Cristo foi verdadeiro rei, que possuía e
exercia o poder divino, não apenas segundo a sua natureza divina (de modo
essencial), mas também segundo a sua natureza humana (por comunicação), [...] a
Escritura atribui governo a Cristo encarnado (Is 9.6); realeza (Jo 18.37);
poder divino (Mt 28.18), etc. [...] Todavia, nosso Salvador não exerceu o
emprego perfeito e constante do domínio divino comunicado à natureza humana até
a sua exaltação à direita de Deus. (Ef 1.20-23; 4.10; Fp 2.9-11) (2004, p. 306,
grifo nosso). Com efeito, depois de Sua morte e ressurreição, recebeu do Pai a
soberana exaltação e coroação de honra e glória, a restauração daquela
glorificação que tinha antes da existência do mundo (Jo 17.5); foi feito Senhor
e Cristo (At 2.36), Príncipe e Salvador (At 5.31), Juíz dos vivos e dos mortos
(At 10.42); assentou-se à direita de Deus nos céus (Ef 1.10), tudo lhe foi
entregue em suas mãos (Jo 3.35) e, por último, tornou-se o detentor de todo o
poder no céu e na terra (Mt 28.18), (BERGSTÉN, 1999, p. 63). Segundo Hodge
(2001, p. 931), “Cristo possui o que os teólogos costumam chamar de seu reino
de poder. Como Teantropo e Mediador, foi entregue em sua mão todo o poder
[...]”. Outro ponto a considerar é acentuado por Berkhof (2004, p. 375) quando diz que, “na qualidade
de Segunda Pessoa da Trindade Santa, o Filho eterno, Cristo naturalmente
compartilha o domínio de Deus sobre todas as Suas criaturas [...] (Sl 103.19)”.
Assim, Cristo, cheio de poder e considerado como o “REI DOS REIS e SENHOR DOS
SENHORES” (Ap 19.16), está preparado para implantar, literalmente, o Seu Reino.
“Porém, a plenitude desse ministério Jesus mostrará quando voltar ao mundo como
Rei, para restaurar tudo que os profetas têm predito (cf. At 3.21)”. De acordo
com Grudem (1999, p. 527), será de fato percebida essa autoridade sobre a
Igreja e também sobre todo o universo “quando Jesus voltar à terra com poder e
grande glória para reinar (Mt 26.64; 2Ts 1.7-10; Ap 19.11-16)”. Na
oportunidade, “todo joelho se dobrará diante dele (Fp 2.10)”. Posteriormente,
virá a implantação do perfeito reino Milenial: “Quando Cristo retornar, ele
punirá o diabo e seus emissários e aprisionará Satanás (Ap 19.17-21; 20.1-6), e
então reinará no Monte Sião (Jerusalém)”, (GEISLER, 2010, vol. 4, p. 949, grifo
nosso). Andrade reúne informações de como será o Milênio e o perfeito reinado
de Cristo: O Milênio terá início após a Grande Tribulação, entende-se
claramente que será na terra, de acordo com as profecias, Jerusalém será a
capital do Reino (Is 2.2,3; 60.1-3; 66.20; Mq 4.8-13). Cristo reinará, na
Jerusalém terrena, haverá dois tipos distintos de residentes: os salvos, ou
seja, a Igreja glorificada e os povos naturais. Os salvos transformados não
estarão restritos unicamente a Jerusalém terrestre, uma vez que, o seu estado é
de corpo glorificado. Os judeus salvos, os gentios absorvidos no julgamento das
Nações, todos os sobreviventes da Grande Tribulação, além do povo nascido
durante os mil anos, também estarão no milênio. Nestes, mil anos, o mundo
realmente saberá o que significa a expressão “Paraíso na Terra”. Será mantido o
livre-arbítrio, ou seja, as nações que participarem do milênio terão o direito
de escolher se querem adorar ao Senhor ou não, com isso, haverá rebeldes, e
assim significa dizer que o pecado não será totalmente aniquilado neste
período. Com este direito de escolha, conclui-se que haverá naqueles dias,
salvação em massa (Is 33.6; 62.1; Zc 8.13) (2009, pp. 539-543).
