Afinal, existem evidências para a existência de Deus? [Parte 1]
Olá, leitores.
A motivação para esta postagem partiu de uma conversa ocasional na nossa página do Facebook:
Liliana Silva
Oi. Tenho uma pergunta: quem criou deus?
Em tua opinião, se nunca tivesses ouvido falar em deus, se ele nunca
tivesse passado na TV, e os teus familiares e conhecidos nunca tivessem
ouvido falar disso, como é que ele iria parar ao teu cérebro?
Respostas ao Ateísmo
A pergunta "quem criou deus" é por si só uma falácia. Pois Deus por
definição é um ser necessário ou não-contingente. Os argumentos
cosmológico e ontológico para a existência de Deus, por exemplo, exigem
que Deus seja um ser atemporal, imaterial, necessário e muito poderoso.
Em relação à segunda pergunta, seria possível sim que eu nunca tivesse
ouvido falar nele, assim como há de fato muitas pessoas no mundo que não
o conhecem. Mas Ele se revelou historicamente ao mundo e sua mensagem
tem sido espalhada desde os tempos de Cristo.
E mesmo que nunca tivesse ouvido falar dEle, ainda há todas as
maravilhas da natureza, a ordem intrínseca do Universo e nosso senso
moral, coisas não-teológicas que de certa forma apontam para um Criador.
Liliana Silva
Obg. Qual é a evidência concreta mais forte que comprove a existência de um deus (ou deuses)?
Respostas ao Ateísmo
Sobre "evidência", cara Liliana, sua pergunta é um tema para uma
postagem inteira no meu blog. Vou trabalhar nisso e quando estiver
pronto publico e te mando o link (já aviso que pode demorar meses, há
uma lista de espera grande dos textos). Mas, se estamos falando de
argumentos e não de evidências, eu já escrevi alguns.
Liliana Silva
Não reconheço qualquer evidência apresentada que comprove a existência de um deus ou deuses.
Antes de responder se há ou não evidências, é preciso definir alguns pontos fundamentais:
1. De que tipo de evidências estamos falando?
2. Existe algum tipo de evidência que deveríamos esperar, caso Deus existisse?
3. A existência de Deus pode ser provada cientificamente?
Uma objeção frequente de ateus (e até de agnósticos) em relação à existência de Deus é que, segundo eles, não há evidências suficientes para que se acredite. Mas afinal, de que tipo de evidências eles estariam falando? Se você falar com um deles (e eu já perdi a conta de quantas vezes ouvi isso), eles dirão "Se todos os casos de câncer do mundo forem curados instantaneamente, acreditarei em Deus", ou "se todos os porquinhos-da-índia voarem, eu acredito", ou "se esta cadeira começar a levitar na minha frente, então Deus existe."
É evidente que estas pessoas não pararam pra pensar nas duas primeiras
perguntas que eu propus acima. Então, vamos refletir um pouco sobre
isso:
Existe uma disciplina chamada metodologia da pesquisa, e ela possui alguns princípios básicos:
(1) a definição do escopo de busca;
(2) a definição do plano de discussão;
(3) a definição do tipo de evidência esperada que irá reforçar ou negar a tese.
Se você falhar na definição de algum destes itens, consequentemente
falhará na validade de suas conclusões. Por exemplo, mesmo que o ateu
diga "Aceito qualquer evidência empírica, comprovável", ele está
falhando em relação ao princípio (3) por ser vago demais. Vejam por
exemplo o exemplo abaixo (créditos: Quebrando o Encanto do Neo-ateísmo):
Uma garota, encontrada ferida na beira da estrada, foi encaminhada para o
hospital e o delegado pediu para verificar se houve um atropelamento. O
chefe da equipe médica diz “Galera, vão lá e descubram se ela foi
atropelada”. Você (mais inexperiente) retruca: “Que tipo de evidência
devemos encontrar para confirmar a hipótese?”.
(Opção 1)
LÍDER: Qualquer evidência, se vocês acharem que não temos o suficiente, me avisem que dou a pesquisa por encerrada.
Ou:
(Opção 2)
LÍDER: Bem, se ela foi atropelada, o esperado é que se encontrem
hematomas ou fraturas na região do quadril ou das costelas, causadas
pelo impacto do carro no seu corpo. Também devemos procurar escoriações
nos braços, nas costas e nas àreas laterais do tronco, que seriam os
resultados do atrito com o chão, no caso de ela ter sido arrastada ou
arremessada para longe quando do encontro com o automóvel. Se essas
evidências forem encontradas, aliado ao fato de ela estar desacordada
perto de uma rodovia, então temos um bom caso para definir que ela
realmente foi atropelada.
Segundo os princípios que eu citei, torna-se óbvio que a segunda opção é
a mais adequada. Agora, em relação a prova ser "concreta" ou
"empírica", comete-se a falácia da inversão de planos, o que quebra os princípios (1) e (2). A discussão sobre a existência de Deus é feita no plano metafísico,
afinal Deus por definição é metafísico. Deve-se ter em mente aqui que,
em discussões metafísicas, não existem "provas" no sentido matemático ou
científico, mas sim adotam-se as posições mais coerentes. Exemplos
de outras discussões metafísicas são: a universalidade das leis físicas
no Universo, a impossibilidade de um infinito real, a existência de um
mundo exterior a nossas mentes, etc.
Uma objeção frequente a este ponto é que se Deus, mesmo sendo metafísico, interage com o mundo físico, esta interação pode (e deve,
segundo eles) ser verificada. O problema com este raciocínio é que Deus
interage com o mundo físico de forma pontual e extraordinária (com
milagres, por exemplo). Milagres, por definição, não são eventos
reprodutíveis, portanto nunca podem ser testados pelo método científico.
(Note que isto não quer dizer que não existem, assim como você
não pode dizer que não existe luz infravermelha só porque você não pode
vê-la. Ela apenas está "fora do escopo" da sua visão). Isto, portanto,
esclarece também a terceira questão.
Continuando nossa linha de raciocínio, agora que já estabelecemos as
bases filosóficas do assunto, chegamos à conclusão de que não se pode
esperar qualquer evidência que se queira para a existência de Deus, nem
uma prova científica, nem uma prova matemática. Mas então, como saber
que Deus existe, afinal?
Existem argumentos filosóficos lógicos para a existência de Deus. Estes
argumentos geralmente são um conjunto de premissas em que se segue a
conclusão lógica de que Deus existe. Eles não 'provam' que Deus
existe, dada a impossibilidade de provar uma afirmação metafísica, como
já comentei. Entretanto, eles oferecem boas razões para que acreditemos
nisso (assim como temos boas razões para acreditar que as leis físicas
são universais, que não existe um infinito real e que existe um mundo
exterior à nossa mente).
O fato de existirem argumentos que são boas razões para acreditarmos não
quer dizer que estes argumentos são capazes de convencer todos os sers
pensantes. E isto também é uma objeção frequente aos argumentos a favor
da existência de Deus. O ateu alega que, se tal argumento não o
convence, então o argumento não prova a existência de Deus ou então é
inútil. Mas, provavelmente, o ateu nunca parou pra pensar que isto é uma
consequência de qualquer afirmação metafísica. É impossível construir
um argumento sobre uma afirmação filosófica qualquer que seja
convincente a todos os seres racionais.
Para quem está acostumado com uma visão objetiva de mundo, com o método
científico, mas ignora estes princípios básicos de filosofia, será
natural procurar provas para a existência de Deus que estejam acima da
possibilidade de dúvida. E pensam que o fato de os argumentos para a
existência de Deus não produzirem uma certeza matemática enfraquece, por
si só, a possibilidade da existência de Deus. Mas já vimso que não é
assim. Isto só significa que a questão sobre a existência de Deus está
no mesmo nível das outras questões metafísicas. Você não pode provar que
Deus existe assim como você não pode provar que o computador que está
na sua frente, neste momento, é real. Seus sentidos poderiam
estar te enganando o tempo todo. E não adianta nem pedir ao seu irmão ou
namorada para sentir o computador também, afinal você também não tem
como provar que eles próprios são reais, em vez de um produto da sua
mente.
Bem, acho que já escrevi demais, portanto na próxima parte do texto listarei os argumentos de que venho falando.
Abraços, Paz de Cristo.
Olá, leitores.
A motivação para esta postagem partiu de uma conversa ocasional na nossa página do Facebook:
Liliana Silva
Oi. Tenho uma pergunta: quem criou deus?
Em tua opinião, se nunca tivesses ouvido falar em deus, se ele nunca tivesse passado na TV, e os teus familiares e conhecidos nunca tivessem ouvido falar disso, como é que ele iria parar ao teu cérebro?
Respostas ao Ateísmo
A pergunta "quem criou deus" é por si só uma falácia. Pois Deus por definição é um ser necessário ou não-contingente. Os argumentos cosmológico e ontológico para a existência de Deus, por exemplo, exigem que Deus seja um ser atemporal, imaterial, necessário e muito poderoso.
Em relação à segunda pergunta, seria possível sim que eu nunca tivesse ouvido falar nele, assim como há de fato muitas pessoas no mundo que não o conhecem. Mas Ele se revelou historicamente ao mundo e sua mensagem tem sido espalhada desde os tempos de Cristo.
E mesmo que nunca tivesse ouvido falar dEle, ainda há todas as maravilhas da natureza, a ordem intrínseca do Universo e nosso senso moral, coisas não-teológicas que de certa forma apontam para um Criador.
Liliana Silva
Obg. Qual é a evidência concreta mais forte que comprove a existência de um deus (ou deuses)?
Respostas ao Ateísmo
Sobre "evidência", cara Liliana, sua pergunta é um tema para uma postagem inteira no meu blog. Vou trabalhar nisso e quando estiver pronto publico e te mando o link (já aviso que pode demorar meses, há uma lista de espera grande dos textos). Mas, se estamos falando de argumentos e não de evidências, eu já escrevi alguns.
Liliana Silva
Não reconheço qualquer evidência apresentada que comprove a existência de um deus ou deuses.
Antes de responder se há ou não evidências, é preciso definir alguns pontos fundamentais:
1. De que tipo de evidências estamos falando?
2. Existe algum tipo de evidência que deveríamos esperar, caso Deus existisse?
3. A existência de Deus pode ser provada cientificamente?
Uma objeção frequente de ateus (e até de agnósticos) em relação à existência de Deus é que, segundo eles, não há evidências suficientes para que se acredite. Mas afinal, de que tipo de evidências eles estariam falando? Se você falar com um deles (e eu já perdi a conta de quantas vezes ouvi isso), eles dirão "Se todos os casos de câncer do mundo forem curados instantaneamente, acreditarei em Deus", ou "se todos os porquinhos-da-índia voarem, eu acredito", ou "se esta cadeira começar a levitar na minha frente, então Deus existe."
É evidente que estas pessoas não pararam pra pensar nas duas primeiras
perguntas que eu propus acima. Então, vamos refletir um pouco sobre
isso:
Existe uma disciplina chamada metodologia da pesquisa, e ela possui alguns princípios básicos:
(1) a definição do escopo de busca;
(2) a definição do plano de discussão;
(3) a definição do tipo de evidência esperada que irá reforçar ou negar a tese.
