Há Apóstolos Hoje? Estudo biblico sobre o tal do movimento apostolico hoje.
Há Apóstolos Hoje?
Jesus Cristo fundou,
estabeleceu e continua a edificar sua Igreja através dos séculos. Dentre os
vários dons e ofícios que ele tem distribuído ao seu povo estão aqueles que se
referem aos líderes da Igreja. Esses líderes são os oficiais da igreja, capacitados
e chamados por Deus, bem como reconhecidos pela congregação, para sua função.
Ofícios Eclesiásticos
Os oficiais da Igreja
têm a responsabilidade de guiar o povo de Deus através da liderança pelo
exemplo, bem como através do ensinamento da Palavra e dos preceitos de Deus,
que alimentam os cristãos espiritualmente. A eles também é conferida a
responsabilidade de supervisionar a administração da Igreja. Sua obra é para a
edificação da Igreja.
As qualificações
requeridas daqueles que são chamados para os ofícios de liderança na Igreja,
bem como suas responsabilidades, são encontradas em diversas porções das
Escrituras (1 Timóteo 3 é um dos melhores exemplos).
É importante
ressaltar que aqueles apontados aos ofícios da Igreja têm dons espirituais que
também se encontram, em diferentes graus, nos membros da congregação. Há
diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo; há diversidade de
operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.O Espírito Santo confere
seus dons e opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como
quer (1 Co. 12:4-11). Os oficiais da Igreja, entretanto, têm de ter
reconhecimento público, ou seja, do povo de Deus, com relação aos seus dons,
capacidade, e chamada para as funções de liderança.
O Novo Testamento
menciona três ofícios de liderança na Igreja: apóstolos, presbíteros (ou
bispos, ou pastores; os três termos são usados nas Escrituras significando o
mesmo oficio, cf. Tt. 1:5-7; At. 20: 17; 28) e diáconos. É evidente que as
igrejas cristãs têm através dos séculos instituído padrões diferentes de
governo eclesiástico, divergindo quanto ao entendimento mais apropriado do
modelo bíblico. Historicamente, entretanto, houve um consenso de que o oficio
apostólico não mais existe na Igreja.
Alguns cristãos na história
recente da Igreja, porém, têm argumentado que não há nenhum versículo bíblico
que diga explicitamente que não pode haver apóstolos nos dias de hoje. Algumas
igrejas vão até ao ponto de denominar alguns de seus lideres como apóstolos.
Muitos cristãos se submetem a tais apóstolos com a idéia de que estão se
submetendo a autoridades no mesmo nível dos apóstolo Paulo e Pedro, por
exemplo.
Isso obviamente
levanta a questão: há apóstolos hoje? É bíblico que igrejas denominem seus
líderes apóstolos? É verdade que se alguém negar que possa haver apóstolos
hoje, essa pessoa estará negando a validade dos dons do Espírito para hoje, bem
como o modelo bíblico de vida e organização eclesiástica?
O primeiro passo para
que tais questões sejam respondidas é examinar o conceito bíblico da
apostolado, sua função, responsabilidade, e qualificações necessárias.
O Significado da
Palavra “Apóstolo”
Existem dois sentidos
básicos para o termo “apóstolo”. De um modo mais geral, o termo se refere a
qualquer pessoa que seja um enviado ou emissário de Deus através da Igreja para
uma obra especial, seja de liderança ou não (e.g., Fl. 2:25). Esse significado
provém da correlação entre o substantivo “apóstolo” (ἀπόστολος) e o verbo em
grego que significa “enviar” (ἀποστέλλω). Nesse sentido mais geral, não há
dificuldade em se aceitar que qualquer pessoa pode ser um apóstolo de Deus.
Qualquer pessoa pode ser enviada, por exemplo, por uma igreja para o trabalho
missionário, e, nesse sentido amplo, ela é um apóstolo de Deus.
