19 Respostas a
Argumentos Usados em Favor da Ordenação de Mulheres
Oferecemos aqui
respostas aos argumentos geralmente empregados em favor da ordenação de
mulheres para o ministério pastoral.
1. Deus não criou
originalmente o homem e a mulher iguais? Qual a base, pois, para impedir que a
mulher seja ordenada?
Resposta: De fato,
lemos em Gênesis 1 que Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança.
Entretanto, lemos no relato mais detalhado de Gênesis 2 que Deus lhes atribuiu
papéis diferentes, dando ao homem o papel de liderar e cuidar da mulher e à
mulher o papel de ser sua ajudadora, em submissão. Esta diferenciação é
percebida por Paulo na ordem em que foram criados (primeiro o homem e depois a
mulher, 1Tm 2.13), na forma como foram criados (a mulher foi criada do homem,
1Co 11.8) e no propósito para o que foram criados (a mulher foi criada por
causa do homem, 1Co 11.9). A igualdade da criação, portanto, não anula a
diferenciação de funções estabelecida na própria criação.
2. A subordinação
feminina não é parte da maldição por causa da queda? E Cristo não aboliu a
maldição do pecado? Por que, então, as mulheres cristãs não podem exercer o
ministério em igualdade com os homens?
Resposta: Sem dúvida
um dos castigos impostos por Deus à mulher foi o agravamento da sua condição de
submissão. Entretanto, a subordinação feminina tem origem antes da queda, ainda
na própria criação. O homem não foi feito da mulher, mas a mulher foi feita do homem.
O homem não foi criado por causa da mulher, mas sim a mulher por causa do homem
(1Co 11.8-9). Quanto à obra de Cristo, lembremos que seus efeitos não são total
e exaustivamente aplicados por Deus aqui e agora. Por exemplo, mesmo que Cristo
já tenha vencido o pecado e a morte, ainda pecamos e morremos. Outros efeitos
da maldição impostos por Deus após a queda ainda continuam, como a morte, o
sofrimento no trabalho e o parto penoso das mulheres. Além do mais, desde que
os diferentes papéis do homem e da mulher já haviam sido determinados na
criação, antes da queda, segue-se que continuam válidos. O que o Cristianismo
faz é reformar esta relação de submissão para que a mesma seja exercida em amor
mútuo e reflita assim mais exatamente a relação entre Cristo e a Igreja.
3. Há abundantes
provas na Bíblia de que as mulheres desempenharam papéis cruciais, ocupando
funções de destaque e sendo instrumento de bênção para o povo de Deus. Isto não
prova que elas, hoje, podem ser ordenadas e exercer liderança?
Resposta: Estas
provas demonstram apenas a tremenda importância do ministério feminino, mas não
a existência do ministério feminino ordenado. Nenhuma destas mulheres era
apóstola, pastora, presbítera ou diaconisa. Jesus não chamou nenhuma mulher
para ser apóstola. As qualificações dos pastores em 1Timóteo 3 e Tito 1 deixam
claro que era função a ser exercida por homens cristãos. O fato de que as
mulheres sempre foram extremamente ativas e exerceram muitas e diferentes
atividades e serviços na Igreja Cristã não traz como corolário que elas tenham
sido, ou tenham que ser, ordenadas para tal.
4. Há evidência na
Bíblia de que Hulda, Débora, Priscila e Febe eram líderes e exerciam
autoridade. Isto não é prova bíblica suficiente para ordenação de mulheres?
Resposta: Há dois
pontos a se ter em mente quanto ao ministério destas mulheres: (1) O fato de
que a Bíblia descreve como Deus usou determinadas pessoas em épocas específicas
para propósitos especiais não faz disto uma norma. Lembremos da utilíssima
distinção entre o descritivo e o normativo na Bíblia. Deus usou o falso profeta
Balaão (Nm 22.35). O desobediente rei Saul também profetizou em várias ocasiões
(1Sm 10.10; 19.23), bem como os mensageiros que enviou a Samuel (1Sm 19.20,21).
A descrição destes casos não estabelece uma norma a ser seguida pelas igrejas
na ordenação de oficiais. O fato de que Deus transmitiu sua mensagem através de
uma mulher não faz dela um oficial da Igreja. Há outros requisitos no Novo
Testamento para o oficialato conforme lemos nas especificações explícitas que
temos em 1Timóteo 3 e Tito 1.