Concluímos, portanto,
que Cristo, no Milênio, implantará definitivamente Seu Reino, agora só
percebido parcialmente. Naqueles dias, será possível serem observados critérios
de governo e liderança diferentes dos atuais, porque Cristo, sendo perfeito,
reinará perfeitamente. Então se cumprirá, de uma vez por todas, essa gloriosa
atuação do Eterno Descendente de Davi.
Depois das
considerações acima quanto à manifestação dos Ofícios em Jesus, trataremos da
consolidação dessa doutrina, com o objetivo de mostrar que não se trata de algo
do passado, apenas presente nos dois Testamentos, mas que se reflete também na
história e nos dias atuais.
RODRIGUES, André. O
Tríplice Ofício de Cristo: Profeta, Sacerdote e Rei. 2011, Editora Nossa
Livraria – PE
Davi, o maior rei da
história de Israel
Depois da inevitável
queda de Saul, Davi é escolhido por Deus para assumir o reinado na nação
judaica. Inicialmente, sua escolha e também sua unção ocorrera de modo
oculto[17], para não haver represálias por parte de Saul. “A unção não podia
ter sido realizada abertamente, pois nesse caso Saul teria matado Davi”
(HALLEY, 2001, p. 181). Logo após Samuel ungir Davi, conforme o mandado do
Senhor, as Escrituras retratam que “desde aquele dia em diante, o Espírito do
Senhor se apoderou de Davi” (I Sm 16.13). Mulder (2009, vol. 2, p. 208)
ressalta que isso foi possível, unicamente, com a finalidade de “dotá-lo com
sabedoria e poder”, e para que servisse de “orientação para o cumprimento dos
propósitos de Deus para a sua vida”. Num pequeno trecho do livro de Atos, Lucas
detalha as palavras de Paulo no discurso aos judeus, na sinagoga de Antioquia
da Pisídia[18], dizendo:
O Deus deste povo de
Israel escolheu a nossos pais e exaltou o povo, sendo eles estrangeiros na
terra do Egito; e com braço poderoso o tirou dela; e suportou os seus costumes
no deserto por espaço de quase quarenta anos. E, destruindo a sete nações na
terra de Canaã, deu-lhes por sorte a terra deles. E, depois disto, por quase
quatrocentos anos, lhes deu juízes, até ao profeta Samuel. E, depois, pediram
um rei, e Deus lhes deu, por quarenta anos, a Saul, filho de Quis, varão da
tribo de Benjamim. E, quando este foi retirado, lhes levantou como rei a Davi,
ao qual também deu testemunho e disse: Achei a Davi, filho de Jessé[19], varão
conforme o meu coração, que executará toda a minha vontade (At 13.17-22, ARC,
grifo meu).
Dessa forma, ficamos
sabendo que Davi era varão segundo o coração de Deus. Soares declara que “isso
significa ser ele um homem que se conduzia de acordo com a vontade de Deus,
seus desejos e propósitos eram afinados com os de Deus”. O autor diz ainda que
“a história de Davi ocupa mais espaço do que qualquer outro personagem do
Antigo Testamento”. Sem exagero, a figura grandiosa do rei Davi é particular em
Israel. O referido autor conclui: “ele reinou sete anos em Judá e 33 anos em
todo o Israel, num total de quarenta anos[20]. Começou a reinar aos 30 anos de
idade (2Sm 54.5). Fundou uma dinastia que durou 425 anos. Poucas famílias na
história conseguiram tal proeza” (2008, p. 122).
Segundo Champlin:
Davi era
espiritualmente superior a Saul (I Sam. 13:14; I Reis 11:4; 14:8). O
governo[21] de Davi foi muito bem-sucedido, dos ângulos, pessoal, militar e
religioso, de tal modo que Davi chegou a ser considerado o monarca ideal[22]
(1995, vol. V, p. 619).
Esse diferencial que
havia em Davi fez com que Deus estabelecesse com ele um eterno pacto, do qual
descenderia Jesus, o Messias. “A graciosa aliança de Deus com Davi prometia que
o direito de governar permaneceria para sempre[23] com a dinastia de Davi”
(RYRIE, 2004, p. 296).