No Novo Testamento,
porém, o sentido mais comum da palavra é o sentido técnico e restrito, se
referindo a um grupo seleto dos apóstolos de Cristo. A palavra traduzida
“apóstolo” (e suas derivações) é encontrada 80 vezes no texto grego do Novo
Testamento. Dessas, ela tem esse sentido restrito nada menos do que 73 vezes. O
sentido mais amplo de “enviado” ocorre somente 5 vezes (Jo. 13:16; 2 Co. 8:23;
Fl. 2:25; At. 14:4 e 14 são duas referências ambíguas); ela se refere uma vez a
Jesus Cristo (Hb. 3:1); e, finalmente, há 3 ocorrências que apresentam
dificuldades exegéticas, podendo ter tanto o sentido mais amplo como o mais
técnico: Rm. 16:7; At. 14:4; 14.
Sendo que não há
controvérsia quanto ao sentido mais amplo da palavra (podendo em tese ser
aplicada a qualquer pessoa que seja enviada para uma missão, seja um oficial da
Igreja ou não), nosso foco aqui é no sentido mais técnico da palavra, ou seja,
no ofício do apostolado, que alguns alegam ter nos dias de hoje.
Os Apóstolos e as
Escrituras
Essencial para o
entendimento do papel dos apóstolos é o fato de que o Novo Testamento foi
escrito, pela da inspiração de Deus, por eles e por seus companheiros mais
próximos. A eles foi dada, pelo Espírito Santo, a habilidade de se lembrarem
precisamente das palavras e ensinamentos de Jesus, para que as ensinassem de
maneira verbal e escrita.
Jesus disse aos seus
discípulos (mais tarde chamados apóstolos):
“Isto vos tenho dito,
estando ainda convosco; mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará
em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que
vos tenho dito”. (João 14:25-26)
Por causa disso, os
apóstolos consideraram seus escritos explicitamente como sendo do mesmo nível
de inspiração e autoridade do Antigo Testamento. Eles tinham consciência de que
seus escritos também eram as Escrituras inspiradas de Deus. Eis alguns
exemplos:
"para que vos
recordeis das palavras que, anteriormente, foram ditas pelos santos profetas,
bem como do mandamento do Senhor e Salvador, ensinado pelos vossos
apóstolos," (2 Pedro 3:2)
"Se alguém se
considera profeta ou espiritual, reconheça ser mandamento do Senhor o que vos
escrevo." (1 Coríntios 14:37)
"Outra razão
ainda temos nós para, incessantemente, dar graças a Deus: é que, tendo vós
recebido a palavra que de nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes não como
palavra de homens, e sim como, em verdade é, a palavra de Deus, a qual, com
efeito, está operando eficazmente em vós, os que credes." (1
Tessalonicenses 2:13)
"ao falar acerca
destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas, nas
quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis
deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição
deles." (2 Pedro 3:16)
Note que a palavra
traduzida “Escrituras” em 2 Pe. 3:16 ocorre 51 vezes no texto grego do Novo
Testamento, e ela se refere ao Antigo Testamento (ou seja, não a quaisquer
escritos, mas à Palavra de Deus) em todas as ocorrências. Deste modo, Pedro
explicitamente coloca as epístolas de Paulo no mesmo nível de autoridade e
inspiração do Antigo Testamento.
Os apóstolos, em
virtude de seu ofício apostólico, tinham a autoridade para receber a revelação
direta das Palavra de Deus e escrevê-las para o uso da Igreja. Isso, na
verdade, foi historicamente o primeiro critério para que um documento fosse
considerado, na Igreja primitiva, como sendo parte do Novo Testamento.
Que dizer então dos
evangelhos de Marcos e Lucas, do livro de Atos, da epístola aos Hebreus e a
epístola de Judas? Marcos, Lucas, e Judas (não o Iscariotes) não eram
apóstolos, e não se sabe com certeza quem foi o autor da epístola aos Hebreus.
