A TIPOLOGIA DO CRISTO
- Por André Rodrigues
O Antigo Testamento está repleto de
informações tipológicas. Já vimos, em momento anterior, que a tipologia
consiste no tratamento de fatos que antecipavam a vida, morte e ministério de
Jesus (ANDRADE, 2007, p. 346). Diversos acontecimentos e pessoas estão
associados com o Cristo. Essa relação é possível porque Cristo é o tema central
de toda a Escritura. Assim, podemos definir que, nos detalhes ou entrelinhas do
AT, Cristo manifesta-se a todo instante através da tipologia.
Alguns escritores descrevem, de modo
generalizado, tanto os fatos quanto os personagens tipológicos. A nossa
preocupação consistirá em apresentar a tipologia do Cristo nas pessoas de maior
representatividade, embora façamos menção às opiniões de alguns expositores do
assunto.
Quando trata a respeito da morte de Cristo em
um tópico de sua obra, um autor defende que: “É da morte de Cristo que tratam
muitos tipos de profecias no Velho Testamento”. O mesmo ainda ressalta:
Começando com o Protoevangelium[1]
em Gn. 3:15 e o animal que morreu para fornecer vestimenta de pele para Adão e
Eva (Gn. 3:21) [...] Temos assim o sacrifício de Abel (Gn. 4:4), o carneiro no
Monte Moriá (Gn. 22:13), os sacrifícios dos patriarcas em geral (Gn. 8:20;
12:8; 26:25; 33:20; 35:7), o cordeiro pascal no Egito (Êx. 12: 1-28), os
sacrifícios levíticos (Lv. 1-7), a oferta de Manoá (Juízes 13:16, 19), o
sacrifício anual de Elcana (I Sm. 1:21), as ofertas de Samuel (I Sm. 7:9, 10;
16:2-5), as ofertas de Davi (II Sm. 6:18), as ofertas de Ezequias (II Cr.
29:21-24), as ofertas nos dias de Esdras (Esdras 3:3-6) e Neemias (10:32,33); e
todos eles apontam para a maior de todas as ofertas que seria feita por Cristo
(THIESSEN, 2006, p. 223).
Champlin (1995, vol. 4, p. 242) assegura que a
nação de Israel constitui um tipo de Cristo, pelo fato dessa nação receber a
mensagem de redenção da parte de Deus. Além da nação israelita, há ainda
diversos outros tipos não-humanos de Jesus. Melo apresenta-nos uma série deles:
“a luz”, “a arca de Noé”, “o carneiro”, “a escada de Jacó”, “o cordeiro
pascoal”, “a coluna de fogo”, “a rocha de Horebe”, “a serpente de metal”, “a
estrela”, o “Urim e o Tumim”.
Segundo o referido
autor, “Quando as trevas cobriam a face do abismo, tudo era caos. Deus disse:
“Haja luz. E houve luz”. Foi o começo da obra da criação, no sentido de
preparar o ambiente para a criatura. A vinda de Jesus ao mundo foi de modo
idêntico.” E acrescenta:
O profeta Isaías teve
uma visão, que expressou em forma de narrativa: “O povo que andava em trevas,
viu uma grande luz” (Is 9.2a). Cumpriu-se esta profecia em Capernaum[2], quando
Jesus começou a pregar. O evangelista diz: “Para que se cumprisse o que foi
dito pelo profeta Isaías”. E em seguida transcreve as palavras do profeta (Mt
4.12-16) (2006, p. 41).
“Então disse Deus a Noé: O fim de toda a carne
é vindo perante a minha face... Faze para ti uma arca de madeira de Gofer... e
entrarás na arca tu e os teus filhos, e a tua mulher, e as mulheres de teus
filhos...” (Gn 6.13a, 14a, 18b). A arca, segundo ele, era o único recurso de
saída para aquele castigo que haveria de vir. De acordo com sua afirmação:
“Neste sentido é tipo de Jesus Cristo, único meio para a salvação eterna”
(2006, p. 42).
Na ocasião em que
Deus pede que Abraão ofereça seu filho Isaque em sacrifício, observamos na
obediência do patriarca um proceder sem questionamentos (pelo menos não nos é
externado). Assim, quando na obediência de Abraão em cumprir o pedido, e
havendo preparado toda a estrutura para sacrificar seu próprio filho, ouve-se
uma voz: “...Não estenda a tua mão sobre o moço...” (Gn 22.12a) (IBIDEM).