A primeira promessa
feita a Davi é uma fundação de uma dinastia davídica: “O SENHOR te fará saber
que o SENHOR te fará casa” (v 11), depois de sua morte ela continuaria[24]:
“estabelecerei o seu reino” (v. 12). A palavra profética revela a relação
pai-filho e a continuidade da casa davídica, que não será quebrada como foi a
casa de Saul, ainda que esse filho venha pecar, será castigado, mas
“benignidade não se apartará dele” (v.v 14.15[25]) (SOARES, 2008, p. 124).
Dentro dessa linha,
outro autor fortalece a argumentação:
O pacto davídico (Sl
132:11ss)[26], sem dúvida, foi um fator essencial na importância dele, visto
que tornava-se clara a existência de um propósito divino, operante através da
linhagem de Davi. Esse propósito era surgimento do Messias, Jesus Cristo. Davi
tornou-se uma espécie de rei-sacerdote[27], tendo restaurado, até certo ponto,
o ideal mosaico (II Sam. 6:13 ss) (CHAMPLIN, 1995, Vol.V, p. 619).
Portanto, percebe-se
quão importante foi Davi na história. Respeitado como o maior de todos os
reis[28] de Israel. Um dos principais tipos de Jesus e detentor de uma
soberania familiar proposta por Deus para a elevação do Messias, que seria
considerado, por sua vez, o Eterno descendente de Davi.
Jesus, O Eterno
Descendente de Davi
Depois de tecermos
comentários sobre os ofícios de Jesus como Profeta e Perfeito Sumo Sacerdote,
falaremos, agora, sobre Seu ofício de Rei, o terceiro do tríplice ofício.
Partiremos do pressuposto de sua atuação como Rei nos Evangelhos sinópticos, na
implantação deste reino no início do Seu ministério, como também dos aspectos
característicos dessa atuação durante Seu estado de humilhação, após a ascensão
e, por último, no futuro reinado do Milênio[29].
Como foi possível
observar, havia diversas promessas[30] que diziam respeito a um Rei,
descendente da casa de Davi, que reinaria eternamente. Severa (1999, p. 241)
cita que “os profetas do Antigo Testamento falaram de um rei que viria da casa
de Davi, para governar Israel e as nações, com justiça, paz e prosperidade (Is
11.1-9)”. Este Rei é Jesus[31]. Uma dessas muitas promessas é relatada pelo
profeta Isaías:
Porque um menino nos
nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome
será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz;
para que aumente o seu governo, e venha paz sem fim, sobre o trono de Davi e
sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justiça,
desde agora e para sempre. O zelo do SENHOR dos Exércitos fará isto[32] (9.6,7,
ARA, grifos meu).
Havia, no Novo
Testamento, uma expectativa do advento desse Reino. Os judeus conheciam bem as
profecias e esperavam ansiosos por um reino terreno político, com a esperança
de poderem viver em constante gozo num perfeito reino prometido por Deus, em
contraste com a forma que viviam naqueles dias,
subjugados pelos romanos e desgastados por reinos imperiais de outrora.
Geisler corrobora, dizendo:
O Novo Testamento
contém esta mesma expectativa messiânica do Antigo Testamento de um reino
terreno político literal que cumpra todas as profecias a seu respeito. Por
exemplo, José de Arimatéia estava esperando o auge deste reino (Mc 15.43; Lc
23.51), e Jesus disse que João Batista morreu antes de se tornar parte dele
(7.28; cf. 16.16[33]) (2010, vol. 4, p. 880). Mesmo com a expectativa da
chegada do referido Reino, os judeus, em sua maioria, nos dias de Jesus, não
deram crédito as Suas palavras. Ainda hoje esperam o advento do Messias. Não
conseguiram perceber que Seu Rei estava diante deles. É-nos dito, entretanto,
que logo no início de seu ministério, após a prisão de seu precursor, João
Batista, “Jesus seguiu para a região da Galiléia e ali anunciava a boa notícia
que vem de Deus. Ele dizia: - Chegou a hora, e o Reino de Deus[34] está
perto[35]” (Mc 1.14,15, NTLH). Assim, de acordo com Letham (2007, p. 56),
Marcos assinala, na verdade, “a primeira proclamação de seu ministério”. Dessa
forma, esse registro retrata a inauguração desse Reino
[...] o reino de Deus
era um tema muito importante para Jesus. Esse foi o coração da instrução
pós-ressurreição que ele deu aos seus discípulos (At 1.3). Não que isso fosse
algo extraordinariamente novo. Além do mais, quando Jesus começou seu
ministério, ele o fez com a simples declaração da proximidade do reino de Deus.