Se você falhar na definição de algum destes itens, consequentemente
falhará na validade de suas conclusões. Por exemplo, mesmo que o ateu
diga "Aceito qualquer evidência empírica, comprovável", ele está
falhando em relação ao princípio (3) por ser vago demais. Vejam por
exemplo o exemplo abaixo (créditos: Quebrando o Encanto do Neo-ateísmo):
Uma garota, encontrada ferida na beira da estrada, foi encaminhada para o hospital e o delegado pediu para verificar se houve um atropelamento. O chefe da equipe médica diz “Galera, vão lá e descubram se ela foi atropelada”. Você (mais inexperiente) retruca: “Que tipo de evidência devemos encontrar para confirmar a hipótese?”.
(Opção 1)
LÍDER: Qualquer evidência, se vocês acharem que não temos o suficiente, me avisem que dou a pesquisa por encerrada.
Ou:
(Opção 2)
LÍDER: Bem, se ela foi atropelada, o esperado é que se encontrem hematomas ou fraturas na região do quadril ou das costelas, causadas pelo impacto do carro no seu corpo. Também devemos procurar escoriações nos braços, nas costas e nas àreas laterais do tronco, que seriam os resultados do atrito com o chão, no caso de ela ter sido arrastada ou arremessada para longe quando do encontro com o automóvel. Se essas evidências forem encontradas, aliado ao fato de ela estar desacordada perto de uma rodovia, então temos um bom caso para definir que ela realmente foi atropelada.
Segundo os princípios que eu citei, torna-se óbvio que a segunda opção é
a mais adequada. Agora, em relação a prova ser "concreta" ou
"empírica", comete-se a falácia da inversão de planos, o que quebra os princípios (1) e (2). A discussão sobre a existência de Deus é feita no plano metafísico,
afinal Deus por definição é metafísico. Deve-se ter em mente aqui que,
em discussões metafísicas, não existem "provas" no sentido matemático ou
científico, mas sim adotam-se as posições mais coerentes. Exemplos
de outras discussões metafísicas são: a universalidade das leis físicas
no Universo, a impossibilidade de um infinito real, a existência de um
mundo exterior a nossas mentes, etc.
Uma objeção frequente a este ponto é que se Deus, mesmo sendo metafísico, interage com o mundo físico, esta interação pode (e deve,
segundo eles) ser verificada. O problema com este raciocínio é que Deus
interage com o mundo físico de forma pontual e extraordinária (com
milagres, por exemplo). Milagres, por definição, não são eventos
reprodutíveis, portanto nunca podem ser testados pelo método científico.
(Note que isto não quer dizer que não existem, assim como você
não pode dizer que não existe luz infravermelha só porque você não pode
vê-la. Ela apenas está "fora do escopo" da sua visão). Isto, portanto,
esclarece também a terceira questão.
Continuando nossa linha de raciocínio, agora que já estabelecemos as
bases filosóficas do assunto, chegamos à conclusão de que não se pode
esperar qualquer evidência que se queira para a existência de Deus, nem
uma prova científica, nem uma prova matemática. Mas então, como saber
que Deus existe, afinal?
Existem argumentos filosóficos lógicos para a existência de Deus. Estes
argumentos geralmente são um conjunto de premissas em que se segue a
conclusão lógica de que Deus existe. Eles não 'provam' que Deus
existe, dada a impossibilidade de provar uma afirmação metafísica, como
já comentei. Entretanto, eles oferecem boas razões para que acreditemos
nisso (assim como temos boas razões para acreditar que as leis físicas
são universais, que não existe um infinito real e que existe um mundo
exterior à nossa mente).
O fato de existirem argumentos que são boas razões para acreditarmos não
quer dizer que estes argumentos são capazes de convencer todos os sers
pensantes. E isto também é uma objeção frequente aos argumentos a favor
da existência de Deus. O ateu alega que, se tal argumento não o
convence, então o argumento não prova a existência de Deus ou então é
inútil. Mas, provavelmente, o ateu nunca parou pra pensar que isto é uma
consequência de qualquer afirmação metafísica. É impossível construir
um argumento sobre uma afirmação filosófica qualquer que seja
convincente a todos os seres racionais.
Para quem está acostumado com uma visão objetiva de mundo, com o método
científico, mas ignora estes princípios básicos de filosofia, será
natural procurar provas para a existência de Deus que estejam acima da
possibilidade de dúvida. E pensam que o fato de os argumentos para a
existência de Deus não produzirem uma certeza matemática enfraquece, por
si só, a possibilidade da existência de Deus. Mas já vimso que não é
assim. Isto só significa que a questão sobre a existência de Deus está
no mesmo nível das outras questões metafísicas. Você não pode provar que
Deus existe assim como você não pode provar que o computador que está
na sua frente, neste momento, é real. Seus sentidos poderiam
estar te enganando o tempo todo. E não adianta nem pedir ao seu irmão ou
namorada para sentir o computador também, afinal você também não tem
como provar que eles próprios são reais, em vez de um produto da sua
mente.
Bem, acho que já escrevi demais, portanto na próxima parte do texto listarei os argumentos de que venho falando.
Abraços, Paz de Cristo.
Afinal, existem evidências para a existência de Deus? [Parte 2]
(Ler a Parte 1)
Nesta parte eu trago uma série de argumentos filosóficos ou razões para
acreditar em Deus. Isto também foi motivado por uma pergunta vinda da
página do Facebook:
Liliana Silva
Qual o motivo para acreditar que tudo isto [o Universo] foi obra de uma criação divina?
Amigo, desculpa, estás a tentar justificar o injustificável, e a meter os pés pelas mãos. A
verdade é que não existe motivo nenhum racional para acreditar que o
universo e tudo o resto que não conhecemos (nós nem sabemos o tamanho do
universo, não sabemos se vemos 1% ou 0.0000001% ou menos; nem sabemos
se existem outros universos ou outras formas de energia), seja uma
criação divina de entidade inteligente. Mas já sabemos o que provoca as catástrofes naturais (outrora
acções de deuses e divindades), ou o que significa um eclipse da lua ou
do sol... ou um meteorito....... o nosso lugar na nossa galáxia...
compreendes?
Eu penso que esta pergunta inicial da Liliana seria melhor formulada assim: como podemos saber que Deus existe?
Pois já vimos no texto anterior que o problema está em como se pode
'provar' uma afirmação metafísica. Já sabemos que o caminho correto é,
ao invés de procurar conclusões acima da possibilidade de dúvida, pesar
as evidências e considerar as alternativas.
Entretanto, note bem que, se alguém se opõe radicalmente à
possibilidade de Deus existir, então qualquer prova ou explicação
apresentada aqui poderá ser imediatamente refutada por ele. Isto é
análogo, por exemplo, a uma pessoa se recusa a acreditar que o homem
andou na Lua. Nenhuma informação, por melhor que fosse, iria mudar o seu
modo de pensar. Imagens via satélite de homens andando na Lua,
entrevistas com os astronautas, pedras lunares… todas as provas seriam
sem valor porque a pessoa já concluiu de antemão que o homem não pode ir
à Lua.
É bem conhecido que a Bíblia diz que há pessoas que têm prova suficiente de que Ele existe, mas encobrem essa verdade (Rm 1.19-21). Por outro lado, há aquelas que querem saber se Deus existe; a essas Ele diz: “Vocês me procurarão e me acharão quando me procurarem de todo coração. Eu me deixarei ser encontrado por vocês…”.
(Jr 29.13-14) Antes que você olhe para os fatos relacionados à
existência de Deus, pergunte-se: “Se Deus realmente existe, eu gostaria
de conhecê-lo?”.
Sem mais delongas, listarei os argumentos:
Vocês já pararam para pensar nesta questão? O mistério da existência é
uma das perguntas mais profundas da filosofia. Por que existe algo, ao
invés de nada? Os filósofos existencialistas tem respondido esta
pergunta de forma bem pessimista, dizendo que a existência é um acidente
ou um acaso, e que não há absolutamente nenhum sentido, valor, ou
propósito na vida humana. Isto já foi comentado no texto aqui do blog: O Absurdo da vida sem Deus.
Lembre-se que lá concluimos que se isto realmente é verdade, tudo que
resta ao homem é o desespero e um vida desprovida de regras e valores
morais (a não ser que a pessoa se iluda criando valores subjetivos para si própria). Nossa intuição se incomoda com a resposta dada pelo existencialismo.
Este argumento foi proposto pelo matemático e filósofo Gottfried Willhelm Leibniz,e é um dos argumentos racionais mais antigos para a existência de Deus. Ele é descrito formalmente da seguinte maneira:
- Tudo o que existe possui uma explicação de sua existência, seja na necessidade de sua própria natureza ou numa causa externa.
- O universo existe.
- Se o universo possui uma explicação de sua existência, esta explicação é uma causa externa, transcendental e pessoal.
- Logo, a explicação da existência do universo é uma causa externa, transcendental e pessoa.
A conclusão depende da premissa de que o Universo não existe como um
objeto necessário. O contrário nunca foi provado, portanto é racional
aceitar esta premissa.
Penso que este é um dos argumentos mais importantes que nos levam a aceitar a existência de Deus de forma racional. Richard Dawkins, por exemplo, nem sequer o mencionou no livro Deus, um delírio.
O argumento pode ser pensado como uma espécie de argumento cosmológico
(o qual veremos a seguir) que não depende da premissa de que o Universo
teve um começo.
2. O Argumento Cosmológico
Este argumento não é o mais antigo, mas é provavelmente o mais conhecido
e discutido sobre a existência de Deus. A primeira formulação foi dada
por São Tomás de Aquino,
fazendo parte dos seus 5 argumentos para a existência de Deus, mas a
ideia básica contida nele é tão antiga quanto Platão e Aristóteles. Ele
pode ser descrito da seguinte maneira:
- Todo ser finito e contingente tem uma causa.
- Nada finito e contingente pode causar si mesmo.
- Uma cadeia causal não pode ser de comprimento infinito.
- Portanto, uma Primeira Causa (ou algo que não é um efeito) deve existir.
O filósofo cristão William Lane Craig defende uma variação deste argumento, conhecida como Argumento Cosmológico Kalam, que pode ser colocada desta forma:
- Tudo que começa a existir tem uma causa.
- O universo começou a existir.
- Portanto, o universo teve uma causa.
Tudo bem, mas isto não prova que Deus existe. Apenas que o Universo
possui uma causa. Mas Craig argumenta que pode-se deduzir algumas
características necessárias desta causa. Primeiro, que ela é imaterial e
atemporal, pois afinal ela causou o surgimento da matéria e do
espaço-tempo; segundo, que é inimaginavelmente poderosa, já que foi
capaz de criar o Universo; terceiro, que deve ser um Ser pessoal. Em
suas palavras: “A única maneira de ter uma causa eterna mas um efeito
temporal é se a causa for um agente pessoal que livremente escolhe
criar um efeito no tempo.”
Existem duas objeções comuns a este argumento: a primeira é que não há
certeza absoluta de que o Universo começou a existir, ou se sempre
existiu. Mas nunca teremos certeza absoluta, afinal a ciência não lida
com verdades absolutas. Até onde sabemos hoje em dia, tudo indica que o
Universo teve sim um começo, no evento conhecido como Big Bang. Esta é
uma teoria científica que, ao contrário do que muitos pensam, é um ponto
a favor para a existência de Deus.
