Deveria as igrejas ensinarem a dar Dízimos e
Primícias? - Conclusões de um Teólogo sobre uma doutrina que é Tabu
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dízimo não é uma doutrina cristã
Introdução
Este ensaio é um
resumo do meu livro “Should the Church Teach Titing? - A Theologian’s
Conclusions About a Taboo Doctrine” (Deveria a Igreja Ensinar a Dizimar? -
Conclusões de um Teólogo Sobre Uma Doutrina Tabu). O próprio livro é uma versão
ampliada de minha tese de Ph.D. Desafio os mestres da Bíblia a ousarem abrir em
seus seminários uma pesquisa que promova estudos sobre este assunto, aos níveis
de Master, Doctorate e Ph.D. Realmente, esta doutrina é importante demais para
ser tão ignorada!
Em muitas igrejas, hoje em
dia, a doutrina de dizimar tem atingido o nível de escândalo moderno.
Conquanto, por outro lado, os livros textos, a nível de seminário sobre Hermenêutica,
e os teólogos omitam o dizimar, por outro lado a prática tem se tornado
rapidamente uma exigência aos membros da igreja, nas várias denominações que
insistem em dizer que estão embasadas nas sólidas doutrinas da Bíblia. Existe
ainda uma crescente evidência de que os leigos que questionam a legitimidade do
dizimar na Nova Aliança, são em geral criticados como criadores de casos ou
taxados de cristãos imaturos [Esta é comigo mesmo!].
O Dizimar moderno baseia-se em falsas premissas -
A declaração de uma denominação sobre mordomia é típica do que muitas outras
ensinam sobre o dízimo. Ela diz que “Dizimar é o modelo bíblico e o ponto
inicial que Deus tem estabelecido e que não deve ser substituído nem
comprometido por nenhum outro modelo”. Ela acrescenta que o dízimo deve ser
entregue a partir da renda bruta, o qual é devido à igreja, antes dos impostos.
Os seguintes
pontos deste ensaio vão contestar os ensinos usados para estruturar o dízimo
com o que realmente diz a Palavra de Deus.
Ponto #1 - Os princípios de dar no Novo Testamento,
na 2 Coríntios 8 e 9 são superiores ao dizimar.
O falso ensino é
que dizimar é uma exigência obrigatória, a qual sempre precede o dar
voluntariamente. O dar voluntariamente precedia o dizimar.
Os seguintes
princípios de dar voluntariamente na Nova Aliança estão fundamentados na 2
Coríntios 8 e 9(1). Dar é uma “graça”. A 2 Coríntios 8 usa oito vezes a palavra
“graça”, referindo-se à ajuda aos santos pobres (2).Dar primeiro a Deus (8:5).
(3). Dar-se a si mesmo para conhecer a vontade de Deus (8:5) (4). Dar em
resposta ao dom de Cristo (8:9 e 9:15). (5). Dar com desejo sincero (8:8, 10,
12 e 9:7) (6). Não dar por causa de mandamento algum (8:8,10; 9:7). (7). Dar
além de sua capacidade (8:3, 11, 12) (8). Dar para produzir igualdade. Isso que
dizer que os que têm mais devem dar mais, a fim de suprir a incapacidade dos
que não podem dar mais (8:12,14) (9).Dar com alegria (8:2). (10). Dar porque
está crescendo espiritualmente (8:3,4,7). (11). Dar porque deseja crescer espiritualmente
(9:8, 10, 11). (12). Dar porque está ouvindo o Evangelho ser pregado (9:13).
Ponto #2 - Na Palavra de Deus o dízimo é sempre
apenas em alimento.
O falso ensino é
que os dízimos bíblicos incluem todas as fontes de renda.
Não usem o
Dicionário de Webster. Usem a Palavra de Deus para definir a palavra “dízimo”.
Abram uma boa “Concordância Bíblica”. Vocês vão descobrir que a definição usada
pelos advogados do dízimo está errada. Na Palavra de Deus o vocábulo “dízimo”
não aparece sozinho. Embora já existisse dinheiro, a substância do dízimo
divino jamais foi dinheiro. Ele era o “dízimo do alimento”. Isso é muito
importante. ** Os verdadeiros dízimos bíblicos eram sempre somente o alimento
proveniente das fazendas e rebanhos, somente dos israelitas que vivessem
exclusivamente dentro da Terra Santa de Deus, as fronteiras nacionais de Israel
** A fartura provinha da mão de Deus e não da manufatura ou habilidade do
homem.