Tal mensagem pressupôs um entendimento do reino de Deus e de sua natureza. A
coisa mais surpreendente sobre isso foi que o reino estava próximo e isso
exigia arrependimento imediato de Israel. Esse tema estava presente, em certo
sentido, no entendimento de Israel à época de Jesus. O contexto desse
entendimento, muito provavelmente encontrava-se no próprio Antigo Testamento.
Lembremo-nos da visão de Daniel sobre a sucessiva derrota de reinos[36] humanos
causado por uma pedra cortada sem o auxílio de mãos e que por sua vez tornou-se
um reino que permanece para sempre (Dn 2. 31-45). Outra visão de Daniel é sobre
o domínio eterno dado ao Filho do Homem (Dn 7.9-14). Ambas as visões
referiam-se a circunstâncias futuras em relação aos dias de Daniel. Novamente
uma expectativa vibrante desenvolveu-se no Antigo Testamento de que o próprio
Yahweh viria para libertar o seu povo. Jesus estava, de fato, dizendo a Israel
que esse tempo havia chegado (LETHAM, 2007, p. 56).
Após o
estabelecimento inicial de seu ministério, Jesus faz a convocação de doze
homens, os quais iriam compor o colégio apostólico[37], cobre-lhes de
instruções diversas, mostrando a natureza desse Reino[38], atrai para Si
inúmeros outros discípulos, prega, cura, realiza milagres, alimenta multidões,
quebra grilhões de endemoniados etc. Esses exemplos são encontrados em escala
abundante nos quatro Evangelhos. Contudo, seu ministério não é duradouro[39].
Chega o tempo de Sua partida, afinal foi para isto que veio: morrer pela
humanidade! Dessa forma:
[...] Na presença de
Pilatos[40], testificou que nasceu para ser rei[41]; explicou que seu reino não
era deste mundo, isto é, não seria um reino fundado por força humana, nem seria
governado de acordo com os ideais humanos (Jo 18.36). Jesus, antes de sua morte,
predisse sua vinda com poder e majestade para julgar as nações (Mt 25.31)
(PEARLMAN, 2006, p. 172, 173).
De maneira teológica
e sistemática, Mueller destaca características do ofício régio de Jesus nas
proximidades de sua morte vicária, corroborando a última citação de Pearlman:
Também em seu estado
de humilhação, Cristo foi verdadeiro rei, que possuía e exercia o poder divino,
não apenas segundo a sua natureza divina (de modo essencial), mas também
segundo a sua natureza humana (por comunicação), [...] a Escritura atribui
governo a Cristo encarnado (Is 9.6); realeza (Jo 18.37); poder divino (Mt
28.18), etc. [...] Todavia, nosso Salvador não exerceu o emprego perfeito e
constante do domínio divino comunicado à natureza humana até a sua exaltação à
direita de Deus. (Ef 1.20-23; 4.10; Fp 2.9-11[42]) (2004, p. 306, grifo nosso).
Com efeito, depois de
Sua morte e ressurreição, recebeu do Pai a soberana exaltação e coroação de
honra e glória, a restauração daquela glorificação que tinha antes da
existência do mundo (Jo 17.5); foi feito Senhor e Cristo (At 2.36), Príncipe e
Salvador (At 5.31), Juíz dos vivos e dos mortos (At 10.42); assentou-se à
direita de Deus nos céus (Ef 1.10), tudo lhe foi entregue em suas mãos (Jo
3.35) e, por último, tornou-se o detentor de todo o poder no céu e na terra (Mt
28.18), (BERGSTÉN, 1999, p. 63). Segundo Hodge (2001, p. 931), “Cristo possui o
que os teólogos costumam chamar de seu reino de poder[43]. Como Teantropo[44] e
Mediador, foi entregue em sua mão todo o poder [...]”.
