Antropomorfismo e antropopatia, linguagem, formas e sentimentos humanos atribuidos a Deus

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Antropomorfismo: Deus se relaciona conosco em termos humanos
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Antropomorfismo vem de duas palavras gregas: anthropos (homem) e morphe (forma). Portanto, um antropomorfismo é quando Deus aparece ou Se manifesta para nós em forma humana ou mesmo em características humanas atribuídas a Ele mesmo. Vemos isto por toda a Bíblia - e com razão assim. Apesar de tudo, não podemos ascender onde Deus está, mas Ele pode descender até onde estamos.
Mais abaixo estão uns poucos versos da Bíblia que atribuem a Deus ações, atributos e emoções humanas. Lembre-se, Deus opera conosco em nossa estrutura de tempo. Ele não tem permanecido somente na eternidade, mas também na história humana à medida que Ele se move através dela e através do e com o Seu povo para realizar a Sua vontade e o Seu propósito soberano. Devemos assumir, então, que Deus não Se relaciona conosco em termos familiares às nossas próprias ações? E não devemos assumir também que em assim fazendo Deus apresentará aspectos de Si mesmo a nós que serão paradoxais? Tome por exemplo o fato de que Deus é todo-poderoso (Jeremias 32:17,27 ), todavia, Ele descansa (Gênesis 2:2). Vemos que Deus está em todos os lugares (Salmos 139:7-12), todavia, Ele perguntou a Adão, "Onde estás?" (Gênesis 3:9). Vemos que Deus sabe todas as coisas (1 João 3:20). Todavia, vemos que Deus diz, "Agora sei que temes a Deus..." (Gênesis 22:12).

Se, como os "teístas abertos" querem asseverar, Deus não conhece todos os eventos futuros porque Ele diz, por exemplo, a Abraão, "Não estendas a mão sobre o mancebo, e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus, visto que não me negaste teu filho, o teu único filho" (Gênesis 22:12), então, não podemos asseverar também que, visto que Deus perguntou "Adão, onde estás?", Deus não está em todos os lugares, pois se Deus estivesse em todos os lugares Ele saberia exatamente onde Adão estava? Ou, se Deus descansa isto significa que Deus não é todo-poderoso? Certamente que não. O open theism simplesmente reduz o atributo da onisciência de Deus ao exaltar a condição da liberdade humana. Sempre que o homem é exaltado, Deus deve ser humilhado. Este é um problema fundamental no open theism: Ele eleva tanto a soberania do homem que as qualidades e os atributos de Deus devem ser rebaixados; em outras palavras, Deus não conhece todas as coisas.

Abaixo estão relacionados vários versos que demonstram a manifestação de Deus para nós em palavras humanas, como ações, emoções e corpo. Assim, podemos ver que tal condescendência da parte de Deus para conosco naturalmente resultará em Deus dizer coisas que requerem uma profunda examinação.

1. Ações humanas - mudança de opinião, lembrar, descansar
A. Êxodo 32:14, "Então o Senhor se arrependeu ["mudou sua opinião", em algumas versões] do mal que dissera que havia de fazer ao seu povo."
B. 2 Samuel 24:16, "Ora, quando o anjo estendeu a mão sobre Jerusalém, para a destruir, o Senhor se arrependeu daquele mal; e disse ao anjo que fazia a destruição entre o povo: Basta; retira agora a tua mão".
C. Gênesis 9:16, “O arco estará nas nuvens, e olharei para ele a fim de me lembrar do pacto perpétuo entre Deus e todo ser vivente de toda a carne que está sobre a terra".
D. Gênesis 2:2, "Ora, havendo Deus completado no dia sétimo a obra que tinha feito, descansou nesse dia de toda a obra que fizera".
2. Emoções humanas - dor, ciúme, zelo, piedade, compaixão, arrependimento
A. Gênesis 6:6, "Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração".
B. Êxodo 20:5, "Não te encurvarás diante delas, nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam".
C. Juízes 2:18, "...porquanto o Senhor se compadecia deles em razão do seu gemido por causa dos que os oprimiam e afligiam".
D. 1 Samuel 15:35, "Ora, Samuel nunca mais viu a Saul até o dia da sua morte, mas Samuel teve dó de Saul. E o Senhor se arrependeu de haver posto a Saul rei sobre Israel".