A segunda objeção, apresentada no livro Deus, um delírio de Richard Dawkins, é que apresentar a possibilidade de Deus como um Criador levanta imediatamente a questão: Quem criou o Criador? Note que esta objeção já é resolvida pela primeira premissa do argumento de Craig, pois como Deus não começou
a existir, sempre existiu, logo Ele não possui causa, ou é um ser
incriado. Além disso, é um fato reconhecido na filosofia da ciência que,
para reconhecer uma explicação como a melhor para um fato, não é necessário ter a
"explicação da explicação". Exemplo: arqueólogos encontram restos de
artefatos como pontas de lança e fragmentos de cerâmica. É totalmente
justificável atribuir estes artefatos a alguma tribo ou civilização
humana que esteve ali em algum lugar do passado, mesmo que estes
arqueólogos não tenham nenhuma ideia de qual era aquela tribo, ou como
eles chegaram ali. Logo, é racionalmente aceitável propor Deus como a
melhor explicação para a origem do Universo, mesmo que não tenhamos
explicação para como Ele surgiu. Se você pensar mais sobre esta objeção,
perceberá que se fosse necessário a explicação da explicação para
justificar uma hipótese, logo você precisaria da explicação da
explicação da explicação, e assim sucessivamente, até o infinito! Em,
outras palavras, nada teria uma explicação real e a ciência não poderia
existir. Portanto o argumento de Dawkins é totalmente anti-científico.
3. A ordem intrínseca do Universo
Já foi dito aqui no blog, no artigo "A ordem do Universo prova a existência de Deus?",
que a ordem intrínseca do Universo não "prova" a existência de Deus,
mas de certo modo aponta nesta direção. O Universo encontra-se
estruturado de acordo com leis físicas. Por isso, ele pode ser estudado
racionalmente. A ordem e a racionalidade inerentes ao Universo,
juntamente com a sua extrema complexidade, apontam neste sentido. O
próprio fato de afirmar que existem "leis" naturais (termo que foi
cunhado por Roger Bacon), sugere que exista uma Legislador.
4. A complexidade intrínseca do Universo, ou O Argumento Teleológico
Este é um dos cinco argumentos de Tomás de Aquino, mas hoje em dia ele
foi renovado por outros filósofos, graças às descobertas recentes da
ciência em vários campos. O argumento diz que existe uma complexidade
nos fenômenos e princípios da natureza, do Universo, da Terra e da
própria vida. Existem talvez três possibilidades para explicar esta
observação:
1. Puro acaso; Tudo o que observamos hoje faz partes de uma série
indiferentes coincidências que levaram o Universo a eventualmente
produzir vida inteligente.
2. Necessidade física: de alguma forma, o Universo tem que existir. A não-existência do Universo implicaria numa série de auto-contradições lógicas.
3. Design inteligente: o Universo foi causado e planejado por uma entidade inteligente.
Antes que você possa pensar numa conclusão, deixe-e mostrar alguns exemplos do que os filósofos costumam chamar de fine tunning (algo como "ajuste fino", em português) da natureza:
A primeira série de evidências de ajuste fino ocorre quando expressamos
as leis da natureza de forma matemática. Há uma série de constantes que
aparecem nas equações, conhecidas como constantes fundamentais. A
constante de Planck, por exemplo, determina a "tamanho" da escala de
energia a nível subatômico. Seu valor é de 6,6260693 x 10-34Joule.segundo.
Se o valor numérico desta constante fosse um pouco menor ou maior do
que este, as consequências seriam catastróficas! As reações nucleares
nas estrelas talvez não formariam os elementos essenciais para a vida,
ou nem sequer os átomos poderiam existir! Se a constante gravitacional,
6,67428 x 10-11 m3 kg-1 s-2 ,
fosse alterada em cerca de 1% do seu valor, o Universo não teria se
expandido depois do Big Bang, ou as galáxias não se formariam. Se as
constantes eletromagnéticas também tivessem valores ligeiramente
diferentes, moléculas não se formariam, ou talvez a água tivesse
propriedades diferentes.
A segunda série de evidências de ajuste fino está nas chamadas condições
iniciais do Universo, isto é, no valor numérico das propriedades
físicas no Universo no instante em que este se formou. O exemplo mais
corrente é o balanço entre a quantidade de matéria e anti-matéria. Se
existisse uma quantidade igual destas duas substâncias no Universo, elas
se anulariam e só existiria energia pura. Era necessário que houvesse
uma pequena quantidade de matéria a mais do que anti-matéria, para que
se formasse o Universo que hoje conhecemos e observamos. Este balanço
não encontra até hoje nenhuma explicação naturalista.
O terceiro grupo de evidências é muito mais vasto e mostra uma série de
"coincidências" que permitem a vida na Terra. A seguir eu mostro
algumas:
a) O tamanho da Terra e a sua gravidade correspondente seguram uma
camada fina de gases nitrogênio e oxigênio que se estendem, em sua
maioria, até uns 80 quilômetros desde a superfície da Terra. Se a Terra
fosse menor, a existência de uma atmosfera seria impossível, como ocorre
no planeta Mercúrio. Se a Terra fosse maior, sua atmosfera conteria
hidrogênios livres, como em Júpiter. A Terra é o único planeta conhecido
que é provido de uma atmosfera com a mistura na medida exata de gases
para sustentar vida humana, animal e vegetal. Até a composição da
atmosfera é ideal, contando cerca de 21 % de oxigênio.
b) Uma variação minúscula da posição da Terra em direção ao Sol tornaria
a vida impossível no planeta. A Terra mantém sua distância ideal do Sol
enquanto gira em torno dele numa velocidade de aproximadamente 107.825
km/h. Também gira em torno de seu próprio eixo, permitindo que toda a
superfície seja apropriadamente aquecida e refrescada todos os dias.
c) A lua cria movimentos importantes nas marés para que as águas não
estagnem e ainda impede que os nossos oceanos massivos não inundem os
continentes.
d) A água, molécula indispensável para o funcionamento de qualquer
sistema vivo, possui uma série de características que são extremamente
incomuns em outros líquidos. Por exemplo, a capacidade calorífica da
água é anormalmente alta em relação a outros líquidos. Isto permite que
não hajam grandes variações de temperatura em nossos corpos e no Planeta
Terra, porque eles contém grandes quantidades de água. A água também
possui um comportamento anômalo em relação à sua densidade, sendo o gelo
(água sólida) menos denso que água. A água nos rios e lagos congela de
cima pra baixo, e isto permite que a vida aquática permaneça nos
invernos. A água possui uma tensão superficial altíssima, o que permite
que ela possa subir por vários metros dentro dos caules de árvores,
contra a ação da gravidade. A água em nosso planeta passa se renova
através de um ciclo de evaporações e condensações na atmosfera, um ciclo
que é tão perfeito que causa inveja nos projetos ainda recentes que
procuram desenvolver o conceito de sustentabilidade.
e) O cérebro humano processa simultaneamente uma quantidade incrível de
informações. O cérebro reconhece todas as cores e objetos que você vê;
assimila a temperatura à sua volta; a pressão de seus pés contra o chão;
os sons ao seu redor; o quão seca sua boca está e até a textura deste
artigo em suas mãos. O seu cérebro registra respostas emocionais,
pensamentos e lembranças. Ao mesmo tempo, seu cérebro não perde a
percepção e o comando dos movimentos ocorrentes em seu corpo, como o
padrão de respiração, o movimento da pálpebra, a fome e o movimento dos
músculos das suas mãos.
O cérebro humano processa mais de um milhão de mensagens por segundo.
Ele avalia a importância de todos esses dados, filtrando o que é
relativamente sem importância; um processo de seleção que lhe permite
interagir com o ambiente em que você se encontra e se desenvolver de
modo eficaz nele.
O distinto astrônomo, Sir Frederick Hoyle, mostrou como os aminoácidos,
juntando-se a uma célula humana, são, matematicamente, um absurdo. Sir
Hoyle ilustrou a fraqueza do “acaso” com a seguinte analogia: “Qual é
a chance de um tornado soprar sobre um ferro-velho que contém todas as
peças de um boeing 747; montá-lo por acidente e deixá-lo pronto para
decolar? A possibilidade é tão ínfima a ponto de ser negligenciada,
ainda que um tornado soprasse sobre ferros-velhos suficientes para
encher todo o universo!”
f) A molécula de DNA contém informação codificada, especificando a
produção, a reprodução, o funcionamento e a adaptação dos seres vivos,
em quantidade e qualidade que transcendem tudo o que ser humano é capaz
de compreender e imitar. Os cientistas costumam chamar
esta informação de código genético.
Não existe informação sem inteligência. Não existe código sem
inteligência. A vida só é possível graças à existência simultânea de
informação codificada e do mecanismo necessário para a sua transcrição,
tradução e execução. De resto, não se conhece qualquer explicação
naturalista para a origem da vida ou de informação codificada (até
hoje as teorias bioquímicas para a origem da vida estão incompletas). A
vida não poderia surgir por processos naturalísticos, na medida em que
ela necessita de um ingrediente não naturalístico: informação
codificada.
Alguns argumentam que a teoria da evolução foi um sucesso do naturalismo
contra a hipótese de Deus. Deve-se notar, no entanto, que o sucesso da
evolução não prova a inexistência de Deus (para mais detalhes, veja o
texto: Evolução darwiniana prova a inexistência de Deus?). O biólogo evolucionista Francis Collins,
diretor do Projeto Genoma Humano, é um dos que defende que a evolução
pode ter sido guiada por Deus, como um projetista inteligente. Acreditar
no naturalismo da evolução é acreditar que inumeráveis mutações que
ocorrem aleatoriamente (mas que são selecionadas) produziram algo como o
cérebro humano. Isto é acreditar literalmente num milagre.
Primeiro, descartamos a opção da necessidade física, porque não há como
provar que o Universo deveria ser exatamente deste jeito e, de fato, os
valores numéricos das constantes físicas são independentes das leis da
natureza, ou seja, a princípio são arbitrários.
A possibilidade de que a sintonia fina do Universo seja produto do acaso
e tão absurdamente improvável que não há como lidar racionalmente com
esta hipótese. Na verdade este é um problema tão sério que,
recentemente, o naturalismo propôs uma hipótese metafísica radical,
a de que existe um número infinitamente grande de universos aleatórios
compondo o que se chama de multiverso. Eventualmente um destes universos
está finamente ajustado para a vida.
Esta hipótese tem sérios problemas. Primeiro, não existe nenhuma
evidência de que tal multiverso exista. Além disso, uma regra de ouro da
ciência diz que não se deve atribuir desnecessariamente a um fenômeno
um número múltiplo de causas (este princípio é conhecido como Navalha de
Occam). Portanto, nos resta somente a terceira opção: o Universo deve ter sido projetado.
5. O Argumento Moral
Este argumento é muito antigo, e afirma que Deus deve existir, já que um
aspecto de moralidade é observado em toda a humanidade, e a crença em
Deus é a melhor explicação para essa moralidade do que qualquer outra
alternativa.
Ninguém nega a afirmação de que a existência valores morais objetivos seria
uma forte evidência para a existência de um Deus, no sentido de agente
moral, origem destes valores. A maior objeção dos críticos sempre está
em admitir que os valores morais humanos são objetivos, isto é,
independentes do sujeito, da época e do lugar; são universais.
O naturalismo argumenta que o conceito de moralidade é um mero produto
da evolução sociobiológica. Segundo esta concepção a moralidade se torna
algo totalmente subjetivo, e portanto não haveria nenhum motivo para
acreditarmos que algo é absolutamente certo ou errado.