Tais livros foram aceitos pela Igreja primitiva porque, além de outros fatores,
seus autores eram companheiros próximos dos apóstolos, e escreveram sob sua
supervisão. A evidência bíblica e histórica é que Lucas escrevia sob a
supervisão de Paulo, e Marcos sob a supervisão de Pedro. Judas era irmão de
Jesus. A epístola aos Hebreus era por muitos considerada como sendo de autoria
de Paulo, e outros a consideraram como autêntica por refletir claramente os
ensinamentos dos apóstolos.
O fato do Novo
Testamento ter sido produzido, de uma maneira ou de outra, pelos apóstolos, é
de vital importância para o entendimento do apostolado. Os apóstolos foram
comissionados diretamente por Jesus para trazerem suas Palavras inspiradas à
Igreja. Ninguém tinha o direito de alegar ter autoridade divina para seus
escritos se esta pessoa não fosse um apóstolo ou um de seus companheiros.
Ninguém, na história subseqüente da Igreja, jamais teve o direito de incluir
seus escritos nas Escrituras sagradas, pois o cânon da Bíblia foi completado
após a morte de João, o último apóstolo. Isso por si só indica claramente que,
se houvesse apóstolos em qualquer época após o período no Novo Testamento, seus
escritos poderiam ser incluídos nas Escrituras, e todos os cristãos estariam
obrigados a aceitá-los como sendo a Palavra de Deus. Sendo isso impossível, é
impossível que haja apóstolos após o primeiro século, muito menos nos dias de
hoje.
As Qualificações dos
Apóstolos
Havia duas
qualificações para o apostolado:
1. O apóstolo tinha
de ser testemunha ocular de Jesus ressurreto.
"até ao dia em
que, depois de haver dado mandamentos por intermédio do Espírito Santo aos
apóstolos que escolhera, foi elevado às alturas. A estes também, depois de ter
padecido, se apresentou vivo, com muitas provas incontestáveis, aparecendo-lhes
durante quarenta dias e falando das coisas concernentes ao reino de Deus."
(Atos 1:2-3)
Isso foi um dos
requerimentos para que o substituto de Judas Iscariotes fosse escolhido:
"É necessário,
pois, que, dos homens que nos acompanharam todo o tempo que o Senhor Jesus
andou entre nós, começando no batismo de João, até ao dia em que dentre nós foi
levado às alturas, um destes se torne testemunha conosco da sua
ressurreição." (Atos 1:21-22)
Da mesma maneira:
"Com grande
poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em
todos eles havia abundante graça." (Atos 4:33)
Paulo, por sua vez,
também foi testemunha ocular de Jesus ressurreto:
"Saulo,
respirando ainda ameaças e morte contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao
sumo sacerdote e lhe pediu cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de que,
caso achasse alguns que eram do Caminho, assim homens como mulheres, os levasse
presos para Jerusalém. Seguindo ele estrada fora, ao aproximar-se de Damasco,
subitamente uma luz do céu brilhou ao seu redor, e, caindo por terra, ouviu uma
voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Ele perguntou: Quem és
tu, Senhor? E a resposta foi: Eu sou Jesus, a quem tu persegues; mas levanta-te
e entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer." (Atos 9:1-6)
Assim sendo, Paulo
faz questão de ressaltar que sua credencial apostólica também era baseada no
fato de que ele era testemunha ocular de Jesus ressurreto:
"Não sou eu,
porventura, livre? Não sou apóstolo? Não vi Jesus, nosso Senhor? Acaso, não
sois fruto do meu trabalho no Senhor?" (1 Coríntios 9:1)
"Depois, foi
visto por Tiago, mais tarde, por todos os apóstolos e, afinal, depois de todos,
foi visto também por mim, como por um nascido fora de tempo. Porque eu sou o
menor dos apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, pois
persegui a igreja de Deus." (1 Coríntios 15:7-9)
Note que Paulo diz
que ele foi o último dos apóstolos comissionados por Jesus. Suas palavras foram
aqui inspiradas por Deus, e portanto não há a possibilidade que ele estivesse
enganado, ou que apenas desconhecesse outros apóstolos comissionados depois
dele.