Existem 15 versos
de 11 capítulos e 8 livros, de Levítico 27 a Lucas 11, que descrevem o conteúdo
do dízimo. E o conteúdo jamais, repito, jamais incluía dinheiro, prata, ouro ou
qualquer outra coisa, além de alimento. Mesmo assim, a definição incorreta de
“dizimar” é a maior mentira que está sendo pregada sobre esse ato, hoje em dia.
(Vejam Levítico 27:30,32; Números 18:27,28; Deuteronômio 12:17; 14:22, 23, 26;
2 Crônicas 31:5; Neemias 10:37; 13:5; Malaquias 3:10; Mateus 23:23 e Lucas
11:42).
Ponto #3 - O dinheiro era um item essencial ...
A falsa premissa é
que troca de alimentos substituía o dinheiro.
Um argumento de
apoio para o dízimo não ser dado em alimentos é que o dinheiro não era
amplamente disponível e a troca de alimentos deve ter sido usada para a maioria
das transações. Este argumento não é bíblico. Somente o Livro de Gênesis contém
“dinheiro” em 32 textos e a palavra acontece 44 vezes, antes que o dízimo fosse
mencionado pela primeira vez, em Levítico 27. A palavra “dinheiro” também
aparece muitas vezes de Gênesis a Deuteronômio.
De fato, séculos
antes de Israel ter entrado em Canaã, e começado a dizimar os alimentos da
Terra Santa de Deus, o dinheiro já era um item essencial no dia a dia. Por
exemplo, o dinheiro em forma de moedas de prata pago pelos escravos (Gênesis
17:12 +), pela terra (Gênesis 23:9 +), pela liberdade (Êxodo 23:11); multas da
lei (Todo o Êxodo 21 e 22); dívidas do Santuário (Êxodo 30:12); votos (Levítico
27:3-7); taxas de pesquisa (Números 3:47+), bebidas alcoólicas (Deuteronômio
14:26) e dotes de casamento (Deuteronômio 22:29).
Conforme Gênesis
47:15-17, os alimentos eram usados para troca somente depois que o dinheiro
acabava. As leis bancárias e sobre a usura existem na Palavra de Deus em
Levíticos, antes do dízimo. Desse modo, é falso o argumento de que o dinheiro
não prevalecia sensivelmente no dia a dia. Mesmo assim, o conteúdo dos dízimos
jamais incluía dinheiro dos produtos não alimentícios nem dos negócios.
Ponto #4 - O dízimo de Abraão a Melquisedeque se
embasou numa tradição pagã.
O falso ensino é
que Abraão deu voluntariamente o dízimo porque foi essa a vontade de Deus.
Contudo, pelas
seguintes razões, Gênesis 14:20 não pode ser usado como exemplo para os
cristãos dizimarem:
1 - A Bíblia não
diz que Abraão deu “voluntariamente” esse dízimo.
2 - O dízimo de
Abraão não foi um dízimo santo, da Terra Santa de Deus, produzido pelo povo
santo de Deus.
3 - O dízimo de
Abraão foi do espólio de guerra, o que era comum a muitas nações.
4 - Em Números 31,
Deus exige apenas 1% dos espólios de guerra.
5 - O dízimo de
Abraão a Melquisedeque aconteceu apenas uma vez e Abraão mudava sempre de
lugar.
6 - O dízimo de
Abraão não proveio de sua riqueza pessoal.
7 - Abraão nada
conservou para si mesmo, tendo devolvido tudo.
8 - O dízimo de
Abraão não é mencionado em nenhuma parte da Bíblia, a fim de respaldar o ato de
dizimar.
9 - Gênesis 14:21
é o texto chave. Visto como muitos comentários explicam o verso 21 como exemplo
da tradição pagã árabe, é uma contradição explicar os 90% do verso 21 como
pagãos, ao mesmo tempo insistindo-se em que os 10% do verso 20 eram a vontade
de Deus.
10 - Se Abraão
serve de exemplo para o cristão dar 10% a Deus, então deveria também ser um
exemplo para ele dar os restantes 90% a Satanás, ou ao Rei de Sodoma!
11 - 0 Visto como
nem Abraão nem Jacó tinham um sacerdócio levítico para manter, eles não tinham
lugar algum onde entregar os dízimos, durante os seus muitos movimentos.
Ponto #5 - Dizimar não era o mínimo exigido de
todos os Israelitas da Antiga Aliança
O falso ensino é
que todos deveriam começar a dar no mínimo 10%.