Melo ainda acentua:
Olhando para trás,
viu Abraão um carneiro, que foi sacrificado em lugar de Isaque, do mesmo modo
como Jesus foi crucificado por nós. Na apresentação de João Batista aos seus
ouvintes, Jesus é chamado: “...o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”
(Jo 1.29b) (IBIDEM).
Através dos exemplos, é possível notar que
variados acontecimentos descrevem uma tipologia do Cristo revelado no Novo
Testamento. Outros argumentos tipológicos gerais poderiam ser mostrados,
todavia não se faz necessário, pois os já citados são suficientes para mostrar
a tipologia nos ícones do Antigo Concerto. A partir de agora, toda nossa
concentração será voltada unicamente para os personagens de maior impacto
tipológico: “Adão, Moisés e Davi” (DOUGLAS, Et All, 2006, p. 861).
Melquisedeque, importante tipo de Cristo, será tratado em outro momento.
Acerca de Adão, Andrade explica:
[...] Primeiro ser
humano criado por Deus (Gn 1.26), e pai de toda a família humana. Assim a
Bíblia descreve a criação do homem: “E formou o SENHOR Deus o homem do pó da
terra e soprou em seus narizes o fôlego de vida; e o homem foi feito alma
vivente” (Gn 2.7)
Segundo a doutrina do
monogenismo[3], os seres humanos todos são provenientes de Adão e de sua
mulher, Eva. [...] Como representante da raça pecou e, consigo, todos os homens
(Rm 5.12). Veio, porém, o Senhor Jesus Cristo que, como o segundo Adão,
resgatou-nos das garras de Satanás. Por conseguinte Adão é o pai da humanidade
caída; Cristo o Pai da humanidade redimida (2007, p. 30, grifo meu).
Contudo, sabemos que Adão pecou, transgrediu a
ordem proibitiva de Deus (Gn 3).
A Queda do homem foi
provocada pela astúcia da serpente. Ela é representada falando de si mesma, mas
a Bíblia revela posteriormente que se trata de Satanás falando por intermédio
da serpente (2Co 11.3,14; Ap 12.9; 20.2). Ela conseguiu fazer com que Adão e
Eva desobedecessem ao Criador. Consumou-se a obra perversa. E a mortalha do
pecado, da dor e da morte caiu sobre o mundo que Deus criara belo e definira
como bom (HALLEY, 2001, p. 76).
Mas Deus, diante
desse acontecimento, provê um redentor, o descendente da mulher, Jesus, o
antítipo do nosso primeiro representante da raça humana. Gênesis 3.15 diz: “E
porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente, esta
te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (ARC).
Aqui, imediatamente
após a queda do homem, consta a profecia feita por Deus de que a criação dos
seres humanos ainda se revelaria bem-sucedida mediante o “descendente da
mulher”. Esse é o primeiro indício da Bíblia de um redentor vindouro. O emprego
do pronome “este” (v. 15) demonstra que se trata de uma pessoa específica.
Houve apenas um descendente de Eva que nasceu de mulher sem o envolvimento de
um homem. Aqui, bem no início da história bíblica, aparece esta primeira
prefiguração de Cristo. E, à medida que a história bíblica se desdobra, surgem
outros indícios, retratos e declarações que se tornam cada vez mais nítidos e
abundantes, de modo que, ao chegarmos ao do AT, vemos desenhado um quadro
razoavelmente completo de Cristo (HALLEY, 2001, p. 77,78).
Não há dúvidas de que
necessitaríamos de um segundo “Adão”, devido à maneira como os fatos ocorreram.
Cristo trouxe de volta aquela comunhão do homem com Deus, existente no
princípio do mundo.
Dentre os tipos humanos de
Jesus com maior representatividade, Adão é o primeiro, seguido por Moisés e
Davi. Passaremos a tratar do que dizem os estudiosos acerca de Moisés como tipo
de Cristo.