Outro ponto a
considerar é acentuado por Berkhof (2004, p. 375) quando diz que, “na qualidade
de Segunda Pessoa da Trindade[45] Santa, o Filho eterno, Cristo naturalmente
compartilha o domínio de Deus sobre todas as Suas criaturas [...] (Sl 103.19)”.
Assim, Cristo, cheio de poder e considerado como o “REI DOS REIS e SENHOR DOS
SENHORES” (Ap 19.16), está preparado para implantar, literalmente, o Seu Reino.
“Porém, a plenitude desse ministério Jesus mostrará quando voltar ao mundo como
Rei, para restaurar tudo que os profetas têm predito (cf. At 3.21)”. De acordo
com Grudem (1999, p. 527), será de fato percebida essa autoridade sobre a
Igreja e também sobre todo o universo “quando Jesus voltar à terra com poder e
grande glória para reinar (Mt 26.64; 2Ts 1.7-10; Ap 19.11-16)”. Na
oportunidade, “todo joelho se dobrará diante dele (Fp 2.10)[46]”.
Posteriormente, virá a implantação do perfeito[47] reino Milenial: “Quando
Cristo retornar, ele punirá o diabo e seus emissários e aprisionará Satanás (Ap
19.17-21; 20.1-6), e então reinará no Monte Sião (Jerusalém)”, (GEISLER, 2010,
vol. 4, p. 949, grifo nosso). Andrade reúne informações de como será o Milênio
e o perfeito reinado de Cristo:
O Milênio terá início
após a Grande Tribulação[48], entende-se claramente que será na terra, de
acordo com as profecias, Jerusalém será a capital do Reino (Is 2.2,3; 60.1-3;
66.20; Mq 4.8-13). Cristo reinará, na Jerusalém terrena, haverá dois tipos
distintos de residentes: os salvos, ou seja, a Igreja glorificada e os povos
naturais. Os salvos transformados não estarão restritos unicamente a Jerusalém
terrestre, uma vez que, o seu estado é de corpo glorificado. Os judeus salvos,
os gentios absorvidos no julgamento das Nações, todos os sobreviventes da
Grande Tribulação, além do povo nascido durante os mil anos, também estarão no
milênio. Nestes, mil anos, o mundo realmente saberá o que significa a expressão
“Paraíso na Terra”. Será mantido o livre-arbítrio, ou seja, as nações que
participarem do milênio terão o direito de escolher se querem adorar ao Senhor
ou não, com isso, haverá rebeldes[49], e assim significa dizer que o pecado não
será totalmente aniquilado neste período. Com este direito de escolha,
conclui-se que haverá naqueles dias, salvação em massa (Is 33.6; 62.1; Zc 8.13)
(2009, pp. 539-543).
Concluímos, portanto,
que Cristo, no Milênio, implantará definitivamente Seu Reino, agora só
percebido parcialmente. Naqueles dias, será possível serem observados critérios
de governo e liderança diferentes dos atuais, porque Cristo, sendo perfeito,
reinará perfeitamente. Então se cumprirá, de uma vez por todas, essa gloriosa
atuação do Eterno Descendente de Davi.
Artigo extraído de:
RODRIGUES, André. O Tríplice Ofício de Cristo: Profeta, Sacerdote e Rei. 2011,
Editora Nossa Livraria - PE
Disponível para venda
em formato E-book no Amazon:
Seriam os personagens
de 1 Samuel figuras?
Sua dúvida é se Elcana,
Ana, Penina, Samuel, Eli e seus filhos poderiam ser, além de pessoas reais que
viveram há muito tempo, também figuras ou tipos de Israel e da igreja. As
Escrituras nos ensinam que as coisas que encontramos no Antigo Testamento
"são sombras das coisas futuras" (Cl 2:16-17), que algumas delas
"servem de exemplo e sombra das coisas celestiais" (Hb 8:5),
"foram-nos feitas em figura" (1 Co 10:6), e podem ser vistas como
"figura do verdadeiro" (Hb 9:24).