Somente dos
israelitas que tiravam o seu sustento de suas fazendas e da pecuária dentro de
Israel era exigido que dizimassem segundo a Lei de Moisés. Sua prosperidade
provinha da mão de Deus. Daqueles cuja prosperidade provinha da própria mão de
obra e do seu artesanato o dízimo não era exigido em produto, nem em dinheiro.
Os pobres e necessitados que não dizimavam, mas recebiam dízimos, esses davam
ofertas voluntárias.
Ponto #6 - Os Primeiros Dízimos eram recebidos
pelos servos dos sacerdotes.
O falso ensino é
que os sacerdotes do Velho Testamento recebiam todo o primeiro dízimo.
A verdade é que o
dízimo “completo”, o primeiro dízimo, não ia para os sacerdotes, de modo algum.
Em vez disso, conforme Números 18:21-24 e Neemias 10:37, ele ia para os servos
dos sacerdotes, os levitas. Em seguida, conforme Números 18:25-28 e Neemias
10:38, os levitas davam o “melhor décimo” desses dízimos (1%) recebidos aos
sacerdotes que ministravam os sacrifícios pelos pecados e serviam dentro dos
locais sagrados. Os sacerdotes não dizimavam pessoalmente, de modo algum.
É também
importante saber que em troca de receber, esses dízimos, tanto os levitas como
os sacerdotes perdiam todo o direito à herança permanente da terra dentro de
Israel (Números 18:20-26; Deuteronômio 12: 12; 14:27, 29; 18:1-2; Josué 13:14,
33; 14:3; 18:7; Ezequiel 44:28). Os levitas que recebiam o primeiro dízimo eram
proibidos de ministrar os sacrifícios de sangue, sob pena de morte (Números
18:3). Não há continuação dessa ordenança na Nova Aliança.
Ponto #7 - A frase: “É santo ao Senhor” não torna o
dízimo um eterno princípio moral.
O falso ensino é
que Levítico 27:30-32 prova que o dízimo é um “eterno princípio moral” porque
“ele é santo do Senhor”.
Contudo, os
mestres do dízimo devem ignorar a frase mais forte “ele é santíssimo ao
Senhor”, nos imediatos versos precedentes: 28 e 29. Isso porque os versos 28 e
29 não são definitivamente “eternos princípios morais” na igreja. Em seu
contexto, as frases “É santo ao Senhor” e “é santíssimo ao Senhor” não podem
ser interpretadas como “eternos princípios morais”. Por que? Porque quase
qualquer outro uso desta frase em Levítico foi há muito descartado pelos
cristãos. Frases semelhantes são também usadas para descrever todos os
festivais, ofertas sacrificais, distinção entre alimentos puros e impuros, os
sacerdotes da Antiga Aliança e o santuário da antiga Aliança.
Ponto #8 - As primícias não são a mesma coisa que
os Dízimos
A falsa premissa é
que os dízimos são as primícias.
As primícias
equivaliam à pequena porção da primeira colheita realizada e dos primogênitos
dos animais. Elas eram tão pequenas que cabiam numa cesta manual (Deuteronômio
26:1-4, 10; Levítico 23:17; Números 18:1317; 2 Crônicas 31:5-a). As ofertas das
primícias e dos primogênitos iam diretamente para o Templo, com a exigência de
serem consumidas pelos sacerdotes ministradores, somente dentro do Templo
(Neemias 10:35-37-a; Êxodo 23:19; 34-26; Deuteronômio 18:4).
Todo o dízimo
levítico ia primeiro para as cidades levíticas e porções deste iam para o
Templo, a fim de alimentar os sacerdotes que estavam ministrando em rodízio.
(Neemias 10:37b-39; 12:27-29; 44-47; Números 18:21-28; 2 Crônicas 31:5-b)
Enquanto os levitas comiam o dízimo, os sacerdotes também podiam comer das
primícias, dos primogênitos e de outras ofertas.
Ponto #9 - Existem na Bíblia quatro tipos
diferentes de Dízimos.
O falso ensino
ignora todos os outros dízimos e focaliza somente a parte do primeiro dízimo
religioso.
Na realidade, o
primeiro dízimo religioso chamado o “Dízimo Levítico” tinha duas partes.