3. Corpo humano - mãos, face, boca, olhos, braço.
A. Êxodo 7:5, "E os egípcios saberão que eu sou o Senhor, quando estender a Minha mão sobre o Egito, e tirar os filhos de Israel do meio deles".
B. Números 6:24, "O Senhor faça resplandecer o Seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti".
C. Salmos 33:6, "Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo sopro da Sua boca".
D. Salmos 34:15, "Os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os Seus ouvidos atentos ao seu clamor".
E. Salmos 89:10, "Tu abateste a Raabe como se fora ferida de morte; com o teu braço poderoso espalhaste os teus inimigos".
Outras - Asas
A. Salmos 57:1, "Compadece-te de mim, ó Deus, compadece-te de mim, pois em ti se refugia a minha alma; à sombra das Tuas asas me refugiarei, até que passem as calamidades".


Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto
Cuiabá-MT, 30 de junho de 2004.


Antropomorfismo Bíblico

Antropomorfismo (Gr.: antropos [humano] + morfe [forma]), é a atribuição de características humanas às coisas não-humanas. Os antropomorfismos bíblicos são usados principalmente em referência a Deus, que não é visível (João 1:18), nem humano (Nm 23:19; 1 Sm 15:29). Eles também são usados para atribuir características humanas aos anjos (Gn 16:7; 18:1-19:1), Satanás (1 Cr 21:1; Lucas 13:16), e os demônios (Lucas 8:32). O mal é também personificado; descrito como matando (Salmo 34:21) e prosseguindo (Pr 13:21). Raramente qualidades humanas são atribuídas aos animais (Nu 22:28 -30) ou vegetação (Jud 9:7-15).

O uso da terminologia humana para falar de Deus é necessária quando nós, em nossas limitações, desejamos expressar verdades sobre a Divindade que, por Sua natureza, não podem ser descritas ou conhecidas. Desde os tempos bíblicos, até o presente, as pessoas se sentiram compelidas a explicar como é Deus, e não há outras expressões do ponto de vista humano que sejam capazes de transmitir qualquer aparência de significado para o indescritível. Assim, em Gênesis, apenas Deus cria (1:1), move (1:2), fala (1:3), vê (1:4), divide (1:4), coloca (1:17), abençoa ( 1:22), planta (2:8), anda (3:8), fecha (7:16), cheira (8:21), desce (11:5), dispersa (11:8), ouve (21:17), testa (22:1), e julga (30:6).

Talvez o antropomorfismo mais profundo seja a representação de Deus estabelecendo um pacto, pois a realização de pactos é uma atividade totalmente humana. Deus entra em um acordo (pacto) com Israel no Sinai (Ex 19:5-6), uma consequência de um pacto anterior que Ele tinha feito com Abraão (Gn 17:1-18). Mais tarde, este acordo é transformado em uma nova Aliança através de Jesus Cristo (Mt 26:26-29). Teologicamente, o compacto jurídico iniciado por Deus torna-se o instrumento através do qual Ele estabeleceu uma relação íntima e pessoal com o povo, tanto coletiva quanto individualmente. Sem expressões antropomórficas, esta realidade teológica permaneceria praticamente inexplicável.

Antropomorfismos também atribuem forma humana à Deus. Deus resgata Israel da escravidão egípcia com um braço estendido (Ex 6:6). Moisés e seus companheiros veem a Deus, e eles comem e bebem com Ele (Êxodo 24:10-11). Outros textos se referem às costas, rosto, boca, lábios, ouvidos, olhos, mão e dedo de Deus. A expressão “a ira ardente do Senhor” (Ex 4:14) é interessante. Uma tradução literal do hebraico é “o nariz do Senhor queima.”

Indiretamente, expressões antropomórficas também aparecem, como a espada e o arco do Senhor, o trono e o escabelo de Deus. Relacionado às expressões antropomórficas também são as expressões antropopáticas (Gr.: antropos [homem] + patos [paixão]), usadas para se referir às emoções de Deus. Deus é ciumento (Êxodo 20:5) odeia (Am 5:21) e fica irritado (Jeremias 7:20), mas Ele também ama (Êxodo 20:6) e é agradado (Deuteronômio 28:63).