Mas, de alguma forma, sabemos que isto não é verdade. Independente de
existirem alguns hábitos e valores diferentes entre si em várias
culturas, existem alguns que parecem ser universais. Sempre emerge de
dentro de todos nós, vindos de qualquer cultura, o sentimento de certo e
errado. Até mesmo um ladrão se sente frustrado e mal tratado quando
alguém o rouba. Se alguém rapta uma criança da família e a violenta
sexualmente, há uma revolta e raiva que confrontam aquele ato como
maléfico, independente da cultura. Como explicamos uma lei universal na
consciência de todas as pessoas, que diz que assassinato por diversão é errado?
A refutação de que estas atitudes só são percebidas como certo ou errado por causa de um mecanismo de perpetuação da espécie falha em diversos aspectos, como por exemplo a coragem, o auto-sacrifício, amor, dignidade, dever e compaixão.
Outra consequência do naturalismo que é muito perigosa é que, se a
moralidade é totalmente subjetiva, não há NENHUM motivo para dizer que,
por exemplo, as atrocidades cometidas por Adolf Hitler foram algo errado
em si. Se não há certo e errado absolutos, se não há justiça ou
punição, então eu de certa forma posso fazer o que eu quiser. É como Dostoyevsky disse: "Se Deus não existe, então tudo é permitido".
Esta foi a justificativa utilizada pelos soldados impiedosos da União
Soviética stalinista. Para ler mais sobre o assunto, veja o texto Ateísmo e Amoralidade: um alerta aos ateus!
Bem, até agora foram cinco argumentos. Eu ainda tenho pelo menos mais
cinco para expor. Como o texto já está grande demais, vou deixar para a
próxima.
Abraços, Paz de Cristo.
Nesta parte eu trago uma série de argumentos filosóficos ou razões para
acreditar em Deus. Isto também foi motivado por uma pergunta vinda da
página do Facebook:
Liliana Silva
Qual o motivo para acreditar que tudo isto [o Universo] foi obra de uma criação divina?
Amigo, desculpa, estás a tentar justificar o injustificável, e a meter os pés pelas mãos. A verdade é que não existe motivo nenhum racional para acreditar que o universo e tudo o resto que não conhecemos (nós nem sabemos o tamanho do universo, não sabemos se vemos 1% ou 0.0000001% ou menos; nem sabemos se existem outros universos ou outras formas de energia), seja uma criação divina de entidade inteligente. Mas já sabemos o que provoca as catástrofes naturais (outrora acções de deuses e divindades), ou o que significa um eclipse da lua ou do sol... ou um meteorito....... o nosso lugar na nossa galáxia... compreendes?
Eu penso que esta pergunta inicial da Liliana seria melhor formulada assim: como podemos saber que Deus existe?
Pois já vimos no texto anterior que o problema está em como se pode
'provar' uma afirmação metafísica. Já sabemos que o caminho correto é,
ao invés de procurar conclusões acima da possibilidade de dúvida, pesar
as evidências e considerar as alternativas.
Entretanto, note bem que, se alguém se opõe radicalmente à
possibilidade de Deus existir, então qualquer prova ou explicação
apresentada aqui poderá ser imediatamente refutada por ele. Isto é
análogo, por exemplo, a uma pessoa se recusa a acreditar que o homem
andou na Lua. Nenhuma informação, por melhor que fosse, iria mudar o seu
modo de pensar. Imagens via satélite de homens andando na Lua,
entrevistas com os astronautas, pedras lunares… todas as provas seriam
sem valor porque a pessoa já concluiu de antemão que o homem não pode ir
à Lua.
É bem conhecido que a Bíblia diz que há pessoas que têm prova suficiente de que Ele existe, mas encobrem essa verdade (Rm 1.19-21). Por outro lado, há aquelas que querem saber se Deus existe; a essas Ele diz: “Vocês me procurarão e me acharão quando me procurarem de todo coração. Eu me deixarei ser encontrado por vocês…”.
(Jr 29.13-14) Antes que você olhe para os fatos relacionados à
existência de Deus, pergunte-se: “Se Deus realmente existe, eu gostaria
de conhecê-lo?”.
Sem mais delongas, listarei os argumentos:
Vocês já pararam para pensar nesta questão? O mistério da existência é uma das perguntas mais profundas da filosofia. Por que existe algo, ao invés de nada? Os filósofos existencialistas tem respondido esta pergunta de forma bem pessimista, dizendo que a existência é um acidente ou um acaso, e que não há absolutamente nenhum sentido, valor, ou propósito na vida humana. Isto já foi comentado no texto aqui do blog: O Absurdo da vida sem Deus. Lembre-se que lá concluimos que se isto realmente é verdade, tudo que resta ao homem é o desespero e um vida desprovida de regras e valores morais (a não ser que a pessoa se iluda criando valores subjetivos para si própria). Nossa intuição se incomoda com a resposta dada pelo existencialismo.
Este argumento foi proposto pelo matemático e filósofo Gottfried Willhelm Leibniz,e é um dos argumentos racionais mais antigos para a existência de Deus. Ele é descrito formalmente da seguinte maneira:
- Tudo o que existe possui uma explicação de sua existência, seja na necessidade de sua própria natureza ou numa causa externa.
- O universo existe.
- Se o universo possui uma explicação de sua existência, esta explicação é uma causa externa, transcendental e pessoal.
- Logo, a explicação da existência do universo é uma causa externa, transcendental e pessoa.
Penso que este é um dos argumentos mais importantes que nos levam a aceitar a existência de Deus de forma racional. Richard Dawkins, por exemplo, nem sequer o mencionou no livro Deus, um delírio. O argumento pode ser pensado como uma espécie de argumento cosmológico (o qual veremos a seguir) que não depende da premissa de que o Universo teve um começo.
2. O Argumento Cosmológico
Este argumento não é o mais antigo, mas é provavelmente o mais conhecido e discutido sobre a existência de Deus. A primeira formulação foi dada por São Tomás de Aquino, fazendo parte dos seus 5 argumentos para a existência de Deus, mas a ideia básica contida nele é tão antiga quanto Platão e Aristóteles. Ele pode ser descrito da seguinte maneira:
- Todo ser finito e contingente tem uma causa.
- Nada finito e contingente pode causar si mesmo.
- Uma cadeia causal não pode ser de comprimento infinito.
- Portanto, uma Primeira Causa (ou algo que não é um efeito) deve existir.
- Tudo que começa a existir tem uma causa.
- O universo começou a existir.
- Portanto, o universo teve uma causa.
Existem duas objeções comuns a este argumento: a primeira é que não há certeza absoluta de que o Universo começou a existir, ou se sempre existiu. Mas nunca teremos certeza absoluta, afinal a ciência não lida com verdades absolutas. Até onde sabemos hoje em dia, tudo indica que o Universo teve sim um começo, no evento conhecido como Big Bang. Esta é uma teoria científica que, ao contrário do que muitos pensam, é um ponto a favor para a existência de Deus.
A segunda objeção, apresentada no livro Deus, um delírio de Richard Dawkins, é que apresentar a possibilidade de Deus como um Criador levanta imediatamente a questão: Quem criou o Criador? Note que esta objeção já é resolvida pela primeira premissa do argumento de Craig, pois como Deus não começou a existir, sempre existiu, logo Ele não possui causa, ou é um ser incriado. Além disso, é um fato reconhecido na filosofia da ciência que, para reconhecer uma explicação como a melhor para um fato, não é necessário ter a "explicação da explicação". Exemplo: arqueólogos encontram restos de artefatos como pontas de lança e fragmentos de cerâmica. É totalmente justificável atribuir estes artefatos a alguma tribo ou civilização humana que esteve ali em algum lugar do passado, mesmo que estes arqueólogos não tenham nenhuma ideia de qual era aquela tribo, ou como eles chegaram ali. Logo, é racionalmente aceitável propor Deus como a melhor explicação para a origem do Universo, mesmo que não tenhamos explicação para como Ele surgiu. Se você pensar mais sobre esta objeção, perceberá que se fosse necessário a explicação da explicação para justificar uma hipótese, logo você precisaria da explicação da explicação da explicação, e assim sucessivamente, até o infinito! Em, outras palavras, nada teria uma explicação real e a ciência não poderia existir. Portanto o argumento de Dawkins é totalmente anti-científico.
3. A ordem intrínseca do Universo
Já foi dito aqui no blog, no artigo "A ordem do Universo prova a existência de Deus?", que a ordem intrínseca do Universo não "prova" a existência de Deus, mas de certo modo aponta nesta direção. O Universo encontra-se estruturado de acordo com leis físicas. Por isso, ele pode ser estudado racionalmente. A ordem e a racionalidade inerentes ao Universo, juntamente com a sua extrema complexidade, apontam neste sentido. O próprio fato de afirmar que existem "leis" naturais (termo que foi cunhado por Roger Bacon), sugere que exista uma Legislador.
4. A complexidade intrínseca do Universo, ou O Argumento Teleológico
Este é um dos cinco argumentos de Tomás de Aquino, mas hoje em dia ele foi renovado por outros filósofos, graças às descobertas recentes da ciência em vários campos. O argumento diz que existe uma complexidade nos fenômenos e princípios da natureza, do Universo, da Terra e da própria vida. Existem talvez três possibilidades para explicar esta observação:
1. Puro acaso; Tudo o que observamos hoje faz partes de uma série indiferentes coincidências que levaram o Universo a eventualmente produzir vida inteligente.
2. Necessidade física: de alguma forma, o Universo tem que existir. A não-existência do Universo implicaria numa série de auto-contradições lógicas.
3. Design inteligente: o Universo foi causado e planejado por uma entidade inteligente.
Antes que você possa pensar numa conclusão, deixe-e mostrar alguns exemplos do que os filósofos costumam chamar de fine tunning (algo como "ajuste fino", em português) da natureza:
A primeira série de evidências de ajuste fino ocorre quando expressamos as leis da natureza de forma matemática. Há uma série de constantes que aparecem nas equações, conhecidas como constantes fundamentais. A constante de Planck, por exemplo, determina a "tamanho" da escala de energia a nível subatômico. Seu valor é de 6,6260693 x 10-34Joule.segundo. Se o valor numérico desta constante fosse um pouco menor ou maior do que este, as consequências seriam catastróficas! As reações nucleares nas estrelas talvez não formariam os elementos essenciais para a vida, ou nem sequer os átomos poderiam existir! Se a constante gravitacional, 6,67428 x 10-11 m3 kg-1 s-2 , fosse alterada em cerca de 1% do seu valor, o Universo não teria se expandido depois do Big Bang, ou as galáxias não se formariam. Se as constantes eletromagnéticas também tivessem valores ligeiramente diferentes, moléculas não se formariam, ou talvez a água tivesse propriedades diferentes.
A segunda série de evidências de ajuste fino está nas chamadas condições iniciais do Universo, isto é, no valor numérico das propriedades físicas no Universo no instante em que este se formou. O exemplo mais corrente é o balanço entre a quantidade de matéria e anti-matéria. Se existisse uma quantidade igual destas duas substâncias no Universo, elas se anulariam e só existiria energia pura. Era necessário que houvesse uma pequena quantidade de matéria a mais do que anti-matéria, para que se formasse o Universo que hoje conhecemos e observamos. Este balanço não encontra até hoje nenhuma explicação naturalista.