Moisés trouxe uma fé
preliminar, e foi o primeiro legislador. Cristo não veio ao mundo para anular
essa revelação mosaica, mas para levá-la a perfeição (ver Mat. 5:17). O trecho
de João 1:17 contrasta a lei e a graça [...], atribuindo a primeira a Moisés e
a segunda a Cristo. E a mensagem geral do apóstolo Paulo exibiu a futilidade da
lei como medida salvatícia, ainda que exaltasse a lei como um meio necessário
para mostrar aos homens o quanto eles carecem de Cristo. As epístolas aos
Romanos e aos Gálatas servem de declarações clássicas dessas idéias
fundamentais. Cristo foi o segundo e maior legislador. Os capítulos cinco a
sete do evangelho de Mateus mostram isso claramente, visto que Cristo
reinterpretou a lei mosaica, do ponto de vista dos motivos íntimos,
conferindo-lhe uma significação ética muito mais profunda (CHAMPLIN, 1995, vol.
4, p. 334).
Moisés se introduz na
tipologia não somente como um grande legislador. Josefo, historiador judeu do
primeiro século da era cristã, revela-nos detalhes importantes sobre esse
grande líder, e comenta: “Moisés tornou-se a maior personagem que jamais
existiu entre os hebreus” (Antiguidades Judaicas, livro 2º, Cap. 5, p. 140).
Essa, sem dúvida, é uma afirmação que poderia ser aplicada a Jesus. Josefo diz
ainda:
À medida que Moisés
crescia, demonstrava muito mais espírito e inteligência que o permitido pela
sua idade. Mesmo brincando, dava sinais de que um dia seria alguém
extraordinário. Quando completou três anos, Deus fez brilhar em seu rosto uma
tão grande beleza que as pessoas, mesmo as mais austeras, ficavam arrebatadas.
Ele atraía sobre si os olhares de todos os que o encontravam e, por mais pressa
que tivessem, eram obrigados a parar para contemplá-lo (IBIDEM).
A citação acima nos lembra passagens dos
evangelhos:
E o menino crescia e
se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre
ele. E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os
homens (Lc 2.40,52 ARC).
Em outro lugar se diz: “E aconteceu que,
concluindo Jesus este discurso, a multidão se admirou de sua doutrina,
porquanto os ensinavam com autoridade e não como os escribas” (Mt 7.28,29 ARC).
Contudo, o principal
ponto de partida para a relação entre Moisés e Jesus define-se na afirmação do
próprio servo do Senhor, escrevendo ao povo na repetição da lei[4]:
O Senhor, teu Deus,
te despertará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele
ouvireis; conforme tudo o que pediste ao Senhor, teu Deus, em Horebe, no dia da
congregação, dizendo: não ouvireis mais a voz do Senhor, meu Deus, nem mais
verei este grande fogo, para que não morra.
Então, o Senhor me
disse: Bem falaram, naquilo que disseram.
Eis que lhes
suscitarei um profeta do meio de seus irmãos, como tu, e porei as minhas
palavras na sua boca, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar (Dt 18.15-19
ARC, grifo meu).
Essa afirmação
escriturística revela a tamanha responsabilidade que possuía aquele
representante de Deus para com seu povo. Moisés recebe a mensagem de Deus
acerca de um sucessor com as mesmas características dele. Por certo, essa
profecia diz respeito a Jesus:
[...] a promessa é
mais que mera sucessão de profetas. Este fato é esclarecido em 34.10[5], que,
logicamente, rememora esta passagem. Outros profetas surgiram desde a morte de
Moisés, mas nenhum conheceu o Senhor de forma tão direta quanto ele. Desse
tempo em diante, Israel sempre estava a procurar “o profeta” (e.g., Jo 1.21;
7.40). Não o encontraram até que acharam Aquele, cuja glória era “como a glória
do Unigênito do Pai” (Jo 1.14), que era o próprio “resplendor da sua glória, e
a expressa imagem da sua pessoa” (Hb 1.3; cf. At 3.22,23) (LIVINGSTON, Et All,
vol. 1, 2009, p. 455).
Corroborando a citação acima, outro autor
destaca:
Esse trecho não diz,
de modo lasso e indefinido, que surgiria um profeta “semelhante a Moisés”, mas
antes, afirma que surgiria especificamente um profeta que, em sua pessoa e em
sua obra, poderia ser comparado com Moisés em Horebe (v. 16). Ora, essa
comparação não foi cumprida por qualquer dos profetas do AT. Moisés, em Horebe,
foi o mediador da aliança; os profetas foram pregadores da aliança e previram
uma nova aliança. Moisés foi um originador; os profetas foram propagadores. Com
Moisés a religião de Israel entrou numa nova fase; os profetas lutaram pelo
estabelecimento e manutenção dessa fase, para a qual olhavam como sendo coisa
futura. A exigência estrita dos vs. 15 e 16, por conseguinte, só pode ser
satisfeita pelo Messias (DOUGLAS, Et All, 2006, p. 863).