2. O apóstolo tinha
de ter recebido sua comissão apostólica diretamente de Jesus.
Os Doze apóstolos
originais tinham comissão direta de Jesus:
"E, quando
amanheceu, chamou a si os seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos
quais deu também o nome de apóstolos: Simão, a quem acrescentou o nome de
Pedro, e André, seu irmão; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; Mateus e Tomé;
Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelote; Judas, filho de Tiago, e Judas
Iscariotes, que se tornou traidor. (Lucas 6:13-16; cf. Mt. 10:1-7;" Mc.
3:14)
Por esta razão,
quando da apostasia de Judas e da necessidade de que seu ofício fosse
preenchido por outro, os apóstolos buscaram a comissão direta de Deus:
"É necessário,
pois, que, dos homens que nos acompanharam todo o tempo que o Senhor Jesus
andou entre nós, começando no batismo de João, até ao dia em que dentre nós foi
levado às alturas, um destes se torne testemunha conosco da sua ressurreição.
Então, propuseram dois: José, chamado Barsabás, cognominado Justo, e Matias. E,
orando, disseram: Tu, Senhor, que conheces o coração de todos, revela-nos qual
destes dois tens escolhido para preencher a vaga neste ministério e apostolado,
do qual Judas se transviou, indo para o seu próprio lugar. E os lançaram em
sortes, vindo a sorte recair sobre Matias, sendo-lhe, então, votado lugar com
os onze apóstolos." (Atos 1:21-26)
Da mesma maneira,
Paulo enfatizou que tinha recebido sua comissão apostólica diretamente de
Jesus:
"Paulo,
apóstolo, não da parte de homens, nem por intermédio de homem algum, mas por
Jesus Cristo e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos," (Gálatas
1:1)
"Faço -vos,
porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é segundo o homem,
porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de
Jesus Cristo. "(Gálatas 1:11-12)
Quem Eram os
Apóstolos?
O número original dos
apóstolos, como visto acima, era de 12. Havia significado profético nesse fato,
pois seu número correspondia ao número de tribos de Israel. Os 12 apóstolos
originais eram a liderança do povo de Deus na Nova Aliança.
Além dos 12, somente
duas pessoas são mencionadas explicitamente como sendo apóstolos no Novo
Testamento: Paulo (veja acima) e Tiago, o irmão de Jesus e líder da igreja em
Jerusalém (Gl. 1:19; 2:9). Paulo menciona claramente que Jesus apareceu
ressurreto a Tiago (1 Co. 15:7), e sua liderança em Jerusalém evidencia que os
apóstolos tinham reconhecido seu comissionamento direto por Jesus. Quanto a
Barnabé (At. 14:4; 14), há duas possibilidades. É possível que as referências
em At. 14 tenham o sentido mais técnico da palavra. Neste caso, considerando-se
todos os dados acima, e a maneira altamente seletiva na qual o Novo Testamento
intitula uma pessoa como apóstolo, se o texto indica que Barnabé era apóstolo
no sentido mais restrito pode-se deduzir que ele também possuía as mesmas
qualificações dos demais apóstolos. É mais provável, porém, que o sentido da
palavra em At. 14 é o mais amplo, já que Paulo e Barnabé tinham sido enviados
para uma missão pela igreja em Antioquia, à qual deveriam prestar contas quando
completassem a determinada obra (cf. At. 14:27).