O terceiro grupo de evidências é muito mais vasto e mostra uma série de "coincidências" que permitem a vida na Terra. A seguir eu mostro algumas:
a) O tamanho da Terra e a sua gravidade correspondente seguram uma
camada fina de gases nitrogênio e oxigênio que se estendem, em sua
maioria, até uns 80 quilômetros desde a superfície da Terra. Se a Terra
fosse menor, a existência de uma atmosfera seria impossível, como ocorre
no planeta Mercúrio. Se a Terra fosse maior, sua atmosfera conteria
hidrogênios livres, como em Júpiter. A Terra é o único planeta conhecido
que é provido de uma atmosfera com a mistura na medida exata de gases
para sustentar vida humana, animal e vegetal. Até a composição da
atmosfera é ideal, contando cerca de 21 % de oxigênio.
b) Uma variação minúscula da posição da Terra em direção ao Sol tornaria
a vida impossível no planeta. A Terra mantém sua distância ideal do Sol
enquanto gira em torno dele numa velocidade de aproximadamente 107.825
km/h. Também gira em torno de seu próprio eixo, permitindo que toda a
superfície seja apropriadamente aquecida e refrescada todos os dias.
c) A lua cria movimentos importantes nas marés para que as águas não
estagnem e ainda impede que os nossos oceanos massivos não inundem os
continentes.
d) A água, molécula indispensável para o funcionamento de qualquer
sistema vivo, possui uma série de características que são extremamente
incomuns em outros líquidos. Por exemplo, a capacidade calorífica da
água é anormalmente alta em relação a outros líquidos. Isto permite que
não hajam grandes variações de temperatura em nossos corpos e no Planeta
Terra, porque eles contém grandes quantidades de água. A água também
possui um comportamento anômalo em relação à sua densidade, sendo o gelo
(água sólida) menos denso que água. A água nos rios e lagos congela de
cima pra baixo, e isto permite que a vida aquática permaneça nos
invernos. A água possui uma tensão superficial altíssima, o que permite
que ela possa subir por vários metros dentro dos caules de árvores,
contra a ação da gravidade. A água em nosso planeta passa se renova
através de um ciclo de evaporações e condensações na atmosfera, um ciclo
que é tão perfeito que causa inveja nos projetos ainda recentes que
procuram desenvolver o conceito de sustentabilidade.
e) O cérebro humano processa simultaneamente uma quantidade incrível de
informações. O cérebro reconhece todas as cores e objetos que você vê;
assimila a temperatura à sua volta; a pressão de seus pés contra o chão;
os sons ao seu redor; o quão seca sua boca está e até a textura deste
artigo em suas mãos. O seu cérebro registra respostas emocionais,
pensamentos e lembranças. Ao mesmo tempo, seu cérebro não perde a
percepção e o comando dos movimentos ocorrentes em seu corpo, como o
padrão de respiração, o movimento da pálpebra, a fome e o movimento dos
músculos das suas mãos.
O cérebro humano processa mais de um milhão de mensagens por segundo.
Ele avalia a importância de todos esses dados, filtrando o que é
relativamente sem importância; um processo de seleção que lhe permite
interagir com o ambiente em que você se encontra e se desenvolver de
modo eficaz nele.
O distinto astrônomo, Sir Frederick Hoyle, mostrou como os aminoácidos,
juntando-se a uma célula humana, são, matematicamente, um absurdo. Sir
Hoyle ilustrou a fraqueza do “acaso” com a seguinte analogia: “Qual é
a chance de um tornado soprar sobre um ferro-velho que contém todas as
peças de um boeing 747; montá-lo por acidente e deixá-lo pronto para
decolar? A possibilidade é tão ínfima a ponto de ser negligenciada,
ainda que um tornado soprasse sobre ferros-velhos suficientes para
encher todo o universo!”
f) A molécula de DNA contém informação codificada, especificando a
produção, a reprodução, o funcionamento e a adaptação dos seres vivos,
em quantidade e qualidade que transcendem tudo o que ser humano é capaz
de compreender e imitar. Os cientistas costumam chamar
esta informação de código genético.
Não existe informação sem inteligência. Não existe código sem
inteligência. A vida só é possível graças à existência simultânea de
informação codificada e do mecanismo necessário para a sua transcrição,
tradução e execução. De resto, não se conhece qualquer explicação
naturalista para a origem da vida ou de informação codificada (até
hoje as teorias bioquímicas para a origem da vida estão incompletas). A
vida não poderia surgir por processos naturalísticos, na medida em que
ela necessita de um ingrediente não naturalístico: informação
codificada.
Alguns argumentam que a teoria da evolução foi um sucesso do naturalismo contra a hipótese de Deus. Deve-se notar, no entanto, que o sucesso da evolução não prova a inexistência de Deus (para mais detalhes, veja o texto: Evolução darwiniana prova a inexistência de Deus?). O biólogo evolucionista Francis Collins, diretor do Projeto Genoma Humano, é um dos que defende que a evolução pode ter sido guiada por Deus, como um projetista inteligente. Acreditar no naturalismo da evolução é acreditar que inumeráveis mutações que ocorrem aleatoriamente (mas que são selecionadas) produziram algo como o cérebro humano. Isto é acreditar literalmente num milagre.
Primeiro, descartamos a opção da necessidade física, porque não há como provar que o Universo deveria ser exatamente deste jeito e, de fato, os valores numéricos das constantes físicas são independentes das leis da natureza, ou seja, a princípio são arbitrários.
A possibilidade de que a sintonia fina do Universo seja produto do acaso e tão absurdamente improvável que não há como lidar racionalmente com esta hipótese. Na verdade este é um problema tão sério que, recentemente, o naturalismo propôs uma hipótese metafísica radical, a de que existe um número infinitamente grande de universos aleatórios compondo o que se chama de multiverso. Eventualmente um destes universos está finamente ajustado para a vida.
Esta hipótese tem sérios problemas. Primeiro, não existe nenhuma evidência de que tal multiverso exista. Além disso, uma regra de ouro da ciência diz que não se deve atribuir desnecessariamente a um fenômeno um número múltiplo de causas (este princípio é conhecido como Navalha de Occam). Portanto, nos resta somente a terceira opção: o Universo deve ter sido projetado.
Alguns argumentam que a teoria da evolução foi um sucesso do naturalismo contra a hipótese de Deus. Deve-se notar, no entanto, que o sucesso da evolução não prova a inexistência de Deus (para mais detalhes, veja o texto: Evolução darwiniana prova a inexistência de Deus?). O biólogo evolucionista Francis Collins, diretor do Projeto Genoma Humano, é um dos que defende que a evolução pode ter sido guiada por Deus, como um projetista inteligente. Acreditar no naturalismo da evolução é acreditar que inumeráveis mutações que ocorrem aleatoriamente (mas que são selecionadas) produziram algo como o cérebro humano. Isto é acreditar literalmente num milagre.
Primeiro, descartamos a opção da necessidade física, porque não há como provar que o Universo deveria ser exatamente deste jeito e, de fato, os valores numéricos das constantes físicas são independentes das leis da natureza, ou seja, a princípio são arbitrários.
A possibilidade de que a sintonia fina do Universo seja produto do acaso e tão absurdamente improvável que não há como lidar racionalmente com esta hipótese. Na verdade este é um problema tão sério que, recentemente, o naturalismo propôs uma hipótese metafísica radical, a de que existe um número infinitamente grande de universos aleatórios compondo o que se chama de multiverso. Eventualmente um destes universos está finamente ajustado para a vida.
Esta hipótese tem sérios problemas. Primeiro, não existe nenhuma evidência de que tal multiverso exista. Além disso, uma regra de ouro da ciência diz que não se deve atribuir desnecessariamente a um fenômeno um número múltiplo de causas (este princípio é conhecido como Navalha de Occam). Portanto, nos resta somente a terceira opção: o Universo deve ter sido projetado.
5. O Argumento Moral
Este argumento é muito antigo, e afirma que Deus deve existir, já que um aspecto de moralidade é observado em toda a humanidade, e a crença em Deus é a melhor explicação para essa moralidade do que qualquer outra alternativa.
Ninguém nega a afirmação de que a existência valores morais objetivos seria uma forte evidência para a existência de um Deus, no sentido de agente moral, origem destes valores. A maior objeção dos críticos sempre está em admitir que os valores morais humanos são objetivos, isto é, independentes do sujeito, da época e do lugar; são universais.
O naturalismo argumenta que o conceito de moralidade é um mero produto
da evolução sociobiológica. Segundo esta concepção a moralidade se torna
algo totalmente subjetivo, e portanto não haveria nenhum motivo para
acreditarmos que algo é absolutamente certo ou errado.
Mas, de alguma forma, sabemos que isto não é verdade. Independente de existirem alguns hábitos e valores diferentes entre si em várias culturas, existem alguns que parecem ser universais. Sempre emerge de dentro de todos nós, vindos de qualquer cultura, o sentimento de certo e errado. Até mesmo um ladrão se sente frustrado e mal tratado quando alguém o rouba. Se alguém rapta uma criança da família e a violenta sexualmente, há uma revolta e raiva que confrontam aquele ato como maléfico, independente da cultura. Como explicamos uma lei universal na consciência de todas as pessoas, que diz que assassinato por diversão é errado?
Mas, de alguma forma, sabemos que isto não é verdade. Independente de existirem alguns hábitos e valores diferentes entre si em várias culturas, existem alguns que parecem ser universais. Sempre emerge de dentro de todos nós, vindos de qualquer cultura, o sentimento de certo e errado. Até mesmo um ladrão se sente frustrado e mal tratado quando alguém o rouba. Se alguém rapta uma criança da família e a violenta sexualmente, há uma revolta e raiva que confrontam aquele ato como maléfico, independente da cultura. Como explicamos uma lei universal na consciência de todas as pessoas, que diz que assassinato por diversão é errado?
A refutação de que estas atitudes só são percebidas como certo ou errado por causa de um mecanismo de perpetuação da espécie falha em diversos aspectos, como por exemplo a coragem, o auto-sacrifício, amor, dignidade, dever e compaixão.
Outra consequência do naturalismo que é muito perigosa é que, se a moralidade é totalmente subjetiva, não há NENHUM motivo para dizer que, por exemplo, as atrocidades cometidas por Adolf Hitler foram algo errado em si. Se não há certo e errado absolutos, se não há justiça ou punição, então eu de certa forma posso fazer o que eu quiser. É como Dostoyevsky disse: "Se Deus não existe, então tudo é permitido". Esta foi a justificativa utilizada pelos soldados impiedosos da União Soviética stalinista. Para ler mais sobre o assunto, veja o texto Ateísmo e Amoralidade: um alerta aos ateus!
Bem, até agora foram cinco argumentos. Eu ainda tenho pelo menos mais cinco para expor. Como o texto já está grande demais, vou deixar para a próxima.
Abraços, Paz de Cristo.
Outra consequência do naturalismo que é muito perigosa é que, se a moralidade é totalmente subjetiva, não há NENHUM motivo para dizer que, por exemplo, as atrocidades cometidas por Adolf Hitler foram algo errado em si. Se não há certo e errado absolutos, se não há justiça ou punição, então eu de certa forma posso fazer o que eu quiser. É como Dostoyevsky disse: "Se Deus não existe, então tudo é permitido". Esta foi a justificativa utilizada pelos soldados impiedosos da União Soviética stalinista. Para ler mais sobre o assunto, veja o texto Ateísmo e Amoralidade: um alerta aos ateus!