(2) Os profetas de Israel não recebiam um
ofício mediante imposição de mãos para exercer uma autoridade eclesiástica
oficial. Os reis e sacerdotes, ao contrário, eram “ordenados” para aquelas
funções e as exerciam com autoridade. Não há sacerdotisas “ordenadas” em
Israel, pelo menos nas épocas onde prevalecia o culto verdadeiro. Hulda foi uma
profetiza em Israel, recebendo consultas em sua casa (2Re 22.13-15). A mesma
coisa pode ser dita de Débora, que foi juíza em Israel numa época em que não
havia reis e nem o sacerdócio funcionava, quando todos faziam o que parecia bem
aos seus olhos. Seu ministério foi uma denúncia da fraqueza e falta de coragem
dos homens daquela época (Jz 4.4-9; compare com Is 3.12). Sobre Priscila, sua
liderança parece evidente, porém menos evidente é se ela era pastora ou
presbítera. Quanto à Febe, ver a pergunta sobre ela mais adiante.
5. Podemos afirmar
que o patriarcado, conforme o encontramos na Bíblia, especialmente no Antigo Testamento,
é uma instituição nociva e perversa que denigre, inferioriza e humilha a
mulher?
Resposta: O
patriarcado, como o encontramos na Bíblia, especialmente no Antigo Testamento,
não é simplesmente uma afirmação da masculinidade, não é jamais sinônimo de
domínio macho ou um sistema de valores no qual o homem trata a mulher com
descaso, desvalorizando-a e super valorizando-se. Muito menos sinônimo de
exploração e domínio, como afirma o feminismo. Patriarcado é o sistema no qual
os pais cuidam de suas famílias. A imagem do pai no Velho Testamento não é
primariamente daquele que exerce autoridade e poder, mas do amor adotivo, dos
laços pactuais de bondade e compaixão. Somente nas Escrituras hebraicas podemos
encontrar um Deus Pai Todo-Poderoso e Todo-Bondoso. Os patriarcas refletem a
paternidade de Deus, ainda que muito pobremente. O Deus dos Hebreus não é como
os deuses masculinos irresponsáveis das culturas pagãs das cercanias de Israel,
porque ele jamais abandona os filhos que gera, antes, deles cuida. Os
patriarcas seguem o exemplo de Deus. Naquela cultura ensinava-se ao homem judeu
que ele não era simplesmente um animal, agressivo, assertivo e violento, mas
pai, cuja agressividade deveria ser transformada pela responsabilidade, que
haveria de manifestar a gentileza e o cuidado pelos filhos e a expressão da
completa masculinidade, que haveria de se unir com o ser feminino e o mundo
feminino da família, ainda que mantivesse a separação necessária para o
exercício da autoridade. O machismo é uma versão deturpada de alguns aspectos
do patriarcado, e oprime as mulheres. Devemos lutar contra o machismo, e não
deixar de reconhecer a verdade sobre o patriarcado.
6. Febe não era uma
diaconisa, conforme Romanos 16.1-2? Isto não prova que as mulheres podem
exercer autoridade eclesiástica na Igreja?
Resposta: Temos de
considerar os seguintes aspectos.
(1) Não é claro se
Febe era realmente uma diaconisa. Muito embora no original grego Paulo empregue
o termo “diácono” para se referir a ela, lembremos que este termo no Novo
Testamento nem sempre significa o ofício de diácono. Pode ser traduzido como
servo, ministro, etc. Portanto, nossa tradução “Recomendo-vos a nossa irmã
Febe, que está servindo à igreja de Cencréia” é perfeitamente possível e não é
uma tradução preconceituosa.
(2) Mesmo que
houvesse diaconisas na Igreja apostólica, é certo que elas não exerceriam
qualquer autoridade sobre as igrejas e sobre os homens – a presidência era dos
presbíteros, cf. 1Tm 5.17; o trabalho delas seria provavelmente com outras mulheres
(Tt 2.3-4) e relacionado com assistência aos pobres. É interessante que a
primeira referência que existe na história da Igreja sobre o trabalho de
mulheres, diz assim: “A mulher deve servir às mulheres” (Didascalia
Apostolorum). Isto queria dizer que elas instruíam as outras que iam se
batizar, ajudavam no enterro de mulheres, cuidavam das pobres e doentes. Não há
qualquer indício de que tais mulheres eram ordenadas para o exercício da
autoridade eclesiástica.
7. O que fazer quando
mulheres possuem visão pastoral, liderança, habilidades para o ensino ou
capacidade administrativa, dons de evangelismo ou profecia?