Não é impossível que
houvesse outros indivíduos que pudessem ter sido considerados apóstolos no
primeiro século. Os dados acima estabelecem, contudo, dois pontos principais:
em primeiro lugar, mesmo se houvesse outros apóstolos, eles eram com certeza um
grupo seleto (pois poucos tinham as duas qualificações necessárias para o
oficio) do qual Paulo foi o último membro comissionado (1 Co. 15:8). Isso por
si só exclui a possibilidade de haver qualquer apóstolo comissionado por Deus
após Paulo. Ninguém pode, após o primeiro século, alegar ter recebido um
comissionamento direto de Jesus, através de uma visão ou revelação, para o
ofício do apostolado. Deus não contradiz a sua própria Palavra.
Segundo, nenhuma
pessoa que não tivesse recebido diretamente de Jesus a autoridade para escrever
a Palavra de Deus pela inspiração do Espírito Santo, ou recebido tal
comissionamento por um dos apóstolos, não podia ser considerado apóstolo. Tal
fato é corroborado não só pela evidência bíblica, mas também pela história da
Igreja no processo de reconhecimento do cânon. Isto significa que, estando o
número de livros da Bíblia completo, a Palavra de Deus tendo sido por Ele mesmo
produzida e preservada por dois mil anos, não é possível que haja apóstolos
após a completude do cânon no primeiro século.
O Papel dos Apóstolos
na Igreja
Paulo, sob a
inspiração do Espírito Santo, nos diz que os apóstolos tiveram um papel
definido no plano de Deus para a edificação de sua Igreja. Ele diz aos Efésios
que os apóstolos e profetas foram o fundamento da Igreja:
"Assim, já não
sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família
de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele
mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular;" (Efésios 2:19-20)
Da mesma maneira, o
apóstolo João descreve o edifício da Igreja de Deus glorificada tendo os
apóstolos como fundamento:
"Então, veio um
dos sete anjos que têm as sete taças cheias dos últimos sete flagelos e falou
comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro; e me
transportou, em espírito, até a uma grande e elevada montanha e me mostrou a
santa cidade, Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, a qual tem a
glória de Deus. O seu fulgor era semelhante a uma pedra preciosíssima, como
pedra de jaspe cristalina. Tinha grande e alta muralha, doze portas, e, junto
às portas, doze anjos, e, sobre elas, nomes inscritos, que são os nomes das
doze tribos dos filhos de Israel. Três portas se achavam a leste, três, ao
norte, três, ao sul, e três, a oeste. A muralha da cidade tinha doze
fundamentos, e estavam sobre estes os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro."
(Apocalipse 21:9-14)
Conclusão
Podemos concluir que
a evidência bíblica descarta a possibilidade de que possa haver apóstolos após
a primeira geração da Igreja no primeiro século. Como conseqüência, certamente
não há apóstolos nos dias de hoje. Os apóstolos eram um grupo seleto de
testemunhas oculares de Jesus ressurreto, comissionados pelo próprio Jesus.
Somente eles tinham a autoridade para escrever e/ou supervisionar a redação das
Escrituras.
O cânon da Palavra de
Deus, estando completo, não pode ser expandido por nenhum documento, e
portanto, não há nenhum apóstolo moderno que tenha tal autoridade. Ao mesmo
tempo, nenhuma pessoa que não tenha essa autoridade pode ser considerada um
apóstolo. Deus não mais confere revelações infalíveis a ninguém. As revelações
infalíveis de Deus se encontram exclusivamente no cânon completo das
Escrituras.
É importante
salientar que o ministério dos apóstolos continua na Igreja hoje – não em
pessoas que se denominam apóstolos, mas no Novo Testamento. Cada vez que a
Palavra de Deus no Novo Testamento é lida e proclamada, o ministério apostólico
cumpre o seu papel. Os apóstolos do primeiro século vivem hoje na Igreja
através da Palavra nos dada por Deus por intermédio deles.
Segundo a Palavra de
Deus, Paulo foi o último apóstolo. Os únicos ofícios que permanecem na Igreja
(ainda que haja diversos ministérios) são os de pastor (ou presbítero, ou bispo
– os três termos significando o mesmo ofício no Novo Testamento) e de diácono.