Novamente todo o primeiro dízimo era dado aos levitas, os quais eram apenas
servos dos sacerdotes (Números 18:21-24; Neemias 10:37). Por sua vez, os
levitas davam 1/10 de todos os dízimos aos sacerdotes (Números 18:25-28;
Neemias 10:38). Conforme Deuteronômio 12 e 14, o segundo dízimo religioso,
chamado o “Dízimo de Festa”, era comido pelos adoradores, nas ruas de
Jerusalém, durante os três festivais anuais (Deuteronômio 12:1-19; 14:22-26). E
conforme Deuteronômio 14 e 26, o terceiro dízimo, chamado o “dízimo dos pobres”
guardado nas casas, a cada três anos, era usado para alimentar os pobres
(Deuteronômio 14:28-29; 26:12-13).
Ainda conforme o 1 Samuel 8:14-17, o Rei coletava o
primeiro e o melhor 10% para uso político. Durante o tempo de Jesus, Roma
coletava os primeiros 10% da maior parte dos alimentos e 20% da colheita de
frutas como espólio de guerra.
É de admirar que as igrejas estejam tentando omitir
isso, quando falam somente de um dízimo religioso, simplesmente porque este se
encaixa melhor em seus propósitos, ignorando os outros dois importantes dízimos
religiosos.
Outro erro comum é
equacionar o dízimo com “as primícias”, ou até mesmo com “o melhor”. Enquanto o
dízimo do dízimo (1%) que era dado aos sacerdotes, era “o melhor” do que os
levitas recebiam, o dízimo que os levitas recebiam era 1/10, mas não
necessariamente o “o melhor”. (Levítico 27:32,33). Também, enquanto as
primícias e o primogênito de cada animal puro eram levados diretamente ao
Templo, o dízimo era entregue diretamente nas cidades levíticas (Neemias
10:35-38).
Segundo alguns
historiadores, “as primícias” eram ofertas extremamente pequenas. Em geral “as
primícias” de uma vila inteira podiam ser carregadas em um único animal.
Ponto #10 - Jesus, Pedro, Paulo e os pobres não
dizimavam.
O falso ensino é
que de todo mundo no Velho Testamento era exigido que trouxesse sua oferta a
Deus a nível de 10%.
Na realidade nenhum dízimo era exigido dos pobres.
Nem também provinha o mesmo das mãos do artesão ou do seu ofício. Somente os
fazendeiros e pecuaristas possuíam o que era definido como ganho ao dízimo.
Jesus era carpinteiro; Paulo era artesão de tendas e Pedro era pescador.
Nenhuma dessas ocupações os qualificava como pagadores do dízimo, visto como
não cultivavam a terra nem possuíam rebanhos para o seu sustento. Desse modo, é
incorreto ensinar que todo mundo pagava a exigência mínima de um dízimo e,
então, que dos cristãos da Nova Aliança deveria ser exigido, apenas para
início, esse mesmo mínimo da Velha Aliança dos israelitas. Esta afirmação é
comumente repetida nas igrejas, ignorando completamente a exata definição do
dízimo como alimento obtido nas fazendas e no aumento dos rebanhos.
Também é errado ensinar que era exigido dos pobres
de Israel que estes pagassem o dízimo. Na verdade, eles até recebiam dízimos.
Boa parte do dízimo dos festivais era entregue aos pobres. De fato, muitas leis
protegiam os pobres do abuso dos sacrifícios dispendiosos, para os quais eles
não podiam ofertar. (Vamos ler Levítico 14:21; 25:6,25-28,35,36; 27:8;
Deuteronômio 12:1-19; 14:23,28-29; 15:7,8,11; 24:12,14,15,19,20; 26:11-13;
Malaquias 3:5; Mateus 12:1,2; Marcos 2:23-24; Lucas 2:22-24; 6:1-2; 2 Coríntios
8:12-14; 1 Timóteo 5:8; Tiago 1:27).
Ponto #11 - Os dízimos eram muitas vezes usados
como impostos políticos.
O falso ensino é
que os dízimos nunca são comparados aos impostos ou taxas.
Contudo, na
economia hebraica, o dízimo era usado de maneira totalmente diferente da que
hoje é pregada. Mais uma vez, os levitas que recebiam o dízimo inteiro nem
sequer eram ministros ou sacerdotes - eles eram apenas servos dos sacerdotes.
Números 3 descreve os levitas como sendo carpinteiros, fundidores de metal,
artesãos de couro e artistas, que mantinham o pequeno santuário. E segundo
Crônicas 23-27, durante o tempo dos reis Davi e Salomão, os levitas também
foram peritos artesãos, os quais inspecionavam as obras do Templo. Vinte e quatro
mil deles trabalhavam no Templo como construtores e supervisores; seis mil eram
oficiais e juízes; quatro mil eram guardas e quatro mil eram músicos.