Resposta: Que exerçam
estas habilidades e dons dentro das possibilidades existentes nas Igrejas. Elas
não precisam ser ordenadas para desenvolver seus ministérios e manifestar seus
dons.
8. A resistência em
ordenar mulheres hoje não decorre da reafirmação através dos séculos da
inferioridade da mulher, feita por importantes teólogos e líderes da Igreja?
Resposta: A Igreja
deve andar pelo ensino das Escrituras Sagradas. Se teólogos e líderes antigos
defenderam idéias erradas sobre a inferioridade da mulher, cabe à Igreja
corrigi-las à luz das Escrituras, que mostram que Deus criou o homem e a mulher
iguais. Porém, corrigir os erros dos antigos neste ponto não significa ordenar
mulheres, pois aí estaríamos cometendo um outro erro. Certamente as mulheres
não são e nunca foram inferiores aos homens, mas daí a abolirmos os papéis
distintos que lhes foram determinados por Deus na criação vai uma grande
distância.
9. Existe algum texto
na Bíblia que diga claramente “é proibido que as mulheres sejam ordenadas ao
ministério”?
Resposta: Nenhuma das
passagens usadas contra a ordenação feminina diz explicitamente que mulheres
não podem ser ordenadas ao ministério. Entretanto, todas elas impõem restrições
ao ministério feminino, e exigem que as mulheres cristãs estejam submissas à
liderança cristã masculina. Essas restrições têm a ver primariamente com o
ensino por parte de mulheres nas igrejas. Já que o governo das igrejas e o
ensino público oficial nas mesmas são funções de presbíteros e pastores (cf.
1Tm 3.2,4-5; 5.17; Tt 1.9), infere-se que tais funções não fazem parte do
chamado cristão das mulheres. Ainda, se o argumento do silêncio for usado, ele
se vira contra a ordenação feminina, pois não há texto algum que diga que as
mulheres devem ser ordenadas ao ministério da Palavra e ao governo
eclesiástico, enquanto que as Escrituras atribuem ao homem cristão o exercício
da autoridade eclesiástica e na família.
10. Se as mulheres
recebem os mesmos dons espirituais que os homens, não é uma prova de que Deus
deseja que elas sejam ordenadas ao ministério?
Resposta: Não. As
condições para o oficialato na Igreja apostólica estão prescritas em 1Timóteo e
Tito 1. Percebe-se que o dom do ensino é apenas um dos requisitos. Há outros,
como por exemplo, governar a própria casa e ser marido de uma só mulher, que
não podem ser preenchidos por mulheres cristãs, por mais dons que tenham.
11. O ensino de Paulo
sobre as mulheres na Igreja se aplica hoje? Não estava ele influenciado pela
cultura daquela época, que era muito diferente da nossa?
Resposta: É
necessário fazer a distinção entre o princípio teológico supra cultural e
aexpressão cultural deste princípio. Há coisas no ensino de Paulo que são
claramente culturais, como a determinação para o uso do véu em 1Coríntios 11.
Porém, enquanto que o uso do véu é claramente um costume cultural, ao mesmo
tempo expressa um princípio que não está condicionado a nenhuma cultura em
particular, que é o da diferença funcional entre o homem e a mulher. O que
Paulo está defendendo naquela passagem é a vigência desta diferença no culto
público — o véu é apenas a forma pela qual isto ocorreria normalmente em
cidades gregas do século I. Notemos ainda que Paulo defende a participação
diferenciada da mulher no culto usando argumentos permanentes, que transcendem
cultura, tempo e sociedade, como a distribuição ou economia da Trindade (1Co
11.3) e o modo pelo qual Deus criou o homem (1Co 11.8-9).
12. Paulo escreveu
suas cartas para atender a problemas locais e específicos. Como podemos aplicar
hoje o que Paulo escreveu, se a situação e o contexto são diferentes?