Autor: Marcelo Parga
de Souza
(extraído do site
www.agirbrasil.org)
Para finalizar:
Ha mais de duzentos
anos o mormonismo vem pregando uma “restauração” da igreja primitiva composta
por Profetas, Apóstolos etc. Nesses últimos tempos uma doutrina parecida tem
sido divulgada no Brasil por igrejas evangélicas em especial as adeptas do G12.
Vale lembrar, que há séculos a Igreja Romana prega a doutrina da sucessão
apostólica, tendo o Papa como sucessor de Pedro. O texto base de tais igrejas,
normalmente é Ef.4.11, tirado de seu contexto. Jesus escolheu doze apóstolos,
dos quais Judas Iscariotes se suicidou, ficando 11. Depois Matias foi acolhido
apóstolo para ser junto com os onze testemunha da ressurreição do Senhor
(At.1.21-26), posteriormente Paulo, foi chamado pelo próprio Senhor para ser apóstolo
e mesmo assim se considerava um abortivo, como nascido fora de tempo por ter
sido o ultimo a ver o Senhor (1 Cor.15.7-9). Se a instituição de apóstolos na
igreja fosse algo necessário até a vinda do Senhor, Paulo não teria razão para
fazer tal afirmação. Depois que morreu o ultimo apóstolo, nunca mais ninguém na
igreja primitiva foi reconhecido ou ordenado Apóstolo.
Graça e Paz!
Ruy Marinho
EXISTEM APÓSTOLOS NOS
DIAS DE HOJE?
Por João Rodrigo
Weronka
É curioso observar
como algumas igrejas evangélicas tem facilidade em aceitar novidades. E é
triste verificar a falta de empenho dos cristãos em observar as Escrituras e
analisá-las com sensatez e cuidado. Triste também é saber que poucas são as
igrejas que motivam seus membros ao estudo sistemático da Bíblia, ao
aprofundamento teológico, a formação de grupos de estudo e discussão sobre as
doutrinas cristãs e que verifiquem na Bíblia se as coisas realmente são como é
pregado. Aliás, não é pecado analisar se os ensinos e a pregação estão em
conformidade com as Sagradas Escrituras (Atos 17.10-11).
Dentro desta
miscelânea de revelações e novidades que temos observado, é importante
expressar-se sobre o caráter das revelações: 1) as revelações nunca deverão ser
colocadas acima da Bíblia. A Bíblia é a palavra final e autoridade máxima, já
que se trata da inerrante Palavra de Deus; 2) Se a revelação está em
desconformidade com a Bíblia, descarte imediatamente tal revelação. Deus não é
Deus de confusão (1 Coríntios 14.33) As experiências pessoais não podem ser
colocadas acima das Escrituras Sagradas, pois estas já contêm a revelação do
propósito de Deus ao homem.
Nestes tempos de
tantas novidades, algo chama atenção de maneira muito preocupante na história
recente da igreja: trata-se do Apostolado Contemporâneo, ou Restauração
Apostólica. Muitos têm se levantado como apóstolos nestes dias. Apóstolos
ungindo apóstolos e criando uma hierarquia apostólica. Alguns pastores que,
talvez por se sentirem menores que seus colegas de ministério que foram ungidos
como apóstolos, ungem-se a si mesmos e se auto-proclamam apóstolos. Não há
fundamento para o chamado ministério apostólico contemporâneo pelo simples fato
do mesmo não possuir respaldo bíblico.
O termo
Segundo o Dicionário
Bíblico Universal, o termo apóstolo “significa mais do que um ‘mensageiro’: a
sua significação literal é a de ‘enviado’, dando a idéia de ser representada a
pessoa que manda. O apóstolo é um enviado, um delegado, um embaixador”
(Buckland & Willians, p. 35) . A Bíblia de Estudo de Genebra também aplica
esta descrição, dizendo que apóstolo “significa ‘emissário’, ‘representante’,
alguém enviado com a autoridade daquele que o enviou” (Bíblia de Estudo de
Genebra, p. 1272).