Como
representantes políticos do rei, os levitas usavam o seu dízimo para servir aos
oficiais, juízes, coletores de impostos, tesoureiros, guardas do Templo,
músicos, padeiros, cantores e soldados profissionais (1 Crônicas 12:23,26;
27:5). É obvio que esses exemplos do uso bíblico da entrada do dízimo nunca se
tornam exemplos para a igreja de hoje.
É importante saber
que na Antiga Aliança os dízimos nunca eram usados para evangelizar os não
israelitas. Neste ponto o dízimo falhou. Vejam Hebreus 7:12-19. Os dízimos
jamais estimularam os levitas e sacerdotes da Antiga Aliança a estabelecer uma
única missão fora do país, para encorajar um só gentio a se tornar israelita
(Êxodo 23:32; 34:12,15; Deuteronômio 7:2).
O dízimo da Antiga
Aliança era motivado e exigido por lei, não pelo amor. De fato, durante a maior
parte da história de Israel, os profetas foram os principais portadores da
Palavra de Deus e não os levitas e os sacerdotes que recebiam o dízimo.
Ponto #12 - Os dízimos levíticos eram normalmente
levados às cidades levíticas.
Os falsos mestres
querem que pensemos que todos os dízimos eram levados ao Templo e que agora
devem ser levados ao armazém do edifício eclesiástico.
O dízimo inteiro
jamais foi para o Templo. Na realidade, a extraordinária maioria dos dízimos
levíticos jamais foi para o Templo. Os que ensinam o contrário ignoram as
cidades levíticas e as 24 localidades dos levitas e sacerdotes. Conforme
Números 35, Josué, 20, 21 e 1 Crônicas 6, os levitas e os sacerdotes residiam
nas cidades levíticas, em terras emprestadas, onde cultivavam o solo e criavam
os animais dizimáveis. Está claro em Números 18:20-24; 2 Crônicas 31:15-19 e
Neemias 10:37, que do povo comum esperava-se que trouxesse dízimos às cidades
levíticas. Por que? Porque lá vivia a grande maioria dos levitas e sacerdotes
com suas famílias, a maior parte do tempo. Vejam também Neemias 13:9.
Ponto #13 - Malaquias 3 é o texto do qual mais se
tem abusado na Bíblia sobre o dízimo.
O falso ensino
sobre os dízimos em Malaquias ignora cinco fatos importantes da Bíblia.
1. - Malaquias é
contexto da Antiga Aliança e nunca é citado na Nova Aliança para a Igreja
(Levítico 27:34; Neemias 10:28-29; Malaquias 3:7; 4:4).
2. - Malaquias 1:6; 2:1 e 3:1-5 são muito
claramente endereçados aos sacerdotes desonestos, os quais são amaldiçoados
porque haviam roubado as melhores ofertas de Deus.
3. - As cidades
levíticas devem ser consideradas, enquanto Jerusalém nunca foi uma cidade
levítica (Josué 20, 21). Não faz sentido algum ensinar que 100% dos dízimos
eram levados ao Templo, quando a maioria dos levitas e sacerdotes não morava em
Jerusalém.
4. - Em Malaquias
3:10-11, os dízimos ainda são apenas alimentos (Levítico 27:30-33).
5. - As 24
localidades residenciais dos levitas e sacerdotes também devem ser levados em
conta.
Começando com os
Reis Davi e Salomão, eles foram divididos em 24 famílias. Essas divisões também
continuavam a vigorar no tempo de Malaquias, com Esdras e Neemias. Visto como
normalmente apenas uma família servia ao Templo e por uma semana da cada vez,
não havia, absolutamente, qualquer razão para que todos os dízimos fossem
enviados ao Templo, quando 98% daqueles a quem se destinavam como alimento
ainda se encontravam nas cidades levíticas (1 Crônicas 24:26; 28:13,21; 2
Crônicas 8:14; 23:8; 31:2, 15-19; 35:4-5,10; Esdras 6:18; Neemias 11:19,30;
12:24; 13:9-10; Lucas 1:5).
Desse modo, quando
o contexto das cidades levíticas, as 24 famílias dos sacerdotes, os filhos
menores, as viúvas, Números 18:20-28, 2 Crônicas 31:15-19, Neemias 10-13 e todo
o livro de Malaquias são avaliados, vemos que apenas 2% do total do primeiro
dízimo eram normalmente exigidos no Templo de Jerusalém.