Antropomorfismos e antropopatismos são figuras de linguagem que transmitem verdades teológicas sobre Deus para a humanidade. Somente quando tomadas literalmente são mal interpretadas. Tomadas como expressões metafóricas, elas fornecem, por analogia, um quadro conceptual em que o Deus que está além da nossa compreensão se torna uma pessoa a quem podemos amar. No Novo Testamento, a analogia se torna realidade no mistério da encarnação (João 1:1-18).


Keith N. Schoville

Bibliografia 


J. Barr, HBD, p. 32; E. W. Bullinger, Figures of Speech Used in the Bible; M. Eliade, ed., The Encyclopedia of Religion, vol. 1; W. E. Miles, ed., Mercer Dictionary of the Bible.

Deus é um ser em forma humana e masculino?
Há quem pense que Deus é um ser corpóreo, com cabeça, tronco e membros, igual aos seres humanos e masculino.  Quem acredita nisso usa a passagem bíblica “Deus formou o homem à sua imagem e semelhança”. Porém, nesta passagem o termo “homem” é usado no sentido genérico, ou seja, a raça humana, homem e mulher, e se referindo ao poder de volição.
Ora, o Criador não tem formas do ser humano e não tem sexo. Tais pensamentos beiram o ridículo, principalmente quando sendo peça de ensino daqueles que se dizem mestres e apresentam essa tese falando grosso. É uma heresia tal ensino.
É verdade que em muitas passagens bíblicas o Senhor é apresentado como ser humano, uma figura masculina. Porém, tais textos usam recursos linguísticos, para que o leitor compreenda o que é preciso ser comunicado.
Os recursos de linguagem são a antropopatia e o antropomorfismo.
A antropopatismo é a atribuição de sentimentos humanos a Deus e seres que não são humanos.
O antropomorfismo confere à Deus e objetos atributos e atos humanos, é a atribuição de caráter e formas humanas a quem não é humano.
Conclusão
Infelizmente, é comum encontrar em algumas literaturas cristãs importantes alguns erros de interpretação do texto bíblico, conforme descrito acima. E notamos que quem ignora as linguagens contendo a antropopatia e o recurso antropomórfico, via de regra, pensam que Deus depende muito delas. Em flagrante delito do uso de eufemismo, agem como se o Senhor dependesse de testosterona para vencer o diabo.
Sabemos que Deus não depende de homens (sentido genérico) para que a Obra prossiga. Ele detesta quem pense o contrário disso.  Deus ama os humildes, seja a pessoa homem ou mulher, e faz uso de todos os corações voluntários que queiram fazer a sua vontade.
Extraído do site http://belverede.blogspot.com.br/ em 15/05/2014
Chega de conversa, o que o termo ANTROPOPATIA tem a ver com os textos bíblicos? Muito. E o que significa antropopatia? A palavra como tantas outras, provém do grego, a palavra é formada por dois termos, antrophos que significa homem e pathos que significa sentimento.
Em alguns momentos os textos bíblicos nos trazem algumas referências sobre expressões humanas sentidas por Deus. Temos por convicção que Deus é imutável e perfeito. Logo, Deus não muda de ideia ou sofre.
Explicando melhor, vejamos alguns textos bíblicos que nos apresentam de forma melhor esta referência, em Gênesis:
O Senhor arrependeu-se de ter criado o homem na terra, e teve o coração ferido de íntima dor
(Gn 6, 6).
Perceba, Deus sendo perfeito e imutável “arrependeu-se”,  sofreu por “íntima dor”. Estas expressões encontradas nos textos bíblicos é denominada de antropopatia, isso que dizer, que expressões humanas foram atribuídas a Deus por seus autores.
Mas como assim? Veja, Deus não sussurrava palavra por palavra o que os autores sagrados escreviam, mas os INSPIRAVA a escrever. Por isso dizemos que os textos bíblico são inspirados por Deus.
O que não significa que os textos não sejam divinos, no entanto contém da vivência e compreensão humana de cada autor sagrado na composição dos textos bíblicos.
É comum encontrar nos textos bíblicos várias colocações de forma antropopática. Estas formas humanas de representar a Deus também nos diz que embora Deus seja um ser perfeito e imutável, Ele não indiferente ao sofrimento humano e se aproxima com uma olhar maior de um Deus que nos acolhe e compreende nossas limitações humanas.

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