A frágil sustentação
Aqueles que defendem
esta frágil posição, têm se sustentado principalmente na má interpretação do texto
de Efésios 4.11 para o uso do ministério apostólico para nossos dias. O texto
de Efésios 4.11 diz: “E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para
profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres”.
A refutação
As regras mais simples
de hermenêutica nos ensinam que os textos sagrados nunca devem ser tirados de
seu contexto. E no contexto da epístola de Paulo aos Efésios, temos no capitulo
2 o texto que prova que este ministério não mais existe. Antes de citar o
texto, é importante refletir: quando um prédio é construído, o que é feito
primeiro? As paredes ou a fundação da obra? É obvio que todo alicerce, toda
fundação é feita em primeiro lugar. Não é possível construir as paredes e no
meio das paredes fazer a fundação. Efésios 2.19-20 diz: “Assim, já não sois
estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de
Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo,
Cristo Jesus, a pedra angular”.
Cristo é a pedra
angular e os fundamentos foram postos pelos apóstolos e profetas. Os
evangelistas, pastores e mestres são os responsáveis pela construção das
paredes desta obra. Como bem explica Norman Geisler “De acordo com Efésios
2.20, os membros que formam a igreja estão ‘edificados sobre o fundamento dos
apóstolos e dos profetas’. Uma vez que o alicerce está pronto, ele não é jamais
construído novamente. Constrói-se sobre ele. As Escrituras descrevem o trabalho
dos apóstolos e dos profetas, quanto à sua natureza, como um trabalho de base”
(Geisler, p. 375).
A Bíblia registra o
uso do termo apóstolo a outros personagens. Russel N. Champlin explica que “há
também um sentido não técnico, secundário, da palavra ´apóstolo´. Trata-se de
uma significação mais lata, em que o termo foi aplicado à muitas outras
pessoas, nas páginas do NT. Esse sentido secundário dá a entender
essencialmente ´missionários´, enviados dotados de poder e autoridade
especiais” (Champlin, p. 288, v. 3). Nesse sentido o Ap. Paulo chamou a alguns
irmãos por apóstolos seguindo este termo não técnico:
Personagem Texto
Tiago, irmão do
Senhor Gálatas 1.19
Epafrodito Filipenses 2.25
Apolo 1 Coríntios 4.9
Andrônico e Junias Romanos 16.7
No contexto de
Efésios 4.1, Paulo não estava se referindo a estes homens, mas sim aos 12, Matias
(que substituiu Judas Iscariotes), e a si mesmo. Estes compunham, juntamente
com os profetas, o fundamento da igreja (Efésios 2.19-20).
Existiam duas
exigências fundamentais para que um apóstolo fosse reconhecido para tal função:
1) Ser testemunha
ocular da ressurreição de Jesus Cristo (Atos 1:21-22; Atos 1.2-3 cf. 4.33; 1
Coríntios 9.1; 15.7-8);
2) Ser comissionado
por Cristo a pregar o Evangelho e estabelecer a igreja (Mateus 10.1-2; Atos
1.26).
Assim como Matias,
que passou a integrar o corpo apostólico por ser uma testemunha, Paulo, que se
considerava o menor, por ser o último dos apóstolos, contemplou a Cristo no
caminho de Damasco (Atos 9.1-9; 26.15-18), onde ocorreu o início de sua
conversão. Ou seja, ambos preenchem os pré-requisitos para tal função. No
entanto, os que se intitulam apóstolos em nossos dias não se encaixam nos
padrões bíblicos que validam o apostolado.