Tanto a bênção
como a maldição de Malaquias 3:9-11, perduraram somente até o término da Antiga
Aliança, ou seja, até o Calvário. A audiência de Malaquias havia
voluntariamente reafirmado a Antiga Aliança (Neemias 10:28-29. “Maldito aquele
que não confirmar as palavras desta lei, não as cumprindo. E todo o povo dirá:
Amém”(Deuteronômio 27:26, citado em Gálatas 3:10). E Jesus Cristo deu um fim a
essa maldição, conforme Gálatas 3:13: “Cristo nos resgatou da maldição da lei,
fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for
pendurado no madeiro”.
Hoje em dia, a
classe mais pobre é a que mais contribui para beneficência. E, mesmo assim, ela
permanece na pobreza. A loteria e os dízimos não são uma garantia para alguém
enriquecer depressa, em vez da educação, da determinação e do árduo trabalho.
Se Malaquias 3:10 funcionasse realmente com os cristãos da Nova Aliança, nesse
caso milhões de cristãos dizimistas já teriam escapado da pobreza e se tornado
o grupo mais rico do mundo, em vez de continuar sendo pobre. Portanto, não
existe evidência alguma de que a vasta maioria dos pobres “pagadores do dízimo”
tenha sido abençoada pelo mero fato de o entregar. As bênçãos da Antiga Aliança
já não estão em efeito (Hebreus 7:18-19; 8:6-8, 13).
Ponto #14 - O dízimo não é ensinado no Novo
Testamento.
O falso ensino é
que Jesus ensinou a dizimar, em Mateus 23:23, dizendo que isso está claro no
Novo Testamento.
A Nova Aliança não teve princípio no nascimento de
Jesus, mas na Sua morte (Gálatas 3:19, 24, 25; 4:4). O dízimo não é ensinado na
igreja, depois do Calvário. Quando Jesus falou sobre o assunto em Mateus 23:23,
Ele estava simplesmente ordenando a obediência às leis da Antiga Aliança, a
qual ele endossou e obedeceu até chegar ao Calvário. Em Mateus 23:23, Ele
mandou que os judeus obedecessem aos escribas e fariseus, porque estes se
assentavam na cadeira de Moisés. Por acaso Ele ordenou que os gentios por Ele
curados comparecessem diante dos sacerdotes judeus?
Não existe um
único texto do Novo Testamento que ensine a dizimar, após o período do
Calvário. Atos 2:42-47 e 4:32-35 não são exemplos para se dizimar, a fim de
sustentar os líderes da igreja. Conforme Atos 2:46, os cristãos judeus
continuavam a adorar no Templo. E conforme Atos 2:44 e 4:33,34, os líderes da
igreja compartilhavam igualmente o que recebiam com todos os membros da igreja
(o que hoje não se faz). Finalmente, Atos 21:20-25, prova que os cristãos
judeus ainda observavam fielmente toda a Lei de Moisés - até 30 anos depois -
devendo aí ser incluído o dizimar, pois se não o fizessem, não poderiam ter
permissão de entrar no Templo para adorar. Desse modo, todos os dízimos
coletados pelos primeiros cristãos judeus eram para o sustento do Templo e não
para sustentar a igreja.
Ponto #15 - Os limitados sacerdotes da Antiga
Aliança foram substituídos por todos os crentes-sacerdotes [1 Pedro 2:5].
O falso ensino é
que os anciãos e pastores da Nova Aliança estão simplesmente continuando de
onde os sacerdotes da Antiga Aliança deixaram e por isso devem receber o
dízimo.
Comparem Êxodo
19:5, 6 com a 1 Pedro 2:9-10. Antes do incidente do bezerro de ouro, Deus havia
pretendido que todo israelita se tornasse um sacerdote e o dízimo jamais foi
mencionado. Os sacerdotes não dizimavam, mas recebiam 1/10 do primeiro dízimo
(Números 18:26-28 e Neemias 10:37-38).
A função e o
propósito dos sacerdotes da Antiga Aliança foram substituídos, não pelos
anciãos e pastores, mas pelo sacerdócio de todos os crentes. Como outras
ordenanças da Lei, o dízimo foi apenas uma sombra temporária, até a vinda de
Cristo (Efésios 2:14-16; Colossenses 2:13-17; Hebreus 10:1). Na Nova Aliança
cada crente é um sacerdote de Deus (1 Pedro 2:9-10; Apocalipse 1:6; 5:10). E
como sacerdote cada crente oferece sacrifícios a Deus (Hebreus 4:16; 10:19-22;
13:15-16). Então, cada ordenança que havia sido previamente aplicada ao antigo
sacerdócio foi anulada no Calvário. Visto não pertencer à Tribo de Levi, até
mesmo Jesus Cristo foi desqualificado. Desse modo, o propósito original de
dizimar já não existe (Hebreus 7:12-19; Gálatas 3:19, 24, 25; 2 Coríntios
3:10).