Bem, até agora foram cinco argumentos. Eu ainda tenho pelo menos mais cinco para expor. Como o texto já está grande demais, vou deixar para a próxima.
Abraços, Paz de Cristo.
Afinal, existem evidências para a existência de Deus? [Parte 3]
(Ler a Parte 2)
6. O Argumento Ontológico
Na verdade o argumento ontológico foi amplamente combatido e refutado por vários filósofos ilustres em suas versões anteriores. A versão de Plantinga é considerada mais estruturada (e um pouco mais complexa), formulada em termos semânticos de mundos possíveis. Na filosofia, um mundo possível é uma descrição completa da realidade, ou uma forma como a realidade poderia ser. Isto pode ser pensado como uma série de proposições dadas sobre a realidade. Um mundo possível é quando todo este conjunto de preposições é verdadeiro.
Todavia, é necessário que as várias conjunções que compreendem um mundo possível devem ser capazes de ser verdade tanto individualmente como juntas. Por exemplo, a proposição “O Primeiro Ministro é um número primo” é necessariamente falsa, porque números são objetos abstratos que não podem ser concebidos em identidade com um objeto concreto como o Primeiro Ministro. Portanto, qualquer mundo possível não pode ter esta proposição como uma de suas conjunções; sua negação, entretanto, será uma conjunção de qualquer mundo possível. Esta proposição é necessariamente falsa, isto é, ela é falsa em qualquer mundo possível. Em contraste, a proposição “Rubens Barrichelo é o presidente do Brasil” é falsa no mundo real, mas poderia ser verdadeira, então ela é uma conjunção presente em alguns mundos possíveis. De forma similar, dizer que Deus existe em algum mundo possível é dizer que a proposição “Deus existe” é verdadeira em alguma descrição completa da realidade.
Em sua versão do argumento ontológico, Plantinga concebe Deus como um ser que é “maximamente excelente” em todo mundo possível. Plantinga usa o termo “maximamente excelente” para incluir propriedades como onisciência, onipotência e perfeição moral. Um ser que tenha excelência máxima em cada mundo possível teria o que Plantinga chama de “grandeza máxima”. A partir disto, Plantinga argumenta,
Este argumento possui uma linguagem mais técnica, mas é curioso notar que as premissas 2 a 5 do argumento são relativamente não controversas. A maioria dos filósofos concordaria que se a existência de Deus for ao menos possível, então ele precisa existir. A questão mais séria para validar este argumento é a primeira premissa.
A ideia de um ser maximamente grande é intuitivamente uma ideia coerente, e portanto parece ser plausível que este ser possa existir. Para o argumento lógico falhar, o conceito de grandeza máxima precisa ser incoerente, como por exemplo o conceito de “solteiro casado”. Parece-nos que um ser maximamente grande não parece ser, nem mesmo de forma remota, incoerente. Isto é um ponto a favor da validade da primeira premissa.
Como eu disse anteriormente, o argumento ontológico foi muito criticado em suas versões anteriores. Recentemente Dawkins dedicou sete páginas do seu livro Deus, um delírio para ironizar e parodiar este argumento. Mas é notável que todas as suas objeções referem-se às versões antigas do argumento, e praticamente não têm efeito sobre a versão de Plantinga (veja a referência).
8. A Bíblia
Embora muitos pensam que argumentar a existência de Deus a partir da Bíblia seja algo totalmente sem valor racional, eu penso que há alguns motivos pelos quais podemos considerar a Bíblia como um dos "argumentos" para a existência de Deus.
Se existissem apenas os argumentos racionais para acreditar que Deus existe, eu acho que isso seria insuficiente e levantaria muitas questões, por exemplo: "Por que Deus não se revelou de uma maneira mais clara à humanidade?" Os teólogos dizem que Deus se revelou principalmente através da Bíblia, o que chamamos de revelação específica, para fazer contraste com as evidências de Deus através da natureza, que fazem parte da revelação natural. O que é maravilhoso constatar a respeito de Deus é que os dois se complementam, de uma maneira que só poderiam se estivessem apontando exatamente para o mesmo Ser.
Se Deus existe, seus pensamentos, personalidade e atitudes poderiam ser conhecidos somente se Ele resolvesse revelá-los diretamente. Quase tudo mais seria especulação humana. Nós perderíamos muito se Deus não quisesse ser conhecido. Mas Deus quer que o conheçamos e nos contou na Bíblia tudo o que precisamos saber sobre Seu caráter e como nos relacionarmos com Ele.
Existem muitas objeções dos céticos ao argumento da Bíblia. A primeira que eu vou citar é com certeza a mais desprovida de sentido. Uma frase que se vê por aí em muitos discursos de ateísmo militante ou de neo-ateísmo (se não são a mesma coisa) é "A Bíblia prova que Deus existe tanto quanto os gibis do Super-Homem provam que ele existe." Uma comparação deste tipo só mostra que além de não ter nenhum respeito, o acusador desconhece princípios básicos de literatura. Todos sabem que histórias em quadrinhos, no caso do herói em questão, são sabidamente fictícias e ninguém, nem mesmo os autores, afirmam o contrário. Até as localidades são fictícias. Não existe nenhuma cidade superpopulosa no meio-oeste americano chamada "Metropolis". Por outro lado, a Bíblia é um conjunto de documentos históricos, falando sobre pessoas reais que viveram em lugares reais e viveram experiências reais. A maioria dos relatos da Bíblia foi confirmado por descobertas arqueológicas (não estou falando de polêmicas como o jardim do Éden ou do dilúvio, mas das civilizações antigas, como os cananeus, o reino de Davi e a existência histórica de Jesus, por exemplo). [Para uma visão mais detalhada do assunto, veja o artigo do blog Caos & Regresso: A religião dos super-heróis]
A segunda objeção é com certeza mais importante, e diz respeito à fidedignidade da Bíblia. Como eu disse, as descobertas arqueológicas refutam grande parte desta objeção. Outro lado desta objeção é em relação a alteração dos textos originais. Mas, comparado com outro livros da mesma época, a Bíblia é indiscutivelmente o texto mais bem conservado da Antiguidade. Os manuscritos mais antigos encontrados são os do Mar Morto, e o conteúdo deles é praticamente igual ao que é encontrado em qualquer Bíblia de hoje em dia. Há algumas divergências entre um ou outro manuscrito, mas geralmente estas divergências são em relação a palavras que não alteram drasticamente o sentido do texto. Sobre o Novo Testamento, William Craig afirma:
CRAIG, William L. - O melhor argumento para a existência de Deus. Disponível em:
CRAIG, William L. - O novo ateísmo e os argumentos para a existência de Deus - Traduzido por Eliel Vieira. Versão original disponível em: http://www.reasonablefaith.org/the-new-atheism-and-five-arguments-for-god Acessado 12/05/2012 14:23
GANSSLE, Gregory E., Ph.D., - Você pode provar a existência de Deus? - revisado por Débora Fernandes. Disponível em: http://www.suaescolha.com/existencia/deusexiste/provas/ Acessado 04/05/2012 12:03
É possível acreditar em Deus usando a razão - Entrevista com William Lane Craig - Revista Veja. Disponível em: http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/e-possivel-acreditar-em-deus-usando-a-razao-afirma-william-lane-craig Acessado 14/05/2012 17:02
A ordem do Universo prova a existência de Deus? - Respostas ao Ateísmo
http://respostasaoateismo.blogspot.com.br/2012/03/ordem-do-universo-prova-existencia-de.html Acessado 11/05/2012 14:02
Argumento Cosmológico - All about Philosophy
http://www.allaboutphilosophy.org/portuguese/argumento-cosmologico.htm Acessado 11/05/2012 10:20
Argumento da Contingência - Teonismo
http://teonismo.wikia.com/wiki/Argumento_da_contingência Acessado 10/05/2012 18:49
6. O Argumento Ontológico
Este argumento é bem antigo e foi originalmente proposto por Santo
Anselmo, tendo sido mais tarde reformulado e defendido por Alvin
Plantinga, Robert Maydole, Brian Leftow e outros. As várias versões
diferem um pouco entre si, mas em geral um argumento ontológico consiste
em partir de uma definição de Deus e chegar à conclusão de que a sua
existência é necessária (necessário, em filosofia, é algo que não possui nenhuma possibilidade de ser falso). Esse tipo de argumento é unicamente um raciocínio a priori e faz pouca ou nenhuma referência a posteriori, de cunho empírico.
Na verdade o argumento ontológico foi amplamente combatido e refutado por vários filósofos ilustres em suas versões anteriores. A versão de Plantinga é considerada mais estruturada (e um pouco mais complexa), formulada em termos semânticos de mundos possíveis. Na filosofia, um mundo possível é uma descrição completa da realidade, ou uma forma como a realidade poderia ser. Isto pode ser pensado como uma série de proposições dadas sobre a realidade. Um mundo possível é quando todo este conjunto de preposições é verdadeiro.
Todavia, é necessário que as várias conjunções que compreendem um mundo possível devem ser capazes de ser verdade tanto individualmente como juntas. Por exemplo, a proposição “O Primeiro Ministro é um número primo” é necessariamente falsa, porque números são objetos abstratos que não podem ser concebidos em identidade com um objeto concreto como o Primeiro Ministro. Portanto, qualquer mundo possível não pode ter esta proposição como uma de suas conjunções; sua negação, entretanto, será uma conjunção de qualquer mundo possível. Esta proposição é necessariamente falsa, isto é, ela é falsa em qualquer mundo possível. Em contraste, a proposição “Rubens Barrichelo é o presidente do Brasil” é falsa no mundo real, mas poderia ser verdadeira, então ela é uma conjunção presente em alguns mundos possíveis. De forma similar, dizer que Deus existe em algum mundo possível é dizer que a proposição “Deus existe” é verdadeira em alguma descrição completa da realidade.
Em sua versão do argumento ontológico, Plantinga concebe Deus como um ser que é “maximamente excelente” em todo mundo possível. Plantinga usa o termo “maximamente excelente” para incluir propriedades como onisciência, onipotência e perfeição moral. Um ser que tenha excelência máxima em cada mundo possível teria o que Plantinga chama de “grandeza máxima”. A partir disto, Plantinga argumenta,
1. É possível que um ser maximamente grande exista.
2. Se é possível que um ser maximamente grande exista, então um ser maximamente grande existe em algum mundo possível.
3. Se um ser maximamente grande existe em algum mundo possível, então ele existe em cada mundo possível.
4. Se um ser maximamente grande existe em cada mundo possível, então ele existe no mundo real.
5. Se um ser maximamente grande existe no mundo real, então um ser maximamente grande existe.
6. Portanto, um ser maximamente grande existe.
Este argumento possui uma linguagem mais técnica, mas é curioso notar que as premissas 2 a 5 do argumento são relativamente não controversas. A maioria dos filósofos concordaria que se a existência de Deus for ao menos possível, então ele precisa existir. A questão mais séria para validar este argumento é a primeira premissa.
A ideia de um ser maximamente grande é intuitivamente uma ideia coerente, e portanto parece ser plausível que este ser possa existir. Para o argumento lógico falhar, o conceito de grandeza máxima precisa ser incoerente, como por exemplo o conceito de “solteiro casado”. Parece-nos que um ser maximamente grande não parece ser, nem mesmo de forma remota, incoerente. Isto é um ponto a favor da validade da primeira premissa.