Resposta: Quase todos
os livros do Novo Testamento foram escritos em resposta a uma situação
específica de uma ou mais comunidades cristãs do século I, e nem por isto os
que querem a ordenação feminina defendem que nada do Novo Testamento se aplica
às igrejas cristãs de hoje. A carta aos Gálatas, por exemplo, onde Paulo expõe
a doutrina da justificação pela fé somente, foi escrita para combater o
legalismo dos judaizantes que procuravam minar as igrejas gentílicas da
Galácia, em meados do século I. Ousaríamos dizer que o ensino de Paulo sobre a
justificação pela fé não tem mais relevância para as igrejas do final do século
XX, por ter sido exposto em reação a uma heresia que afligia igrejas locais no
século I? O ponto é que existem princípios e verdades permanentes que foram
expressos para atender a questões locais, culturais e passageiras. Passam as
circunstâncias históricas, mas o princípio teológico permanece. Assim, o
comportamento inadequado das mulheres das igrejas de Corinto e de Éfeso, às
quais Paulo escreveu determinando que ficassem caladas na Igreja, foi um
momento histórico definido, mas osprincípios aplicados por Paulo para resolver
os problemas causados por estas atitudes permanecem válidos. Ou seja, o ensino
de que as mulheres devem estar submissas à liderança masculina nas igrejas e na
família, sem ocupar posições de liderança e governo, é o princípio permanente e
válido para todas as épocas e culturas.
13. Onde está na
Bíblia que somente homens podem ser pastores, presbíteros e diáconos?
Resposta: Os textos
mais explícitos da Bíblia são Atos 6.1-7; 1Timóteo 2.11-15; 1Coríntios 14.34-36
e 1Coríntios 11. 2-16. Algumas destas passagens foram analisadas com mais
profundidade em outra parte deste caderno. Além disto, a relação intrínseca
entre a família e a Igreja mostra que aquele que é cabeça na família (Efésios
5.21-33) também deve exercer a liderança na Igreja.
14. Onde está na
Bíblia que os homens devem ser o cabeça da família?
Resposta: Há diversas
passagens no Novo Testamento onde se trata dos papéis do homem e da mulher na
família: Efésios 5.21-33; Colossenses 3.18-19; 1 Pedro 3.1-7; Tito 2.5. Em
todos eles, a liderança da família é atribuída ao homem.
15. Os argumentos
usados hoje para defender a submissão da mulher não são os mesmos usados no
século passado por muitos cristãos para defender a escravidão?
Resposta: O fato de
que no passado a Bíblia foi usada de forma errada para defender a escravidão
não significa que a defesa da subordinação feminina seja igualmente feita de
forma errada. Não devemos pensar que a relação entre o homem e a mulher na
família e na igreja está no mesmo pé de igualdade que a escravidão. Primeiro,
os papéis distintos do homem e da mulher estão enraizados na própria criação,
enquanto que a escravidão não está. Segundo, o fato de que Paulo faz
recomendações aos escravos cristãos para que sejam bons escravos não significa
que ele aprovava a escravidão. Na verdade, as recomendações que ele dá aos
cristãos que eram donos de escravos já traziam embutidas a idéia da dissolução
do sistema de escravidão (Fm 16; Ef 6.9; Cl 4.1; 1Tm 6.1-2).
16. Havia uma mulher
chamada Júnias que Paulo considera como apóstola, em Romanos 16.7. Se havia
apóstolas, por que não pastoras, presbíteras e diaconisas?
Resposta: A passagem
diz o seguinte: “Saudai a Andrônico e a Júnias, meus parentes e companheiros de
prisão, os quais são notáveis entre os apóstolos, e estavam em Cristo antes de
mim” (Rm 16.7). Não é tão simples assim deduzir que Júnias era uma apóstola. Há
várias questões relacionadas com a interpretação deste texto. Júnias é um nome
masculino ou feminino? Existe muita disputa sobre isto, embora a evidência
aponte para um nome masculino. Outra coisa, a expressão “notável entre os
apóstolos” significa que Júniasera um dos apóstolos, já antes de Paulo, e um
apóstolo notável, ou apenas que os apóstolos, antes de Paulo, tinham Júnias em
alta conta? A última possibilidade é a mais provável. Em última análise, só
podemos afirmar com certeza, a partir de Romanos 16.7, que, quem quer que tenha
sido, Júnias era uma pessoa tida em alta conta por Paulo, e que ajudou o
apóstolo em seu ministério. Não se pode afirmar com segurança que era uma
mulher, nem que era uma “apóstola”, e muito menos uma como os Doze ou Paulo. A
passagem não serve como evidência bíblica para a ordenação feminina no período
apostólico. E essa conclusão está em harmonia com o fato de que Jesus não
escolheu mulheres para serem apóstolos. Não há nenhuma referência indisputável
a uma “apóstola” no Novo Testamento.