É interessante que,
enquanto o Ap. Paulo refere-se a si mesmo como “o menor dos apóstolos” (1
Coríntios 15.9), os atuais apóstolos tem por característica a fama e a
ostentação do título. Tudo é apostólico! A unção é apostólica! Os eventos são
apostólicos! As músicas são apostólicas! Nem de longe se assemelham com a
humildade dos apóstolos bíblicos. Eventos, cultos e seminários se tornam mais
interessantes quando a presença do Apóstolo Fulano é confirmada. É um chamariz:
“venha e receba a unção apostólica diretamente do Apóstolo Beltrano”. Tais
apóstolos têm se colocado como super-crentes, uma nova e especial classe da
igreja, a elite cristã dos tempos modernos. Hoje existe de tudo um pouco neste
balcão mercantil da fé: Apóstolo do Brasil, Apóstolo da Santidade, Apóstolo do
Avivamento e até mesmo o mais popular apóstolo brasileiro, chamado por muitos
por “Paipóstolo”.
Existem hoje
ministérios com características apostólicas, no sentido das missões (envio) e
no estabelecimento de igrejas. No entanto, isso não faz de ninguém um apóstolo
nos padrões bíblicos. A forma como Wayne Grudem explica esse fato é muito esclarecedora:
“Embora alguns hoje usem a palavra apóstolo para referir-se a fundadores de
igrejas e evangelistas, isso não parece apropriado e proveitoso, porque
simplesmente confunde que lê o Novo Testamento e vê a grande autoridade ali
atribuída ao ofício de ‘apóstolo’. É digno de nota que nenhum dos grandes nomes
na história da igreja – Atanásio, Agostinho, Lutero, Calvino, Wesley e
Whitefield – assumiu o título de ‘apóstolo’ ou permitiu que o chamassem
apóstolo. Se alguns, nos tempos modernos, querem atribuir a si o título
‘apóstolo’, logo levantam a suspeita de que são motivados por um orgulho
impróprio e por desejos de auto-exaltação, além de excessiva ambição e desejo
de ter na igreja mais autoridade do que qualquer outra pessoa deve corretamente
ter”. (Grudem, p. 764).
É equivocado aplicar
o termo “apóstolo” para ministros contemporâneos. A Bíblia de Estudo de Genebra
concluí que “Não há apóstolos hoje, ainda que alguns cristãos realizem
ministérios que, de modo particular, são apostólicos em estilo. Nenhuma nova
revelação canônica está sendo dada; a autoridade do ensino apostólico reside
nas escrituras canônicas” (Bíblia de Estudo de Genebra, p. 1272).
Tamanho o fascínio
que os crentes possuem por essa Restauração Apostólica, gera preocupação nas
lideranças mais sóbrias. Vale citar as sábias palavras de Augusto Nicodemus
Lopes: “Há um gosto na alma brasileira por bispos, catedrais, pompas, rituais.
Só assim consigo entender a aceitação generalizada por parte dos próprios
evangélicos de bispos e apóstolos auto-nomeados, mesmo após Lutero ter rasgado
a bula papal que o excomungava e queimá-la na fogueira.” (Lopes, cf. blog do
autor).
Conclusão
Os ofícios que o Novo
Testamento expõem para a igreja, para aqueles que compõem sua liderança, são:
Apóstolos, Pastores (ou Presbíteros, ou Bispos – já que todos os termos
representam a mesma função/ofício – Tito 1.5-7; Atos 20.17,28) e Diáconos. Esta
Restauração Apostólica não encontra subsídio bíblico ou histórico, portanto,
levando em conta este contexto, e considerando principalmente que Paulo foi o
último apóstolo, conclui-se que não existem apóstolos em nossos dias. Cabe a
igreja de nossos dias, exercer suas funções sem invencionices e modismos,
seguindo o puro e verdadeiro Evangelho.
NAPEC, via Púlpito
Cristão
ESTUDO BIBLICO NAO HÁ APOSTOLO HOJE AUGUSTOS NICODEMOS
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