Mas não devemos nos
esquecer de que tudo isso é "a sombra dos bens futuros, e não a imagem
exata das coisas" (Hb 10:1), portanto embora seja de muito consolo, ensino
e exortação nos ocuparmos com os tipos, figuras, sombras e princípios do Antigo
Testamento, jamais devemos buscar ali doutrinas para a igreja, pois ela nunca
aparece em realidade no Antigo Testamento. A igreja, e tudo o que lhe diz
respeito, foi um segredo ou mistério revelado apenas muito mais tarde a Paulo,
portanto até mesmo os profetas que escreveram o Antigo Testamento não faziam
ideia de que ela viria a existir. A doutrina para a igreja você encontra nas
epístolas dos apóstolos.
Muita má doutrina
existe hoje na cristandade por não se entender esta distinção e por se buscar
no Antigo Testamento elementos para aplicar à igreja. Alguns extrapolam
completamente a ordem de Deus transformando sombras e figuras em doutrinas,
terminando em erros graves. Portanto devemos tratar as sombras como elas são e,
por assim dizer, como um aditivo ao entendimento da Bíblia como um todo. Se
você vê a sombra de uma pessoa querida chegando, fica alegre, mas isso não se
compara à chegada da própria pessoa. Não é com a sombra que você quer se
ocupar, mas com a realidade das coisas.
Tendo isto em mente,
confesso que nem eu sabia se poderíamos enxergar, conforme você sugeriu, as
pessoas de Elcana, Ana, Penina, Eli e seus filhos como figuras do atual estado de
coisas envolvendo Israel e a igreja. Eu sempre caminho sobre ovos quando se
trata de lidar com os tipos, sombras e figuras do Antigo Testamento, por isso
fui buscar ajuda em autores antigos que tinham muito mais experiência do que eu
tenho na Palavra. Descobri que vários falam disso, mas escolhi o comentário de
John Nelson Darby chamado "Pensamentos em 1 Samuel 1 e 2" para
traduzir e enviar a você. Aqui vai:
"Pensamentos em
1 Samuel 1 e 2"
J. N. Darby
O que é dito de
Elcana, que tinha duas esposas, parece apresentar um tipo de Cristo e das duas
dispensações (Israel e igreja). Ana representaria os judeus com os quais Deus
volta a tratar em misericórdia; Penina, os gentios que são deixados de lado. É
isto o que podemos distinguir na canção profética de Ana. Vemos também a
corrupção do sacerdócio e o juízo de Deus pronunciado contra a casa de Eli. O
sacerdócio de Arão e de seus filhos era um tipo da igreja.
As circunstâncias do
povo judeu sob Samuel, o profeta, sob Saul e Davi, até Salomão ter subido ao
trono, são uma figura dos eventos preparatórios que introduzem o reino do
Messias. Ou seja, essas circunstâncias apresentam, na forma de tipos, os
principais fatos que ocorrerão da época em que Deus recomeçar a agir por Seu
povo até Jesus vir para assentar-se no trono de Davi em Jerusalém.
A palavra de Deus
pronunciada a Eli é o testemunho que Deus levanta contra seu sacerdócio antes
de executar o Seu juízo. A igreja, que tem o discernimento do que irá
acontecer, deve também levar o testemunho de que Deus está prestes a julgar e
rejeitar o corpo gentio cristianizado; o juízo de Deus está para ser cumprido
naqueles que compartilham da corrupção que foi introduzida na igreja (Judas 5).
É sob o sacerdócio de
Eli e seus filhos que o juízo começa a tomar lugar contra tal ordem de coisas.
Como sacerdote, Eli já não tinha mais o discernimento que lhe era requerido. Em
uma condição assim o ouvido já não está atento o suficiente para a pessoa poder
ser corrigida. Além disso, o que é notável é que o sinal, que é proposto a Eli,
é o próprio juízo que Deus está prestes a aplicar. (1 Sm 2:34).