17. O Novo Testamento
diz que, em Cristo, não há homem nem mulher, todos são iguais diante de Deus
(Gl 3.28). Proibir as mulheres de serem oficiais da Igreja não é fazer uma
distinção baseada em sexo?
Resposta: Não se pode
discordar de que o Evangelho é o poder de Deus para abolir as injustiças, o
preconceito, a opressão, o racismo, a discriminação social, bem como a
exploração machista. E nem se pode discordar de que Cristo veio nos resgatar da
maldição imposta pela queda. A pergunta é se Paulo está falando da abolição da
subordinação feminina e de igualdade de funções nesta passagem. Está o apóstolo
dizendo que as mulheres podem exercer os mesmos cargos e funções que os homens
na Igreja, já que são todos aceitos sem distinção por Deus através de Cristo,
pela fé? Entendemos que a resposta é não. Gálatas 3.28 não está ensinando a
igualdade para o exercício de funções, mas a unidade de todos os cristãos em
Cristo. Veja a análise desta passagem acima.
18. O conceito da
submissão feminina ensinado na Bíblia não acarreta inevitavelmente o conceito
de que o homem é melhor e superior à mulher?
Resposta:
Infelizmente muitos têm chegado a esta conclusão, mas ela certamente é
equivocada. O ensino bíblico é que Deus criou homem e mulher iguais porém com
diferentes atribuições e funções. A Bíblia ensina que Deus tem autoridade sobre
Cristo, Cristo tem autoridade sobre o homem, e o homem tem autoridade sobre a
mulher. É uma cadeia hierárquica que começa na Trindade e continua na igreja e
na família. Podemos inferir (guardadas as devidas proporções) que, da mesma
forma como a subordinação de Cristo ao Pai não o torna inferior — como afirma a
fé reformada em sua doutrina da Trindade — a subordinação da mulher ao homem
não a torna inferior. Assim como Pai e Filho, que são iguais em poder, honra e
glória, desempenham papéis diferentes na economia da salvação (o Filho
submete-se ao Pai), homem e mulher se complementam no exercício de diferentes
funções, sem que nisto haja qualquer desvalorização ou inferiorização da
mulher. Em várias ocasiões o Novo Testamento determina que os crentes se
sujeitem às autoridades civis (Rm 13.1-5; 1 Pe 2.13-17). Em nenhum momento,
entretanto, este mandamento implica que os crentes são inferiores ou têm menos
valor que os governantes. Igualmente, os filhos não são inferiores aos seus
pais, simplesmente porque devem submeter-se à liderança deles (Ef 6.1). O
conceito de subordinação de uns a outros tem a ver apenas com a maneira pela
qual Deus estruturou e ordenou a sociedade, a família e a igreja.
19. Em 1Timóteo 3.11,
ao descrever as qualificações do diácono, Paulo se refere às mulheres: “Da
mesma sorte, quanto a mulheres, é necessário que sejam elas respeitáveis, não
maldizentes, temperantes e fiéis em tudo”. Este versículo não prova que havia
diaconisas nas igrejas apostólicas?
Resposta: Não
necessariamente. Esta passagem tem sido entendida de diferentes modos: (1)
Paulo pode estar se referindo às mulheres dos diáconos (Calvino). Porém, ele emprega
para elas a expressão “é necessário” (1Tm 3.11), que foi a mesma que empregou
para os presbíteros (3.2) e os diáconos (3.8), ao descrever suas qualificações.
Logo, não nos parece que o apóstolo se refira às mulheres dos diáconos. (2)
Paulo pode estar se referindo à todas as mulheres da igreja; entretanto, é
bastante estranho que ele tenha colocado instruções para todas as mulheres bem
no meio das instruções aos diáconos! (3) Paulo pode estar se referindo às
assistentes dos diáconos, mulheres piedosas, que prestavam assistência em obras
de misericórdia aos necessitados das igrejas (Hendriksen). (4) Paulo se referia
à diaconisas. Porém, é no mínimo estranho que Paulo não empregou o termo
apropriado para descrever a função delas (diaconisas), já que ele vinha falando
de presbíteros e diáconos. A opção 3 nos parece a melhor e mais provável: havia
mulheres piedosas nas igrejas apostólicas, não ordenadas como “diaconisas”, que
ajudavam os diáconos nas obras de misericórdia, trabalhando diretamente com as mulheres
carentes e necessitadas. É a estas que Paulo aqui se refere.
Por: Augustus
Nicodemus. Original: Respostas a Argumentos Usados em Favor da Ordenação de
Mulheres.
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