Percebe-se a tamanha importância de Moisés
como tipo de Cristo. Um grande legislador, um eficiente condutor do povo de
Deus e um profeta com as qualidades Daquele que haveria de vir. Dentre os
símbolos do judaísmo, Moisés ocupa lugar de destaque, principalmente por seus
escritos. Entre os Saduceus[6], por exemplo, “sua posição teológica era
conservadora, não aceitando nenhuma revelação além dos cinco livros de Moisés
(Gênesis a Deuteronômio)” (ALEXANDER, 2008, p. 529).
Do mesmo modo, no tocante à importância dada a
Adão e a Moisés como típicos representantes de Cristo, encontramos também Davi.
É inquestionável a influência do “segundo e o mais ilustres dos reis de Israel,
conhecido como “o homem segundo o coração de Deus” (At 13.22), (BOYER, 2006, p.
192). Do ponto de vista da manifestação tipológica encontrada em Davi, é
possível detectarmos elementos que favorecem o fato de o próprio Deus fazer com
que, através da “raiz de Jessé”, ou seja, da família ou linhagem do pai de
Davi, descendesse o Messias. Aquele que era esperado pelos judeus para a
restauração completa da nação em todos os aspectos. Quanto aos exemplos
desenvolvidos pela trajetória de vida daquele “menor da casa de seu pai” (1Sm
16.11), ressalta Melo:
Quando Samuel
convocou a reunião dos filhos de Jessé para ungir um rei escolhido por Deus,
Jessé não se lembrou de Davi. Esqueceu-se dele ou pensou que não era necessária
sua presença (I Sm 16.10,11). É semelhante a Jesus. Davi era considerado sem
importância para ocasiões especiais. Jesus Cristo foi desprezado pelos homens
que não fizeram dele caso algum (Is 53.2 e 3) (2006, p. 38).
Há entre Davi e Jesus algumas
particularidades. Quanto ao exemplo de Adão, percebe-se este como sendo o
primeiro “Homem”, e Cristo, o segundo. Na tipologia literal com Moisés, teria
Jesus características daquele profeta. Mas com Davi a relação parece um pouco
mais estreita: “Davi foi ungido por ordem de Deus (1Sm 16.1, 12, 13); Jesus foi
o Cristo, o Ungido de Deus (Lc 4.18; At 4.27; Hb 1.9); Davi era pastor de
ovelhas (1Sm 16.11); Jesus é o Bom Pastor (Jo 10.14) e o Sumo Pastor (1Pd
5.4)”, (MELO, 2006, p. 38).
Melo acrescenta ainda
que “há uma referência profética bem tocante referindo-se a Davi como pastor:
“E levantarei sobre elas um pastor... o meu servo Davi é que há de apascentar;
ele lhes servirá de pastor” (Ez 34.23), (2006, p. 38,39). “A promessa
messiânica estava tão vinculada à casa de Davi, que, às vezes, encontramos o
nome “Davi” como título messiânico: “...e buscarão o SENHOR, seu Deus, e Davi,
seu rei”. (Os 3.6)” (SOARES, 2008, p. 125).
O autor ainda
ressalta:
O Targum[7] de
Jonathan traduziu parafraseando, assim: “Obedecerão ao Messias, o Filho de
Davi, seu rei”. Outras profecias do Antigo Testamento apresentam o Messias pelo
nome de Davi: “mas servirão ao SENHOR, seu Deus, como também a Davi, seu rei,
que lhes levantarei” (Jr 30.9). o mesmo acontece no discurso profético de
Ezequiel (34.23,24; 37.24). Essa promessa teve implicações teológicas profundas
no período do Novo Testamento. Quando Jesus discursava acerca de sua missão,
seus ouvintes comentavam: “Não diz a Escritura que o Cristo vem da descendência
de Davi e de Belém, da aldeia de onde era Davi?” (Jo 7.42). Todo Israel tinha
conhecimento desta profecia e aguardava seu cumprimento, era a expectativa do
povo. Paulo e Barnabé, na sinagoga de Antioquia da Psídia, trouxeram o assunto
à tona lembrando aos judeus da diáspora[8], a promessa feita a Davi: “Da
descendência deste, conforme a promessa, levantou Deus a Jesus para Salvador de
Israel” (At 13.23) (2008, p. 125,126).