O juízo contra a casa
de Eli tem sua execução completa apenas nos tempos de Salomão ser elevado ao
trono (1 Rs 2:27-35). O sacerdócio estabelecido por Salomão é, de acordo com a palavra
de Jeová, pronunciado a Eli pelo homem de Deus, "um sacerdote fiel, que...
andará sempre diante do meu ungido" (1 Sm 2:35). A concretização dessa
figura apresentada sob a realeza de Salomão irá ter lugar quando Cristo estiver
assentado em Seu trono em Jerusalém; é o sacerdócio que é mencionado na
descrição da ordem do templo em Ezequiel 44:15.
Aarão e seus filhos
representavam o sacerdócio celestial no caráter e posição que Jesus assumiu por
Sua ressurreição; a posição da igreja que é de Cristo, o Homem glorificado
diante de Deus Pai. Aquilo que é indicado como substituindo o que foi rejeitado
é a expressão" perante o seu ungido" (1 Sm 12:3). Trata-se de um
sacerdócio em diferente posição. O primeiro é celestial, que é o que é
prefigurado no tabernáculo, "exemplo e sombra das coisas celestiais"
(Hb 9:23-24). O outro sacerdócio é na terra para o templo em Jerusalém, na
época quando o Messias estiver assentado no trono de Davi. Este sacerdócio não
acabará, e o mesmo vale para o povo judeu restaurado, pois Cristo terá assumido
o governo em suas mãos. Aquilo que foi colocado nas mãos do homem sob sua
responsabilidade fracassou em cada uma das dispensações; mas Deus, conforme a
Sua graça, manteve Sua eleição. A Ele seja toda a glória.
Uma instrução da mais
alta importância para nós gentios surge no capítulo 2:27-28 de 1 Samuel. Antes
de executar o juízo sobre aquilo que está corrompido Deus sempre traz à memória
a natureza da Sua vocação em conformidade com Sua graça, no que diz respeito à
bênção colocada nas mãos dos homens que foram os objetos de Sau bondade. Deus
diz a Eli: "Não me manifestei, na verdade, à casa de teu pai, estando eles
ainda no Egito, na casa de Faraó? E eu o escolhi...". A casa de Aarão
havia sido objeto de uma graça muito especial dentre as tribos de Israel. Mas
eles haviam se esquecido dessa graça e, portanto, depois de haverem cessado de
trazer à lembrança a bondade de Deus para com eles, haviam caído em um estado
de completa corrupção. Como é de se esperar, o juízo é o último remédio que
Deus aplica, seja para corrigir, seja para eliminar de vez.
O mesmo vale para a
igreja. Ela também se esqueceu da bondade de Deus em conformidade com a vocação
ou chamamento de Sua graça, por isso esta dispensação está prestes a ser
irrevogavelmente interrompida pelo juízo final sobre Babilônia (Ap 18).
Portanto é da maior importância para o cristão não se esquecer da graça de Deus
relacionada à sua vocação ou chamado inicial. Lembremo-nos de como Deus nos
escolheu, a fim de escaparmos da consumação da ameaça feita por Jesus a
Laodicéia: "Vomitar-te-ei da minha boca" (Ap 3:16) - [J. N. Darby,
"Thoughts on 1 Samuel 1 and 2", tradução Mario Persona].
VEJA ESSE ESTUDO
COMPLETO SOBRE DAVI E CRISTO DE JONATHAM EDWARDS , UM ESTUDO TIPOLOGICO
COMPLETO.
COMO JONATHAM EDWARDS
ME ENSINOU VER CRISTO EM TODO O ANTIGO TESTAMENTO.
CRISTO REVELADO NO
LIVRO DE 2 º SAMUEL
Davi e seu reino
esperavam a vinda do Messias. O cap.7, em especial, antecipa o futuro Rei. Deus
interrompe os planos de Davi de construir uma casa para a arca e explica que
enquanto Davi não pode construir uma casa para Deus, Deus está construindo uma
casa para Davi, ou seja, uma linhagem que dure para sempre.
Pela sua vitória
sobre todos os inimigos de Israel, pela sua humildade e compromisso com o
Senhor, pelo seu zelo a favor da casa de Deus e pela associação dos ofícios de
profeta, sacerdote e rei na sua pessoa, Davi é um precursor da Raiz de Jessé,
Jesus Cristo.