Como eu disse anteriormente, o argumento ontológico foi muito criticado em suas versões anteriores. Recentemente Dawkins dedicou sete páginas do seu livro Deus, um delírio para ironizar e parodiar este argumento. Mas é notável que todas as suas objeções referem-se às versões antigas do argumento, e praticamente não têm efeito sobre a versão de Plantinga (veja a referência).
O escritor C. S. Lewis surgiu com esse argumento. Ele afirma que Deus deve existir, porque:
“Supondo que não há nenhuma inteligência por trás do universo, nenhuma mente criativa. Nesse caso, ninguém concebeu meu cérebro para o propósito de pensar. Trata-se apenas de um acaso, que os átomos no interior do meu crânio, por razões físicas ou químicas, se organizaram de uma certa maneira que me dá, como subproduto, a sensação que eu chamo de pensamento. Mas, em caso afirmativo, como posso confiar em meu próprio pensamento, que ele é verdadeiro? É como virar uma jarra de leite na esperança de que a maneira como o leite espirra resulte em um mapa de Londres. Mas se eu não posso confiar em meu próprio pensamento, é claro que eu não posso confiar nos argumentos que levam ao ateísmo e, portanto, não tenho razão para ser ateu, ou qualquer outra coisa. Se eu não acreditar em Deus, eu não posso acreditar no pensamento e não posso usá-lo para não acreditar em Deus”.
Eu acho particularmente este argumento genial (embora seja suspeito para
falar, como sou um grande fã de C. S. Lewis), embora não seja um
argumento direto da existência de Deus, é um argumento fulminante contra
o materialismo que o ateísmo pressupõe. No entanto, dado que a maioria
dos ateus usa o materialismo naturalista como a fundação de ateísmo, é
um argumento muito viável.
8. A Bíblia
Embora muitos pensam que argumentar a existência de Deus a partir da Bíblia seja algo totalmente sem valor racional, eu penso que há alguns motivos pelos quais podemos considerar a Bíblia como um dos "argumentos" para a existência de Deus.
Se existissem apenas os argumentos racionais para acreditar que Deus existe, eu acho que isso seria insuficiente e levantaria muitas questões, por exemplo: "Por que Deus não se revelou de uma maneira mais clara à humanidade?" Os teólogos dizem que Deus se revelou principalmente através da Bíblia, o que chamamos de revelação específica, para fazer contraste com as evidências de Deus através da natureza, que fazem parte da revelação natural. O que é maravilhoso constatar a respeito de Deus é que os dois se complementam, de uma maneira que só poderiam se estivessem apontando exatamente para o mesmo Ser.
Se Deus existe, seus pensamentos, personalidade e atitudes poderiam ser conhecidos somente se Ele resolvesse revelá-los diretamente. Quase tudo mais seria especulação humana. Nós perderíamos muito se Deus não quisesse ser conhecido. Mas Deus quer que o conheçamos e nos contou na Bíblia tudo o que precisamos saber sobre Seu caráter e como nos relacionarmos com Ele.
Existem muitas objeções dos céticos ao argumento da Bíblia. A primeira que eu vou citar é com certeza a mais desprovida de sentido. Uma frase que se vê por aí em muitos discursos de ateísmo militante ou de neo-ateísmo (se não são a mesma coisa) é "A Bíblia prova que Deus existe tanto quanto os gibis do Super-Homem provam que ele existe." Uma comparação deste tipo só mostra que além de não ter nenhum respeito, o acusador desconhece princípios básicos de literatura. Todos sabem que histórias em quadrinhos, no caso do herói em questão, são sabidamente fictícias e ninguém, nem mesmo os autores, afirmam o contrário. Até as localidades são fictícias. Não existe nenhuma cidade superpopulosa no meio-oeste americano chamada "Metropolis". Por outro lado, a Bíblia é um conjunto de documentos históricos, falando sobre pessoas reais que viveram em lugares reais e viveram experiências reais. A maioria dos relatos da Bíblia foi confirmado por descobertas arqueológicas (não estou falando de polêmicas como o jardim do Éden ou do dilúvio, mas das civilizações antigas, como os cananeus, o reino de Davi e a existência histórica de Jesus, por exemplo). [Para uma visão mais detalhada do assunto, veja o artigo do blog Caos & Regresso: A religião dos super-heróis]
A segunda objeção é com certeza mais importante, e diz respeito à fidedignidade da Bíblia. Como eu disse, as descobertas arqueológicas refutam grande parte desta objeção. Outro lado desta objeção é em relação a alteração dos textos originais. Mas, comparado com outro livros da mesma época, a Bíblia é indiscutivelmente o texto mais bem conservado da Antiguidade. Os manuscritos mais antigos encontrados são os do Mar Morto, e o conteúdo deles é praticamente igual ao que é encontrado em qualquer Bíblia de hoje em dia. Há algumas divergências entre um ou outro manuscrito, mas geralmente estas divergências são em relação a palavras que não alteram drasticamente o sentido do texto. Sobre o Novo Testamento, William Craig afirma:
"Hoje, os críticos textuais comparam diferentes manuscritos antigos de modo a reconstruir o que os originais diziam. O Novo Testamento é o livro mais atestado da história antiga, seja em termos de manuscritos encontrados ou em termos de quão próximos eles estão da data original de escrita. Os textos já foram reconstruídos com 99% de precisão em relação aos originais. As incertezas que restam são trivialidades. Por exemplo, na Primeira Epístola de João, ele diz: “Estas coisas vos escrevemos, para que o vosso gozo se cumpra”. Mas alguns manuscritos dizem: “Estas coisas vos escrevemos, para que o nosso gozo se cumpra”. Não temos certeza se o texto original diz ‘vosso’ ou ‘nosso’. Isso ilustra como esse 1% de incerteza é trivial."A terceira objeção possível é em relação à existência de outros livros considerados sagrados pela humanidade. O que faz com que a Bíblia seja o único livro certo e todos os outros sejam errados? Bem, perceba que eu construí uma argumentação aqui que não partiu da Bíblia a princípio, mas sim de argumentos lógicos metafísicos. Mas, por acaso, a Bíblia corrobora com a mesma ideia a que chegamos através dos argumentos (um Criador pessoal, imaterial, eterno e moralmente perfeito). Se alguém me mostrar uma teologia não-cristã que possua estruturação coerente com estes argumentos, posso parar pra pensar. Enquanto isto, é mais racional para mim seguir o cristianismo.
Ainda há mais uma objeção (são tantas!) a respeito da Bíblia: muitas
pessoas não confiam nos relatos bíblicos porque acreditam que o seu
conteúdo está contra as descobertas atuais da ciência.Um mundo criado em
6 dias, cobras falantes, dilúvios mundiais, etc. É preciso ter muito
cuidado com a interpretação dos relatos da criação de Gênesis,
principalmente, porque não há muita coisa que garanta que os "dias"
citados ali são literais. Sobre isto, leiam o artigo Interpretação Literal do Gênesis?
E isto, ao contrário do que os ateus possam pensar, não foi uma mudança
de interpretação para se adaptar às descobertas científicas. Santo Agostinho, em seus livros Confissões e Comentário ao Gênesis,
já falava de uma interpretação não literal dos dias da criação e ainda
propôs que Deus havia formado as espécies de uma forma muito semelhante à
teoria da evolução, isto cerca de 1400 anos antes de Darwin pensar em
sua teoria!
Assim como a teologia natural e a filosofia apotam para o Criador revelado, a Bíblia aponta para o Deus revelado na natureza:
Assim como a teologia natural e a filosofia apotam para o Criador revelado, a Bíblia aponta para o Deus revelado na natureza:
“Mas pergunta agora aos animais, e cada um deles te ensinará; e às aves dos céus, e elas te farão saber. Ou fala com a terra, e ela te instruirá; até os peixes do mar te contarão. Qual entre todos estes não sabe que a mão do SENHOR fez isto?” Jó 12.7-9.
“Porventura, não está Deus nas alturas do céu? Olha para as estrelas mais altas. Que altura!” Jó 22.12.
“Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste” Salmos 8.3.
"Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos." Salmo 19.1
“Levantai ao alto os olhos e vede. Quem criou estas coisas? Aquele que faz sair o seu exército de estrelas, todas bem contadas, as quais ele chama pelo nome; por ser ele grande em força e forte em poder, nem uma só vem a faltar”. Isaías 40.26.
"Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;" Romanos 1.20
Todos estes argumentos, talvez inclusive a Bíblia, não valeriam de nada
se Deus não tivesse se manifestado a nós de uma forma central e
definitiva. A morte e ressurreição de Jesus é o tema central do
cristianismo, através do qual toda a fé cristã passa a ter valor e
sentido (1 Co 15.14). É um fato muito interessante, e digno de nota
aqui, de que existe uma boa base histórica para se acreditar na
ressurreição de Jesus. Sobre isto, William Craig diz:
"Temos boas bases históricas [para a ressurreição de Jesus]. A palavra ‘prova’ pode ser enganosa porque muitos a associam com matemática. Certamente, não temos prova matemática de qualquer coisa que tenha acontecido na história do homem. Não temos provas, nesse sentido, de que Júlio César foi assassinado no senado romano, por exemplo, mas temos boas bases históricas para isso. Meu argumento é que se você considera os documentos do Novo Testamento como fontes da história antiga, — como os historiadores gregos Tácito, Heródoto ou Tucídides — o evangelho aparece como uma fonte histórica muito confiável para a vida de Jesus de Nazaré. A maioria dos historiadores do Novo Testamento concorda com os fatos fundamentais que balizam a inferência sobre a ressurreição de Cristo. Coisas como a sua execução sob autoridade romana, a descoberta das tumbas vazias por um grupo de mulheres no domingo depois da crucificação e o relato de vários indivíduos e grupos sobre os aparecimentos de Jesus vivo após sua execução. Com isso, nos resta a seguinte pergunta: qual é a melhor explicação para essa sequência de acontecimentos? Penso que a melhor explicação é aquela que os discípulos originais deram — Deus fez Jesus renascer dos mortos. Não podemos falar de uma prova, mas podemos levantar boas bases históricas para dizer que a ressurreição é a melhor explicação para os fatos. E como temos boas razões para acreditar que Cristo era quem dizia ser, portanto temos boas razões para acreditar que seus ensinamentos eram verdade. Sendo assim, podemos ver que a Bíblia não foi criação contingente de um tempo, de um lugar e de certas pessoas, mas é a palavra de Deus para a humanidade."
[UPDATE: Se quiser saber sobre as evidências acerca da ressurreição de Jesus, veja este artigo: 23 argumentos para a validade histórica da ressurreição de Jesus Cristo]
Este não é de certa forma um argumento lógico, mas é um jeito
aparentemente legítimo de se saber que Deus existe. A Bíblia diz em
Jeremias : "E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração"
(Jr 29.13) Então, quando buscamos a Deus de coração, Ele pode se
revelar a nós de modo que sua existência fique inescusavelmente clara
para nós de forma pessoal.