Concluímos que o estudo acurado da tipologia
reflete-se em desvendar em alguns personagens a relevância que tiveram, seja de
modo positivo ou não, como é o caso de Adão, que se tornou tipo mesmo após sua
transgressão. Assim, expusemos os ditames que propuseram esses relacionamentos
representativos acerca de Cristo, os quais abrem um precedente para a chegada
Dele a este mundo. Este período que caracteriza a vinda de Jesus e a sua
dispersão gloriosa é citada nas Escrituras como sendo a Plenitude do Tempo (Gl
4.4 ARA). É sobre esse assunto que trataremos no próximo tópico.
Artigo extraído de:
RODRIGUES, André. O Tríplice Ofício de Cristo: Profeta, Sacerdote e Rei. 2011,
Editora Nossa Livraria - PE
[1] Expressão usada
pelo autor, para dar ênfase ao anúncio da profecia, que diz respeito às boas
novas de salvação, desde a narração da queda do homem. Deus, a partir daí
trouxe provisão à humanidade, mostrando que traria ao mundo Um que procederia
perfeitamente, para o cumprimento de seu plano original: a comunhão
ininterrupta com o homem.
[2] O mesmo que
Cafarnaum. No heb. significa Aldeia de
Naum ou de Consolação (BOYER, 2006 p. 127).
[3] Monogenismo
deriva-se de um vocábulo grego monos, que é o mesmo que um e genos, que é
geração. Assim, monogenismo constitui a doutrina bíblica de “serem todos os
seres humanos provenientes de um único casal: Adão e Eva” (ANDRADE, 2007, p.
269).
[4] A expressão
“repetição da lei”, diz respeito a Deuteronômio, o quinto livro da Bíblia, que
em grego, tem este significado ou ainda “segunda lei” (BOYER, 2006, p. 208).
[5] Este versículo do
capítulo 34, citado pelo comentarista, tem, segundo ele, um conectivo com
aquele principal do capítulo 18. De fato, é conveniente seu raciocínio,
porquanto se diz: “E nunca mais se levantou em Israel profeta algum como
Moisés, a quem o Senhor conhecera face a face” (ARC). Contudo, este versículo
está inserido próximo do final do livro de Deuteronômio, e não necessariamente
no final da história daquele povo.
[6] Uma pequena seita
judaica, composta de sacerdotes ricos e influentes, que ganhou domínio sobre o
sacerdócio nos anos que antecederam a vinda de Cristo. Os saduceus não eram
propriamente uma seita, nem um partido político, muito menos uma escola
filosófica, mas tinham características destas três realidades. Eram
racionalistas e mundanos, com muito pouco interesse na religião. Por serem
adversários dos fariseus, repudiavam as tradições. Desejavam, sobretudo, o gozo
pacífico de suas riquezas (BOYER, 2006, P. 585).
[7] “Targum”, em
hebraico, significa “tradução”, e “targumim” é o plural, a maioria usa a forma
aportuguesada “targuns”. O Targum de Ônquelos é o texto padrão da Lei, ou seja,
o Targum oficial do Pentateuco. O outro Targum do Pentateuco é o Targum
Yerushalaim (Targum de Jerusalém) ou Pseudo-Jonathan, pois há outro Targum de
Jonathan, tradução aramaica e parafraseada dos profetas. Esse último Jonathan é
identificado como Jonathan bem Uzziel, que foi discípulo do rabino Hillel,
contemporâneo de Herodes, o Grande (SOARES, 2008, p. 22, nota de rodapé).
[8] [Do gr. diáspora,
dispersão] Processo de exílio disciplinar que acabou por desalojar os filhos de
Israel de sua terra. Diz-se exílio disciplinar, porque dessa maneira Moisés e
os profetas que lhe sucederam encaravam a expulsão das tribos hebréias de sua
herança. Expulsão essa que veio em conseqüência de seu pecado (Dt 28; Jr 32).
Hoje a diáspora não é somente o processo de dispersão dos filhos de Jacó de sua
terra; é também toda a comunidade israelita que vive fora dos termos de Israel
(ANDRADE, 2007, p. 144, 145).
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