Ponto #16 - A Igreja da Nova Aliança não é um
edifício nem um armazém.
O falso ensino é
que os edifícios cristãos chamados “igrejas”, “tabernáculos” ou “templos”,
substituíram o Templo do Velho Testamento como locais de habitação divina.
A Palavra de Deus
jamais descreve os grupos da Nova Aliança como ”tabernáculos”, “templos” ou
“edifícios”. Os cristãos não “vão à igreja”. Eles se “reúnem para adorar”.
Também, visto que os sacerdotes do Velho Testamento pagavam o dízimo, então,
logicamente, o dízimo não pode continuar. Nesse caso, é errado chamar um
edifício de “armazém do Senhor” para receber os dízimos (1 Coríntios 3:16-17;
6:19-20; Efésios 1:22-23; 2:21; 4:12-16; Apocalipse 3:12). Com respeito à
palavra “armazém” comparem a 1 Coríntios 16:2 com a 2 Coríntios 12:14 e Atos
20:17, 32-35. Durante vários séculos após o Calvário, os cristãos nem mesmo
possuíam um edifício próprio (que chamassem de armazém), visto como o
Cristianismo era uma religião ilegal.
Ponto #17 - A Igreja cresce quando usa os melhores
princípios da Nova Aliança.
O falso ensino é
que os princípios de dar graças não são tão bons como os princípios do dizimar
na Antiga Aliança.
Sob a Nova
Aliança:
1 - Conforme
Gálatas 5:16-23, não existe lei física que possa controlar o fruto do Espírito
Santo [Infelizmente o Espírito Santo é Quem mais tem sofrido nas igrejas
neopentecostais, que o transformaram num office-boy, o qual tem “obrigação” de
descer quando invocado e de fazer tudo que os pastores semi-bíblicos e os
crentes imaturos dessas igrejas acham por bem exigir dEle. Essas pessoas mal
conhecedoras da Bíblia se comportam com o Espírito Santo exatamente como os
feiticeiros se comportam com os maus espíritos].
2 - A 2 Coríntios
3:9-10 ensina: “Se o ministério da condenação [Antiga Aliança] foi glorioso,
muito mais excederá em glória o ministério da justiça [Nova Aliança]. Porque
também o que foi glorificado nesta parte não foi glorificado, por causa desta
excelente glória”.
3 - Hebreus 7
apenas faz a menção pós-Calvário de dizimar, numa explanação de porque o
sacerdócio levítico deve ser substituído pelo sacerdócio de Cristo, porque
aquele era fraco e ineficiente. Estudem Hebreus 7 e sigam a progressão do verso
5 ao verso 12 e ao verso 19.
4 - A maneira pela
qual o dízimo é hoje ensinado reflete o fracasso da igreja em crer e agir
segundo os muito melhores princípios do amor, da graça e da fé. O princípio do
dízimo obrigatório não pode nem poderia ter sido mais próspero à igreja do que
os princípios guiados pelo verdadeiro amor a Cristo e às almas perdidas (2
Coríntios 8:7-8). [Se o dízimo fosse usado para sustentar os missionários, as
viúvas pobres e os órfãos, ele seria um princípio de amor e graça, mas,
infelizmente, ele é usado hoje em dia para comprar aparelhos de som e para
outros fins nada cristãos...]
Ponto #18 - O Apóstolo Paulo preferia que os
líderes da igreja se auto-sustentassem.
O falso ensino é
que Paulo ensinou e praticou o dízimo.
Nada poderia estar
mais longe da verdade. Como um rabino judeu, Paulo estava entre os que
insistiam em trabalhar com as próprias mãos pelo seu sustento (Atos 18:3; 1
Tessalonicenses 2:9-10; 2 Tessalonicenses 3:8-14). Embora ele não tenha
condenado os que recebiam sustento pela obra em tempo integral, também não
ensinou que tal sustento fosse ordenado por Deus, para difusão do Evangelho. (1
Coríntios 9:12). De fato, duas vezes em Atos 20:29, 35 e também na 2 Coríntios
12:14, ele até mesmo encoraja os anciãos da igreja a trabalharem para manter os
necessitados da igreja [Eu só queria ver um dos pastores atuais trabalhando para
ajudar os pobres da igreja!].