Os filósofos William Craig e Alvin Plantinga argumentam que isto equivale a elevar a crença na existência de Deus a uma crença básica. Na epistemologia (parte da filosofia que estuda o conhecimento), uma crença básica é um tipo de crença que não precisa de justificação, porque é auto-justificada. A teoria epistemológica mais conhecida é o fundacionismo, que defende que o que justifica uma crença é uma outra crença que chama de crença básica. Por exemplo, o que justifica minha crença de que existe um computador na minha frente é minha crença de que estou vendo um computador na minha frente. Este segunda crença é auto-justificada e não pode estar errada: eu não posso acreditar que estou vendo um computador se eu não estiver efetivamente vendo um computador. Claro que é possível que eu esteja vendo um computador, mas não haja nenhum computador na minha frente, mas mesmo nesse caso, minha crença de que há um computador está justificada, pois ela deriva de uma crença básica.
Os filósofos William Craig e Alvin Plantinga argumentam que isto equivale a elevar a crença na existência de Deus a uma crença básica. Na epistemologia (parte da filosofia que estuda o conhecimento), uma crença básica é um tipo de crença que não precisa de justificação, porque é auto-justificada. A teoria epistemológica mais conhecida é o fundacionismo, que defende que o que justifica uma crença é uma outra crença que chama de crença básica. Por exemplo, o que justifica minha crença de que existe um computador na minha frente é minha crença de que estou vendo um computador na minha frente. Este segunda crença é auto-justificada e não pode estar errada: eu não posso acreditar que estou vendo um computador se eu não estiver efetivamente vendo um computador. Claro que é possível que eu esteja vendo um computador, mas não haja nenhum computador na minha frente, mas mesmo nesse caso, minha crença de que há um computador está justificada, pois ela deriva de uma crença básica.
Para
o filósofo e apologista Alvin Plantinga, a crença em Deus é uma crença
básica, e por isso, é impossível que seja falsa. Segundo ele, ela é
causada pelo próprio Espírito Santo, portanto, se a causa é externa, é
impossível que não seja verdadeira, sendo, assim, uma crença básica. É o
que William Lane Craig chama de "Testemunho do Espírito Santo", e dessa
crença básica derivam outras que, mesmo que sejam falsas, estão
justificadas, como a crença de que Jesus é a salvação e que ele
ressuscitou dos mortos. Porém, a crença básica é sempre certa, indubitável
e auto-justificada.
Levando em conta que se for verdade que o Espírito Santo é capaz de
causar crenças,
então as crenças serão básicas, isto é, certas e indubitáveis, ou
"claras e distintas", como dizia Descartes, como afirmar que um crente
não pode saber que Deus existe?"
Em primeiro lugar, vimos que ao questionar sobre evidências para a
existência de Deus, temos que pensar sobre qual tipo de evidências
podemos falar. Depois, foi argumento que como a existência de Deus é um
fenômeno metafísico, não como prová-la matematicamente ou mesmo
cientificamente; mas como toda afirmação metafísica, você pode acreditar
nisto desde que possua argumentos racionais suficientes pra isto.
Daí vimos alguns (sim, não são todos) dos argumentos para a existência de Deus. É interessante notar que eles são cumulativos, ou seja, cada um nos fornece um motivo a mais para acreditar nEle e também revela alguma de suas características.
Vamos ver se eu respondi às perguntas iniciais propostas pela Liliana:
Qual o motivo para acreditar que tudo isto [o Universo] foi obra de uma criação divina?
Isto foi respondido com os argumentos 1 a 4. A própria existência de algo ao invés de nada, a existência do Universo e o fato de ele ter tido um começo no tempo, a ordem inerente do Universo, a existência de leis naturais e o ajuste fino das condições do Universo para a possibilidade da vida são bons motivos que apontam para o Criador.
A verdade é que não existe motivo nenhum racional para acreditar que o universo e tudo o resto que não conhecemos (...) seja uma criação divina de entidade inteligente. Mas já sabemos o que provoca as catástrofes naturais (outrora acções de deuses e divindades), ou o que significa um eclipse da lua ou do sol... ou um meteorito... o nosso lugar na nossa galáxia... compreendes?
Esta no entanto já foi respondida logo na primeira parte do artigo. Fatos naturais são explicados pela ciência. O fato de que catástrofes naturais tenham sido explicadas no passado como ação de uma divindade de maneira nenhuma prova que Deus não existe. Na antiguidade a ciência ainda não havia sido criada e o homem ainda não havia compreendido a diferença entre físico e metafísico. Hoje, sabemos que fenômenos naturais podem ter suas causas naturais investigadas unicamente pela ciência. Mas Deus não está de forma nenhuma inserido no escopo de coisas que a ciência pode explicar. Por isto, para ser analisada racionalmente, a ideia da existência de Deus precisa passar por outros caminhos, que foram os que eu expus aqui no artigo.
Eu acho a questão sobre a existência de Deus uma das mais importantes a se fazer neste mundo. Não vou discutir os porquês aqui, porque acabaria dando outro texto. Mas enfim, o que eu tentei mostrar é que a crença em Deus é racional e há motivos para acreditar nEle. Então, neste momento, você deveria se perguntar: eu quero acreditar nEle? Os argumentos são bons, mas melhor ainda é quando Ele próprio confirma esta crença em nossa mente através da experiência com Ele. Deus se mostra no Universo, na natureza, mas também se revelou pela Biblia e especialmente pela mensagem de Jesus Cristo. Se você puder, comece a ler os evangelhos e pare para se perguntar: "Será mesmo que isto é verdade?". Ao analisar os argumentos aqui expostos de forma honesta e ao buscá-lo com esta mesma honestidade, eu tenho certeza que você vai encontrá-lo, e que Ele também vai fazer muito bem a você, assim como faz a mim.
Abraços, Paz de Cristo.
Referências
Daí vimos alguns (sim, não são todos) dos argumentos para a existência de Deus. É interessante notar que eles são cumulativos, ou seja, cada um nos fornece um motivo a mais para acreditar nEle e também revela alguma de suas características.
Vamos ver se eu respondi às perguntas iniciais propostas pela Liliana:
Qual o motivo para acreditar que tudo isto [o Universo] foi obra de uma criação divina?
Isto foi respondido com os argumentos 1 a 4. A própria existência de algo ao invés de nada, a existência do Universo e o fato de ele ter tido um começo no tempo, a ordem inerente do Universo, a existência de leis naturais e o ajuste fino das condições do Universo para a possibilidade da vida são bons motivos que apontam para o Criador.
A verdade é que não existe motivo nenhum racional para acreditar que o universo e tudo o resto que não conhecemos (...) seja uma criação divina de entidade inteligente. Mas já sabemos o que provoca as catástrofes naturais (outrora acções de deuses e divindades), ou o que significa um eclipse da lua ou do sol... ou um meteorito... o nosso lugar na nossa galáxia... compreendes?
Esta no entanto já foi respondida logo na primeira parte do artigo. Fatos naturais são explicados pela ciência. O fato de que catástrofes naturais tenham sido explicadas no passado como ação de uma divindade de maneira nenhuma prova que Deus não existe. Na antiguidade a ciência ainda não havia sido criada e o homem ainda não havia compreendido a diferença entre físico e metafísico. Hoje, sabemos que fenômenos naturais podem ter suas causas naturais investigadas unicamente pela ciência. Mas Deus não está de forma nenhuma inserido no escopo de coisas que a ciência pode explicar. Por isto, para ser analisada racionalmente, a ideia da existência de Deus precisa passar por outros caminhos, que foram os que eu expus aqui no artigo.
Eu acho a questão sobre a existência de Deus uma das mais importantes a se fazer neste mundo. Não vou discutir os porquês aqui, porque acabaria dando outro texto. Mas enfim, o que eu tentei mostrar é que a crença em Deus é racional e há motivos para acreditar nEle. Então, neste momento, você deveria se perguntar: eu quero acreditar nEle? Os argumentos são bons, mas melhor ainda é quando Ele próprio confirma esta crença em nossa mente através da experiência com Ele. Deus se mostra no Universo, na natureza, mas também se revelou pela Biblia e especialmente pela mensagem de Jesus Cristo. Se você puder, comece a ler os evangelhos e pare para se perguntar: "Será mesmo que isto é verdade?". Ao analisar os argumentos aqui expostos de forma honesta e ao buscá-lo com esta mesma honestidade, eu tenho certeza que você vai encontrá-lo, e que Ele também vai fazer muito bem a você, assim como faz a mim.
Abraços, Paz de Cristo.
Referências
ADAMSON, Marilyn - Deus existe? - revisado por Débora Fernandes. Disponível em:
http://www.suaescolha.com/existencia/deusexiste/deusexiste/ Acessado 04/05/2012 12:04
CRAIG, William L. - Como Richard Dawkins destrói a ciência. Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=m9N3i9hjy9A Acessado 11/05/2012 13:24
CRAIG, William L. - Como Richard Dawkins destrói a ciência. Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=m9N3i9hjy9A Acessado 11/05/2012 13:24
CRAIG, William L. - O melhor argumento para a existência de Deus. Disponível em:
CRAIG, William L. - O novo ateísmo e os argumentos para a existência de Deus - Traduzido por Eliel Vieira. Versão original disponível em: http://www.reasonablefaith.org/the-new-atheism-and-five-arguments-for-god Acessado 12/05/2012 14:23
GANSSLE, Gregory E., Ph.D., - Você pode provar a existência de Deus? - revisado por Débora Fernandes. Disponível em: http://www.suaescolha.com/existencia/deusexiste/provas/ Acessado 04/05/2012 12:03
A existência de Deus pode ser demonstrada? - William Lane Craig e Laurence Kuhn. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=nODMAsbNKcU Acessado 04/05/2012 11:42
É possível acreditar em Deus usando a razão - Entrevista com William Lane Craig - Revista Veja. Disponível em: http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/e-possivel-acreditar-em-deus-usando-a-razao-afirma-william-lane-craig Acessado 14/05/2012 17:02
A ordem do Universo prova a existência de Deus? - Respostas ao Ateísmo
http://respostasaoateismo.blogspot.com.br/2012/03/ordem-do-universo-prova-existencia-de.html Acessado 11/05/2012 14:02
Argumento Cosmológico - All about Philosophy
http://www.allaboutphilosophy.org/portuguese/argumento-cosmologico.htm Acessado 11/05/2012 10:20
Argumento da Contingência - Teonismo
http://teonismo.wikia.com/wiki/Argumento_da_contingência Acessado 10/05/2012 18:49
Argumento Ontológico - Wikipédia, a Enciclopédia livre.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Argumento_ontológico Acessado 12/05/2012 15:09
Existência de Deus - Wikipédia, a Enciclopédia livre.
Five Arguments for and against the existence of God - Listverse
Necessidade (filosofia) - Wikipédia, a Enciclopédia livre.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Argumento_ontológico Acessado 12/05/2012 15:09
Existência de Deus - Wikipédia, a Enciclopédia livre.
Five Arguments for and against the existence of God - Listverse
http://listverse.com/2012/04/18/5-arguments-for-and-against-the-existence-of-god/
Acessado 08/05/2012 13:01
Acessado 08/05/2012 13:01
Necessidade (filosofia) - Wikipédia, a Enciclopédia livre.
Técnica: Não há evidências - Quebrando o Encanto do Neo-Ateísmo.
http://teismo.net/quebrandoneoateismo/2010/09/11/tecnica-nao-ha-evidencias/
http://teismo.net/quebrandoneoateismo/2010/09/11/tecnica-nao-ha-evidencias/
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