Davi e Mefibosete,
tipologia de Cristo e nós pecadores.
Rei Davi, o Tipo de
Cristo
Hoje vamos refletir
sobre a figura de Davi, rei de Israel, e suas semelhanças com nosso Cristo.
Davi é considerado Tipo de Jesus, pois Deus, em sua soberania, achou por bem
deixar rastros claros de Jesus de Nazaré na história e especialmente na
história da nação de Israel. O rei Davi é um dos escolhidos para revelar Cristo
no A.T.
Gostaria de usar
somente dois exemplos desse rei de Israel, dos muitos registrados na história.
Exemplos que revelam Jesus e sua obra de forma clara e bem definida. Sabemos
que Cristo, como Deus que sempre foi, tem perfeições divinas, que chamamos de
Atributos Comunicáveis e Incomunicáveis. Há muitos desses atributos percebidos
na vida do nosso irmão Davi, que confirmam o tipo de Cristo em seu viver.
Um deles está
registrado em 1 Reis 30: a cidade de Ziclague, onde Davi estava vivendo com
suas mulheres e filhos enquanto se escondia de Saul, fora saqueada e queimada
pelos inimigos de Israel. Davi chega com seus homens de suas campanhas
militares e encontra a cidade totalmente saqueada e destruída, e as mulheres
levadas cativas pelo inimigo. A situação é muito tensa, e ele consulta ao
Senhor, e por ordem divina vai ao encalço dos amalequitas para restituir o que
lhe fora tomado, na esperança de encontrar os seus entes queridos bem, e
resgatar seus pertences. Eram 600 homens, que além de muito cansados, partiram
sem detença na caça aos inimigos. Fazem uma parada às margens do ribeiro de
Besor, e ali 200 homens, de exaustos que estão, não conseguem continuar. Davi
segue com os outros 400, encontra os amalequitas, e os desbarata, trazendo de
volta suas mulheres, seus bens e desposo.
Nesta história, a
graça e a misericórdia de YAHWEH, revelada em Cristo, podem ser vistas nas
atitudes de Davi, que, com compaixão digna de um homem de Deus, estende essa
misericórdia e essa graça para aqueles que não conseguiram seguir adiante na
batalha. Ele reparte os despojos com todos os 600 homens, à despeito de seus
desempenhos. Assim age Jesus para conosco.
Outro episódio lindo
na vida de Davi, que revela a manifestação da bondade e da justiça divinas, é
sua atitude para como o filho de Jonatas, filho do rei Saul, por nome
Mefibosete, aleijado de ambos os pés (2 Samuel 9). Saul sempre perseguiu Davi e
intentou matá-lo, mas Davi sempre teve para com ele respeito e nas vezes que
poderia tê-lo feito, ainda assim não o fez. A história nos conta que Davi, após
entronizado como rei de Israel, vai ao encontro de familiares de Saul para lhes
fazer bem. Alguns poderiam até pensar que havia maldade no coração de Davi, que
“deveria” exterminar qualquer herdeiro anterior para que não ascendesse ao
trono, mas o rei, como tipo de Cristo, queria mostrar bondade e fidelidade, e
fazer justiça para com a casa de Saul.
Mefibosete, que se
considerava um “cão morto”, recebe de Davi todas as posses de seu pai Jonatas,
e ainda é constrangido a viver o resto de sua vida, juntamente com sua família,
comendo à mesa do rei. Que atitude fantástica! A bondade com que foi agraciado,
e o senso de justiça ditado por Davi, mudam a sorte de uma pessoa aleijada na
vida e pela vida.
Como Davi, precisamos
estender aos nossos companheiros de jornada, graça, misericórdia, bondade e
justiça de Deus. Precisamos compartilhar daquilo que nós mesmos um dia
recebemos. Cristo estava presente na vida do rei de Israel, e está, da mesma
forma, presente em nossas vidas. Vamos, então, e vivamos de modo digno do
Evangelho que fomos chamados. Que seja assim.
Rev. Robson Gomes
A HISTORIA DE DAVI E MEFIBOSETE PREGAÇÃO COMPLETA
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