Para Paulo, a
expressão “viver do evangelho” significava “viver segundo os princípios da fé,
do amor e da graça” (1 Coríntios 9:14). Conquanto verificasse ter “direito” a
alguma ajuda, ele concluía que a “liberdade” de pregar o seu evangelho era mais
importante, a fim de cumprir a sua vocação de Deus (1 Coríntios 9:15; 11:7-13;
12:13,14; 1 Tessalonicenses 2:5-6). Enquanto trabalhava como artesão de tendas,
Paulo aceitou uma certa ajuda, porém se gloriava de que o seu pagamento ou
salário era o fato de poder pregar livremente, sem se tornar um fardo para os
outros (1 Coríntios 9:16-19).
Ponto #19 - O dízimo não se tornou uma leia na
igreja, até o Ano 777 d.C.
O falso ensino é
que a igreja histórica sempre ensinou o dízimo.
Até mesmo em Atos
21:20-26, algumas décadas após o Calvário, os primeiros cristãos judeus em
Jerusalém continuavam seguindo fielmente a lei da Antiga Aliança e ainda
adoravam e ajudavam a manter o templo judaico. Como eles eram judeus
obedientes, a lógica nos força a concluir que eles continuavam a entregar os
dízimos dos alimentos colhidos ao sistema do Templo.
Conquanto
discordando dos seus próprios teólogos, muitos historiadores da igreja escrevem
que o dízimo não se tornou uma doutrina aceita na igreja, durante mais de 700
anos após o Calvário. Os antigos pais da igreja, antes de 321 d.C. (quando
Constantino tornou o Cristianismo uma religião legal) se opunham ao dízimo,
considerando-o uma doutrina puramente judaica. Clemente de Roma (Ano 95),
Justino Mártir (150), o Didaquê (150-200) e Tertuliano (150-220) se opunham ao
dízimo. Até mesmo Cipriano (200-258) rejeitou a introdução do dízimo incluído
na distribuição aos pobres.
De fato, os
antigos líderes da igreja praticavam o ascetismo. Isso quer dizer que ser pobre
era a melhor maneira de servir a Deus. Eles copiavam sua adoração conforme as
sinagogas judaicas, as quais tinham rabinos que se auto-sustentavam,
recusando-se a receber dinheiro para ensinar a Palavra de Deus (Ver Schaff -
“History of Christian Church”, vol. 2, 63, 128, a98-200, 428-434).
Segundo os
melhores historiadores e enciclopédias, 500 anos se passaram até que a igreja,
no Concílio de 585, tentasse, sem sucesso algum, forçar os seus membros a
dizimar. Mas não foi antes de 777 d.C. que o Imperador Carlos Magno permitiu
legalmente que a igreja coletasse dízimos [É claro que a Igreja de Roma, a qual
coroou Carlos Magno, foi quem ressuscitou o dízimo, por causa da sua desmedida
ganância por riqueza material].
Conclusão
Na Palavra de Deus
o vocábulo ”dízimo” não aparece sozinho. Ele é sempre “o dízimo do alimento”. O
dízimo bíblico era muito estritamente definido e limitado pelo próprio Deus.
Os verdadeiros dízimos bíblicos sempre eram:
- Apenas em
alimentos.
- Somente de
fazendeiros e pecuaristas.
- Somente dos
israelitas.
- Somente de quem
vivia dentro da Terra Santa de Deus, das fronteiras nacionais de Israel.
- Somente sob os
termos da Antiga Aliança.
- A fartura só
poderia provir da mão de Deus.
Por conseguinte:
- Itens não alimentícios não
podiam ser dizimados.
- Animais limpos caçados e
peixes não podiam ser dizimados.
- Os não israelitas não podiam
dizimar.
- Alimentos que viessem de
fora da Terra Santa de Deus não podiam penetrar no Templo.
- O dízimo legítimo não
acontecia quando não houvesse o sacerdócio levítico.
- O dízimo não podia provir do
que fosse fabricado pelas mãos do homem, produzido ou apanhado na pesca.
Convido os líderes
de igrejas para uma discussão aberta sobre este assunto. O estudo cuidadoso em
oração da Palavra de Deus é essencial ao crescimento da igreja. Que Deus os
abençoe neste estudo. (Eu os encorajo a copiar e distribuir este artigo)
Should the Church Teach Tithing?
A Theologian's Conclusions about a Taboo Doctrine
Russell Earl Kelly, PHD
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